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Horticultura Brasileira - Physiological maturation and germination of Egletes viscosa seeds submitted to drying

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Horticultura Brasileira

Print version ISSN 0102-0536

Hortic. Bras. vol.21 no.3 Brasília July/Sept. 2003

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-05362003000300026 

PESQUISA

 

Maturidade fisiológica e germinação de sementes de macela (Egletes viscosa (L.) Less.) submetidas à secagem

 

Physiological maturation and germination of Egletes viscosa seeds submitted to drying

 

 

Antonio Marcos E. BezerraI; Sebastião Medeiros FilhoII; João Batista S. FreitasII

IUFPI, Depto. Planejam. e Política Agrícola, 64450-000 Teresina-PI; E-mail: marcosesmeraldo@secrel.com.br
IIUFC, Depto. Fitotecnia, C. Postal 12.168, 60356-001 Fortaleza-CE; E-mail: filho@ufc.br

 

 


RESUMO

Determinou-se o ponto de maturidade fisiológica e o efeito da secagem em sementes de macela. Foram realizadas colheitas aos 93; 100; 107; 114; 121; 128 e 135 dias após o transplante (DAT). Após cada colheita, uma amostra foi levada ao secador (40ºC/72 h) e a outra foi embalada em saco plástico, em uma câmara (20ºC) pelo mesmo período. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x7, correspondendo aos dois níveis de secagem (sem e com) e sete épocas de colheita, com quatro repetições. As sementes atingiram a maturidade fisiológica de 121-128 dias após o transplante; e a secagem não influenciou a qualidade fisiológica das sementes de macela.

Palavras-chave: Asteraceae, planta medicinal, sementes, colheita, maturação.


ABSTRACT

The influence of harvesting date and the effects of drying on the physiological quality of macela seeds was evaluated. The harvesting dates of 93; 100; 107; 114; 121; 128 and 135 days after transplanting (DAT) were evaluated. Half volume of the harvested seeds was taken to a dryer (40ºC for 72 h), while the other half was packed in plastic bags and stored in a cold room (20ºC) during the same period. A complete randomized design in a 2 x 7 factorial, with four repetitions, was used. The seeds reached the physiological maturity about 121-128 DAT. The drying process had no influence on the macela seeds physiologic quality.

Keywords: Asteraceae, medicinal plant, harvesting date, germination.


 

 

A macela (Egletes viscosa (L.) Less.), da família Asteraceae, é um vegetal silvestre, anual, e freqüente nas margens de lagoas, açudes, cursos de água do sertão e do litoral nordestino do Brasil, no início da estação seca, após o baixar das águas (Matos, 2000). Os capítulos florais são obtidos de forma extrativista e comercializados para uso no tratamento caseiro de problemas digestivos e intestinais, cólicas, gases, azia, má digestão, diarréia e enxaqueca, bem como nos casos de irregularidades menstruais (Lorenzi & Matos, 2002).

A maturação da semente, definida por Hartmann et al. (1997), compreende as mudanças morfológicas e fisiológicas que ocorrem entre a fertilização e o momento em que as sementes, tornando-se independentes da planta-mãe, apresentam os máximos peso de matéria seca, germinação e vigor. A colheita, que deveria ser realizada no ponto de maturidade fisiológica, torna-se impraticável em espécies de crescimento indeterminado (Carvalho & Nakagawa, 2000). Popinigis (1996) enfatiza que a obtenção de qualidade fisiológica adequada é dificultada em espécies caracterizadas pela desuniformidade na maturação. Nesse sentido, Bezerra et al. (1995a) verificaram em coentro que as umbelas nos estádios de antese, verdes, maduras e secas ocorrem, respectivamente, nos intervalos de 55-75; 55-80; 70-95 e 85-100 dias após a emergência, tendo sido observado aos 95 dias valores máximos para germinação e acúmulo de matéria seca nas sementes. Em macela (Egletes viscosa L), Bezerra et al. (2002) constataram que ao longo da fase reprodutiva há produção simultânea de capítulos em diferentes estágios de desenvolvimento (botão floral, capítulos verdes, maduros e secos), caracterizando-se como uma espécie de maturação desuniforme.

A maioria das espécies requerem condições específicas para germinação. Assim, Ikuta & Barros (1996) recomendam, para marcela (Achyrocline satureioides), temperaturas de 20 a 25ºC e semeadura superficial no substrato. Freitas et al. (2000) constataram que a pré-embebição dos aquênios em água destilada (24 ou 48 h) e o umedecimento do substrato com soluções aquosas de GA3 (100 ou 300ppm) foram eficientes para a germinação de sementes de macela em temperatura alternada de 20-30ºC. Bezerra et al. (2001) afirmam que a qualidade fisiológica de sementes de macela oriundas de plantas cultivadas é superior à das silvestres apesar do tempo médio de germinação (21 dias após a semeadura) não ser diferente entre ambas.

A tecnologia de produção de sementes das plantas medicinais brasileiras carece de estudos. Dessa forma, a pesquisa objetivou estudar a época de colheita e a secagem das sementes de macela.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na UFC em Fortaleza, de outubro/00 a março/01. Sementes, previamente embebidas em água por 16 dias, foram semeadas a lanço em substrato comercial Plantagro®, mantido em casa de vegetação sob nebulização intermitente. Aos 16 dias após a semeadura, foi realizada a repicagem para bandejas com células, contendo o mesmo substrato, de modo que cada célula recebesse uma planta.

Aos 23 dias após a repicagem, efetuou-se o transplante das mudas, no espaçamento de 1,0 x 0,5 m, para um canteiro, previamente desinfestado com brometo de metila, cujo leito, antes da adubação orgânica, apresentava as características físico-químicas: pH=7,00, Al3+=0,0cmolc/dm3, Ca2++Mg2+=3,7cmolc /dm3, K=92mg/dm3, P=174mg/dm3, Na+=51mg/dm3, areia grossa= 460g/kg; areia fina= 430g/kg, silte= 60g/kg e argila= 50g/kg. Anteriormente ao transplantio, foi efetuada adubação com húmus de minhoca na dosagem de 2,5 kg/m2. O canteiro foi coberto com palha de coqueiro durante cinco dias após o transplante e, em seguida, foi aplicada cobertura morta. Os tratos culturais consistiram de capinas manuais e regas por microaspersão.

Foram realizadas colheitas aos 93; 100; 107; 114; 121; 128 e 135 dias após o transplante (DAT), de fevereiro a março de 2001. As plantas colhidas foram submetidas à secagem (40ºC/72 h) e ausência dessa operação (embalada em saco de polietileno e manutenção a 20ºC/72 h), obtendo-se as sementes mediante extração (maceração dos capítulos em um minipilão de madeira) e beneficiamento (peneiração e ventilação). Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x7 (2 secagens e 7 épocas de colheita) para as seguintes determinações: peso da matéria seca das sementes [quatro repetições de 100 sementes foram postas em estufa a 105ºC por 24 h, em seguida pesou-se em balança de precisão para décimos de miligrama, conforme Carvalho & Nakagawa (2000)]; germinação [quatro repetições de 50 sementes colocadas em placas de Petri, sobre duas folhas de papel filtro, previamente umedecidas com água destilada, e mantidas sob alternâncias de temperatura e de luz (20-30ºC e 8h luz/16h escuro)]. A contagem foi feita aos 31 dias após a semeadura, considerando-se as plântulas que apresentavam a radícula e a plúmula visíveis e sem anormalidades; índice de velocidade de germinação [realizado conjuntamente com a germinação, considerando as contagens diárias de acordo com a metodologia recomendada por Maguire (1962)];

As variáveis respostas foram submetidas à análise de variância, conforme Ferreira (1996), sendo as médias apresentadas por meio de regressão polinomial.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Independentemente da realização da secagem, o peso da matéria seca das sementes (Figura 1) apresentou acumulação inicialmente lenta (93-107 DAT), sucedida por período de aceleração (114-128 DAT) com valores máximos no período de 121-128 DAT. As variações detectadas estão em consonância com o descrito por Carvalho & Nakagawa (2000), e com as observações realizadas por Bezerra et al. (1995b), Mattos et al. (1995) e Chaves (1996) em Coriandrum sativum, por Guimarães et al. (1998) em Zinia elegans, por Oliveira et al. (1999) em Capsicum annuum cv. All Big e por Nakagawa et al. (1999) em Lolium multiflorum.

 

 

As sementes que não foram submetidas à secagem (Figura 2) apresentaram germinação crescente entre 100-114 DAT, atingido o valor máximo aos 114 DAT, tendendo a decrescer em processo similar ao verificado por Mattos et al. (1995) em Coriandrum sativum. Este comportamento deve-se, provavelmente, à desuniformidade entre a maturação dos capítulos, conforme documentou Bezerra et al. (2002). Nas sementes secadas, a germinação aumentou a partir de 93 DAT e atingiu o máximo em 121 DAT, em comportamento similar ao verificado por Lago et al. (1994), em Sesamum indicum cv. IAC-Ouro e por Chaves (1996), em Coriandrum sativum. Em agrião-do-brejo (Eclipta alba), Verdelho & Assunção (1997) observaram que apenas a germinação não se constitui em indicador seguro para determinação da época ideal de colheita desta espécie, pois, o fato de se obter altos índices germinativos não implicou, necessariamente, em dizer que as sementes são vigorosas. Os valores máximos de germinação observados (Figura 2) foram superiores aos obtidos por Freitas et al. (2000) e por Bezerra et al. (2001) com a mesma espécie.

 

 

A velocidade de germinação das sementes sem secagem, expressa pelo índice de velocidade de germinação (Figura 3), exibiu um crescimento contínuo entre 93 e 114 DAT, quando atingiu o valor máximo, estabilizando-se próximo desse valor até 128 DAT. Este modelo de variação está de acordo com o observado por Verdelho & Assunção (1997), em Eclipta alba e difere dos obtidos por Mattos et al. (1995) em coentro, por Guimarães et al. (1998) em zínia e por Corvello et al. (1999) em cedro. Na Figura 3 verifica-se que o índice de velocidade de germinação nas sementes submetidas à secagem, mostrou uma tendência crescente ao longo das épocas de colheita, estabilizando-se em torno do valor máximo no intervalo compreendido entre 121 e 135 DAT. Portanto, o máximo vigor nas sementes, sem e com secagem, ocorreram nas épocas de colheita realizadas aos 114-128 e 121-135 DAT, respectivamente, sugerindo, assim, que o provável ponto de maturidade fisiológica encontra-se nesses intervalos, conforme preceituam Hartmann et al. (1997) e Carvalho & Nakagawa (2000).

 

 

Pode-se concluir, que as sementes atingiram a maturidade fisiológica por volta de 121-128 dias após o transplante e que a secagem não influenciou a qualidade fisiológica das sementes de macela.

 

LITERATURA CITADA

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Recebido para publicação em 06 de setembro de 2002 e aceito em 18 de junho de 2003