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Fitopatologia Brasileira - Plant species hosts of begomovirus obtained from tomato in Goiás and Federal District of Brazil

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Fitopatologia Brasileira

Print version ISSN 0100-4158

Fitopatol. bras. vol.29 no.4 Brasília July/Aug. 2004

http://dx.doi.org/10.1590/S0100-41582004000400017 

COMUNICAÇÃO COMMUNICATIONS

 

Espécies vegetais hospedeiras de begomovírus isolados de tomateiro em Goiás e no Distrito Federal

 

Plant species hosts of begomovirus obtained from tomato in Goiás and Federal District of Brazil

 

 

Carmem D. G. SantosI; Antonio C. D'ÁvilaII; Alice K. Inoue-NagataII; Renato O. ResendeIII

IDepartamento de Fitopatologia, Universidade de Brasília, CEP 70910-970, Brasília, DF, e-mail: carmelo@ufc.br
IIEMBRAPA-Hortaliças, Cx. Postal 218, CEP 70359-970, Brasília, DF, e-mails: avila@cnph.embrapa.br; alicenag@cnph.embrapa.br
IIIDepartamento de Biologia Celular, Universidade de Brasília, CEP 70910-970, Brasília, DF, e-mail:rresende@unb.br

 

 


RESUMO

A determinação da gama de hospedeiros de begomovírus isolados de tomateiro (Lycopersicon esculentum) é de elevada importância nos estudos conduzidos com esses patógenos, uma vez que contribui para o entendimento da larga disseminação dos vírus em condições de campo e oferece subsídios para o estudo da variabilidade genética de espécies e estirpes identificadas em diversas regiões do país. Visando a determinação e a comparação da gama de hospedeiros de dois isolados de begomovírus de tomateiro obtidos de lavouras da região de Anápolis-GO (GO-ANPL) e do Distrito Federal (DF-BR2) inocularam-se 31 espécies vegetais pertencentes a oito famílias botânicas, sob duas modalidades de inoculação: mecânica e com a mosca branca, Bemisia tabaci biótipo B. Constatou-se que o GO-ANPL e o DF-BR2 infetaram exclusivamente plantas da família Solanaceae como Datura stramonium, Nicandra physalodes e Nicotiana benthamiana. Para o GO-ANPL, o número de espécies vegetais infetadas com o emprego do inseto vetor foi superior ao obtido pela inoculação mecânica, diferindo dos resultados obtidos para o DF-BR2 em que as plantas hospedeiras foram igualmente infetadas em ambos os métodos de inoculação. A comparação entre as hospedeiras dos dois isolados e destes com as de outros begomovírus de tomateiro da região Nordeste revelaram que há variação tanto nas espécies hospedeiras como na sintomatologia exibida pelas plantas infetadas. Os testes foram todos confirmados com hibridização com sondas moleculares, em "dot blot".

Palavras-chave adicionais: hospedeiros alternativos, transmissão viral, dot blot, Geminiviridae.


ABSTRACT

Determination of the begomovirus host range determination in tomato (Lycopersicon esculentum) is an important feature in unveiling the genetic variability of species and strains of the virus and how it spreads under field conditions. In order to determine the host range of two begomoviruses isolated from tomato, denoted GO-ANPL and DF-BR2, 31 plant species of eight botanical families were tested via mechanical and vector inoculation. Both isolates only infected plants of the family Solanaceae as Datura stramonium, Nicandra physalodes e Nicotiana benthamiana. The GO-ANPL isolate infected a higher number of plants when they were inoculated by the insect vector. Results were distinct from those obtained with the DF-BR2 isolate, where both inoculation methods were equally effective. Comparison between these two isolates with other begomoviruses reported in Northeast Brazil revealed different patterns in host range and symptomss. Virus infection was confirmed by dot blot hybridization using specific molecular probes to begomovirus isolates.


 

 

O tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill) em quase todos os continentes onde é cultivado é infetado por begomovírus, os quais induzem sintoma de mosaico, comumente acompanhado de amarelecimento, enrolamento do limbo foliar e graus variados de nanismo (Harrison, 1985). Esses vírus, pertencentes à família Geminiviridae, possuem partículas geminadas, contendo DNA circular de fita simples dividido em dois componentes: o DNA A, que contém os genes relacionados com a replicação viral e a síntese da capa protéica, e o DNA B, que possui os genes associados ao movimento e expressão de sintomas (Timmermans et al., 1994; Brown, 1997).

Os begomovírus têm limitado a produção de tomate em várias regiões do Brasil. Sua incidência no país tem aumentado, sistematicamente, desde 1994 causando prejuízos em tomateiros em diversas lavouras no Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Bahia e Goiás (Faria et al, 2000). Mais recentemente, begomovirus foram detectados na Serra da Ibiapaba, principal região produtora de tomate do Ceará (Lima et al., 1999, 2000). A disseminação desses vírus está associada à introdução e dispersão da mosca branca, Bemisia tabaci Gennadius biótipo B (= Bemisia argentifolii Bellows & Perring) (Faria et al., 2000). Os vírus do gênero Begomovirus, infetam dicotiledôneas e além da transmissão pelo vetor, são os únicos vírus da família Geminiviridae cujas espécies, com algumas exceções, são transmitidas mecanicamente, o que reflete sua habilidade de infetar células da epiderme, além das células do córtex e do mesófilo foliar (Timmermans et al., 1994).

A determinação da gama de hospedeiros e a sintomatologia exibida por plantas infetadas, são parte da caracterização biológica que contribui para a distinção de espécies e estirpes de diversos gêneros de vírus. Diferenças na gama de hospedeiros e no desenvolvimento de sintomas induzidos por estirpes de begomovírus geneticamente relacionadas, aspectos já constatados para o Squash leaf curl virus (SqLCV) e o Tomato golden mosaic virus (TGMV) têm sido relacionadas às alterações encontradas nas regiões genômicas desses vírus associadas com a replicação, o movimento viral e com os processos que controlam o nível de acúmulo de vírions nas plantas infetadas (Lazarowitz, 1992; Timmermans et al., 1994; Brown, 1997). De acordo com Hou et al. (1998), os fenótipos exibidos pelas plantas sob uma infecção viral resultam de interações entre produtos de genes virais e genes da hospedeira, podendo a adaptação e especificidade a determinadas espécies envolver proteínas virais ou elementos reguladores presentes no DNA A e no DNA B de begomovírus.

O interesse pelo estudo dos begomovírus associados a tomateiro no Brasil tem aumentado desde 1995, ocasião em que reapareceram os relatos de begomovírus na cultura em diversas áreas produtoras do país (Faria et al., 2000; Lima et al., 2000; Ribeiro et al., 2002). Tornaram-se conhecidas as regiões agrícolas afetadas pelo patógeno, a relação desses vírus com a mosca branca e os prejuízos causados às lavouras com o subseqüente comprometimento da indústria de processamento de tomate (Faria et al., 2000). A caracterização molecular parcial desses vírus no país revelou a existência de ampla diversidade genética com pelo menos nove espécies já identificadas (Faria et al., 2000; Ribeiro et al., 2002). No entanto, dados relativos à caracterização biológica dos begomovírus, são ainda escassos havendo poucas informações sobre suas hospedeiras preferenciais e os sintomas induzidos pelos vírus já caracterizados. A identificação de espécies hospedeiras, juntamente com a sintomatologia, são ferramentas que podem colaborar em estudos associados à variabilidade genética entre espécies ou estirpes de begomovírus constatadas no Brasil.

Considerando os aspectos abordados, objetivou-se, com o presente trabalho, identificar e comparar as espécies vegetais suscetíveis e as reações sintomatológicas nelas induzidas os dois isolados de begomovírus de tomateiro na região Centro-Oeste, GO-ANPL e DF-BR2, verificando-se também a influência do tipo de inoculação sobre o comportamento de seus hospedeiros. Estudos envolvendo a caracterização molecular e análise comparativa da seqüência do DNA A desses isolados revelaram uma elevada identidade nos seus genomas virais, indicando que são estirpes de um mesmo begomovírus (Santos et al., 2002). Os dados obtidos permitiram caracterizar a distinção biológica entre esses dois isolados virais e poderão ser empregados em pesquisas posteriores envolvendo comparações do comportamento biológico entre outras espécies e estirpes de begomovírus identificadas no país.

Origem dos isolados de begomovírus

Os isolados de begomovírus empregados neste trabalho, denominados GO-ANPL e DF-BR2, foram coletados de tomateiros em lavouras do tomate indústria 'Jumbo' no município de Anápolis-GO e no Distrito Federal, respectivamente. A infecção por begomovírus, em ambos os casos, foi comprovada por PCR e por hibridização com sonda radioativa preparada com DNA do Bean golden mosaic virus (BGMV) (Santos et al., 1998). Os begomovírus foram mantidos em plantas de tomateiro 'Santa Clara' e 'Rutgers' em telados distintos e à prova de insetos nas dependências da Embrapa Hortaliças.

Espécies vegetais inoculadas

A investigação da gama de hospedeiros dos isolados GO-ANPL e DF-BR2 foi realizada em ocasiões distintas, inoculando-se um total de 31 espécies vegetais pertencentes a oito famílias botânicas: Amaranthaceae, Gomphrena globosa L., Brassicaceae, Brassica oleraceae L. var. capitata L., Chenopodiaceae, Chenopodium amaranticolor L., C. murale L., C. quinoa Willd., Compositae, Bidens pilosa L., Cucurbitaceae, Citrullus lanatus (Thunb.) Manfs. 'Charlston Gray', C. sativus L. 'Shibata', Cucurbita pepo L. 'Caserta'; Euphorbiaceae, Euphorbia heterophyla L., Leguminosae, Clitoria ternatea L., Phaseolus vulgaris L. 'Jambo', Pisum sativum L. 'Frevo', Vigna unguiculata Walp. 'Pitiuba' e 'Macaibo'; Malvaceae, Sida rhombifolia L. e Solanaceae, Capsicum annuum L. 'Ikeda', C. chinense Jacq. acesso CNPH 0679, C. frutescens L., Datura stramonium L., Lycopersicon esculentum Mill. 'IPA-05', 'Rutgers' e 'Santa Clara', Nicotiana benthamiana D., N. clevelandii A . gray, N. tabacum L 'Turkish NN', 'Xanthi NN' e 'Xanthi NC', N. silvestris Speg., N. glutinosa L., ., N. rustica L., Nicandra physalodes (L.) Gaertn., Physalis floridana Rydb, Solanum americanum Mill, S. melongena L. 'Diamante Negro', S. ovigerum Dun. 'Morro Redondo'.

Métodos de inoculação empregados

Os ensaios para a determinação da gama de hospedeiros dos isolados GO-ANPL e DF-BR2 foram conduzidos em casa de vegetação ou em insetários, para a inoculação mecânica ou com B. tabaci biótipo B, respectivamente. Na inoculação mecânica, folhas jovens do tomateiro 'Santa Clara' infetado foram trituradas em almofariz na presença de tampão de fosfato de sódio 0,05 M, pH 7,5 acrescido de Na2SO3 a 0,1%, na proporção 1:2 (p/v). O extrato obtido foi friccionado com gaze na superfície adaxial das folhas polvilhadas com carborundum. Após a inoculação, as folhas foram lavadas com água corrente e as plantas mantidas em casa de vegetação. Na inoculação com a mosca branca, grupos de 15 a 25 insetos, provenientes de colônias avirulíferas, foram submetidos a um período de acesso de aquisição do vírus de 72 h em tomateiro infetado, sendo, em seguida, confinados às mudas sadias por meio de gaiolas individuais de PVC revestidas com voal na parte superior do tubo. Os insetos foram mantidos nas plantas por um período de acesso de inoculação de 48 h após o qual, as plantas foram pulverizadas com inseticida sistêmico e transferidas para casa de vegetação. Dezesseis a 20 plantas de cada espécie foram inoculadas por ambos os métodos e o acompanhamento do surgimento de sintomas foi realizado até 30 dias após as inoculações. Amostras foliares de brotações de todas as plantas foram coletadas para a realização do "dot blot" visando a confirmação dos resultados.

"Dot-Blot"

As amostras para o "dot-blot" foram preparadas triturando-se discos foliares das brotações coletadas de cada planta inoculada na presença de 20 ml de NaOH 0,4 N e breve centrifugação a 2.000 g (Rom et al., 1993). Três microlitros do sobrenadante de cada amostra foram aplicados em quadrículos demarcados em membrana de nylon (Hybond N+, Amersham/Pharmacia). Extrato de planta sadia e tampão da amostra foram empregados como controle negativo, e extrato de 'Santa Clara' infetada e DNA viral purificado (15-30 ng) obtido de tomate infetado pelo método de Dellaporta (1983), como controle positivo. A membrana foi lavada em soluções de Tris-HCl, em 2X SSC e em etanol 95%, sendo o DNA das amostras fixado sob luz UV ou em forno a 80 °C. A sonda radioativa empregada na hibridização foi preparada com fragmento de DNA A de aproximadamente 1,3 Kb, amplificado com os oligonucleotídeos PAL1v1978 (5'GCATCTGCAGG CCCACTYGTCTTYCCNGT 3') e PAR1c715 (5' GATTTCT GCAGTTTDATRTTYTCRTCCATCCA 3') a partir do genoma do GO-ANPL ou do DF-BR2.

Nesta investigação, constatou-se que, dentre as espécies/cultivares pertencentes à família Solanacea inoculadas com o GO-ANPL, 12 foram infetadas quando se utilizou a mosca branca e que o número foi mais reduzido (quatro espécies e/ou cultivares) quando a inoculação do vírus foi realizada mecanicamente (Tabela 1). Os sintomas mais expressivos da infecção com o GO-ANPL foram observados nos tomateiros 'Rutgers' e 'Santa Clara', os quais apresentaram mosaico com leve clorose dez dias após a inoculação, e mosaico com amarelecimento (mais intenso em 'Rutgers'), enrolamento, redução do limbo foliar, epinastia e nanismo, 25 a 30 dias após a inoculação. O tempo requerido para o surgimento de sintomas nas plantas infetadas foi similar nos dois métodos de inoculação. Plantas de N. benthamiana infetadas com esse begomovírus exibiram sintomas de mosaico, sem deformações (Figura 1A) e as de D. stramonium apresentaram pontos cloróticos (Figura 1B) os quais foram visivelmente mais numerosos nas transmissões via mosca branca. Das inoculações com o GO-ANPL nos pimentões 'Ikeda' e C. chinense CNPH-0679 foram observadas manchas cloróticas locais e plantas assintomáticas, respectivamente. A infecção viral nessas cultivares foi confirmada mediante a PCR (dados não apresentados). Infecção natural por begomovírus em pimentões exibindo sintomas da virose foi, também, relatado por Lima et al. (2001) no Submédio do Vale São Francisco-PE.

 

 

 


 

Com relação ao isolado DF-BR2, somente sete espécies da família Solanaceae, nos dois métodos de inoculação adotados, foram infetadas pelo vírus (Tabela 1). A maioria das espécies suscetíveis ao GO-ANPL foi também infetada pelo isolado DF-BR2, excetuando-se as espécies N. tabacum 'TNN' e N. glutinosa, infetadas somente pelo primeiro.

Observou-se que, para N. benthamiana, D. stramonium (Figura 1C e 1D) e N. physalodes a sintomatologia induzida pelo DF-BR2 apresentou-se mais precocemente e foi mais severa que aquela observada para o GO-ANPL. Em P. floridana, a infecção viral ocorreu somente nas inoculações com o isolado DF-BR2 (Tabela 1). As solanáceas D. stramonium e N. physalodes foram, portanto, as únicas plantas daninhas, dentre as testadas, suscetíveis ao GO-ANPL. Para o DF-BR2, além destas, inclui-se também P. floridana. Essas espécies apresentaram sintomas menos acentuados de mosaico ou de nanismo que os observados no tomateiro e mostraram-se também hospedeiras da mosca branca. Essa combinação sugere que as referidas espécies podem constituir fontes naturais de inóculo do GO-ANPL e DF-BR2. Segundo Brown (1997), os efeitos de begomovírus em plantas daninhas hospedeiras, apesar dessas desenvolverem sintomas foliares e redução no crescimento, são menos severos que nas plantas cultivadas. Relatos de begomovírus em freqüentes associações com D. stramonium foram também registrados em outros países (Picó et al., 1996). Plantas daninhas de outras famílias botânicas foram relatadas como hospedeiras de begomovírus em várias regiões do Brasil (Ambrozevícius et al., 2002; Lima et al., 2002). Entretanto, a patogenicidade desses vírus em plantas de tomateiro ainda não foi comprovada.

As demais espécies de solanáceas e de outras famílias botânicas testadas, independente do método de inoculação, não foram infetadas local ou sistemicamente pelo GO-ANPL ou DF-BR2. Os resultados obtidos com o "dot-blot" confirmaram as hospedeiras dos vírus.

Em geral, os begomovírus possuem limitado número de hospedeiros. A predominância de solanáceas dentre os hospedeiros do GO-ANPL e do DF-BR2 está de acordo com os dados observados por Pooma et al. (1996) para o TGMV, um dos begomovírus de tomateiro melhor caracterizado. O TYLCV, ainda que afete espécies de outras cinco famílias, infeta principalmente membros da família Solanaceae, principalmente tomate e fumo (Picó et al., 1996).

Considerando as reduzidas informações de sintomatologia e de hospedeiros de begomovírus no Brasil, realizaram-se comparações dos resultados obtidos para o GO-ANPL e do DF-BR2 com o de três outros isolados de begomovírus de tomateiro provenientes de Pernambuco, estudados por Rocha (1999) em datas próximas, ambiente e metodologia similares aos empregados neste trabalho. Os resultados mostraram a restrição de dois dos isolados ao tomateiro via mosca branca e infecção em tomate, N. physalodes, N. benthamiana e N. rustica pelo terceiro isolado. O pimentão C. annuum 'Ikeda', D. stramonium e N. tabacum 'TNN', hospedeiras do GO-ANPL e do DF-BR2, não foram infetados pelos isolados pernambucanos (Rocha, 1999). Este comportamento distinto pode ser resultante de prováveis diferenças genéticas comumente relatadas para genomas de begomovírus oriundos de regiões geográficas distantes (Timmermans et al. 1994; Czosnek & Laterrot, 1997).

Nas inoculações do GO-ANPL e do DF-BR-2 empregando o vetor, os períodos de acesso de aquisição de 72 h e de acesso de inoculação de 48 h, como também o número de 15 a 25 insetos por planta, foram considerados adequados para os ensaios. A maior eficiência da mosca branca observada na transmissão do GO-ANPL, quando comparada com a inoculação mecânica do vírus, pode estar associada ao fato de o vírus ser introduzido pelo inseto diretamente na célula do floema onde se alimenta, possibilitando o maior sucesso para o início da replicação e movimento viral (Picó et al., 1996; Brown, 1997). Resultados similares aos obtidos foram observados por Morales et al. (1990), que constataram maior eficiência na transmissão do begomovírus Bean dwarf mosaic virus (BDMV) para cultivares de feijão com a mosca branca do que com a inoculação mecânica. Diferenças na eficiência de transmissão do vírus com os dois métodos, contudo, não foram observadas nas inoculações com o DF-BR2.

Apesar da elevada identidade entre os genomas do DNA A de GO-ANPL e DF-BR2, verificada por Santos et al. (2002), as diferenças nas hospedeiras, a variação no sucesso da inoculação mecânica e o tipo de sintomatologia induzida, sugerem que os begomovírus identificados em tomateiros em Goiás e no DF sejam biologicamente distintos. Análises genéticas comparativas realizadas posteriormente entre esses isolados e o Tomato rugose mosaic virus (ToRMV), espécie recentemente identificada no país (Ribeiro et al., 2002), revelaram que os três vírus são geneticamente relacionados.

O comportamento de B. tabaci biótipo B, o seu hábito polífago e as espécies vegetais de sua preferência, em princípio, ditam a seleção de hospedeiras naturais de begomovírus e podem estar associados à emergência de vários novos vírus desse gênero no campo (Brown, 1997). A diversidade genética de begomovírus de tomateiros e o possível relacionamento existente com espécies associadas a plantas daninhas, foram investigados em profundidade por Ribeiro et al. (2002) e Ambrozevicius et al. (2002). Contudo, além da caracterização molecular dos begomovírus, observa-se a importância da determinação das plantas hospedeiras, sintomas e formas de transmissão no contexto da caracterização e avaliação da variabilidade biológica, como informação complementar para o estudo das diferenças genômicas em espécies ou estirpes de begomovírus geneticamente relacionadas no Brasil.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Aceito para publicação em 29/03/2004

 

 

Autor para correspondência: Carmem D. G. Santos