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Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo - Effect of zygomatic arch fracture on facial growth in young rats<A NAME="home"></a>

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Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo

Print version ISSN 0103-0663

Rev Odontol Univ São Paulo vol.13 n.1 São Paulo Jan./Mar. 1999

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-06631999000100009 

Traumatologia

 

Efeitos da fratura do arco zigomático no crescimento facial em ratos jovens

 

Effect of zygomatic arch fracture on facial growth in young rats

 

Elza Maria Villanova Fernandes ROCHA*
Alan Cruvinel GOULART*
Moacyr Domingos NOVELLI**
João Gualberto de Cerqueira LUZ***

 

 


ROCHA, E. M. V. F.; GOULART, A. C.; NOVELLI, M. D.; LUZ, J. G. C. Efeitos da fratura do arco zigomático no crescimento facial em ratos jovens. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 13, n. 1, p. 37-41, jan./mar. 1999.

Os efeitos da fratura unilateral do arco zigomático no crescimento facial foram avaliados através de mensurações cefalométricas. Fratura com desvio medial no lado direito foi realizada em ratos com um mês de idade. Os animais foram sacrificados com três meses de idade e sua mandíbula foi desarticulada. O crânio foi submetido à tomada radiográfica axial e as hemimandíbulas à norma lateral. As mensurações foram realizadas através de um sistema de computador. Foi verificada diferença significante a menor para a altura do corpo e do ramo da mandíbula. Não houve diferença significante para a profundidade da fossa infratemporal, bem como para as diversas mensurações na maxila e para o comprimento mandibular. A tendência de retorno do arco zigomático com desvio à sua posição original foi confirmada.

UNITERMOS: Zigoma; Fraturas zigomáticas; Ossos faciais: crescimento e desenvolvimento.


 

 

INTRODUÇÃO

As fraturas do complexo zigomático, constituído pelo osso zigomático e arco zigomático, representam o segundo ou terceiro sítio de maior ocorrência das fraturas faciais1,7. As fraturas do arco zigomático podem ocorrer em indivíduos adultos e em crianças5. Porém, até o momento não se conhece o papel da fratura do arco zigomático no crescimento facial, sendo a literatura escassa neste assunto.

O arco zigomático cresce lateral e inferiormente, assumindo uma forma arqueada, sendo responsável pela maior largura transversal da face e conseqüente manutenção da simetria facial. Poucos estudos experimentais têm sido realizados visando avaliar o papel do arco zigomático no crescimento da face. Dentre estes, verifica-se que é controversa a influência do arco zigomático no desenvolvimento facial. Ressecções parciais experimentais do arco zigomático não têm demonstrado alterações significantes no crescimento facia4,8,9. Entretanto, sua ressecção completa experimental provoca alterações na maxila, sendo a maior no sentido anterior e a menor no sentido transverso, havendo assimetria quando unilateral2.

O comportamento da fratura do arco zigomático no período de crescimento compreende sua tendência de retorno à posição original. Através de estudo experimental foi demonstrada diferença significante para a profundidade da fossa infratemporal bem como desvio significante da mandíbula para o lado da fratura3.

A proposta deste trabalho foi observar os efeitos decorrentes da fratura do arco zigomático no crescimento facial.

 

MATERIAL E MÉTODO

Neste trabalho foram utilizados 25 Rattus norvegicus albinus jovens, com um mês de idade, nos quais foi realizada fratura unilateral do arco zigomático. Os animais foram submetidos a anestesia geral através do emprego de cloridrato de cetamina (Ketalar, Parke-Davis), aplicado na dose de 10 mg/100 g de peso corpóreo, por via intraperitoneal.

A incisão foi realizada na região pré-auricular, do lado direito, paralelamente ao arco zigomático, seguida de divulsão romba e identificação do arco zigomático. A seguir, foi obtida fratura com o emprego de pinça hemostática do tipo Halstead, com desvio dos fragmentos no sentido medial. Sutura por planos com fio de náilon monofilamentar 4.0 concluiu o procedimento.

A seguir, os animais foram alojados em gaiolas adequadas, recebendo ração granulada para roedores, fragmentada nos primeiros 15 dias, e água ad libitum. Os animais foram sacrificados após o período de 60 dias. Suas cabeças foram removidas, sua pele e demais tecidos moles foram retirados, a mandíbula foi desarticulada e as hemimandíbulas separadas através da sínfise fibrosa. Ambos, crânio e hemimandíbulas foram fixados em formol a 10%. Foram obtidas tomadas radiográficas no sentido axial para o crânio e em norma lateral para as hemimandíbulas. Foi utilizado filme radiográfico do tipo periapical (Ektaspeed, Kodak) e aparelho de raios-X odontológico (Spectro II, Dabi Atlante) no regime de 56 kVp, 10 mA, sendo 0.5s para o crânio e 0.4s para as hemimandíbulas.

A imagem radiográfica foi digitalizada através do leitor óptico (Fotovix II), utilizando placa de aquisição (Íris 16) através do programa DIRACOM3, desenvolvido no Laboratório de Informática Dedicado à Odontologia (LIDO). Foram utilizadas as seguintes mensurações na tomada radiográfica axial do crânio, para os lados direito e esquerdo: profundidade da fossa infratemporal, distância entre a cortical medial do arco zigomático e a cortical lateral do crânio, na altura da espinha nasal posterior (MA – LC); distância entre a bula timpânica e a raiz mesial do primeiro molar superior (BT – RM); distância entre a bula timpânica e o forame infra-orbitário (BT – FI); distância entre o forame infra-orbitário e o ponto incisal (FI – PI) (Figura 1).

 

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FIGURA 1 – Incidência axial do crânio. LC = cortical lateral do crânio; MA = cortical medial do arco zigomático; BT = bula timpânica; RM = raiz merial do primeiro molar; FI = forame infra-orbitário; PI = ponto incisal.

 

Na tomada radiográfica de norma lateral das hemimandíbulas, para os lados direito e esquerdo, foram utilizadas as seguintes mensurações referentes à sua altura: distância entre o processo condilar e o processo angular da mandíbula (PC – PA) e distância da intersecção da face distal do terceiro molar inferior com o ramo da mandíbula e a incisura antegônica (TM – IA); e ao seu comprimento: distância entre a inserção do incisivo no osso e o processo angular (II – PA) e distância entre a inserção do incisivo no osso e o processo condilar (II – PC) (Figura 2).

 

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FIGURA 2 – Incidência lateral das hemimandíbulas. PC = processo condilar; PA = processo angular; TM = face distal do terceiro molar; IA = incisura antegônica; II = inserção do incisivo.

 

Para a verificação da significância da diferença entre os valores médios dos lados direito e esquerdo foi utilizado o teste t de Student. Foi fixado o nível de significância de 5% para todas as análises estatísticas.

 

RESULTADOS

Na análise macroscópica foi observada discreta assimetria facial. A seguir, são descritas as mensurações obtidas.

1. Profundidade da fossa infratemporal

Os valores médios da distância entre a cortical medial do arco zigomático e a cortical lateral do crânio, para os lados direito e esquerdo, são observados na Tabela 1. Dois espécimes foram considerados prejudicados para este tipo de avaliação, pois durante a dissecção houve perda do osso zigomático. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença não significante.

 

TABELA 1 – Mensurações obtidas através da incidência radiográfica axial. Valores em milímetros
a09t1.gif (5348 bytes)

 

2. Distância bula timpânica - raiz mesial do primeiro molar

Os valores médios da distância entre a bula timpânica e a raiz mesial do primeiro molar superior, para os lados direito e esquerdo, são observados na Tabela 1. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença não significante.

3. Distância bula timpânica - forame infra-orbitário

Os valores médios da distância entre a bula timpânica e o forame infra-orbitário, para os lados direito e esquerdo, são observados na Tabela 1. Com a aplicação do teste t de Student verificamos diferença não significante.

4. Distância forame infra-orbitário - ponto incisal

Os valores médios da distância entre o forame infra-orbitário e o ponto incisal, para os lados direito e esquerdo, são observados na Tabela 1. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença não significante.

5. Distância processo condilar - processo angular

Os valores médios da distância entre o processo condilar e o processo angular da mandíbula, para os lados direito e esquerdo, são observados na Tabela 2. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença significante ao nível de 5%.

 

TABELA 2 – Mensurações obtidas através das radiografias das hemimandíbulas. Vaalores em milímetros
a09t2.gif (11483 bytes)
* significante a nível de 5%.

 

6. Distância face distal do terceiro molar - incisura antegônica

Os valores médios da distância entre a intersecção da face distal do terceiro molar com o ramo e a incisura antegônica para os lados direito e esquerdo são observados na Tabela 2. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença significante ao nível de 5%.

7. Distância inserção do incisivo - processo angular

Os valores médios da distância entre a inserção do incisivo e o processo angular da mandíbula para os lados direito e esquerdo são observados na Tabela 2. Com a aplicação do teste t de Student, foi constatada diferença não significante.

8. Distância inserção do incisivo - processo condilar

Os valores médios da distância entre a inserção do incisivo e o processo condilar para os lados direito e esquerdo são observados na Tabela 2. Com a aplicação do teste t de Student foi constatada diferença não significante.

 

DISCUSSÃO

No presente estudo, observamos alterações significantes a menor na altura mandibular quando pesquisamos os efeitos da fratura do arco zigomático no crescimento facial do rato. Esta assimetria observada na mandíbula teria sido decorrente da compensação da função mastigatória através de mecanismo neuromuscular. Devido ao tipo de intervenção cirúrgica realizada, podemos considerar as hipóteses de diminuição temporária do diâmetro da fossa infratemporal, em especial nos períodos iniciais do experimento, bem como a ocorrência de lesões não intencionais ao músculo temporal, devido ao desvio medial dos fragmentos, com conseqüente comprometimento de sua função. A importância da função muscular já foi demonstrada: o masseter em seu desenvolvimento pós-natal está relacionado ao alargamento do arco zigomático6. Em estudo prévio verificamos que houve desvio significante da mandíbula como conseqüência da fratura do arco zigomático na fase de crescimento3.

Os animais mantiveram atividade mastigatória e apresentaram ganho de peso após o procedimento cirúrgico. Utilizamos ratos com um mês de idade logo após o desmame. Esta faixa etária é classificada como infantil e permitiu a obtenção da idade adulta, aos três meses de idade, no período final do experimento.

Não foram encontradas alterações significantes nas demais mensurações faciais realizadas, ainda que houvesse discreta assimetria facial. O arco zigomático é considerado moderador do crescimento facial. A ressecção experimental do arco zigomático demonstrou um aumento da projeção facial e diminuição da largura transversa da face no lado comprometido2. Entretanto, neste estudo verificamos que a fratura do arco zigomático na fase de crescimento não apresentou influência significante no terço médio da face. Este achado vai ao encontro dos resultados obtidos em ressecções experimentais parciais do arco zigomático onde não ocorreram alterações significantes no crescimento craniofacial4,8,9.

Não houve diferença significante para a profundidade da fossa infratemporal, contestando trabalho anterior. Isto se deve, provavelmente, ao tipo de mensuração outrora realizado, pois a referência medial se dava no ramo mandibular, sendo que havia ocorrido desvio na mandíbula3. Vale ressaltar que neste estudo, com a desarticulação da mandíbula e remoção dos tecidos moles, obtiveram-se radiografias com maior nitidez das estruturas examinadas.

Constatamos, novamente, tendência de retorno dos fragmentos do arco zigomático à posição original e de sua consolidação, com exceção dos espécimes de números um e sete, que ficaram prejudicados. Resposta semelhante foi obtida no deslocamento lateral do arco zigomático experimental em macacos, através de osteotomia da porção anterior do arco zigomático e realização de enxerto ósseo. Esta resposta favorável ocorre provavelmente devido à ação do músculo temporal e sua inter-relação com o arco zigomático10.

Os efeitos da atividade muscular sobre o tecido ósseo após fratura do arco zigomático e sua influência no crescimento craniofacial ainda não foram satisfatoriamente elucidados, necessitando novos estudos complementares.

 

CONCLUSÕES

Nas condições desta pesquisa, podemos concluir que:

1.  houve diferença significante a menor para a altura do corpo e do ramo da mandíbula;

2.  não houve diferença significante para a profundidade da fossa infratemporal, para as diversas mensurações na maxila e para o comprimento da mandíbula;

3.  houve tendência de retorno do arco zigomático fraturado com desvio à sua posição original.

 

 


ROCHA, E. M. V. F.; GOULART, A. C.; NOVELLI, M. D.; LUZ, J. G. C. Effect of zygomatic arch fracture on facial growth in young rats. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 13, n. 1, p. 37-41, jan./mar. 1999.

The effect of unilateral zygomatic arch fracture on facial growth was analysed by means of cephalometric measurements. Medially displaced fracture of the right side was achieved in one month old rats. Reaching three months the animals were sacrified, and their mandibles disarticulated. The skull was submitted to axial radiographic incidence and the hemimandibles to a lateral radiographic incidence. The measurements were made through a computer system. Significant differences were verified with a decrease in body height and ramus of the mandible. There was no significant difference in infratemporal fossae depth, as well as in diverse measurements in maxilla and in mandibular lenght. The tendency of the fractured arch to return to its original position was confirmed.

UNITERMS: Zygoma; Zygomatic fractures; Facial bones growth.


 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 17/03/98
Reformulado em 03/06/98
Aceito para publicação em 15/09/98

 

 

* Estagiários, ** Professor Doutor e *** Professor Associado da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - USP.