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Revista Eletrônica de Enfermagem
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Artigo Original
 

Fioruc BE, Molina AC, Junior WV, Lima SAM. Educação em saúde: abordando primeiros socorros em escolas públicas no interior de São Paulo. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(3):695-702. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n3/v10n3a15.htm.

 

Educação em saúde: abordando primeiros socorros em escolas públicas no interior de São Paulo

 

Health education: an approach on first aid in public schools in inner of São Paulo

 

Educación en salud: enfocando primeros socorros en escuelas públicas en el interior de São Paulo

 

 

Bianca Elisabete FiorucI, Ana Claudia MolinaII, Walter Vitti JuniorIII, Silvana Andréa Molina LimaIV

IEnfermeira, Aprimoranda do Setor de Hemoterapia – Hospital das Clinicas – UNESP, Botucatu –SP. E-mail: biafiori3@yahoo.com.br.

IIEnfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professora e Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Marechal Rondon, São Manuel -SP. E-mail: acmolina@fmr.edu.br.

IIIMédico, Mestre em Saúde Coletiva. Professor do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Marechal Rondon, São Manuel - SP. E-mail: wvitti@uol.com.br.

IVEnfermeira, Doutora em Obstetrícia. Professora Assistente Doutora do Departamento de Enfermagem – Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista – UNESP. E-mail: smolina@fmb.unesp.br.

 

 


RESUMO

A falta de conhecimento da população acarreta inúmeros problemas, como a manipulação incorreta da vítima e a solicitação às vezes desnecessária do socorro especializado em emergência. O objetivo deste trabalho foi identificar o nível de conhecimento dos professores e funcionários das escolas municipais de ensino fundamental, pré e pós-treinamento de primeiros socorros. O estudo foi realizado em quatro escolas públicas municipais que oferecem ensino fundamental, no interior de São Paulo, no período de agosto a outubro de 2006. Para a coleta de dados foi elaborado questionário, sendo aplicado antes e após treinamento aos professores e funcionários das escolas em estudo. Através da análise estatística descritiva, verificou-se que, no pré-treinamento, apenas 27,75% dos voluntários demonstraram um bom conhecimento para a realização de atendimento aos casos de: desmaio e sangramento nasal, já frente às situações de convulsão, hemorragia externa e avulsão dental, 61,43% não tomariam a conduta correta. Após o treinamento, observou-se o aprendizado dos participantes, tendo em vista que a maioria demonstrou adequado conhecimento frente às situações de primeiros socorros. Conclui-se que o treinamento sobre princípios básicos de primeiros socorros nas escolas é de fundamental importância para minimizar danos advindos da incorreta manipulação com a vítima e falta de socorro imediato.

Palavras chave: Educação em saúde; Primeiros socorros; Acidentes.


ABSTRACT

Population´s lack of knowledge brings about many problems, such as incorrect care of victims and the sporadic unnecessary call for emergency help. The aim of this study was to identify the knowledge level of teachers and workers in elementary and middle municipal schools of São Paulo State, before and after the first-aid training. The study was carried out in four municipal public schools which offer elementary and middle teaching, in the countryside of São Paulo state, from August to October, 2006.Data were collected through a questionnaire applied before and after the teachers and workers´ training. By means of descriptive statistical analysis, it was possible to detect that, in the pre-training stage, only 27, 75% of volunteers showed good knowledge on the assistance of fainting and nosebleed cases. About convulsion, external hemorrhage and dental avulsion, most of teachers and workers (61, 43%), wouldn´t have acted correctly. After training, participants showed they would have an adequate reaction in first-aid situations. It was concluded that the training of first-aid basic principles in schools is extremely important to minimize the damage caused by incorrect victim´s care and lack of immediate help. 

Key words: Health Education; First aid; Accidents.


RESUMEN

La falta de conocimiento de la población causa innúmeros problemas, como la manipulación incorrecta de la víctima y la solicitación a veces innecesaria del socorro especializado en emergencia. Nuestro objetivo fue identificar el nivel de conocimiento de los profesores y empleados de las escuelas municipales de enseñanza fundamental, antes y después del entrenamiento de primeros socorros. El estudio fue realizado en cuatro escuelas públicas municipales que ofrecen enseñanza fundamental en el interior de São Paulo, en el período de agosto a octubre, 2006.  Para la colecta de datos fue elaborado un cuestionario, siendo aplicado antes y después del entrenamiento a los profesores y empleados de las escuelas en estudio. A través del análisis estadístico descriptivo, se verificó que, en el pre-entrenamiento, solo 27,75% de los voluntarios demostraran un buen conocimiento para la realización de atención a los casos de desmayo y sangramiento nasal. Ya frente a las situaciones de convulsión, hemorragia externa y avulsión dental, 61,43% no tendrían la conducta correcta. Tras el entrenamiento, se observó el aprendizaje de los participantes teniendo en vista que la mayoría demostró un conocimiento adecuado de las situaciones de primeros socorros. Se concluye que el entrenamiento sobre principios básicos de primeros socorros en las escuelas es de fundamental importancia para minimizar daños advenidos de la incorrecta manipulación de la víctima y de la falta de socorro inmediato.

Palabras clave: Educación en salud; Primeros Auxílios; Accidentes.


 

 

INTRODUÇÃO

A prática educativa em saúde não é uma preocupação atual. Na Europa, desde o século XIX, eram adotadas medidas de higiene e controle de doenças utilizando a educação em saúde(1). No Brasil, desde o inicio do século XX, quando a população encontrava-se assolada por graves epidemias, deu-se ênfase à educação em saúde, a qual assumiu a conotação de determinar normas de conduta moral, convívio social e de higiene(2).

Assim, observa-se que sempre houve a tendência em difundir informações focando as principais doenças e enfatizando recomendações sobre comportamentos corretos ou incorretos relacionados a algumas doenças, bem como à prevenção das mesmas.

A educação em saúde configurou-se através dos tempos, como uma das estratégias do poder público para garantir o desenvolvimento de ações de controle e prevenção de doenças, particularmente junto aos setores marginalizados da população(2).  

Porém, apesar da educação em saúde ser antiga, sua ação demonstra, ainda na atualidade, fragilidade na sua operacionalização, tendo em vista que os serviços de saúde dão pouca ou nenhuma importância às ações educativas(3).

Ademais, as atividades educativas não estão sendo priorizadas devido ao conceito ou compreensão que os profissionais da saúde têm sobre a educação para a saúde, ou porque, as instituições dão importância apenas ao número de atendimentos priorizados, deixando as atividades com a comunidade em segundo plano(4).

Na tentativa de reestruturar a prática assistencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional da assistência, orientado para a cura de doenças e hospital(5), no Brasil, diversas políticas têm sido implementadas, dentre elas pode-se citar o Programa de Saúde da Família, que foi criado em 1994, com atuação em diferentes áreas tais como: do Adulto, do Idoso, da Mulher, da Criança e Adolescente, entre outras.

O segmento representado por crianças e adolescentes possui seus direitos garantidos por lei, a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente e atualmente observa-se uma preocupação das instituições públicas e privadas em garantir esses direitos e, em especial, às questões relacionadas aos acidentes e violências na infância(6).

Essa preocupação se deve ao fato de que os índices de acidentes e violências vêm aumentando e tornando-se um grave problema de saúde pública(6-7).

Os acidentes e violências consistem em um conjunto de agravos à saúde que podem levar ao óbito ou não, nos quais estão inseridas as causas acidentais (por trânsito, quedas, afogamentos, entre outros) e as intencionais (agressões e lesões auto provocadas), sendo este conjunto de eventos denominado causas externas(7).

Em 2005, no Brasil, o total de óbitos da população de faixa etária entre menor de um ano a 19 anos, segundo causas externas, foi de 21.040 mortes, o que representa 23,42% do total de óbitos neste grupo(8).

Em um estudo realizado em uma escola da França, em 2002, observou-se que 52,8% dos acidentes ocorreram durante as atividades esportivas e 12,7% em atividades de recreação. As lesões mais freqüentes foram: contusões (50,7%), ferimentos (18,7%), tendinite (11,7%), distensão (9,2%) e outras (7,3%)(9). 

Neste sentido, as escolas têm um papel importante e crescente na promoção de saúde, prevenção de doenças e de acidentes entre crianças e adolescentes(6).

Ademais, observa-se a importância de pessoas capacitadas nas escolas por meio de atividades educativas(10-11) sobre a prevenção, avaliação e condutas dos funcionários em situação de emergência(6,12), pois as pessoas não têm informações específicas sobre o que fazer frente a um acidente o qual envolve atitudes simples relacionadas à prática de primeiros socorros e também os agravos que este pode causar.

Em muitas situações, essa falta de conhecimento por parte da população acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e ainda a solicitação excessiva e às vezes desnecessária do socorro especializado em emergência.

Acredita-se que a capacitação dos profissionais das escolas contribuirá com o trabalho de educação em saúde desenvolvido por profissionais da área(10-12) e vem ao encontro com a iniciativa da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências do Ministério da Saúde(13).

Diante do exposto, verifica-se a importância da identificação do nível de conhecimento dos profissionais quanto à abordagem das noções básicas de primeiros socorros e a implementação de planos de emergência no ambiente escolar.

Com isso, este estudo teve como objetivo identificar o nível de conhecimento de professores e funcionários das escolas de ensino fundamental, antes e após a realização de treinamento de primeiros socorros.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter exploratório e descritivo.

Atualmente a cidade de Botucatu conta com 70 escolas, sendo 44 públicas e 26 privadas. Entre as escolas públicas 15 são estaduais e 29 são municipais. Das 29 escolas municipais, 10 são de Ensino Fundamental (1ª a 4ª série). Para o estudo, foram escolhidas, de forma aleatória, quatro escolas municipais do Ensino Fundamental.

Os critérios para inclusão dos participantes foram os seguintes: serem professores e funcionários das escolas públicas, municipais, de ensino fundamental, da cidade de Botucatu, no estado de São Paulo.  Foram excluídos os servidores que se encontravam em licença-médica, férias ou folga.

A amostra do estudo foi composta de 63 entrevistados, o que corresponde a 64,94% do total de funcionários e professores.

A coleta de dados foi realizada entre agosto e outubro de 2006, por meio de questionário, sendo aplicado antes e após treinamento aos professores e funcionários das escolas em estudo, para avaliar o conhecimento prévio e o obtido após o treinamento sobre noções de atendimento em situações de urgência e emergência.

As variáveis que compreenderam informações sobre avaliação do treinamento foram: qualidade do treinamento, conteúdo, didática e importância do treinamento.

Para a avaliação das condutas frente às situações de urgência e emergência, antes e após o treinamento, os participantes responderam como devem proceder nas seguintes ocorrências: hemorragia externa, convulsão, desmaio, sangramento nasal e avulsão dental; e também em quais situações devem acionar o resgate. As perguntas não totalizaram o conteúdo programático ministrado no treinamento de Primeiros socorros, sendo considerados apenas os tópicos de maior importância. As respostas foram analisadas e classificadas em procedimentos “correto”, “incorreto” e “sem resposta”.

Foram preservados os aspectos éticos previstos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual trata de pesquisas envolvendo seres humanos.

O trabalho foi autorizado pela Secretaria Municipal de Educação de Botucatu e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina UNESP, Campus de Botucatu (documento No 239/2006). Além disso, cada participante foi orientado sobre o objetivo do trabalho e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados colhidos foram codificados, tabulados e processados no pacote estatístico Epi-Info Versão 3.3.2(14)

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As distribuições de freqüência quanto: à avaliação da qualidade do treinamento, do conteúdo, da didática e sua importância, foram analisadas e estão expressas, respectivamente, nas Tabelas 1 e 2.

tabela1

tabela2

Na Tabela 1 observa-se que a maioria dos treinandos (77,8%) classificou como sendo “ótimo” o treinamento.

Todos os participantes responderam que suas expectativas foram atendidas com relação aos quesitos de conteúdo e didática. Assim como todos os treinandos referiram que o conteúdo aplicado foi completo e mostraram-se bastante interessados principalmente por não terem participado de nenhum trabalho relacionado a Primeiros socorros anteriormente. Trabalho realizado com escolares abordando primeiros socorros constatou avaliação positiva do treinamento, corroborando com os dados deste estudo(15).

A maioria dos participantes (82,5%) classificou o curso como sendo “muito importante” (Tabela 2), sendo que quando questionados quanto à importância desse treinamento, relataram que os conhecimentos adquiridos podem ser aplicados não só em alunos nas dependências da escola, mas também no dia-a-dia (na casa e na comunidade em geral), podendo assim, com procedimentos simples, salvarem vidas ou minimizarem danos (dados não mostrados). Esses dados mostram a necessidade da implementação de condutas em situações de emergência entre os indivíduos de diversos segmentos da população(15), em especial no ambiente escolar.

O Gráfico 1 refere-se aos resultados obtidos em relação ao número de procedimentos corretos, incorretos e sem resposta das questões contidas no questionário aplicado aos professores e funcionários das escolas antes e após o treinamento.

grafico1

Nota-se que 42,8% dos participantes, antes do treinamento, agiria corretamente ao se deparar com um aluno apresentando hemorragia externa. Após o treinamento, este conhecimento aumentou para 90,5%. Isso mostra a importância do conhecimento das condutas de emergência em caso de hemorragia externa, uma vez que, se esta ocorrer de forma abundante e não controlada pode causar morte de 3 a 5 minutos(16).

No atendimento a uma vítima de convulsão, 42,8% dos participantes teria uma atitude correta, sendo que após o treinamento, este valor aumentou para 79,4%.

A convulsão é uma ocorrência que gera dúvidas sobre o correto procedimento a ser realizado, pois mesmo com treinamento 13 entrevistados (20,6%) relataram insegurança para realizar este cuidado.

As convulsões são consideradas alterações súbitas das funções cerebrais, causando contrações musculares involuntárias, apresentando normalmente perda de consciência(17). Neste estudo, pode-se ressaltar a importância do conhecimento nas condutas de emergência e a necessidade de uma maior ênfase no atendimento da vítima de convulsão, tendo em vista a gravidade da situação e a insegurança apresentada pelos professores e funcionários mesmo após o treinamento.

A maioria dos participantes (66,7%) não saberia o que fazer em caso de desmaio ou realizaria um procedimento incorreto. Após o treinamento, 84,1% dos participantes estariam aptos a prestar atendimento correto frente a essa situação.

O desmaio é a perda momentânea dos sentidos, levando a inconsciência. Neste caso deve-se estar atento aos sinais vitais, pois desmaios prolongados podem levar a vítima ao estado de choque(17). O que mostra a necessidade de identificação dos sintomas precocemente bem como o conhecimento do procedimento correto que pode ser adquirido através da educação em saúde.

Já numa situação de sangramento nasal, 22,2% realizaria procedimento correto, antes do treinamento. Após a realização do treinamento, 50 entrevistados (79,3%) teriam êxito frente a um procedimento envolvendo sangramento nasal. Apenas 3,2% dos entrevistados não saberiam o que fazer e 17,5% teriam uma atitude incorreta.

O sangramento nasal é a hemorragia de maior freqüência em crianças e ocorre devido ao rompimento de pequenos vasos sangüíneos do nariz, devido a inúmeros fatores: por traumatismo, pela introdução de corpos estranhos, aumento da temperatura (efeito vaso dilatador), ressecamento do canal nasal (rinite alérgica), ou por aumento da pressão arterial(16). Por se tratar de uma situação de ocorrência freqüente e de menor conhecimento dos entrevistados antes do treinamento, neste estudo, verifica-se a importância da educação em saúde para conduta correta neste caso.

Nota-se, neste trabalho, a carência de informação destes profissionais em caso de avulsão dental, pois 33,4% não saberia o que fazer, 36,5% teria uma conduta incorreta dizendo que enrolaria o dente avulsionado em um pano e 30,1% realizaria uma conduta correta, relatando a colocação do dente em copo de água e procura de um dentista. Porém essa opção, apesar de ser correta, não é a de primeira escolha, por apresentar menor proteção à raiz.  Após o treinamento observa-se uma conduta correta com a ocorrência de avulsão dental, totalizando 79,3% dos participantes que colocaria o dente avulsionado em um copo de leite, soro fisiológico ou copo de água, necessariamente nessa ordem por ser a que oferece maior proteção para a raiz.

A avulsão dental é a perda de dente após um trauma, onde o mesmo não é quebrado, mas sim “arrancado” com raiz de seu alvéolo. Pesquisa realizada sobre avulsão dental verificou que os professores possuem pouco conhecimento sobre o tema, o que, associado à falta de treinamento, pode torná-los despreparados para solucionar adequadamente eventuais acidentes que envolvam os escolares em traumas dento-alveolares(18), corroborando com os dados encontrados neste estudo.

Neste sentido, observa-se a necessidade de educação em saúde com relação à avulsão dental no âmbito escolar, a fim de garantir a adoção de medidas corretas e evitar assim a perda dentária.

Observou-se que a maioria dos treinandos (52,4%) teria uma atitude de acionar o Resgate em casos graves ou em caso de dúvida. Mas uma boa parte dos treinandos (38,1%) acionaria este serviço especializado para casos mais simples. Nestes casos simples, o procedimento correto seria prestar os primeiros socorros e avisar a mãe da criança para realizar o encaminhamento da mesma até um hospital, e na impossibilidade desta estar socorrendo a criança, acionar-se-ia o resgate. Quando aciona-se este serviço especializado em atendimento de média e alta complexidade para casos simples, utiliza-se desnecessariamente este serviço.   

Após o treinamento, nota-se que a maioria dos treinandos (87,3%) acionaria o resgate em casos graves ou em caso de dúvida mediante situações urgentes ou emergentes. Tenta-se com esta atitude, tornar este serviço de atendimento pré-hospitalar mais disponível para atender ocorrências de média e alta complexidade, as quais necessitam de socorristas especializados.

Ainda, analisando os dados do Gráfico 1 observa-se que, em média, 37,26% dos entrevistados, antes do treinamento de primeiros socorros, desconheciam ou realizariam procedimentos incorretos. Já no pós-treinamento das condutas de emergência nos diversos casos apresentados, essa média aumentou para 83,31%. Neste sentido, ressalta-se a necessidade de educação em saúde com relação à avaliação e condutas adotadas frente aos primeiros socorros no âmbito escolar.

 

CONCLUSÃO

Essa pesquisa de campo possibilitou a observação dos procedimentos de urgência e emergência realizados por professores e funcionários de escolas públicas, mediante os acidentes, avaliando-se assim o conhecimento dos profissionais de escolas de ensino fundamental, antes e após o treinamento.

Verificou-se que a maioria dos participantes no pré-treinamento demonstrou um conhecimento insuficiente para a realização de procedimentos como: hemorragia externa, convulsão, desmaio, sangramento nasal, avulsão dental e acionamento de resgate, a qual contribuiria para o agravamento do estado da vítima. 

Já no pós-treinamento, observou-se o aprendizado dos participantes, tendo em vista que a maioria demonstrou conhecimento frente às situações de primeiros socorros. Este estudo mostra a importância da educação em saúde, na comunidade, especialmente no ambiente escolar.

Portanto, conclui-se que com estes dados, o treinamento foi de grande valia, e ressalta-se ainda a importância em se continuar realizando treinamento sobre princípios básicos de primeiros socorros nas escolas, promovendo assim a educação em saúde.

Sugere-se, ainda, a implantação de um programa de treinamento de urgências e emergências com professores e funcionários do sistema de ensino fundamental, visando desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde do escolar, a fim de minimizar danos advindos da incorreta manipulação com a vítima e/ou a falta de socorro imediato, visto que estes fatores citados, não só contribuem com o agravamento do estado da vítima, como resultam em maior tempo de permanência hospitalar devido a complicações.

Além disso, evidencia-se a importância de realização de outros estudos na área para identificação dos acidentes mais freqüentes bem como a adoção de medidas preventivas e de condutas de emergência no âmbito escolar.

 

REFERÊNCIAS

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Artigo recebido em 20.09.07

Aprovado para publicação em 30.09.08

 

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