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Scientia Agricola - Efeitos de filtros e alturas de enxertia no desenvolvimento e produção da mangueira, var. Tommy Atkins

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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol. 53 n. 1 Piracicaba Jan./Apr. 1996

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161996000100028 

EFEITOS DE FILTROS E ALTURAS DE ENXERTIA NO DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DA MANGUEIRA, VAR. TOMMY ATKINS

 

V. R. SAMPAIO1,2; S. SIMÃO1,2
1 Professor Aposentado do Depto. Horticultura-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
2 Bolsistas do CNPq.

 

 

RESUMO: Estudou-se o efeito da introdução de filtros, com duas dimensões (15 e 30cm), de três variedades de mangueiras (Coquinho, Carlota e Imperial) e duas alturas de enxertia (25 e 55cm), na var. Tommy-Atkins, enxertada na var. Espada. Os resultados mostraram que os tratamentos não afetaram o desenvolvimento vegetativo das mangueiras, avaliados após seis anos de implantação do experimento, através dos parâmetros: perímetro do porta-enxerto e filtro, altura e diâmetro da copa. As produções de frutos analisadas após quatro colheitas, embora acusassem certa variação entre os tratamentos, não foram estatisticamente significantes.
Descritores: mangueira, filtro, altura de enxertia

 

EFFECTS OF INTERSTOCKS AND GRAFTING HEIGHTS ON THE DEVELOPMENT AND PRODUCTION OF MANGO, VARIETY TOMMY ATKINS

ABSTRACT: A field study was carried out to determine the effects of two types of interstock incision (15 and 30cm lenght) using three Mango varieties (Coquinho, Carlota and Imperial). The effects were also determined using two grafting heights (25 and 55cm) with the var. Tommy Atkins grafted on var. Espada. The results indicated that the treatments did not show any impact on the vegetative growth, rootstock and interstock perimeters, height and diameter of the tree crown, measured six years after incision. The fruit production analised after four harvest seasons, showed certain variation among treatments; they were, however, not statistically significant.
Key Words: mango, interstock, grafting height

 

 

INTRODUÇÃO

A redução do porte das árvores frutíferas é objetivo buscado pela fruticultura moderna, notadamente naquelas espécies de alto porte, como seja o caso da mangueira. Segundo Hartmann & Kester (1983) existem razões para o emprego da dupla enxertia na propagação de plantas, sendo que uma delas é o de influir no seus desenvolvimentos. Segundo Bitters et al. (1981b), os filtros, tecidos intermediários entre os porta-enxertos e as copas, podem provocar pequenas alterações nas fisiologias das plantas, porém de acordo com os autores, os maiores efeitos são produzidos pelos porta-enxertos. Assim, conforme os autores acima citados, o emprego de filtros merece especial atenção nos casos de ocorrência de viroses e para contornar efeitos de incompatibilidade localizada.

Os filtros têm mostrado efeitos nos desenvolvimentos e produções de plantas como relatam os trabalhos de Roberts & Blaney (1967) com macieiras e Sampaio (1993) em citros. Também a altura da enxertia afeta o comportamento das plantas, conforme trabalhos realizados por Bitters et al. (1981a), Moreira et al. (1981) e Sampaio (1994) em citros.

Em mangueiras os estudos referentes a utilização de filtros são incipientes como é dado a verificar pela consulta à bibliografia existente. Talvez o primeiro trabalho publicado, segundo os próprios autores, seja de Srivastava et al. (1989). Foram ali estudados durante quatro anos (1980-84) o comportamento da variedade Dashehari sobre dois porta-enxertos, utilizando-se doze cultivares como filtros, experimento plantado em 1979. Verificaram alturas das plantas, circunferências dos troncos e diâmetros das copas e concluiram tão somente pela influência dos porta-enxertos, onde a variedade poliembriônica Chandrakaran gerou maior vigor em relação a monoembriônica ST-9. Trabalho semelhante foi relatado por Perez et al. (1988) em Porto Rico, onde os parâmetros medidos envolviam crescimento e produção de dois cultivares copa, sobre um porta-enxerto e seis variedades empregadas como filtros. O experimento com dez anos de observação foi analisado com dados obtidos no terceiro, sexto e nono anos, e embora fossem encontradas algumas diferenças entre os tratamentos, estas foram contraditórias não permitindo conclusões seguras.

O objetivo deste experimento foi o de verificar possíveis efeitos no crescimento e produções da mangueira var. Tommy Atkins, a principal manga brasileira, quando enxertada no cv. Espada e empregando-se como filtros as variedades Carlota, Imperial e Coquinho, plantas estas de meio-vigor. Fez-se também variações nas extensões dos filtros e para controlar possível influência das alturas de enxertia procedeu-se variação desse item nas enxertias simples.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, no Departamento de Horticultura. As plantas experimentais foram obtidas através do seguinte procedimento: semeação da var. Espada em dezembro de 1985, com posterior enxertia com as variedades Imperial, Carlota e Coquinho em novembro de 1986, objetivando a obtenção dos filtros e enxertia final com o cv. Tommy Atkins, utilizado como copa, em novembro de 1987. As enxertias iniciais para obtenção dos filtros foram realizadas a 25cm de altura e as demais variaram conforme os tratamentos.

As mudas produzidas foram implantadas no campo, em solo classificado como latossolo vermelho-escuro, a 23 de março de 1988, no espaçamento de 7 x 5,6m. Usou-se delineamento experimental em blocos ao acaso com oito tratamentos e três repetições, empregando-se duas plantas por parcela. Os tratamentos foram os seguintes:

1) Filtro de 15cm da var. Carlota
2) Filtro de 30cm da var. Carlota
3) Filtro de 15cm da var. Coquinho
4) Filtro de 30cm da var. Coquinho
5) Filtro de 15cm da var. Imperial
6) Filtro de 30cm da var. Imperial
7) Enxertia simples a 25cm de altura
8) Enxertia simples a 55cm de altura

As plantas experimentais receberam tratamento cultural adequado. Assim foram feitas adubações de cova e anuais conforme análises de solo. O controle do mato foi efetuado pela conjugação do emprego de herbicidas na projeção das copas e uso de roçadeiras no restante da área. Pulverizações mantiveram a sanidade das plantas e frutos. Fez-se avaliação dos tratamentos através de medições dos desenvolvimentos das plantas e das produções de frutos. Foram medidos os perímetros dos porta-enxertos e dos filtros nas regiões medianas dos mesmos. Anotou-se também as alturas e diâmetros das copas. O parâmetro diâmetro avaliado foi o resultado da semi-soma de duas medições, uma no sentido das linhas e outra no das entre-linhas. Foram realizadas quatro colheitas nos anos de 90-91, 91-92, 92-93 e 93-94. Para a primeira colheita, adotou-se o critério de se fazer desbaste de frutos (27/11/90), deixando-se no máximo doze frutos por planta.

Os resultados obtidos receberam análise estatística comparando-se as médias pelo Teste de Tukey.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1 - Desenvolvimento das plantas: A TABELA 1, resume os resultados das medições efetuadas, com informações relativas às análises estatísticas realizadas. As aferições foram feitas na data de 04/04/1994, ocasião essa onde as plantas estavam com seis anos de implantação no pomar. Os dados experimentais para perímetros dos porta-enxertos, alturas das plantas e diâmetros das copas não mostraram quaisquer efeitos dos tratamentos. As plantas, vigorosas, tiveram desenvolvimento uniforme, apresentando médias de 60.5cm, 4.34m e 4.62m para os parâmetros perímetro, altura e diâmetro das copas das mangueiras. Estes resultados estão conforme aqueles obtidos por Srivastava et al. (1989) e Perez et al. (1988).

 

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Observou-se efeito significativo para os tratamentos em relação ao parâmetro perímetro dos filtros. Neste particular, o filtro do cv. Coquinho, mostrou menor desenvolvimento, sendo este efeito mais acentuado quando se utilizou a maior extensão. Este tratamento diferiu dos demais onde foram utilizadas os cultivares Imperial e Carlota.

2 - Produção de frutos: As produções para as várias colheitas estão na TABELA 2. Os números correspondem às produções médias por planta para os vários tratamentos. Houve variações muito grandes, porém as análises estatísticas não encontraram diferenças significantes até o nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. As médias gerais obtidas foram de 7.1, 58.1, 82.6 e 58.0 frutos para as quatro colheitas realizadas. A somatória média das colheitas foi de 205.8 frutos/planta. Embora não tenha sido constatada nenhuma diferença através das análises empregadas, é dado a observar que os tratamentos que empregaram os filtros da var. Coquinho, assim como aquele da var. Imperial com extensão de 30cm e a enxertia simples a maior altura, apresentaram produções abaixo da média em todas as colheitas. Em contraposição os tratamentos 2, 5 e 7 destacaram-se com produções sempre superiores às médias. Destes, o tratamento 7, enxertia simples a 25cm, foi considerado o tratamento controle, por ser a técnica usualmente utilizada.

 

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CONCLUSÕES

1) Os filtros empregados, independentemente de suas variações em extensão, assim como as diferentes alturas de enxertia, não afetaram o desenvolvimento vegetativo da mangueira Tommy-Atkins, quando enxertada no cultivar Espada.

2) Os tratamentos de emprego de filtros e de alturas de enxertia provocaram certa variação nas produções de frutos de mangueira Tommy-Atkins enxertada na var. Espada. As variações observadas não foram estatisticamente significativas conforme o esquema de análise utilizado.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para a publicação em 26.09.95
Aceito para publicação em 20.02.96