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Scientia Agricola - EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE LARANJEIRA CV. VALÊNCIA (Citrus sinensis (L.) OSBECK) SOB CONDIÇÕES INTERMITENTES DE NEBULIZAÇÃO

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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol. 54 n. 1-2 Piracicaba Jan./Aug. 1997

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161997000100002 

EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE LARANJEIRA CV. VALÊNCIA (Citrus sinensis (L.) OSBECK) SOB CONDIÇÕES INTERMITENTES DE NEBULIZAÇÃO

 

P.A.L. ROSSAL; E. KERSTEN
Depto de Fitotecnia-FAEM/UFPEL, C.P. 354, CEP: 96010-900 - Pelotas, RS.

 

 

RESUMO: Para avaliar o efeito de cinco concentrações de IBA utilizou-se os substratos areia lavada e cinza de casca de arroz, no enraizamento de estacas cilíndricas e triangulares de laranjeira cv. valência, coletadas em três épocas do ano. Os resultados mostraram que os tratamentos não influenciaram a formação de raízes; a areia foi o melhor substrato para formação de calos sendo a melhor concentração, 4500ppm de IBA para estacas cilíndricas coletadas em maio.
Descritores:
enraizamento, estaca, Citrus sinensis, IBA

 

EFFECT OF INDOLBUTIRIC ACID ON THE ROOTING OF VALÊNCIA ORANGE CUTTINGS USING INTERMITENT MIST (Citrus sinensis,(L.) OSBECK)

ABSTRACT: To evaluate the effect of five IBA concentrations, on valencia orange cuttings, collected at three dates, washed sand and rice husk ash were used as growing media. The results showed that treatments did not influence rooting; the sand was the best growing medium for callous formation, and the best IBA concentration for cylindric cuttings collected in May was 4500 ppm.
Key Words:
rooting, cutting, Citrus sinensis, IBA

 

 

INTRODUÇÃO

Os citros são plantas da família das Rutáceas originárias das regiões quentes e úmidas ao pé do Himalaia. A expansão da citricultura comercial se deve em grande parte ao sistema de produção de mudas copa porta-enxerto, que possibilitou a adaptação às diferentes regiões do mundo. Porém as combinações também tornaram os cultivos mais vulneráveis às doenças causadas por patógenos intracelulares como a tristeza e o declínio que trouxeram grandes prejuízos à citricultura. A produção de mudas ou porta-enxertos com a utilização de reguladores de crescimento, poderá se tornar um alternativa viável, uma vez que a planta sobre seu próprio sistema radicular tem melhores condições de resistir às doenças.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado em estufa do Departamento de Fitotecnia da FAEM/UFPel, Pelotas, RS com sistema de nebulização intermitente. As estacas foram coletadas de plantas de cv. Valência com doze anos de idade, pertencentes ao Centro Agropecuário da Fazenda Palma da UFPel, RS, em outubro (1992), janeiro e maio (1993). Os ramos coletados foram do tipo triangulares e cilíndricos, sendo as estacas preparadas com 15 cm de comprimento e duas meias folhas na extremidade apical. Foram realizados tratamentos com captan (30g/5l de água), e ácido indolbutírico nas concentrações de 0; 1500; 3000; 4500; 6000 ppm, na forma pó.

O Delineamento experimental foi inteiramente casualizado sendo um fatorial de 2x2x5 com dois substratos: cinza de casca de arroz e areia média lavada; dois tipos de estaca: triangulares e cilíndricas; cinco concentrações de IBA (0; 1500; 3000; 4500; 6000 ppm). Os tratamentos foram repetidos em três épocas: outubro/92 (época 1); janeiro/93 (época 2); maio/93 (época 3) com três repetições e doze estacas por repetição, Sendo realizada a coleta de dados 90 dias após a instalação de cada fase. A transformação de dados foi realizada segundo Raiz (x + 0,5) sendo realizada a Análise da Variância, teste f, Duncan a 5% e Regressão Polinomial. As variáveis avaliadas foram: número de estacas enraizadas, estacas sobreviventes, número de estacas com calo formado.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para estacas enraizadas (TABELA 1) mostram que não houve formação das mesmas nas três épocas. Segundo Davis (1986), os nutrientes envolvidos na produção de raízes em estacas são os mesmos que promovem o crescimento das plantas. E segundo (Hartmann & Kester, 1990), a não emissão de raízes, pode estar associado à deficiência nutricional das plantas no pomar.

 

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As fases fenológicas em que foram coletadas as estacas, final de floração (época 1 outubro/92), desenvolvimento de frutos (época 2 janeiro/93), talvez tenham contribuído para a não formação de raízes nas estacas. Este resultado é confirmado por Hartmann & Kester (1990), o que segundo os autores, no final de floração e desenvolvimento de frutos, todas as reservas são mobilizadas para estes, e, ocorre produção de citocininas e giberilinas que são inibidores do processo de iniciação de raízes.

Os dados da TABELA 2, referentes ao percentual de estacas sobreviventes, para as três épocas, mostram que o número de estacas mortas é maior entre as cilíndricas para os dois substratos.

 

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Para a época 1, a mortalidade talvez seja devido à fase de coleta das estacas (final de floração), onde as plantas tem seu conteúdo de reservas reduzido (Volpe, 1992). Segundo Aroeira (1957), as estacas lenhosas tem um enraizamento mais lento que as herbáceas, e por ocasião da elevação da tem-peratura, pode ocorrer brotação de gemas e desen-volvimento de folhas, antes da formação de raízes.

Na época 2 (janeiro), ocorreu maior mortalidade de estacas em relação à época 1 e 3. A alta temperatura e incidência de doenças sobre as estacas, pode ter sido a provável causa da alta mortalidade. Estes dados são confirmados por Leonel et al. (1991), em trabalho com estacas de aceroleira e jaboticabeira. Ainda podemos citar, que as estacas foram retiradas quando as plantas apresentavam frutos com 2 cm de diâmetro. Nesta fase, ocorre grande mobilização de nutrientes pelos frutos em detrimento do crescimento de outros órgãos.

Para a época 3, observamos um alto índice de sobrevivência de estacas, o que sugeriu que a ausência de frutos e flores, possivelmente ocasione um aumento no teor de reservas dos ramos. Estes resultados estão de acordo com Hartmann & Kester (1990).

Em relação a formação de calos nas estacas (TABELA 3), estes ocorreram em todas as épocas estudadas. Demonstrando assim um equilíbrio entre auxinas e citocininas endógenas (Wareing & Phillips, 1981; Weaver, 1989; Hartmann & Kester, 1990). E mesmo com a aplicação externa de regulador de crescimento este equilíbrio não foi modificado.

 

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Na TABELA 4, observamos que existe diferença significativa na formação de calos, nas estacas triangulares em relação às cilíndricas.

 

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O que é explicado por Pádua (1983) e Rodrigues & Luchesi (1987), segundo os autores as estacas lenhosas necessitam de um tempo maior para formação de estruturas do que as herbáceas, sob condições de temperatura em elevação, pela proximidade do verão.

Para os resultados obtidos com substratos (TABELA 5), foi observado a superioridade da areia sobre a cinza, na formação de calos na base das estacas.

 

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Estes resultados concordam com os observados por Meletti & Nagai (1992). Segundo Matsumoto & São José (1989), que encontraram os mesmos resultados para estacas de maracujazeiro, outros fatores podem estar envolvidos na formação de calos.

A TABELA 6, observamos que as estacas cilíndricas apresentaram maior média que as triangulares em formação de calos, na ausência e presença de IBA.

 

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Na Figura 1 (época 3), referentes à concentrações de IBA em relação ao substrato areia, observa-se que ocorreu aumento crescente no número de calos formados até a concentração de 4500ppm reduzindo em seguida na concentração 6000ppm. A diminuição provavelmente seja devido à fitotoxidade causada pela concentração elevada.

 

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Figura 1 - Efeito do IBA sobre o número de calos formados em estacas de laranjeira cv. Valência em substrato areia em maio de 1993.

 

Na Figura 2, para o substrato cinza, observa-se que houve um aumento linear crescente de zero a 6000 ppm, na formação de calos porém inferior aos resultados para areia . O que demonstra o maior efeito da areia sobre a cinza.

 

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Figura 2 - Efeito do IBA sobre o número de estacas de laranjeira cv. Valência com calos formados no substrato cinza em maio de 1993.

 

CONCLUSÕES

Verificou-se que tratamentos utilizados não estimularam significativamente a formação de raízes em estacas, que formação de calos foi independente dos tratamentos realizados, que tipo de estaca e a época de coleta, exerceram influência no número de calos formados, e número de estacas que sobreviveram a areia foi melhor substrato que a cinza para a formação de calos e a concentração de 4500 ppm de IBA foi a que mais estimulou a formação de calos em estacas cilíndricas coletadas em maio.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 09.01.95
Aceito para publicação em 17.05.95