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Angiologia e Cirurgia Vascular - Correção endovascular de aneurisma da artéria esplénica: caso clínico

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Angiologia e Cirurgia Vascular

versão impressa ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.8 no.2 Lisboa jun. 2012

 

Correção endovascular de aneurisma da artéria esplénica – caso clínico*

 

José Almeida Lopes*, Daniel Brandão*, Armando Mansilha*

*Unidade de Angiologia e C. Vascular do Hospital CUF – Porto

 

Contactos

 

|RESUMO|

Os aneurismas da artéria esplénica, embora sejam os aneurismas esplâncnicos mais frequentes, cursam com uma prevalência de apenas 0,01%. Neste contexto os autores apresentam um caso clínico de uma doente de 41 anos com aneurisma da artéria esplénica de 20x29mm, tratada através da colocação de um stent coberto auto-expansível (Gore®, Viabahn®).

É realizada uma revisão da literatura, das possíveis complicações
e feita referência às várias hipóteses de tratamento, dando particular ênfase às novas técnicas endovasculares.

Palavras-chave: aneurisma da artéria esplénica, endovascular

 

Endovascular correction of splenic artery aneurysm– case report

|ABSTRACT|

Splenic artery aneurysms, although they are the most common splanchnic aneurysms, they have a prevalence of only 0,01%. In this context the authors present a case report of a 41 years female patient with a splenic artery aneurysm of 20x29mm, treated by deployment of a covered self-expandable stent (Gore® Viabahn®).

It is performed a literature review of the pathology in question, possible complications and made reference to the various treatment options, with particular emphasis on the new endovascular techniques.

Key words: splenic artery aneurysm, endovascular

 

INTRODUÇÃO

Os aneurismas esplénicos são os aneurismas esplâncnicos mais frequentes, mas cursam com uma prevalência de apenas 0,01%.[1]

Verdadeiros aneurismas da artéria esplénica são de relevante importância clínica, por apresentarem uma elevada mortalidade aquando da rotura.[2,3] São habitualmente assintomáticos e quando diagnosticados podem ser abordados de diversas formas, mediante o tamanho, localização e ainda a existência ou não de gravidez concomitante (fator associado a um risco acrescido de rotura).

Atualmente as técnicas endovasculares têm gradualmente substituído a cirurgia clássica para o tratamento de aneurismas esplâncnicos.[4] O tratamento endovascular assentou mais comummente durante muitos anos na embolização com coils, acarretando frequentemente défices de perfusão esplénica e portanto morbilidade para o doente.

Hoje em dia a exclusão de aneurismas esplénicos com recurso a stent coberto, tem-se tornado uma opção válida como o caso clínico a seguir apresentado.

 

CASO CLÍNICO

Doente de 41 anos de idade, sexo feminino, sem antecedentes médicos, traumáticos ou cirúrgicos de relevo, com história obstétrica constituída por duas gestações e dois partos eutócicos, apresentou numa ecografia abdominal de rotina uma imagem sugestiva de um aneurisma esplâncnico. Na sequência realizou uma angio-TC |Figura 1| que confirmou tratar-se de um aneurisma sacular da artéria esplénica de 20x29mm, localizado no seu terço proximal.

 

| FIGURA 1 | Angio-TC 3D de aneurisma da artéria esplénica

 

Sob anestesia local e após punção femoral, utilizou-se uma baínha 8F (Flexor® Check-Flo®introducer, Cook®, Bloomington, Indiana, EUA) e efectuou-se a exclusão do referido aneurisma, tendo-se colocado um stent coberto auto-expansível de 6mm x 50mm (Viabahn®, Gore®, Flagstaff, Arizona, EUA), |Figura 2|. O procedimento decorreu sem intercorrências, tendo a doente tido alta no dia seguinte à intervenção.

 

| FIGURA 2 | Exclusão de aneurisma esplénico por via endovascular

 

Aos quatro meses, realizou uma angio-TC de controlo |Figura 3| que revelou exclusão do aneurisma esplénico, permeabilidade do stent colocado, e ausência de sinais de enfarte ou atrofia esplénica. Seis meses após o procedimento, a doente mantinha-se sem queixas.

 

| FIGURA 3 | Angio-TC 3D, 4 meses após o procedimento

 

DISCUSSÃO

O uso generalizado de meios auxiliares de diagnóstico levou ao crescente diagnóstico de aneurismas viscerais.

Ao contrário da doença aneurismática degenerativa de rotina, os aneurismas esplénicos são mais comuns no sexo feminino, numa proporção de 4:1, sendo a média de idades de 52 anos.[5,7]
São geralmente saculares, menores que dois centímetros de diâmetro, estando a sua maioria localizada no terço médio ou distal da artéria esplénica ou em pontos de bifurcação.[6,7]

Os factores de risco associados são o sexo feminino, história de múltiplas gestações e a hipertensão portal.[6,8]

Aspetos hemodinâmicos locais, hipertensão, fatores hormonais e degeneração da parede média da artéria, têm sido mencionados como factores causadores de aneurismas esplénicos.[9]

As indicações geralmente aceites para a correção de aneurismas esplénicos são: sintomas locais, gravidez, tamanho maior que dois centímetros e aumento de diâmetro. Muito embora a condição global do doente desempenhe um importante papel na decisão final do tratamento.[10]

O objetivo da correção dos aneurismas esplénicos é prevenir a sua expansão, potencial risco de rotura (mortalidade global de cerca de 25%[2,3]). Existe atualmente uma larga gama de possibilidades terapêuticas que podem passar pela cirurgia clássica (laqueação, excisão do aneurisma e/ou revascularização) ou por procedimentos endovasculares (exclusão com colocação de stent coberto ou embolização com coils).

Visto haver várias hipóteses de tratamento e não haver um suficiente número de casos para suportar a existência de um estudo randomizado que possibilite uma diferenciação clara entre cirurgia clássica e os procedimentos endovasculares, ambas as técnicas continuam a ser legitimamente utilizadas.

A cirurgia clássica tem maior probabilidade de ser definitiva e portanto de necessitar de um follow-up menos vigilante. Dada a rica rede de circulação colateral existente no baço (artérias gástricas curtas e arcada pancreático-duodenal) a artéria esplénica pode ser laqueada sem consequências.[5]

Dado os procedimentos endovasculares apresentarem uma eficácia comprovada, limitada morbilidade, reduzido tempo de internamento, menor período de convalescência, são por isso considerados por um número crescente de autores como a primeira opção.

A abordagem endovascular pode porém apresentar complicações como por exemplo as relacionadas com o local do acesso, toxicidade relativa ao uso de contraste, anafilaxia, trombose e dissecção arterial e embolizações de estruturas não alvo, assim como a possibilidade de endoleaks que exijam reintervenção.

Entres as diferentes técnicas endovascular os procedimentos com stent têm a vantagem de tentar preservar e manter a função imunológica do baço, evitar o síndrome pós-embolização (febre, dor abdominal, ileo e pancreatite) presente em 30-80% dos doentes submetidos à embolização com coils e de produzir imagens de follow-up sem artefactos relativamente às imagens radiopacas produzidas quer por colas (N-butil-2-cianoacrilato) quer por coils.[11]

A opção de um stent coberto auto-expansível em detrimento de um stent expansível por balão, recaíu no facto do primeiro ser mais flexível e portanto de se adaptar melhor à tortuosidade da artéria em questão.

 

CONCLUSÃO

Este caso clínico serve para documentar um caso de um aneurisma esplénico corrigido por via endovascular e de permitir a discussão em torno da abordagem terapêutica mais atual, englobando as técnicas endovasculares minimamente invasivas.

 

BIBLIOGRAFIA

[1] MOORE SW, GUIDA PM, SCHUMACHER HW: Splenic artery aneurysm. Bull Soc Int Chir 1970; 29:210-218        [ Links ]

[2] STANLEY JC, WAKEFIELD TW, GRAHAM LM, et al: Clinical importance and management of splanchnic artery aneurysms. J Vasc Surg 1986; 3:836-840.         [ Links ]

[3] DE VRIES JE, SCHATTENKERK ME, MALT RA: Complications of splenic artery aneurysm other than intraperitoneal rupture. Surgery 1982; 91:200-204.         [ Links ]

[4] BRIARD Robert J., LEE Joon, DOYLE Timothy: Endovascular Repair of a Portal Hypertension-Related Splenic Artery Aneurysm Using a Self-Expanding Stent-graft. Cardiovasc Intervent Radiol 2009; Volume 32, Number 5, 1111-1113        [ Links ]

[5] MESSINA LM, SHANLEY CJ: Visceral artery aneurysms. Surg Clin North Am 1997; 77:425-442        [ Links ]

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[7] STANLEY JC, FRY WJ: Pathogenesis and clinical signficance of splenic artery aneurysms. Surgery 1974; 76:898-909.         [ Links ]

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[9] TRASTEK VF, PAIROLERO PC, JOYCE JW, et al: Splenic artery aneurysms Surgery 1982; 91:694-699        [ Links ]

[10] TRASTEK V, PAIROLERO P, BERNATZ PHILIP: Splenic artery aneurysms. World J Surg 1985 9:378–383        [ Links ]

[11] PIFFARETTI G, TOZZI M, LOMAZZI C, et al. Splenic artery aneurysm: postembolization syndrome and surgical complications. Am J Surg 2007; 193:166 –170.         [ Links ]

 

Contactos

Autor Correspondente:

José Almeida Lopes

Unidade de Angiologia e Cirurgia Vascular

Hopital CUF –Porto

Estrada da Circunvalação, 14341

4100-180 Porto

Telefone: 220039000

Joselopes1983@sapo.pt

 

*Trabalho apresentado no XI Congresso de Angiologia e Cirurgia Vascular, Viseu 23-25 de Junho de 2011        [ Links ]