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Scientia Agricola - EFEITO DA COMPOSIÇÃO DO SUBSTRATO NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE LARANJEIRA `PERA'

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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol. 55 n. 1 Piracicaba Jan./Apr. 1998

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161998000100007 

EFEITO DA COMPOSIÇÃO DO SUBSTRATO NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE LARANJEIRA 'PERA'

 

F.A.A. MOURÃO FILHO1; C.T.S. DIAS2; A.A. SALIBE3
1Depto. de Horticultura-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
2Depto. de Matemática e Estatística-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
3Depto de Horticultura. FCA/UNESP, C.P. 27, CEP: 18600-970 - Botucatu, SP.

 

 

RESUMO: O efeito de cinco composições de substratos na produção de mudas de laranjeira  'Pêra' (Citrus sinensis, L. Osbeck) foi estudado sobre três porta-enxertos (limoeiro 'Cravo', Citrus limonia, L. Osbeck; tangerineira 'Cleópatra', Citrus reticulata, Blanco; e citrumeleiro 'Swingle', Citrus paradisi x Poncirus trifoliata). O experimento obedeceu ao delineamento estatístico de blocos aleatorizados em esquema fatorial 5 x 3 (substratos x porta-enxertos). As composições de misturas utilizadas como substrato e respectivas combinações volumétricas foram: 1) Terra (100%); 2) Terra (33%) + areia fina (33%) + esterco bovino curtido (33%); 3) Terra (33%) + vermiculita (33%) + esterco bovino curtido (33%); 4) Terra (33%) + raspas de madeira (33%) + esterco bovino curtido (33%); 5) Terra (25%) + raspas de madeira (25%) + areia fina (25%) + esterco bovino curtido (25%). A análise dos resultados revelou que plantas de limoeiro 'Cravo' e citrumeleiro 'Swingle' apresentaram maior desenvolvimento do que as de tangerineira 'Cleópatra'. A mistura de materiais com solo mostrou-se vantajosa e induziu à formação de plantas mais desenvolvidas do que aquelas em substrato constituído de terra exclusivamente. A composição do substrato influenciou diferentemente no desenvolvimento de cada porta-enxerto, mas de uma forma geral, composições contento 1/3 de volume de solo e 1/3 de volume de esterco bovino proporcionaram bons resultados para os três porta-enxertos estudados.
Descritores: Citrus sinensis, Citrus limonia, Citrus reticulata, Citrus paradisi, Poncirus trifoliata, propagação

 

EFFECT OF SUBSTRATE COMPOSITION ON THE DEVELOPMENT OF YOUNG 'PERA' SWEET ORANGE TREES

Abstract: To verify the effect of five substrate mixtures on the development of young sweet orange trees (Citrus sinensis cv. 'Pera'), this study used the rootstocks Ranpur lime (Citrus limonia L. Osbeck), Cleopatra mandarin (Citrus reticulata, Blanco), and Swingle citrumelo (Citrus paradisi x Poncirus trifoliata). The experimental design was in randomized blocks, 5 x 3 factorial (substrates x rootstocks). The different materials and their proportion studied were, respectively: 1) Soil (100%); 2) Soil (33%) + fine sand (33%) + manure (33%); 3) Soil (33%) + vermiculite (33%) + manure (33%); 4) Soil (33%) + wood chips (33%) + manure (33%); 5) Soil (25%) + wood chips (25%) + fine sand (25%) + manure (25%). Plants of Rangpur lime and Swingle citrumelo presented better growth rate as expresed in plant height and trunk diameter than those of Cleopatra mandarin on most substrates. 'Pêra' sweet orange budded on those rootstocks also presented better fresh weight when compared to Cleopatra mandarin. All substrate mixtures were better than the control (100%) in inducing plant development. Different substrate mixtures affected each rootstock differently, but in general, the compositions with 1/3 soil and 1/3 manure in volume were the best to produce young sweet orange trees in containers.
Key Words: Citrus sinensis, Citrus limonia, Citrus reticulata, Citrus paradisi, Poncirus trifoliata, propagation

 

 

INTRODUÇÃO

Embora a citricultura ocupe lugar de destaque na agroindústria paulista e possua tecnologia avançada nos diversos segmentos de produção, a forma de propagação das plantas cítricas pouco evoluiu nas últimas décadas. Atualmente, são produzidas no planalto paulista, em média, 8 a 10 milhões de mudas cítricas, crescendo em alguns anos até a 30 milhões de mudas. Embora os diversos setores da citricultura tenham atingido um alto nível de tecnologia, as formas de propagação dos citros e as práticas conduzidas em viveiros mudaram muito pouco nos últimos anos. Poucos viveiristas, entre os mais de mil profissionais dessa área, em São Paulo, procuram melhorar a técnica de produção de mudas, iniciando a produção em recipientes ou "containers".

O método tradicional de produção de mudas cítricas prevê a semeadura para a obtenção dos porta-enxertos e posterior transplante, após a seleção, para o solo do viveiro, onde posteriormente se realiza a enxertia. Esta técnica ainda é muito difundida devido ao fato de satisfazer plenamente aos viveiristas, proporcionando mudas de excelente qualidade. Entretanto, são necessários aproximadamente 24 meses para a obtenção de mudas por este método e há um custo elevado de arrancamento. Além disso, as mudas sofrem traumatismo no arrancamento e exigem cuidados continuados após o plantio no campo. Os tratos culturais pós-plantio são muito importantes, pois o sistema radicular é diminuído por ocasião do arrancamento ou arranquio (Gomes, 1989a).

A produção de mudas em recipientes apresenta uma série de vantagens sobre a técnica tradicional de produção de mudas em viveiros. Entre essas vantagens, citam-se: a) excelente controle de infecções por fungos e nematóides; b) possibilidade de acelerar o desenvolvimento das mudas através do uso de substratos especialmente preparados; c) bom controle das condições de nutrição; d) produção de mudas com sistema radicular bem desenvolvido, sem traumatismos e conseqüente facilidade no transplante; e) possibilidade de cultivo de até 10 vezes mais o número de plantas por área. Entre as principais desvantagens, citam-se: a) produção de mudas relativamente menores, requerendo-se maiores cuidados no primeiro ano após o plantio; b) necessidade de transplante para recipientes maiores, caso haja necessidade em se manter a planta no viveiro por mais tempo; c) necessidade de estruturas de proteção, em algumas áreas, para o controle de condições do ambiente (Fretz, 1972; Platt & Opitz, 1973; Bridges & Youtsey, 1977; Castle & Rouse, 1991).

O sistema de produção de mudas cítricas em recipientes foi desenvolvido primeiramente na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. A técnica ganhou muita importância devido à necessidade de se produzirem plantas sadias, uniformes, vigorosas e sem deficiências nutricionais para um programa de melhoramento de variedades e para a detecção segura de viroses. Diversos ensaios foram conduzidos naquela Universidade desde 1958, visando determinar-se o substrato mais adequado e econômico para a produção de mudas em recipientes (Nauer et al., 1968).

Diversos estudos realizados no hemisfério Norte evidenciam a clara vantagem da produção de mudas cítricas em recipientes. Entretanto, grande ênfase é destinada à pesquisa de diferentes combinações de substratos, que claramente influenciam no vigor, desenvolvimento e sanidade das mudas produzidas. Entre os diversos ingredientes utilizados é muito comum a recomendação de formação de misturas a partir de solo arenoso, esfagno canadense, areia grossa, raspas de madeira vermelha ou de Pinus. As proporções destes materiais podem ser alteradas, até certo limite. O aumento da quantidade de solo na mistura diminui o custo do substrato, mas aumenta o seu peso. A correta combinação de materiais deve garantir boas características físicas ao substrato, boa drenagem e retenção de água. O substrato deve ainda ser corrigido através da adição de macro e micronutrientes e as mudas devem receber soluções nutritivas a partir do trigésimo dia após o transplantio, visando a prevenção de deficiências nutricionais (Platt, 1977; Bridges & Youtsey, 1977; More, 1978; Ballester-Olmos & Pina, 1986).

Poucos trabalhos científicos descrevem a técnica de produção de mudas cítricas em recipientes, adaptada para as condições do Estado de São Paulo (Gomes, 1989a, 1989b; Mattos et al., 1988). Essas pesquisas sempre ressaltam a importância do desenvolvimento de combinações de substratos que atendam as exigências das mudas cítricas para o seu bom desenvolvimento e nutrição. Entre os diversos materiais e ingredientes pesquisados, misturas que contenham pelo menos 1/3 em volume de terra corrigida e adubada têm proporcionado adequado desenvolvimento às mudas de citros, muitas vezes superior a substratos compostos exclusivamente de terra corrigida e adubada. Materiais tais como areia grossa, bagaço de cana, torta de mamona, quando disponíveis, também são recomendados para a composição de misturas.

O volume de substrato também parece exercer influência no desenvolvimento final de mudas de citros em recipientes. Rezende et al. (1995) verificaram que plantas de limoeiro 'Cravo' obtidas por semeadura direta apresentaram maior desenvolvimento em altura e diâmetro do caule quando cultivadas em recipientes de maior volume (13,7 dm3) e doses de P2O5/m3 de substrato em torno de 5.120 g, para latossolo vermelho-escuro.

A produção de mudas em recipientes vem sendo utilizada com êxito em alguns países, como Austrália, Marrocos, Espanha e outros. No Brasil, ela é utilizada amplamente na produção de plantas ornamentais. Também nos Estados Unidos (Florida e California) tem-se observado um aumento na produção de mudas de citros em recipientes (Williamson & Castle, 1990). Pode-se por isso mesmo, antever que a técnica de produção de mudas de citros em recipientes deverá ganhar interesse entre os viveiristas paulistas. Como toda técnica recém desenvolvida, este novo método de propagação necessita de ampla experimentação, necessária para o seu aprimoramento.

O presente trabalho de pesquisa visou determinar o efeito de cinco diferentes composições de substratos no desenvolvimento das mudas de laranja 'Pêra' sobre três porta-enxertos, produzidas em recipientes.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho em pauta foi desenvolvido na área experimental do Departamento de Horticultura da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, SP.

A laranjeira 'Pêra' (Citrus sinensis, L. Osbeck) foi a variedade copa escolhida para avaliação no presente ensaio, por tratar-se da variedade de laranja doce mais importante para a citricultura paulista. Os porta-enxertos selecionados foram o limoeiro 'Cravo' (Citrus limonia, L. Osbeck), a tangerineira 'Cleópatra' (Citrus reticulata, Blanco), e o citrumeleiro 'Swingle' (Citrus paradisi x Poncirus trifoliata).

Cinco diferentes composições de mistura foram definidas para servirem de substrato para a formação das mudas. As combinações volumétricas selecionadas foram:

1) Terra (100%).

2) Terra (33%) + areia fina (33%) + esterco bovino curtido (33%).

3) Terra (33%) + vermiculita (33%) + esterco bovino curtido (33%).

4) Terra (33%) + raspa de madeira (33%) + esterco bovino curtido (33%).

5) Terra (25%) + raspa de madeira (25%) + areia fina (25%) + esterco bovino curtido (25%).

O delineamento estatístico adotado no experimento foi o de blocos aleatorizados, em esquema fatorial 5 x 3 (substratos x porta-enxertos), perfazendo 15 tratamentos em 4 blocos, 4 plantas por repetição e 3 repetições em cada bloco.

O solo utilizado como substrato no experimento foi coletado à profundidade de 0-35 cm. A análise química (TABELA 1) revelou que os diferentes nutrientes encontravam-se em níveis adequados, não necessitando, portanto de nenhum tipo de correção ou adubação. As diferentes composições foram esterilizadas com brometo de metila (100 cm3/m3 substrato). Após 48 horas de esterilização, procedeu-se o enchimento dos recipientes com as diferentes composições de substrato. O recipiente escolhido para a utilização no ensaio foi o saco de polietileno preto com as seguintes dimensões: 40 cm de altura x 15 cm de largura, com capacidade para aproximadamente 7,0 L de substrato.

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As sementes de limoeiro 'Cravo' foram coletadas a partir de frutos de uma mesma planta do Banco de Germoplasma de Citros do Centro de Citricultura "Sylvio Moreira", do IAC, em Cordeirópolis, SP. As sementes das variedades tangerineira 'Cleópatra' e citrumeleiro 'Swingle' foram retiradas de frutos colhidos de árvores do Banco de Germoplasma de variedades porta-enxerto de citros da Fazenda Experimental Lageado da UNESP, em Botucatu, SP. A semeadura foi realizada em canteiros de terra, em área experimental do Departamento de Horticultura da ESALQ.

As plântulas das três variedades porta-enxerto, após seleção, foram repicadas para os recipientes, 90 dias após a semeadura, quando o experimento foi então instalado no campo, obedecendo ao delineamento estatístico. Todos os tratos culturais necessários ao desenvolvimento dos porta-enxertos foram realizados, e incluem, capinas manuais (quando necessário), adubações mensais (100 ml/recipiente da solução de 60 g nitrocálcio/ 10 L água), e pulverizações com defensivos para o controle de pragas e doenças (quando necessário).

Os dados biométricos, coletados no decorrer do ensaio, foram: a) altura média dos porta-enxertos, 30 e 180 dias após a repicagem; b) diâmetro médio do caule dos porta-enxertos, a 15 cm de altura, 180 dias após a repicagem; c) massa verde da parte aérea decapitada dos cavalos, 30 dias após a enxertia; e) comprimento médio do enxerto, 120 dias após a enxertia; f) massa verde da parte aérea das mudas na fase final de formação das mesmas (120 dias após a enxertia); g) massa verde do sistema radicular das mudas na fase final de formação das mesmas (120 dias após a enxertia).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As TABELAS 2 a 8 resumem todos os dados biométricos coletados no ensaio. A análise da variância revelou que a interação, bem como os fatores substrato e porta-enxerto, foram estatisticamente significativos para todas as variáveis estudadas.

Os dados referentes à altura média dos porta-enxertos, 30 dias após a repicagem, (TABELA 2) mostram que o limoeiro 'Cravo' e o citrumeleiro 'Swingle' apresentaram maior desenvolvimento inicial que a tangerineira 'Cleópatra', em todos os substratos estudados. Esses dados concordam com os de Pompeu Jr. (1991), o qual também relata o vigor inferior deste porta-enxerto quando comparado aos demais. Mattos et al. (1988) também constataram que plantas de tangerineira 'Cleópatra' apresentaram desenvolvimento inferior às plantas de limoeiro 'Cravo' e laranjeira 'Caipira', quando cultivadas em diversas misturas de substratos.

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No referente ao efeito do substrato no desenvolvimento de cada porta-enxerto em particular, nota-se que, para o limoeiro 'Cravo', os substratos 1 e 5 induziram maior desenvolvimento das plantas, as quais não diferiram significativamente daquelas no substrato 4. Os substratos 2 e 3 induziram o menor desenvolvimento das plantas desse porta-enxerto sem diferirem daquelas no substrato 4. As plantas de tangerineira 'Cleópatra' apresentaram alturas semelhantes em todos os substratos testados, a exceção do substrato 1 (100% terra), o qual foi significativamente inferior aos demais. Plantas de citrumeleiro 'Swingle' também apresentaram alturas semelhantes na maioria dos substratos pesquisados, a exceção do substrato 2, o qual proporcionou desenvolvimento significativamente inferior às plantas desse porta-enxerto.

Seis meses após a repicagem, as plantas continuaram a mostrar desenvolvimento diferenciado, tanto em relação ao porta-enxerto como em relação à composição do substrato escolhido (TABELA 3). De um forma geral, plantas de limoeiro 'Cravo' apresentaram maior desenvolvimento em relação aos demais porta-enxertos nos substratos 1, 4 e 5, enquanto que plantas de citrumeleiro 'Swingle' e tangerineira 'Cleópatra' foram superiores às de limoeiro 'Cravo' no substrato 2. No referente ao efeito dos diferentes substratos no desenvolvimento de cada porta-enxerto em particular, nota-se que os substratos 4 e 5 propocionaram desenvolvimento significativamente superior às plantas de limoeiro 'Cravo'; o substrato 2 o pior, e os demais substratos (1 e 3), desenvolvimento intermediário a esse porta-enxerto. Plantas de tangerineira 'Cleópatra' apresentaram desenvolvimento significativamente inferior no substrato 1 (terra) quando comparado aos demais substratos, os quais não diferiram entre si, ao nível de 5 % de probabilidade. Plantas de citrumeleiro 'Swingle' também apresentaram desenvolvimento significativamente inferior em terra, assim como no substrato 4 (terra + raspas de madeira + esterco). Substrato 5 (terra + raspas de madeira + areira + esterco) proporcionaram maior desenvolvimento às plantas desse cavalo. Pesquisas realizadas por Platt (1977) e More (1978) também confirmam que misturas à base de raspas de madeira e areia conferiram bom desenvolvimento a mudas de citros.

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O diâmetro médio dos porta-enxertos é medida que pode, muitas vezes, ser muito importante para a formação de mudas de citros, pois indicam vigor adequado para a recepção do enxerto. O efeito dos diferentes substratos no desenvolvimento diferenciado dos três porta-enxertos estudados também pode ser constatado através das medições do diâmetro do caule das plantas, a 15 cm de altura, 180 dias após a repicagem (TABELA 4). Nota-se que, no geral, os porta-enxertos que mostraram maior desenvolvimento em altura (limoeiro 'Cravo' e citrumeleiro 'Swingle') foram os mesmos que indicaram maiores valores de diâmetro. Os dados de altura e diâmetro das plantas concordam com aqueles obtidos para a produção de massa verde pelos porta-enxertos, quando da decapitação da parte aérea dos mesmos, após a enxertia (TABELA 5). Para o limoeiro 'Cravo', da mesma forma como o constatado para altura das plantas, os substratos 1, 4 e 5 induziram a maiores valores de diâmetro, valores estes estatisticamente superiores aos constatados nos substratos 2 e 3 (TABELA 4). Plantas de citrumeleiro 'Swingle' apresentaram maior diâmetro nos substratos 2, 3, e 5, os quais foram estatisticamente superiores aos constatados nas plantas cultivadas nos substratos 1 e 4. Resultados semelhantes aos de citrumeleiro 'Swingle' também foram constatados para as plantas de tangerineira 'Cleópatra'.

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A TABELA 6 reúne os dados de comprimento médio dos enxertos realizados no ensaio, na fase de "muda pronta" (120 dias após a enxertia). A análise da variância revelou que não houve diferença significativa no comprimento médio dos enxertos entre os diferentes substratos estudados, dentro de cada porta-enxerto. Entretanto, plantas enxertadas em limoeiro 'Cravo' apresentaram os maiores valores de comprimento de enxerto quando comparadas com as plantas enxertadas nos demais porta-enxertos, para a maioria dos substratos (TABELA 6). Plantas sobre citrumeleiro 'Swingle' mostram valores de comprimento de enxerto significativamente inferiores, contrastando com os grandes valores de vigor (altura, diâmetro e massa verde do porta-enxerto). Apesar do citrumeleiro 'Swingle' ser porta-enxerto vigoroso, é também híbrido de Poncirus trifoliata, que apresenta dormência no inverno (Stathakopoulos & Erickson, 1966). É possível que os enxertos, já realizados no início do outono, não apresentaram desenvolvimento semelhante àqueles em limoeiro 'Cravo' e tangerineira 'Cleópatra' devido ao fato das plantas de citrumeleiro estarem em dormência.

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No referente à massa verde da parte aérea (TABELA 7), nota-se que não ocorreram diferenças significativas entre os porta-enxertos nos substratos 1 e 5. Entretanto, plantas sobre limoeiro 'Cravo' e citrumeleiro 'Swingle' produziram valores superiores de massa verde nos substratos 2 e 3, superiores aos daqueles sobre tangerineira 'Cleópatra', cultivadas nas mesmas misturas. Os substratos 2 e 3 apresentam esterco em sua composição. Mattos et al. (1988) também constataram efeito significativamente superior dos substratos a base de esterco de galinha no desenvolvimento de mudas de citros.

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No referente ao efeito dos cinco substratos no desenvolvimento de cada porta-enxerto em particular, nota-se que, para o limoeiro 'Cravo', as misturas 3, 4 e 5 produziram maior massa verde da laranjeira 'Pêra', enquanto que o substrato 1 (terra) foi observado o menor valor. Da mesma forma, o substrato 1 também se mostrou inferior para os demais porta-enxertos (TABELA 7).

Após análise dos dados referentes à massa verde do sistema radicular das mudas formadas, verifica-se que, para a maioria dos substratos estudados, plantas de citrumeleiro 'Swingle' produziram os maiores volumes de raízes (TABELA 8). Os dados aqui relatados discordam das pesquisas de Castle & Youtsey (1977), que demonstram o pouco vigor do sistema radicular desse porta-enxerto em relação aos demais. Em relação ao efeito do substrato na produção de massa radicular para cada cavalo, verifica-se que os substratos 2, 4 e 5 foram mais uma vez os melhores para limoeiro 'Cravo'. O substrato 3 (terra + areia + esterco) induziu ao maior volume de raízes (massa verde) em citrumeleiro 'Swingle', enquanto que o substrato 5 (terra + raspas de madeira + areia + esterco) proporcionou o melhor desenvolvimento de raízes de tangerineira 'Cleópatra' em relação aos demais substratos estudados (TABELA 8).

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CONCLUSÕES

- Plantas de limoeiro 'Cravo' e citrumeleiro 'Swingle' apresentaram maior desenvolvimento que aquelas de tangerineira 'Cleópatra' para a maioria dos substratos estudados.

- A mistura de materiais com terra constitui-se em substrato sempre superior àquele constituido exclusivamente de terra. Esse fato pôde ser constatado para todos os parâmetros estudados nos três porta-enxertos avaliados.

- A composição do substrato influenciou diferentemente o desenvolvimento de cada porta-enxerto estudado e nos parâmetros de desenvolvimento de mudas de laranjeira 'Pêra' sobre os mesmos cavalos. Entretanto, de uma maneira geral, misturas compostas de 1/3 de terra e 1/3 de esterco em volume proporcionaram resultados superiores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 25.04.97
Aceito para publicação em 19.09.97