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Acta Paulista de Enfermagem - Burnout Syndrome and the socio-demographic aspects of nursing professionals

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Acta Paulista de Enfermagem

On-line version ISSN 1982-0194

Acta paul. enferm. vol.25 no.5 São Paulo  2012

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002012000500015 

ARTIGO ORIGINAL

 

Síndrome de Burnout e os aspectos sócio-demográficos em profissionais de enfermagem*

 

Síndrome de Burnout y los aspectos sociodemográficos en profesionales de enfermería

 

 

Flávia Maria de FrançaI; Rogério FerrariII

IMestre em Ciências da Saúde, Professora do Departamento de Enfermagem, Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT- Alta Floresta (MT), Brasil. Enfermeira Assistencialista do Hospital Regional de Cáceres - Cáceres (MT), Brasil. MT
IIAcadêmico do Curso de Medicina, Universidade Estácio de Sá - UNESA - Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Autor Correspondente

 

 


RESUMO

OBJETIVO: Demonstrar a incidência da Síndrome de Burnout (SB) de acordo com os aspectos sociodemográficos dos profissionais de enfermagem que atuam em dois hospitais regionais, no município de Cáceres-MT.
MÉTODOS: Estudo de natureza quantitativa, descritivo, com delineamento transversal, realizado com 141 profissionais de enfermagem. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário estruturado com dados para o delineamento sociodemográfico, acrescido do instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI).
RESULTADOS: Com base na análise das entrevistas dos 141 profissionais, 13 (9,58%) apresentaram Síndrome de Burnout,, conforme o MBI, e destes acometidos 7 (53,84%) são enfermeiros e 6 (46,16%) técnico/auxiliares. Quanto à incidência da SB em função dos aspectos sócios demográficos, o maior número de casos foi verificados no sexo feminino, nos profissionais com menos tempo de formação e nos solteiros. Resultados semelhantes foram encontrados na literatura, relevando as constatações.
CONCLUSÃO: Este estudo evidenciou que a presença da SB nos profissionais de enfermagem, revelando assim a necessidade de intervenções em relação às condições de trabalho dos enfermeiros.

Descritores: Esgotamento profissional; Saúde do trabalhador; Doenças profissionais


RESUMEN

OBJETIVO: Demostrar la incidencia del Síndrome de Burnout (SB) de acuerdo a los aspectos sociodemográficos de los profesionales de enfermería que actúan en dos hospitales regionales, en el municipio de Cáceres-MT.
MÉTODOS: Se trata de un estudo de naturaleza cuantitativa, descriptiva, de tipo transversal, realizado con 141 profesionales de enfermería. Para la recolección de los datos, fue utilizado un cuestionario estructurado con datos para el delineamiento sociodemográfico, además del instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI).
RESULTADOS: Con base en el análisis de las entrevistas de los 141 profesionales, 13 (9,58%) presentaron Síndrome de Burnout, conforme el MBI, de los cuales 7 (53,84%) son enfermeros y 6 (46,16%) técnico/auxiliares. En cuanto a la incidencia del SB en función de los aspectos sociodemográficos, el mayor número de casos fue verificado en el sexo femenino, en los profesionales con menos tiempo de formación y en los solteros. Resultados semejantes fueron encontrados en la literatura, confirmando las constataciones.
CONCLUSIÓN: En este estudio se evidenció la presencia del SB en los profesionales de enfermería, revelando así la necesidad de intervenciones en relación a las condiciones de trabajo de los enfermeros.

Descriptores: Agotamiento profesional; Salud laboral; Enfermedades profesionales


 

 

INTRODUÇÃO

O estresse é uma preocupação mundial, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1995, a considerá-lo uma epidemia global (1). Em meio à evolução dos estudos sobre o estresse, surgiram relatos sobre a Síndrome de Burnout, definida como uma Síndrome, na qual o trabalhador perde o sentido da relação com o trabalho de modo que as coisas já não tenham mais importância (2).

O Burnout foi reconhecido como um risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos (2), ou seja, afeta, sobretudo, profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários. Nesta direção, destaca-se o trabalho dos profissionais da enfermagem.

A síndrome pode ser entendida como um processo de três dimensões: a primeira é a exaustão emocional, caracterizada pela falta ou carência de energia e um sentimento de esgotamento emocional; a segunda, despersonalização, é definida como falta de sensibilidade e a dureza ao responder às pessoas receptoras de seu serviço, e a terceira, a baixa realização profissional, que se refere a uma diminuição do sentimento de competência em relação ao trabalho com pessoas (3).

A enfermagem é uma área profissional que requer conhecimento técnico cientifico voltado para ao cuidado humano e holístico, além do enfermeiro necessitar de várias habilidades: cognitivas, interpessoais e psicomotoras aliadas ao embasamento teórico. Sendo assim, hoje, a enfermagem é considerada um componente vital e indispensável do serviço de assistência médica (4).

Cada vez mais tem sido exigido a capacidade técnico-científica dos profissionais de enfermagem. No entanto, em contrapartida, é oferecida uma baixa remuneração e sobrecarga de trabalho para esses trabalhadores. Assim, é possível ser observado no ambiente de trabalho, alterações psíquicas que levam a um estado de exaustão emocional, perda de interesse pelas pessoas que teriam de ajudar; e, finalmente, baixo rendimento profissional e pessoal (5).

No trabalho, as situações indutoras do estresse, são cada vez mais crescentes. Tal preocupação é decorrente da inserção do indivíduo nesse contexto, visto que o trabalho além de possibilitar crescimento, transformação, reconhecimento e independência pessoal, também pode causar problemas, insatisfação e desinteresse.

De acordo com o Ministério da Previdência Social, em 2007, foram afastados do trabalho 4,2 milhões de pessoas, e, destas, 3.852 foram diagnosticadas portadoras da Síndrome de Burnout (6).

No Brasil, o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o regulamento da Previdência Social o Anexo II, trata dos agentes Patogênicos causadores de doenças profissionais (7). Assim, o item XII da tabela de transtornos mentais e de comportamento relacionados com o trabalho foi referido, como sinônimo do Burnout, e, no CID-10, recebe o Código Z73.0.

Ao longo da história, houve uma progressiva preocupação com as condições de trabalho, a satisfação pessoal do profissional, seu bem-estar e ainda a interferência do trabalho na saúde do trabalhador. Surge então um novo modelo de políticas de saúde que trouxe consigo a discussão a respeito da Saúde do Trabalhador, exigindo a introdução de novas práticas.

O ser humano está sujeito a diversas situações de estresse que podem surgir ao longo de sua vida. A equipe de enfermagem rotineiramente é exposta à sobrecarga física e mental nas demandas de seu trabalho, como situações de emergência que impõem tarefas que sobrecarregam o profissional. Ainda esta siuação é potencializada com a jornada de trabalho, frequentemente, extensa, duplicada e, às vezes, acompanhada de plantões.

A despeito da situação apresentada, poucas foram as pesquisas realizadas no Brasil que investigaram os problemas de saúde que esses trabalhadores enfrentam (8), associando-os com às características sociodemográficas de cada pessoa.

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi verificar a incidência da Síndrome de Burnout, de acordo com os aspectos sociodemográficos dos profissionais de enfermagem que atuam no Hospital Regional Dr. Antônio Fontes e no Hospital São Luiz, ambos no município de Cáceres, Mato Grosso.

 

MÉTODOS 

Estudo descritivo, com delineamento transversal, não experimental, com enfoque na Síndrome de Burnout e nos aspectos sociodemográficos em profissionais de enfermagem da rede hospitalar.

A pesquisa foi realizada nas dependências dos Hospitais Regional de Cáceres Dr. Antonio Fontes (HRCAF) e São Luiz (HSL), localizados no município de Cáceres, Mato Grosso. O HSL é privado e credenciado ao SUS. O HRCAF é público, estadual, de referência regional do Sudoeste do Estado de Mato Grosso para urgência e emergência e atende à demanda de 22 municípios da região. A amostra deste estudo foi composta por 141 profissionais de enfermagem, pertencentes a três níveis hierárquicos (auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro), atuantes no HRCAF e HSL.

Para inclusão do sujeito no estudo foi adotado, como critério de seleção, que todos os profissionais se encontrassem em atividade e que aceitassem participar da pesquisa voluntariamente. Os critérios de exclusão abrangeram aqueles que estavam em férias, em licença-prêmio, em licença-médica para tratamento de saúde, em licença-maternidade ou afastados para capacitação profissional, como mestrado e doutorado, e, ainda os que não se dispuseram a participar da pesquisa.

Em seguida, os funcionários foram previamente comunicados e abordados individualmente durante o turno de trabalho, sendo notificados sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinaram após terem lido e aceito participar do estudo.

O contingente de enfermagem do HRCAF, conforme o departamento de Recursos Humanos, é composto por 141 profissionais de enfermagem (22 enfermeiros, 73 técnicos de enfermagem e 46 auxiliares de enfermagem). Entretanto, com os critérios de exclusão, só 89 profissionais participaram do estudo no HRCAF (16 enfermeiros, 55 técnicos de enfermagem e 18 auxiliares de enfermagem). No HSL, a equipe de enfermagem era composta por 144 profissionais de enfermagem (21 enfermeiros, 89 técnicos e 34 auxiliares de enfermagem). Contudo, a distribuição dos profissionais participantes do estudo no HSL, após os critérios de exclusão constituiu-se de 52 pessoas (14 enfermeiros, 32 técnicos de enfermagem e seis auxiliares de enfermagem). Assim sendo, a amostra de 141 pessoas participantes do estudo, foi constituída por 89 profissionais de enfermagem do HRCAF e 52 profissionais de enfermagem do HSL.

Para a coleta de dados, utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário autoaplicável, que corresponde ao delineamento do perfil dos entrevistados, composto por 14 questões fechadas, elaborado levando em conta as variáveis dicotômicas, de atributos e contínuas.

Variáveis dicotômicas - gênero, jornada de trabalho, duplo vínculo empregatício. Variáveis de atributos - setor de trabalho no hospital, categoria profissional, grau de escolaridade, carga horária semanal e vínculo empregatício. Variáveis contínuas - faixa etária, tempo de trabalho na unidade e tempo de formação profissional.

Acrescido ainda do instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI), composto de 22 questões. O MBI é um instrumento autoaplicativo, para ser respondido por uma escala de frequência de cinco pontos que vai de um (nunca) até cinco (sempre). O inventário é composto por 22 itens que avaliam as três dimensões independentes entre si que são: Exaustão Emocional (9 itens), Despersonalização (5 itens) e Realização Profissional (8 itens).

A pontuação em cada subescala foi obtida por meio da soma dos valores dos respectivos. Para isso, considerou-se que, na subescala de Exaustão Emocional (EE), a pontuação igual ou maior que 26 como sendo indicativa de alto nível de exaustão e o intervalo 16 - 25 correspondendo a valores moderados, e os valores iguais ou menores que 15 indicariam baixo nível de exaltão.

Na subescala de Despersonalização (DE), pontuação igual ou superior a 13 seria nível alto, pontuação entre 7 - 12 nível moderado e ainda igual ou menor que 6 baixo grau de despersonalização.

A subescala de Realização Profissional (RP) apresenta uma medida inversa, ou seja, pontuações iguais ou menores que 31 indicam baixo sentimento de realização profissional e, consequentemente, alto nível de esgotamento. As pontuações entre 32-36 indicam um moderado nível de realização e o somatório de 36 acima, um alto nível de realização profissional, ou seja, baixo nível de esgotamento.

A obtenção de altas pontuações em Exaustão Emocional e Despersonalização e baixa pontuação em Realização Profissional sugerem a presença da Síndrome de Burnout.

As informações dos instrumentos respondidos foram codificadas, digitadas e processadas em planilha Excel®. Sendo assim, análises dos respostas foram feitas com o software Sistema Package for the Social Sciences (SPSS)® versão 15.0 para Windows®.

Em seguida, os resultados foram analisados por estatística descritiva dos dados (média, desvio-padrão, mediana, percentagem e incidência), e apresentados sob a forma de tabelas utilizando os recursos do programa SPSS 15.0.

Para comparar as variáveis, foi aplicado o teste não paramétrico de Qui-quadrado (χ2), adotando-se para tal o nível de significância de 5% de probabilidade (ρ < 0,05).

O presente estudo foi desenvolvido com anuência dos hospitais em questão e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília CEP/FS-UnB, em 8 de junho de 2010 com o Parecer nº 052/10.

 

RESULTADOS

Os dados da Tabela 1 apresentam os resultados das variáveis sociodemográficas, para o reconhecimento da população estudada.

 

 

Ao analisar os dados expostos quanto ao gênero, percebeu-se que 119 (84,40%) dos respondentes eram trabalhadores do sexo feminino e 22 (15,60%) do gênero masculino.

Na distribuição da faixa etária da população estudada, a idade variou entre 20 a 60 anos, com média de 35,5 anos, sem diferença entre homens e mulheres. Quanto à idade, os profissionais analisados, 103 (73,05%) encontravam-se na faixa etária de 20 e 40 anos e 31 (21,99%) dos profissionais com idade entre 41 e 60 anos.

Em relação à situação conjugal, 49 (34,75%) trabalhadores eram solteiros, 82 (58,15%) casados, e 10 (7,10%) sob outras formas de união conjugal. Dos 141 entrevistados, quanto à categoria profissional, 87 (61,70%) profissionais exerciam a função de técnico de enfermagem, 30 (21,30%) eram enfermeiros e 24 (17,00%), auxiliares de enfermagem.

Entre os profissionais analisados 34 (24,10%) referiram não ter filhos, e 107 (75,90%) citaram possuir. Quanto ao nível de escolaridade, 91 (64,54%) profissionais possuíam Nível Médio de educação e 49 (34,75%), ensino Superior.

Os dados da Tabela 2 trazem a relação entre a Síndrome de Burnout e aspectos sócio demográficos, dos profissionais de enfermagem estudados.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 2, quanto à incidência de Burnout em função do gênero, a Síndrome ocorreu com maior incidência no sexo feminino, 13 (10,9%).

Considerando-se a classificação dos resultados obtidos de Síndrome de Burnout em função da idade, observou-se maior predominância entre os profissionais mais velhos, visto que dos 31 trabalhadores com idade entre 41 e 60 anos, 7 deles (22,6%) apresentaram a síndrome, e dos 103 com idade entre 20 e 40 anos foram 6 (5,8%), o número de sujeitos com Burnout, portanto, entre as idades houve diferença significativa (ρ = 0,005).

Com referência à situação conjugal, 7 (14,3%) dos solteiros sobressaíram em relação ao estado de Burnout, seguidos de 5 (8,53%) dos casados.

Quanto à síndrome de Burnout em função de ter filhos ou não, houve maior acometimento dos profissionais sem filho (11,7%), se comparado aos que possuem (8,41%). Em relação à escolaridade, houve predominância da síndrome nos profissionais com ensino Superior completo (14,2%), e no que se refere à renda familiar em função da síndrome, observa-se que os profissionais mais acometidos (13,0%) são os com renda entre 5 e 10 salários-mínimos.

 

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nesta pesquisa evidenciaram na população estudada, em relação aos aspectos sociodemográficos em função da Síndrome de Burnout, houve maior porcentagem no gênero feminino, na faixa etária de 41 e 60 anos, com situação conjugal solteira, em profissionais sem filhos, com ensino superior completo e renda familiar entre 5 e 10 salários-mínimos.

A predominância feminina que trabalha na área de saúde tem sido evidenciada por muitos estudiosos (4,9), que observaram que as atividades de cuidar frequentemente têm sido exercidas por mulheres.

Assemelhando-se aos resultados encontrados no presente estudo, uma pesquisa (10) demonstrou que dos 61 trabalhadores que participaram cinco (8,2%) apresentavam manifestações de Burnout todos eram do gênero feminino.

Em outra pesquisa sobre a Síndrome de Burnout, a idade que foi mais acometida encontrou-se entre 30 e 58 anos, havendo a predominância da faixa etária inferior a 35 anos (10). Em outro registro predominou a faixa etária entre 35 e 49 anos (11), o que se assemelha aos resultados encontrados no presente estudo, caracterizando profissionais com certa maturidade profissional e maior domínio em situações de estresse (12).

Estudos (4-13) realizados por mencionam que a média elevada de idade é um fator importante para o desenvolvimento de transtornos mentais ou ocupacionais, em razão à diminuição da capacidade de adaptação às condições de estresse no trabalho. Esses estudos mostram que o índice de capacidade para o trabalho é bastante afetado pela idade.

Em relação à situação conjugal, os resultados encontrados para serem validados, como fatores que desencadeiam a Síndrome merecem um estudo mais aprofundado quanto à qualidade da relação a dois. Isto porque não há na literatura consenso quanto ao fato da condição conjugal interferir ou desencadear a Síndrome. Alguns autores afirmam que a vida marital contribui para seu desenvolvimento (15), outros, que esta condição apresenta menor disposição aos sintomas (11,16) e, ainda, há aqueles que acreditam que esta condição não tem nenhuma relação (17).

Em determinada pesquisa (18), obteve-se que entre os enfermeiros casados, a maioria apresentou altos níveis de Burnout. O resultado obtido na presente pesquisa mostrou maior acometimento dos solteiros em função da síndrome, indo em direção contrária ao que relata a literatura (4-18).

Em relação a ter filhos ou não, determinada pesquisa (19) menciona que a satisfação de ser pai ou mãe é possível razão para um menor índice de doenças mentais como a síndrome de Burnout. Estas observações são corroboradas em outro estudo (20) que afirma que sujeitos com filhos apresentam índices menores de exaustão emocional. Mas, os resultados encontrados nessa pesquisa divergem da literatura e apontam que os profissionais sem filhos apresentaram maior acometimento em função da síndrome.

Quanto à escolaridade, determinada pesquisa (6) demonstrou que as pessoas com maior nível de escolaridade possuíam maior probabilidade de desenvolver Burnout, o que se assemelha ao que foi evidenciado na presente pesquisa, onde os profissionais com ensino superior completo apresentaram maior acometimento em função à síndrome de Burnout.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostraram que os enfermeiros apresentaram níveis mais elevados de esgotamento profissional, visto que ficou evidenciada a predominância da síndrome em função dos profissionais com Ensino Superior completo.

Apesar dos enfermeiros apresentarem um menor envolvimento com os pacientes internados nas instituições hospitalares, eles apresentam uma intensa sobrecarga emocional em seu cotidiano de trabalho, pois são responsáveis pelo bom funcionamento do serviço de assistência à saúde, onde supervisionam os demais profissionais de enfermagem, sendo constantemente cobrados pela administração e organização hospitalar, além dos médicos, quanto ao atendimento aos pacientes.

A equipe de enfermagem, maior força de trabalho hospitalar, passa por situações estressantes que nos levam a assegurar a necessidade de se propor mudanças organizacionais no ambiente de trabalho com o fim de diminuir estes fatores que acabam por interferir na saúde do trabalhador. O trabalho não pode constituir-se em um fardo pesado ou fonte de infortúnio ou desprazer. Ao contrário, deve proporcionar às pessoas condições de desenvolvimento de suas potencialidades e de autorrealização.

Considera-se imprescindível refletir e desenvolver estudos a respeito dessa temática para melhor compreender os fatores que contribuem para o processo saúde/doença, dos trabalhadores de enfermagem em instituições hospitalares. E que se evolua com aprofundamento teórico e grupos de reflexão para o acompanhamento de ações programáticas visando à melhoria das condições de trabalho de enfermagem das instituições estudadas.

 

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Autor Correspondente:
Flávia Maria de França
Rua dos Nascimentos Nº 39, Bairro Jardim Monte Verde
Cáceres-MT. CEP: 78200-000
E-mail: flavia43franca@hotmail.com

Artigo recebido em 24/08/2011 e aprovado em 31/11/2011

 

 

* Estudo extraído da dissertação de mestrado intitulada "Estudo sobre Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem em dois hospitais de médio porte no município de Cáceres-MT" - apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília - UnB - Brasília (DF), Brasil.