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Psicologia: Reflexão e Crítica - Social representations of aging

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Psicologia: Reflexão e Crítica

Print version ISSN 0102-7972

Psicol. Reflex. Crit. vol.12 n.2 Porto Alegre  1999

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79721999000200015 

Representações sociais do envelhecimento

Maria Cristina Triguero Veloz
Clélia Maria Nascimento-Schulze12
Brigido Vizeu Camargo
Universidade Federal de Santa Catarina

 

 


Resumo
A presente pesquisa visou a estudar as representações sociais das pessoas sobre a velhice, o idoso e o envelhecimento enquanto processo. Foram entrevistadas 37 pessoas (idade mínima de 52 anos e máxima de 92 anos). Estas pertenciam a três grupos residentes na cidade de Florianópolis: professores aposentados da UFSC; participantes de um programa da universidade da terceira idade (NETI) e residentes num centro para idosos. As entrevistas foram analisadas com ajuda de um software de análise quantitativa de dados textuais (Alceste). Os resultados apontam para três tipos de representação social do envelhecimento: a primeira é uma representação doméstica e feminina onde a perda dos laços familiares é central, a segunda tipicamente masculina apoia-se na noção de atividade, caracterizando o envelhecimento como perda do ritmo de trabalho, e a última mais utilitarista apresenta o envelhecimento como desgaste da máquina humana. A variável sexo esclareceu aspectos relevantes sobre as diferentes representações encontradas.
Palavras-chave: Representações sociais; envelhecimento; velhice; idoso.

Social representations of aging

Abstract
The present research investigated the social representations of aging as considered by three different groups of subjects. Thirty seven individuals (older than 52) were interviewed, about the issue of getting old. They belonged to three distinct groups, namely: retired faculty from the Federal University of Santa Catarina, participants of na academic program designed for the elderly, and residents of a nursing home for the elderly. The interviews were of the semidirective type and were tape recorded and literally transcribed. The interviews were analyzed using a software for quantitative analysis of textual data (Alceste). The results pointed to three types of social representations of aging. The first is a domestic representation produced mainly by females, and the central idea is the loss of family bonds. The second is a typically masculine representation, based on the notion of activity, characterizing aging as a loss of working ability. The third representation can be seen as utilitarian, as it regards aging as an impairment of the human machinery. The different social representations of aging were more linked to sex than to the three group categories.
Keywords: Social representations; aging; old age; aged.


 

 

A partir dos anos 80, o envelhecimento populacional tem-se tornado um fenômeno que atinge grande parte do mundo, tanto em países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento (OMS, 1984). Segundo Berquó (1996), no Brasil, por exemplo, a população maior de sessenta e cinco anos atingiu, no ano 1991, mais de sete milhões de pessoas e estima-se que entre os anos 2010 e 2020 a taxa de crescimento de indivíduos dessa faixa etária seja de 3,80, o que comparando-o com a taxa de 1991-2000 (de 2,25), representará um aumento considerável. No entanto, em muitas regiões, ainda se rejeita o idoso, seja de maneira direta ou indireta. Esse prolongamento do tempo de vida das pessoas tem suscitado inúmeros questionamentos acerca de como estará sendo compreendido o envelhecimento humano dentro das sociedades atuais. A sociedade brasileira não parece estar preparando seus cidadãos para esse processo (Santos, 1990).

O problema de pesquisa que determinou a realização desse estudo foi discutir como diferentes grupos de pessoas idosas ou próximas dessa faixa etária compreendem o envelhecimento em geral através de três dos fenômenos que mais o tipificam: o idoso como protagonista, a velhice como última fase da vida e o próprio envelhecimento enquanto processo que transcende a própria velhice para abranger todo o curso de vida. O objetivo central desse trabalho é analisar os conteúdos das representações sociais que diferentes grupos de pessoas têm, no que diz respeito a essas questões do envelhecimento humano.

Uma das áreas de pesquisa da Gerontologia Social é o desenvolvimento de teorias acerca do processo de envelhecimento que integrem a preocupação com a qualidade de vida e com a própria compreensão dos idosos acerca desse fenômeno (Neri, 1993). Sendo assim, a análise de representações sociais sobre esses aspectos é de grande utilidade para a Gerontologia, pois possibilita a identificação de modos compartilhados de pensar e de atuar em relação a esse processo, ao caracterizar os conhecimentos e crenças dos grupos sociais a respeito do mesmo.

O envelhecimento populacional constitui uma das maiores conquistas do presente século. Poder chegar a uma idade avançada, já não é mais privilégio de poucas pessoas. Em contraposição, muitas sociedades não são conseqüentes com essas mudanças demográficas, no seguinte sentido: as mesmas atribuem valores relacionados com a competitividade para seus grupos, valorizam a capacidade para o trabalho, para a independência e para a autonomia funcional, entre outras. Só que, na realidade, muitas dessas crenças e valores, nem sempre podem ser acompanhados pelos idosos, se levar em consideração algumas mudanças e perdas que freqüentemente se associam à velhice. Parte dessas crenças são construídas na forma de representações, nas conversações diárias dos grupos. Nesse sentido, Moscovici (1981) assinala que a noção de representação social remete a:

"... um conjunto de conceitos, afirmações e explicações originadas no quotidiano, no curso de comunicações interindividuais. Elas são equivalentes, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; elas podem até mesmo ser vistas como uma versão contemporânea do senso comum." (p.181)

Nas três últimas décadas, essa noção possibilitou um avanço importante para a Psicossociologia. Esse conceito contribuiu para o desenvolvimento dessa área do conhecimento na medida em que se constituiu em algo novo em relação à noção de atitude. A teoria das representações sociais passa a abordar os posicionamentos dos indivíduos, frente a objetos cotidianos, não mais como reações singulares, e sim como reatualização de saberes compartilhados nos grupos (Doise, 1989; Farr, 1992; Palmonari & Doise, 1986; Sá, 1996).

As representações sociais são produzidas pelas interações e comunicações no interior dos grupos sociais, refletindo a situação dos indivíduos no que diz respeito aos assuntos que são objeto do seu cotidiano. Nas palavras de Jodelet (1989), as representações sociais são um saber prático. A literatura científica denomina essas teorias, criadas pelos grupos, de teorias do senso comum (Moscovici & Hewstone, 1985). São justamente elas, o principal objeto de estudo das representações. A função essencial da representação social, para aqueles que representam, é tornar aquilo que não é familiar em algo familiar, próximo e prático (Moscovici, 1981). Essa função relaciona-se com a tentativa de representar uma realidade pouco conhecida a partir do que se sabe dela.

O problema é compreender quais são os elementos mais salientes na familiarização que diferentes grupos têm com o envelhecimento, tendo em consideração não só indivíduos propriamente idosos (acima de sessenta anos), mas também, pessoas que se encontram próximas dessa condição, quer dizer, entre cinqüenta e sessenta anos. Existem diferentes representações sociais sobre o envelhecimento? Se sim, quais são suas diferenças de conteúdo? Conforme pesquisas de representações sociais realizadas no Brasil (Debert, 1996; Medrado, 1994; Santos, 1990), ainda se desvaloriza a condição de idoso. Mesmo entre as pessoas acima de sessenta anos, as percepções das perdas, das incapacidades e das doenças são aspectos salientes das representações da velhice. No entanto, dentro da Gerontologia Social tem sido propostos alguns modelos teóricos multidimensionais que analisam a relação entre as perdas e os ganhos, durante a última fase da vida. Esses modelos colocam que, apesar do envelhecimento continuar sendo representado na base de perdas, as pessoas idosas têm muitas capacidades de reserva que ficam sem ser exploradas, quer dizer, ganhos que passam desapercebidos e, em conseqüência, não são valorizados. Cita-se aqui o "modelo de envelhecimento bem sucedido de Baltes", (Baltes, 1987). A esse respeito Baltes & Baltes (1990) assinalaram que:

"... o envelhecimento bem sucedido precisa de uma avaliação sustentada em uma perspectiva multidimensional, na qual fatores objetivos e subjetivos sejam considerados dentro de um contexto cultural, que contém demandas específicas." (p. 4)

Justamente, uma das hipóteses do modelo anterior é que existe uma progressão contínua do desenvolvimento humano desde o nascimento até a morte (Neugarten & Hagestad, 1976; Baltes, 1987). Se as representações sociais do envelhecimento e da velhice em pessoas idosas forem sustentadas principalmente com base na noção de declínio, isto teria conseqüências negativas não só para a conduta delas, diante desse processo, mas também para aquelas pessoas que ainda não são idosas. Lembramos aqui a análise crítica que Abric (1994) faz, quando diz que não são exclusivamente as práticas sociais que determinam as representações. O autor fornece farta referência de pesquisas que demostram que certas atividades ligadas a pequenos grupos, ou às relações intergrupais (cooperação, busca de informação, estruturação e eficácia), ou ainda as reações às condições de trabalho são determinadas pelas representações sociais dos grupos envolvidos com essas situações.

As representações sociais apresentam dois aspectos indissociáveis: o figurativo e o significante (Moscovici, 1976; Herzlich, 1972; Jodelet, 1986). Quando Moscovici utiliza as noções de figura e de imagem, ele as diferencia conceitualmente. A figura não se refere a um reflexo ou uma reprodução da realidade, é "a expressão de uma produção do sujeito" (1976, p.63). Sob o ponto de vista do estudo da dinâmica das representações sociais, esse aspecto figurativo situa-se em nível do processo de objetivação, que transforma noções abstratas, tais como loucura, saúde, envelhecimento, em elementos quase tangíveis e visíveis no âmbito da vida quotidiana. A objetivação envolve certas operações simbólicas e estruturantes, pelas quais se dá uma forma a esse conhecimento prático acerca da realidade que é objeto da representação. Segundo Jodelet (1989), é a operação que permite a materialização da palavra e a reabsorção do excesso de significados pelos quais uma realidade é representada. Consequentemente, de todas as palavras que representam um assunto, aquelas frações que melhor o descrevem por imagens constituem os núcleos figurativos (Moscovici, 1981). Como observa Moscovici (1984) em outro trabalho:

"Um enorme estoque de palavras, que se referem a objetos específicos, está em circulação em toda a sociedade (..) mas nem todas as palavras que constituem esse estoque podem ser ligadas a imagens, seja porque não existem imagens suficientes facilmente acessíveis, seja porque as imagens que são lembradas são tabus. As imagens selecionadas pela sua capacidade de ser representadas são integradas ao que denominamos 'núcleo figurativo', um complexo de imagens que reproduz visivelmente um complexo de idéias." (pp.38-39)

O presente trabalho busca recuperar os elementos mais salientes ou centrais dessa relação icônica/conceitual sobre o envelhecimento. Esse objetivo pressupõe uma análise estrutural das representações sociais do envelhecimento que priorize seu conteúdo. Desde o trabalho pioneiro de Moscovici (1976), a análise estrutural das representações sociais considera três dimensões: 1) a dimensão do campo da representação ou imagem; 2) a dimensão da informação; e, 3) a dimensão da atitude.

A dimensão do campo remete-nos à estrutura interna dos conteúdos das proposições atinentes a um determinado objeto da representação. A mesma permite constatar que uma representação é sempre uma unidade de elementos ordenada, estruturada e hierarquizada. A informação, enquanto segunda dimensão, refere-se à quantidade e à qualidade de informações que o grupo possui a respeito de determinado assunto social, ou seja, tudo aquilo que a pessoa conhece acerca do objeto da representação (Moscovici, 1976). A atitude, por último, reflete as orientações positivas ou negativas em relação ao objeto socialmente representado, seja uma atitude favorável, desfavorável ou neutra (Moscovici, 1976). Esse estudo ocupar-se-á da dimensão do campo das representações sociais do envelhecimento, através da análise conjunta dos três fenômenos que mais o caracterizam: o idoso enquanto protagonista da velhice, o processo do envelhecimento, e a velhice enquanto última fase da vida.

As representações sociais, sob o ponto de vista da dinâmica da familiarização com o não familiar, envolvem dois processos: a objetivação e a ancoragem. Essa última consiste fundamentalmente na classificação, nomeação e na integração do não familiar àquilo que já faz parte da nossa compreensão do mundo. A produção de esquemas figurativos, que são oriundos da naturalização do conceito, e a ancoragem estão inscritos na conversa, no uso das palavras, e sobretudo, naquilo que elas representam: seus referentes (objetos físicos ou simbólicos). As palavras e a estruturação que as mesmas têm entre si, nas situações de compreensão do mundo pelo "pensador amador", são um indicador importante das representações, na medida em que exprimem sistemas de asserções morais e de saber prático do senso comum. É, nesse sentido, que tratamos aqui o material verbal produzido pelos participantes da pesquisa. Os campos lexicais associados a um objeto de comunicação são bons indicadores de representações sociais sobre o mesmo.

No Brasil existem pesquisas que mostram como os próprios idosos simplificam o envelhecimento humano, exclusivamente a partir das perdas, representando o processo com predisposições desfavoráveis, estereótipos negativos e preconceitos. Medrado (1994), na cidade de Carnaíba (Bahia), encontrou representações sobre o idoso caracterizadas por conteúdos tais como: "não serve para nada, inutilidade, não vai para a frente, não tem saúde, só doença, não tem destino, não volta", etc. Em outro trabalho desenvolvido por Santos (1990), acerca da influência da aposentadoria sobre a identidade do sujeito, a pesquisadora refere que nas sociedades modernas a ênfase continua sendo dada à juventude e à capacidade de produção. Nas mesmas, "ser velho representa um afastamento do mundo social"(p.22).

Outros autores brasileiros, como é o caso de Debert (1996), destacam que, além dos estudos feitos mostrando a atual representação da velhice em termos de processo contínuo de perdas, estão-se abrindo outros espaços para que diversas experiências de envelhecimento bem sucedidas possam ser vividas coletivamente. Por exemplo, os grupos de convivência de idosos e as universidades da terceira idade, entre outras.

Nas sociedades desenvolvidas como Alemanha, pesquisadores da área gerontológica fornecem resultados interessantes no que diz respeito às percepções sobre a velhice de diferentes grupos de indivíduos jovens e idosos. Heckhausen, Dixon e Baltes (1989) e Heckhausen e Baltes (1991), constataram que os idosos estudados desenvolveram uma concepção de velhice duplamente determinada pelos ganhos e pelas perdas, e referiam-se ao envelhecimento como um processo de desenvolvimento que se mantém ao longo de todo o curso de vida de uma pessoa. Já os grupos de indivíduos jovens (idades entre 20 e 36 anos), apresentaram concepções mais fatalistas, centradas sobretudo no fato do declínio.

 

Método

Participantes

Selecionamos os participantes dessa pesquisa com base em dois critérios: a diferenciação de suas experiências, práticas sociais e projetos de vida, e um segundo elemento, que hipotetizamos, poderia propiciar configurações interessantes à representação da velhice: a diversificação de idades. Incluiu-se nessa amostra pessoas que não são idosas, sendo algumas delas recentemente aposentadas (grupo de treze professores da Universidade Federal de Santa Catarina, dos quais, dez estão na faixa etária de cinqüenta e dois a sessenta anos e o grupo de doze pessoas do Núcleo de Estudos da Terceira Idade- NETI, dos quais sete não são idosos). Esse critério, no caso do primeiro grupo, apresenta particular relevância por que, como assinala Debert (1996), a aposentadoria no Brasil deixou de ser aquele marco que somente indicava àqueles que não tinham mais condição de realizar um trabalho produtivo. Hoje, muitos dos aposentados são pessoas que enfrentam, de um lado a perda de papéis sociais à qual nem sempre conseguem adaptar-se e de outro, uma sociedade que ainda tem uma imagem do idoso como uma pessoa muito vulnerável.

Participaram dessa pesquisa 37 pessoas, vinte delas consideradas pessoas idosas (sessenta anos ou mais) e 17 próximas da condição dessa condição (entre 52 e 59 anos). Segundo acordo da Assembléia Mundial do Envelhecimento (World Health, 1982), assumem a condição de idoso todas aquelas pessoas com sessenta anos ou mais. Os participantes pertencem a três grupos socialmente diferentes entre si.

O primeiro grupo foi formado por treze professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), aposentados há no mínimo dois anos e no máximo cinco anos. Suas idades variavam entre cinqüenta e dois e sessenta e sete anos. São pessoas com uma história de vida muito ligada ao trabalho, e que recentemente foi bastante alterada pela aposentadoria, fato que, segundo a literatura, influi significativamente na percepção que os indivíduos têm de si mesmos, por exemplo, a atribuição da palavra "velho" para quem está aposentado (Santos, 1990). Nesse grupo, 30% do total mantinha algum tipo engajamento no mercado de trabalho através de projetos de pesquisa ou de consultorias. O segundo grupo envolveu doze pessoas participantes de um programa especial direcionado a pessoas acima de cinqüenta anos dessa mesma universidade organizado pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade da UFSC (NETI). Esse núcleo os prepara como monitores dentro de um programa de ação gerontológica na comunidade. Suas idades variavam entre cinqüenta e três e oitenta e cinco anos. Escolhemos esse subgrupo para participar da presente pesquisa pois supomos que, em função das características do curso que essas pessoas fazem, elas tratariam a temática do envelhecimento de um modo especial. O terceiro grupo formou-se de doze pessoas acima de sessenta anos que moram em um centro para idosos, mantido por uma associação religiosa metodista (Centro Vivencial para Idosos do Itacorubi, Florianópolis). Todos tinham idades entre setenta e noventa e dois anos. O critério de escolha desse grupo deveu-se ao fato de ser uma residência que garante as condições físicas e psicossociais de conforto aos idosos, o que ao nosso ver poderia influenciar nas representações que essas pessoas têm do envelhecimento. Segundo o "sistema de classificação dos ambientes residenciais" de Moos e Lemke (1985) essa instituição é tida como um bom contexto institucional.

Instrumento

Com o objetivo de obtermos o material verbal que indicasse as representações sociais do envelhecimento, da velhice e do idoso foi utilizada a técnica de entrevista estruturada em situação individual. As sessões foram gravadas com prévia autorização dos entrevistados. Três perguntas foram propostas a cada participante, na seguinte ordem: O que significa a palavra "idoso" para o senhor (a senhora)? O que é envelhecimento segundo o seu entendimento? O que representa a velhice para o senhor (a senhora)?

Essas questões contemplam os três principais elementos que, nesse estudo, compreendem o envelhecimento: o idoso, o processo de envelhecimento e a velhice. Na análise dos dados os mesmos receberam um tratamento conjunto.

Procedimentos de análise dos dados

As trinta e sete entrevistas foram transcritas. Utilizou-se o Programa Alceste (Reinert, 1990) para o tratamento analítico dos dados. Tal programa executa quatro etapas de análise. A primeira, prepara o material para cálculos posteriores, reconhecendo as unidades de contexto iniciais (UCI), que são constituídas pelas próprias entrevistas, dividindo-as em segmentos texto de tamanho similar (denominados "unidades de contexto elementar" ou UCE), agrupando as ocorrências das palavras em função das suas raízes e realizando o cálculo das suas respectivas freqüências. A segunda etapa é caracterizada por cálculos que têm como objetivo classificar os enunciados simples ou as unidades de contexto elementar, a partir da distribuição das formas reduzidas (palavras ou léxicos) que elas apresentam. Isto é feito com ajuda de matrizes de freqüências que cruzam as formas reduzidas do vocabulário com as UCE do corpus em análise. Utiliza-se nessa etapa o método de classificação hierárquica descendente, que consiste em repartir as UCE em duas classes, em função do vocabulário que as compõem, de forma tal que se obtenha o maior valor possível numa prova de associação (Qui-quadrado). Na terceira etapa são gerados os resultados mais importantes, o programa executa cálculos complementares para cada uma das classes obtidas na etapa precedente, com a finalidade de possibilitar uma descrição das mesmas. No nível analítico, elas são compostas de vários segmentos de texto (UCE) que têm vocabulário semelhante. No nível interpretativo, elas são consideradas indicadores de diferentes noções. Reinert (1990) considerou as classes como noções de mundo ou como quadros perceptivo-cognitivos com certa estabilidade temporal associados a um ambiente complexo. A quarta etapa é um prolongamento da terceira e nela são fornecidas as UCE mais características de cada classe, permitindo que se tenha o contexto de ocorrência do vocabulário das mesmas.

 

Resultados e discussão

O corpus analisado no presente estudo é composto de trinta e sete unidades de contexto inicial ou entrevistas. Ele foi dividido em 867 segmentos (UCE), que continham 1613 palavras diferentes. Desconsideraram-se palavras com freqüência igual ou inferior a três. Após a redução dos vocábulos às suas raízes obteve-se 350 formas analisáveis e 139 instrumentais. As primeiras ocorreram 3317 vezes.

A análise hierárquica reteve 626 unidades de contexto elementar das 867 presentes no corpus, ou seja, foram consideradas 72,20% das UCE. Das 350 formas analisáveis reduzidas foram retidas 157. Esse procedimento chegou a três classes de segmentos de texto diferentes entre si. Das palavras consideradas, 71 caracterizam a primeira classe, 38 a segunda e 48 a terceira. As diferenças entre os conteúdos de cada classe e as associações desses conteúdos aos grupos de participantes indica a presença de três representações sociais do envelhecimento diferentes.

Para cada uma das três classes de segmentos de texto obtidas, apresentar-se-á, na forma de Tabelas, seu vocabulário (por ordem de freqüência de ocorrência) e a indicação da significação da sua ligação com a classe (através da prova de associação do qui-quadrado). Serão exemplificadas, também, as relações dessas palavras entre si, na forma de trechos de entrevistas utilizando as unidades de contexto elementar mais significativas de cada classe.

Envelhecimento: Perda dos Laços Familiares e da Identidade Física

A primeira classe de representações sociais envolve 56,7% do total das unidades de contexto elementar (UCE) do conjunto de entrevistas analisadas. Nesse sentido, resultou ser a classe mais importante. Pelas suas freqüências de ocorrência e pela sua ligação com os contextos mais significativos dessa primeira classe (Tabela 1), essa representação social do envelhecimento apresenta como noções centrais, tanto aquelas de "família" (vocábulos família e casa; e secundariamente apartamento), de "beleza" (bonito, bonita, feia e feio), de "solidão" (sozinha e solidão) e de "problema".

 

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O exame das palavras indicadas pela Tabela 1 e o fato de que doze das catorze entrevistas (unidades de contexto iniciais), que foram indicadas como típicas dessa classe, terem sido produzidas por participantes do sexo feminino, apontam para uma representação social do envelhecimento de caráter doméstica e feminina.

Outros aspectos sócio-culturais ligados a essa classe são: a maioria das participantes eram ou são donas de casa, oito delas pertenciam ao grupo de idosos que moravam na instituição do Centro Vivencial do Idoso do Itacorubi e as cinco restantes eram do grupo do NETI.

Nesta primeira classe, a importância da noção família é também reforçada pela saliência das palavras referentes a papéis sociais familiares tais como filhos e mãe no primeiro plano; netos, marido, avó e sobrinhos, em segundo plano. O papel social da mulher em relação à responsabilidade da mesma na casa, e enquanto mãe que ainda deverá cuidar dos filhos, indica a relevância da família primária (pais e filhos) nesse tipo de representação social da mulher idosa. No entanto, a evocação dos filhos freqüentemente empresta à noção de família, aquela de uma referência perdida no presente e insubstituível pela instituição (centro vivencial ou asilo). A idéia de abandono é muito mais presente que a importância atual ou passada da idosa para a família. A importância de tal idéia pode ser ilustrada a partir dos resultados gerados na terceira etapa do programa que mostra as UCE mais representativas dessa classe. Segue em exemplo a seguinte colocação: "Eu acho que é muito triste a família que tem vários filhos (...) quando a velhinha da casa começa a dar trabalho, colocar ela num asilo." (entrevistada 35, participante do NETI, 74 anos)

Mas o abandono pode não ser enunciado como tal, especialmente quando a pessoa idosa perde parcialmente sua família (como nos casos da adoção da solução institucional diante do envelhecimento) embora o mesmo efetivamente exista.

"Os meus filhos são ótimos, quando fiquei doente a minha família ficava toda comigo, o tempo todo." (entrevistada 23, residente no centro vivencial do Itacorubi, 84 anos). Como podemos observar, nesses últimos trechos, a noção de família, especialmente a primária, torna-se uma referência central para se pensar os problemas oriundos do processo de envelhecimento. Ligada às referências que as entrevistadas fazem da sua relação com seus filhos, com sua família, aparece essa noção (indicada pelas palavras problemas e atrapalha).

"Não é o envelhecer que me preocupa, eu me preocupo se um dia me faltarem habilidades para viver sozinha. Os meus filhos já sabem, eu quero ir para um asilo." (entrevistada 31, participante do NETI, 60 anos). Na perspectiva dessa idosa, o envelhecimento é visto como um problema, na medida em que incomoda (atrapalha) os filhos. Esse abandono tem um duplo sentido. De um lado, essa pessoa não desejaria conviver com a família no caso de ficar doente, e de outro, a família aceita a decisão de afastamento do idoso, assumindo uma alternativa social que lhe é mais conveniente. A palavra "asilo", empregada nesse segmento de conteúdo foi pouco utilizada pelos entrevistados dessa pesquisa e não apresentou uma associação significativa com essa classe semântica. Isto se deve talvez porque seja um termo socialmente negativo para qualificar a alternativa à vida em família do idoso, ou seja, a institucionalização. Daí, a importância, mesmo relativa, das palavras "grupo", "centro", "NETI" e "igreja", nesse primeiro tipo de representação social do envelhecimento. De alguma maneira essas últimas palavras indicam referências alternativas à família para que a pessoa idosa possa enfrentar a velhice.

A noção de solidão (sozinha) também é bastante importante nessa primeira classe e liga-se particularmente com a perda do marido. Conhece-se, sem que as causas tenham sido totalmente esclarecidas, que a mulher tem uma expectativa de vida superior à do homem (Kastenbaum & Candy, 1973). Com a morte do cônjuge, a família primária da idosa se desfaz.

"Já que quase sempre o companheiro morre antes e a gente tem que ficar sozinha, então eu acho que a gente tem que estar preparada para enfrentar isto da velhice." (entrevistada 3, professora aposentada da UFSC, 52 anos). Esse exemplo não pertence a um participante do NETI ou residente no Centro Vivencial do Idoso de Itacorubí. O mesmo foi fornecido por uma pessoa não idosa do grupo de professores aposentados da UFSC que agrupou-se nessa primeira classe, e ilustra conteúdos de uma representação social doméstica da velhice e particularmente da idosa, onde a perda da família (mesmo que parcial) e do marido, qualificam essa etapa da vida como solitária e triste. De alguma maneira a noção de solidão exprime os sentimentos que muitas dessas mulheres vivenciam. No caso das entrevistadas institucionalizadas, a importância das palavras "sozinha" e "triste", nessa primeira classe, parece estar ligada a essa condição. Como já vimos, a maioria das participantes dessa classe encontravam-se institucionalizadas na época da pesquisa de campo. Elas também possuíam família. Apesar do Centro Vivencial do Idoso do Itacorubi ser considerado como um bom contexto residencial, segundo Moos e Lemke (1985), vários estudos têm demonstrado o risco da institucionalização para a depressão no idoso, por só citar um exemplo (Fernández, 1992; Lieberman, 1969).

Tão importante são essas perdas dos laços familiares, enquanto conteúdos dessa primeira representação social do envelhecimento, quanto o são, também, as perdas físicas, especialmente da beleza, e sua conseqüência para a identidade pessoal da idosa, o não reconhecimento do seu corpo. A centralidade da noção de beleza (indicada pelas palavras bonita, feia e linda), no sentido da sua perda, está associada a uma dicotomia envolvendo simultaneamente o tempo e a qualidade da imagem do próprio corpo. As participantes referem-se a si próprias como bonitas ou lindas, no tempo passado; no presente, diante do corpo envelhecido, referem-no como algo desconhecido ou feio.

"(...) ninguém gosta de ficar cheia de rugas (...) se eu me olhar no espelho, não me reconheço mais de quando eu era moça." (entrevistada 35, participante do NETI, 74 anos). É como se a contradição bonito-feio resumisse a identidade de uma mulher. Nesse sentido, um elemento central dessa dicotomia é o não reconhecimento de sua própria imagem, a recusa ou dificuldade de aceitar as transformações físicas que ocorrem com o envelhecimento, menos pela sua freqüência de ocorrência e mais pela significação de sua associação com essa primeira classe semântica. A palavra espelho é importante enquanto suporte para o reconhecimento da ação do envelhecimento sobre o corpo. "Aceitar a velhice é uma coisa muito cruel. Te olhas no espelho, enxergas que o cabelo está caindo, que a pele está ficando enrugada, a gente fica horrível." (entrevistada 14, residente no centro vivencial, 85 anos)

Conhece-se, na literatura psicológica sobre a percepção de si mesmo que, tradicionalmente uma das técnicas mais interessantes que tem sido usadas para estimular a aquisição da consciência de si é a "técnica do espelho" (Levin, 1992). A literatura clássica também tratou esse problema. O retrato de Dorian Gray (Wilde, 1981) utilizando um recurso de inversão do efeito do tempo, apresentou uma pintura com a propriedade de um reflexo (espelho), onde o personagem principal constatava seu envelhecimento por transformações dos "átomos químicos estruturados em forma de cores sobre a tela" (p.117), esse exemplo da literatura oferece uma análise aprofundada do sentido vivido das perdas físicas com o envelhecimento. O emprego dos verbos nessa primeira classe oferece informações complementares sobre essa representação social do envelhecimento. Embora, os verbos ficar e fazer ocorram numa freqüência acima da média (Tabela 1), o primeiro, aquele que indica um resultado, um estado (ficar em casa, ficar sozinha, ficar incapacitada, etc.), apresenta uma associação significativa com essa classe, já o segundo, aquele que caracteriza ação (fazer um programa, fazer um curso, etc.), não se associa significativamente a essa representação. Em outras palavras, essa representação social doméstica e feminina do envelhecimento o caracteriza como um estado inevitável do ser. Outros verbos característicos dessa classe são "gostar" e "querer". O verbo gostar (gostar de ler, gostar de comer, gostar de conversar, etc.) indica preferências na maior parte das vezes já presentes no passado, mas adaptadas de acordo com as novas exigências da velhice. O verbo querer não indica expectativas futuras, planos ou metas a serem atingidas, como aparece sobretudo na sua forma negativa ("não queria sofrer", "não quero nem pensar nisso (no envelhecimento)", etc.) ele indica o medo diante do mesmo e da morte.

Ainda em relação à primeira classe, existe um alto envolvimento pessoal dessas participantes quando pensam o envelhecimento. Esse envolvimento é indicado pela alta freqüência da utilização de pronomes pessoais e possesivos como "eu", "me" e "mim". De alguma maneira, também, a representação social do envelhecimento depende das experiências particulares de cada membro diante dessa etapa da vida, o que constatou-se pela ligação desses pronomes a essa primeira classe.

A Velhice enquanto Perda da Capacidade de Trabalho

Os conteúdos da segunda classe da análise hierárquica referiram-se a uma representação social centrada fundamentalmente nos elementos idoso e velhice mais do que propriamente no processo de envelhecimento. A maioria dos participantes que produziram léxicos característicos dessa segunda classe são professores aposentados da UFSC ou pessoas que participam do programa do NETI, pertencendo 60% deles ao sexo masculino. Essa classe semântica abrange 13,42% do total das unidades de contexto elementar (UCE). Segundo mostra a Tabela 2, em comparação com a primeira classe, ela apresentou poucas palavras, analisáveis pelo Alceste (Reinert, 1990) acima da média de freqüência de ocorrência.

 

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Os conteúdos dessa representação social do idoso e da velhice remetem a três tipos de noções. Uma, em relação as questões sociais do trabalho (expressa pelas palavras: trabalhar, trabalho, atividade, ritmo, sociedade e aposentadoria). Outra, é a experiência (indicada pelas palavras experiência e intelectual). E uma terceira noção, que embora periférica, pela saliência das suas formas no contexto, é muito interessante. Trata-se de conteúdos referentes à noção de passagem (processo, passagem e passar).

Nas unidades de contexto elementar dessa classe podemos verificar que a representação social da velhice é caracterizada como uma etapa, não só posterior ao período ativo da vida, aquele do trabalho, mas também como uma etapa oposta àquela que a antecede, enfatizando a inatividade. "(...) a gente tem que se acostumar aos poucos porque a perda no ritmo de trabalho é muito grande (...) eu ainda não estava sentindo o envelhecimento físico, mas de dois anos para cá é que eu estou sentindo esse processo." (entrevistado 7, professor aposentado da UFSC, 67 anos)

A idade em que uma pessoa pode ser considerada idosa ou estando na velhice é representada como uma etapa da vida onde se perde o ritmo de trabalho. A noção de trabalho é a mais importante na organização desse segundo tipo de representação social. O trabalho aparece aqui como aquilo que foi uma das principais habilidades que, pela diminuição das capacidades físicas, pela conseqüente lentidão na execução das atividades diárias, coloca o idoso num segundo plano quanto à vida social.

"(...) eu vejo o idoso como uma pessoa aposentada que então não é mais aproveitada, que não pode dar mais à sociedade." (entrevistada 10, professora aposentada da UFSC, 69 anos). Os participantes representam a velhice como a perda do papel social de trabalhador. Aqui a velhice significa um momento de declínio da capacidade para trabalhar. O sentido que as palavras "trabalhar", "trabalho", "atividade" e "ativa" ganham, nas unidades de contexto elementar típicas dessa segunda classe, enfatiza a perda da utilidade social da pessoa idosa.

A noção de perda da capacidade de trabalho apresenta-se também sob a forma de comparação com pessoas mais jovens. "A pessoa idosa já não pode competir com pessoas jovens, com nenhuma delas, disso eu tenho certeza, eu não sou uma garota. Eu jamais vou poder competir com uma moça, mesmo em trabalho. Hoje eu já não posso mais trabalhar assim." (entrevistada 31, participante do NETI, 60 anos). Neste segundo tipo de representação podemos constatar a saliência da noção de trabalho, em relação às demais perdas provenientes da velhice. Essa dicotomia entre trabalho e não-trabalho, enquanto imagem que separa duas etapas da vida: a da idade jovem e adulta e a da velhice, significa, ao nosso ver, uma atribuição da causa da velhice à diminuição da capacidade para o trabalho. Mas essa perda refere-se mais precisamente às capacidades físicas e ao ritmo de atividade exigido pelo contexto social. Ao contrário, as habilidades intelectuais são percebidas como um ganho advindo da velhice. "(...) eu estou em plena atividade intelectual, e o importante é não perder esse ritmo." (entrevistado 7, professor aposentado da UFSC, 67 anos)

Verificou-se nas unidades de contexto elementar, associadas significativamente a essa classe, que essas noções de "trabalho" enquanto diminuições incluem freqüentemente o léxico "sociedade", que funciona como parâmetro de estimação das exigências sobre as pessoas.

"(...) claro que tudo isto de se sentir idoso é porque muitas vezes a sociedade nos faz sentir idoso, a sociedade nos usou e agora quando já sugou tudo joga fora como se fosse um bagaço." (entrevistado 2, professor aposentado da UFSC, 56 anos).

O entrevistado acima refere-se a sociedade como responsável pela definição de um papel social para as pessoas, em função de um ritmo de atividade que lhe interessa e tendo como base a exploração do indivíduo pelo seu trabalho (uso do verbo sugar). Essa valorização a partir do papel de trabalhador faz com que, segundo o entrevistado, a sociedade os rejeite quando seu ritmo não lhe convém mais.

A representação social do envelhecimento como não-trabalho reflete a crença de que a aposentadoria significa o começo do desengajamento social. Nesse século verifica-se a valorização do trabalho como um patrimônio da juventude, e de acordo com alguns pesquisadores da Gerontologia Social (Neugarten & Hagestad, 1976; Santos, 1990; Staudinger, Marsike & Baltes, 1995) esse tipo de crença e a conseqüente valorização da etapa da juventude ocorre com mais freqüência entre aquelas pessoas idosas que viveram muito centradas no trabalho e na profissão. É o caso de parte dos participantes típicos dessa segunda classe da nossa análise hierárquica, que são professores recentemente aposentados da UFSC (entre dois e cinco anos).

A segunda noção central dessa representação social da velhice é a de experiência, que constitui-se num atributo da pessoa idosa, e é vista como o grande ganho da velhice. "(...) acho que um idoso representa, para mim, a experiência." (entrevistado 13, professor aposentado da UFSC, 53 anos). A experiência refere-se às capacidades intelectuais. Como observam Baltes e Smith (1995), as palavras experiência e sabedoria, como conteúdos representacionais da velhice, são alguns dos poucos atributos do cenário mental dessa etapa da vida que exemplificam objetivos e conquistas positivas, e que são valorizadas socialmente. Um dos traços da sabedoria, segundo a próxima entrevistada, é a flexibilidade em nível das posições que assumimos sobre o mundo e sobre as pessoas.

"(...) eu acho que um idoso tem muita flexibilidade nos seus pontos de vista e acho que um idoso tem maior conhecimento de si próprio." (entrevistada 3, professora aposentada da UFSC, 52 anos). O ganho de conhecimento contrapõe-se àquela perda do ritmo de vida característica de outros conteúdos dessa segunda representação social da velhice; uma representação do envelhecimento como inatividade. E se objetivamente essas pessoas idosas constatam a desvalorização social a que são submetidas, no plano das expectativas, elas concebem o papel social da pessoa idosa como aquele de vetor de transmissão de conhecimentos às gerações mais novas.

"(...) acho que o idoso deve sair para as praças, para as oficinas e dizer, olha, nós temos a experiência, temos toda uma sabedoria." (entrevistado 29, participante do NETI, 60 anos). Como ilustra esse trecho, a noção de experiência justifica a participação social do idoso como transmissor de conhecimentos, da sua sabedoria. Nessa representação social observamos uma tensão entre aspectos negativos do envelhecimento (os mais salientes ou compartilhados) e aspectos positivos, que parecem desempenhar a função de revalorização dessa fase da vida.

Por último, a noção passagem empresta uma qualidade ambígua a essa representação social da velhice, tipicamente masculina e centralizada no trabalho. A mesma funciona como um esquema figurativo dessa etapa da vida e aparece como um acontecimento intermediário entre a vida e a morte. "A velhice? Pois é, eu acho que é um processo cronológico mesmo. Eu acho que quando a gente ultrapassa determinadas etapas, há uma passagem difícil, principalmente para as mulheres, pela forma que essas mudanças vem, de fora, já que a forma pela qual as pessoas nos vêm influencia a gente." (entrevistada 5, professora aposentada da UFSC, 55 anos).

Ao mesmo tempo a entrevistada atribui, à velhice, um caráter natural e social. Desse modo, como a noção trabalho ao ser associada à velhice torna-se não-trabalho ou inatividade, a qualificação natural à noção de passagem torna-se difícil. As mudanças físicas da pessoa idosa viram indicadores de desvalorizações aos olhos de indivíduos não idosos, e esse olhar do outro passa a ser o próprio olhar do idoso sobre si mesmo.

O emprego das formas verbais nessa segunda classe semântica fornece informações adicionais. Observando a Tabela 2, constata-se que os verbos sentir, poder e passar se associam significativamente a essa classe de unidades de contexto elementar. Enquanto na primeira representação social as formas verbais enfatizam o envelhecimento como estado, nessa segunda, ele aparece como uma dinâmica.

O Envelhecimento como Desgaste Natural

Finalmente, a terceira classe da análise hierárquica empregada aqui envolve 30,51% do total das unidades de contexto elementar (UCE) das trinta e sete entrevistas analisadas. Essa classe indica uma representação social do envelhecimento e da velhice menos compartilhada do que a primeira (56,7% de U.C.E) e mais do que a segunda. Uma comparação das Tabelas 3, 2 e 1 mostra que essa terceira representação social exibe um conteúdo tão rico quanto aquele da primeira. Os entrevistados considerados típicos dessa classe pertencem a ambos os sexos e muitos deles são professores aposentados da UFSC.

 

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A representação social do envelhecimento indicada por essa classe organiza-se em torno de duas noções centrais: a de fase da vida (aglutinando as palavras vida, envelhecimento, idade, fase, natureza, natural, desgaste e morte) e a de pessoa (relacionando as palavras pessoa, física(o), conhecimento, mental, qualidade, beleza e imagem).

Estas duas noções encontram-se interligadas. Uma característica dessa terceira representação social do envelhecimento é a impessoalidade com que os participantes enunciam sua compreensão do fenômeno. As definições gerais e os juízos de valor (através do uso freqüente dos adjetivos "boa e bom") são freqüentes nas unidades de contexto elementar dessa classe. Em seguida, citamos um exemplo de uma definição geral da pessoa idosa.

"Eu acho que um idoso é uma pessoa que ainda está em desenvolvimento, que já terminou seu crescimento, mas o seu desenvolvimento continua (...) Envelhecimento, para mim, representa uma soma, um conjunto de alterações que ocorrem na pessoa, tanto física, mental, social, corporal, e o homem como um todo." (entrevistada 1, professora aposentada da UFSC, 60 anos). Aqui há uma distinção entre desenvolvimento e crescimento. O primeiro presente, no idoso nessa etapa da vida, e o segundo, ausente. Essa diferenciação, como mostraremos mais adiante, está fundada numa concepção racionalista e cartesiana do homem. Essa concepção separa a matéria (o corpo) e a pessoa (o espírito), e pressupõe sincronia entre essas duas partes.

"(o envelhecimento) seria especificamente a idade cronológica, é a própria matéria em si, que vai com o decorrer do tempo ter um desgaste natural, como um utensílio, você o usa e ele vai se desgastando (...) então a pessoa eu acho também." (entrevistado 33, participante do NETI, 54 anos). O processo de envelhecimento ganha aqui uma versão utilitarista, a vida desgasta-se, assim como um objeto. A idade condensaria o tempo vivido, ou seja, estaria impregnada pela sucessão de atividades que o indivíduo desenvolveu. Com o tempo, o idoso aproximar-se-ia cada vez mais da condição de incapacidade e de pouco funcional para a vida. Como aponta a seguinte entrevistada, essa representação social do envelhecimento considera o corpo da pessoa idosa como uma máquina velha que somente incomoda aos outros pelos efeitos da idade e das doenças.

"(...) eu acho que chegada certa idade a única coisa que a gente faz é atrapalhar a vida dos outros." (entrevistada 23, residente no centro vivencial, 72 anos). Parece que a palavra pessoa indica duas coisas: de uma parte, destaca o idoso como um grupo particular de indivíduos maduros e experientes, e de outra, um distanciamento de quem representa em relação ao objeto da representação. No que diz respeito à primeira indicação, citamos a seguir dois trechos de entrevistas que ilustram essa particularização positiva do idoso como possuidor de uma bagagem de conhecimentos, uma capacidade maior de lidar com problemas, e até mesmo um novo raciocínio. Essas seriam algumas das conseqüências positivas do tempo de vida que os velhos têm em comparação com os jovens.

"(um idoso) acho que é uma pessoa com maior capacidade frente ao estresse psicológico, porque é uma pessoa madura, e por isso raciocina diferente." (entrevistada 1, professora aposentada da UFSC, 60 anos). Em relação à segunda indicação, a palavra pessoa designou o contrário do que o pronome eu indicou para a primeira classe. De outra parte a palavra pessoa permite aos participantes dessa classe falarem do envelhecimento de uma forma abstrata.

"(...) eu sigo pensando que nesse mundo só cabe um certo número de pessoas. Se o mundo começa ser enchido de pessoas que só querem viver, isso não tem mais sentido, sobretudo pelo número de pessoas incapazes." (entrevistado 24, residente no centro vivencial, 72 anos). As idéias de não funcionalidade e de incapacidade persistem nesse trecho de entrevista acima citado. Para justificar a morte, esse participante qualifica o envelhecimento como natural, e fala desse fenômeno em termos gerais. Aqui os idosos são uma parte de toda a população, que óbvia e naturalmente é finita, sob a pena de termos uma impossibilidade de vida social caso os homens fossem eternos.

Como já assinalou-se, as noções fase de vida e pessoa são indissociáveis. As mesmas têm um papel importante nessa representação do envelhecimento. Os juízos de valor associados ao envelhecimento decorrem daqueles relativos à concepção de pessoa socialmente compartilhada através de duas sub-noções dicotomizadas: física (limitações, beleza e imagem) e mental (conhecimento, capacidade e qualidade).

"Velhice? Qual é a idade se você se preparou para essa idade? Se você só vê a parte externa e não a parte interna ou espiritual, então se essa pessoa só vê a parte da beleza externa, a estética, então para essa pessoa a velhice é muito ruim." (entrevistado 10, professor aposentado da UFSC, 69 anos). A exaltação da preocupação com a parte interna e a condenação da valorização do corpo (da beleza física) sustentam um julgamento favorável do envelhecimento. Essa apreciação espiritualista do homem, tão marcada na sociedade ocidental cristã, faz parte da ideologia da psicologia moderna. Os meios de comunicação social permitiram com que essa ideologia se enraizasse como um contraponto utilizado por pessoas idosas ou, pessoas diferentes do padrão estético corporal socialmente proposto (as ditas pessoas feias), em situações de comparação social. Temos aí a ilustração de uma das estratégias de identificação social em situações de crise, explicadas pela teoria integrativa do conflito intergrupal (Tajfel & Turner, 1979). É importante não esquecer que as representações sociais constróem-se e são compartilhadas nos quadros intergrupais da convivência quotidiana.

"O envelhecimento no nosso país, infelizmente é mais negativo do que positivo. Eu vejo ele positivamente, porque isso depende do que a pessoa trabalhou com ela mesma, depende da mente da pessoa. A mente regula muitas coisas, por isso é bom tentar ter uma mente boa e positiva, para programar tudo de uma forma continuada." (entrevistada 11, professora aposentada da UFSC, 59 anos). Encontramos aqui a marca da impessoalidade ao se falar da velhice. É o que Rudelic-Fernandez (1995) chama de discurso injuntivo, ou seja, aquele que possibilita o distanciamento de quem fala em relação ao objeto da conversa, e que de alguma maneira é conveniente em assuntos difíceis como a morte, o sexo ou a velhice. Essa concepção do envelhecimento, como podemos constatar no trecho dessa entrevista, coloca esse fenômeno no plano individual, pois a qualidade de vida do idoso é atribuída a um trabalho de auto-reflexão que dependeria da responsabilidade de cada um consigo mesmo. No entanto a fala é impessoal, pois a participante refere-se ao envelhecimento "do brasileiro" e da sua visão de como um indivíduo deve envelhecer.

"Eu acho que a questão do idoso vai muito com a cabeça da própria pessoa, porque se ela está envelhecendo, mas ela está ainda em atividade, então é muito melhor (...)" (entrevistada 3, professora aposentada da UFSC, 52 anos). Esse modo de compreender tanto os aspectos positivos quanto os aspectos negativos dessa fase da vida humana é fortemente compartilhado por uma parcela dos entrevistados da nossa pesquisa. Chamou nossa atenção o fato de que a grande maioria deles são do grupo de pessoas recentemente aposentados da UFSC. Nessa classe encontrou-se uma quantidade maior de informações sobre o envelhecimento, em comparação com as duas classes anteriores, no entanto essas informações encontram-se imersas em juízos de valor que se aproximam dos estereótipos negativos relativos aos cuidados com o corpo. Temos aqui uma representação social do envelhecimento racionalista e individualista, cujos conteúdos básicos contrapõem o nível físico (como algo menos importante, espaço das limitações) com o nível mental (enquanto aquele recurso pessoal mais importante que é espaço das capacidades).

 

Conclusão

Nosso estudo encontrou três tipos de representações sociais sobre o envelhecimento. Duas delas são mais fortemente compartilhadas: a primeira (doméstica e feminina), e a terceira (idealizada), as quais são, num certo sentido, opostas à segunda representação social (a da perda de ritmo de trabalho). Uma primeira oposição, de caráter sexual e cultural, separa os participantes em: a) donas de casa que representam o envelhecimento a partir da perda de laços familiares (abandono) e de atrativos físicos, e b) entrevistados que compreendem o idoso e a velhice através da noção de trabalhadores que perdem sua capacidade de atividade e seu reconhecimento social. Uma segunda oposição, discerne os participantes em dois grupos: a) aqueles que representam o envelhecimento como um resultado negativo da equação entre perdas e ganhos, diante das atividades (força de trabalho e transmissão de experiências aos mais jovens), e b) os que representam essa mesma equação, só que a partir de atividades subjetivas, relativas ao desenvolvimento pessoal, com um resultado mais positivo (ao menos no plano racional). Esses resultados indicam a complexidade da compreensão do envelhecimento por parte de pessoas idosas ou próximas dessa condição, o que pode ser um sinal importante para os profissionais que atuam em programas gerontológicos. Além dessas considerações referentes ao fenômeno estudado, é importante ressaltar a utilidade do Programa Alceste (Reinert, 1990) na obtenção dos aspectos estruturais das representações sociais aqui obtidas.

O presente estudo evidencia a instrumentalidade do Programa Alceste (Reinert, 1990) na análise quantitativa de material textual, na medida em que permite a captação da complexidade dos dados coletados, considerando tanto o rigor quantitativo de uma análise lexical clássica, quanto o contexto de ocorrência das palavras.

 

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Sobre os autores:
Maria Cristina Triguero Veloz é Psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Professora no Curso de Gradua-ção em Psicologia da Universidade Paulista Objetivo.

Clélia Maria Nascimento-Schulze é Psicóloga, Doutora em Psicologia Social pela University of Bristol (Inglaterra), Professora do Curso de Pós- Graduação em Psicologia e Coordenadora do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina.

Brigido Vizeu Camargo é Psicólogo, Doutor em Psicologia Social pela École des Hautes Études em Sciences Sociales (França) e Professor do Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

 

 

Recebido em 28.05.98
Revisado em 22.12.98
Aceito em 18.03.99

 

 

1 Endereço para correspondência: Laboratório de Psicossociologia da Comunicação e da Cognição Social (LACCOS), Centro de Filosofia e Ciências Humanas, UFSC, Campus Universitário Trindade, CEP 88040-900, Florianópolis, SC. Fone: (48) 3319067. Fax: (48) 331 9751. E-mail: brigido@cfh.ufsc.br . Homepage:: www.cfh.ufsc.br/~laccos .
2 Este estudo faz parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora, orientada pela segunda autora.