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Scientia Agricola - ESTUDO DO PRIMEIRO CICLO PRODUTIVO DA BANANEIRA `NANICÃO' (Musa sp.) DESENVOLVIDA A PARTIR DE DIFERENTES TIPOS DE MUDA

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vol.55 issue1EFEITOS DA SATURAÇÃO POR BASES, RELAÇÕES Ca:Mg NO SOLO E NÍVEIS DE FÓSFORO SOBRE A PRODUÇÃO DE MATERIAL SECO E NUTRIÇÃO MINERAL DO MILHO (Zea mays L.)Temperature effect on CARBON biomass in soils FROM TROPICAL AND TEMPERATE REGIONS author indexsubject indexarticles search
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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol. 55 n. 1 Piracicaba Jan./Apr. 1998

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161998000100015 

ESTUDO DO PRIMEIRO CICLO PRODUTIVO DA BANANEIRA 'NANICÃO' (Musa sp.) DESENVOLVIDA A PARTIR DE DIFERENTES TIPOS DE MUDA

 

J.A. SCARPARE FILHO; K. MINAMI; R.A. KLUGE;
J. TESSARIOLI NETO
Depto. de Horticultura-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.

 

 

RESUMO: Para avaliar o primeiro ciclo produtivo de bananeira 'Nanicão' foram utilizados 5 tipos de muda: "chifrinho" e "chifrão" (brotações laterais com folhas lanceoladas), "guarda-chuva" (brotações separadas da planta mãe, com folhas normais), pedaços de rizoma e mudas micropropagadas. Foram avaliados o peso dos cachos, o número de pencas, o número de frutos por cacho e número de dias decorridos do plantio até a colheita. Os melhores desempenhos foram obtidos com as mudas "chifrinho" e "chifrão", que apresentaram maior equilíbrio das variáveis estudadas. As mudas constituidas de pedaços de rizoma, embora com uma produção alta, mostraram-se tardias no primeiro ciclo. O pior desempenho foi verificado nas mudas micropropagadas, com produções inferiores aos demais tratamentos, apresentando primeiro ciclo tardio e alta taxa de variação somaclonal.
Descritores: propagação, cultura de tecido, variação somaclonal, banana

 

STUDY OF THE FIRST PRODUCTION CICLE OF BANANA 'NANICÃO' (Musa sp.) DEVELOPED FROM DIFFERENT TYPES OF PROPAGATION MATERIALS

ABSTRACT: To study the performance of different types of propagation materials of banana 'Nanicão' (Musa sp. ) on the productivity of the first year, five propagation materials were used: small sword suckers, big sword suckers, water suckers, rhizome sections and meristem derived material (tissue culture). The parameters studied were weight of bunch, number of hands per bunch, number of fruits per bunch and number of days from planting to harvest (first cicle). Both sizes of sword suckers gave the best average performance (shortest length of the first vegetative cycle, good average weight of bunch, good number of hands and number of fruits per bunch). Rhizome sections showed similar results but took a longer time to produce the first harvest. Meristem derived material showed the worst performance with lowest average weight of bunch, longest lenght of the first vegetative cycle and high somaclonal variation rate.
Key Words: propagation, tissue culture, somaclonal variation, banana

 

 

INTRODUÇÃO

A baixa taxa de multiplicação das bananeiras tem proporcionado um grande interesse para o desenvolvimento de pesquisas objetivando a obtenção de métodos de propagação mais rápidos. O avanço da bananicultura no Brasil tem requerido, para os novos plantios, mudas isentas de pragas e doenças e a produção de mudas através da micropropagação, que é, atualmente, a opção mais confiável para obtenção de mudas sadias e de maneira rápida.

Vários autores (Murashige, 1974; Cronauer & Krikorian, 1984; Krikorian & Cronauer, 1984; Lameira, 1987; Laxmikanth & Natajara, 1989) têm descrito o método padrão para a micropropagação, utilizando a cultura de gemas. O método consiste na utilização de gema apical ou axilar previamente esterelizada nas superfícies e sua colocação num meio de cultura, que promoverá a formação de rebentos adicionais. Consequentemente, diversos rebentos são separados e colocados em outro meio de cultura para enraizarem. As plantas são então transplantadas em embalagens com substratos apropriados e transferidas para casa de vegetação (Evans et al., 1984).

A propagação in vitro é considerada essencial para o cultivo de clones livres de agentes infecciosos, e isto certamente tem sido útil, apesar da técnica também eliminar raças fracas de vírus não patogênicos, capazes de conferir proteção às plantas no campo (Semal, 1986).

Vuylsteke et al. (1988) ressalvam que, embora a técnica de micropropagação in vitro para espécies de banana cultivada esteja bem estabelecida, sua utilização comercial pode ser limitada pelo risco de ocorrência de variação somaclonal. Esta preocupação tem fundamento, pois Robinson & Nel (1985), Kovadio & Phan (1987) e Israeli et al. (1991) relataram variações somaclonais nas progênies obtidas através de micropropagação. A heterogeneidade das progênies pode ocorrer em sua morfologia, fenologia e potencial de produção.

Em um estudo comparativo entre mudas de bananeira obtidas por cultura de meristemas com as mudas tradicionais, Hwang et al. (1984) verificaram que as bananeiras provenientes de mudas de cultura de tecidos foram tão produtivas quanto as tradicionais. Além disso, o período de colheita foi encurtado em até 3 meses, devido ao desenvolvimento mais uniforme das mudas micropropagadas.

Segundo Champion (1969), o conhecimento da influência do material de plantio utilizado sobre a produção e duração do primeiro ciclo do bananal é de fundamental importância para, eventualmente, resolver problemas de condução da cultura.

A performance do material tradicionalmente utilizado para a formação do bananal foi estudada por vários autores. Souza & Ferraz (1974) compararam mudas de bananeiras tipo pedaços de rizoma com "chifrinho" e "chifrão" e, após três colheitas, não constataram diferenças significativas no peso do cacho. Resultados semelhantes foram obtidos por Rodrigues & Manica (1972) e Marciani-Bendezú (1989) que, trabalhando com bananeira 'Prata', não observaram diferenças significativas com relação ao peso do cacho, quando da utilização de diversos tipos de mudas.

Porém, outros autores como Hecheverry-Lopes & Garcia-Reyes (1977) demonstraram que a produção do primeiro ciclo variou de acordo com o tipo de material de plantio.

O objetivo do trabalho foi estudar o primeiro ciclo produtivo da bananeira 'Nanicão', analisando a performance de mudas micropropagadas, disponíveis comercialmente no Estado de São Paulo, e mudas tradicionais, com relação ao peso do cacho, número de pencas, número de frutos e dias decorridos entre o plantio e a colheita.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Horticultura da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, localizada no município de Piracicaba, SP. O clima de Piracicaba, conforme a classificação de Köppen, é do tipo Cwa: tropical úmido, com três meses mais secos (junho/julho/agosto), chuvas de verão e seca no inverno. A temperatura média do mês mais quente é maior do que 22oC e do mês mais frio não é inferior à 16oC, com média de 21,1oC; precipitação média de 1253mm.ano-1; ventos predominantes 1a este e 2a sudoeste, com velocidade média de 2,2m.s-1; umidade relativa do ar de 74% e insolação média de 201,5h.

O solo da área experimental é classificado como Terra Roxa Estruturada Eutrófica A moderado textura argilosa sobre muita argilosa, correspondendo ao Kandudalfic Eutrudox (Vidal-Torrado & Sparovek, s.d.).

O cultivar utilizado foi o Nanicão, triplóide de Musa acuminata (AAA) do sub-grupo Cavendish.

Foram utilizados cinco tipos de mudas:

- Pedaços de rizoma - obtidos arrancando-se os rizomas de bananeiras adultas, que já tinham produzido cachos. Estes rizomas foram retalhados radialmente, obtendo-se pedaços em forma de cunha, com peso médio de 3,8kg;

- "Chifrinho" - foram selecionadas brotações laterais, ainda ligadas à planta original, com folhas lanceoladas. Estas mudas foram padronizadas com peso médio de 1,0kg cada;

- "Chifrão" - foram obtidas de brotações laterais com folhas lanceoladas, porém em estádio de desenvolvimento mais adiantado, apresentando já o lançamento da folha F10 (Lassoudiere, 1979) e folha normal. Após a limpeza destas mudas, seu peso em média, foi de 3,5kg;

- "Guarda-chuva" - foram utilizadas as brotações que não estavam unidas à planta-mãe, e que apresentavam as folhas adultas. O peso destas mudas foi em média de 1,2kg;

- Mudas micropropagadas - foram produzidas in vitro, por firma particular, através de cultura de tecidos, e estavam disponíveis comercialmente no Estado de São Paulo, e outras regiões do Brasil.

O bananal foi conduzido no sistema de famí-lia, deixando-se a planta mãe e uma brotação lateral.

Cada parcela constituiu-se de seis plantas úteis, distribuídas em fileiras, num espaço de 6,0 m2 por planta. A área útil de cada parcela foi de 36,0m2 e a área total do experimento de 720,0m2.

As seguintes variáveis foram analisadas: a) peso do cacho: através de pesagem, expressando os resultados em gramas; b) número de pencas em cada cacho; c) número de frutos por cacho; d) dias até a colheita: período compreendido entre o plantio e a colheita dos cachos.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com 5 tratamentos e 4 blocos, com mais de uma repetição dentro de cada bloco. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para uma melhor comparação dos tratamentos com relação ao desempenho nessas variáveis obteve-se a distribuição das variáveis no ponto máximo obtido no ensaio, através da figura Raios de Sol ("Sun ray Plot") efetuada no STATGRAPHICS.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na TABELA 1 estão contidos os resultados obtidos para as variáveis peso do cacho, número de pencas, número de frutos e dias para a colheita, dos diferentes tipos de mudas avaliados.

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A melhor média de peso de cacho foi obtida pelas mudas pedaços de rizoma com 32,11kg, o que representa uma produção de 53,49 toneladas/ha, considerando a densidade de plantio de 1.666 plantas/ha. Por se tratar de primeira produção, pode-se considerar como ótimo desempenho, uma vez que a produtividade média nacional tem sido inferior a 16 toneladas/ha/ciclo.

As mudas "chifrinho" não diferiram estatisticamente das mudas pedaços de rizoma, com relação ao peso do cacho. As mudas "chifrão", embora não tenham apresentado diferenças estatísticas em relação ao "chifrinho", foram inferiores ao tipo pedaços de rizoma, na variável peso dos cachos. Porém, as mudas" chifrinho" e "chifrão" apresentaram a vantagem de ter brotação mais rápida e ausência de falhas após o plantio. Este comportamento é importante, pois evita o replantio, uma prática bastante onerosa. Estes resultados ressaltam estes tipos de mudas como das mais preferidas para o plantio, concordando com Simão (1971) e Sosa & Nava (1984).

As mudas "guarda-chuva" não apresentaram diferenças significativas quanto ao peso do cacho em relação as mudas "chifrinho" e "chifrão".

A pior média, com relação ao peso dos cachos, verificou-se nas mudas micropropagadas. Estas mudas, produzidas in vitro através de cultura de meristemas, apresentaram alta porcentagem de variação somaclonal. As plantas que apresentam este fenômeno têm recebido diferentes denominações como "off type" ("fora de tipo"), atípicas, subclones e outros (Hartmann et al., 1990). Esta foi a causa principal deste tratamento apresentar média dos pesos de cachos baixa (14,53kg).

A constatação de que a micropropagação não estabiliza o fenótipo em todos os casos, ao nível da planta mãe, foi detectada em diversos trabalhos (Krikorian et al., 1993; Israeli et al., 1991, Kovadio & Phan, 1987). Muitas plantas regeneradas são, de fato, aparentemente cópias exatas da planta mãe. Entretanto, alguns sistemas de cultivo podem regenerar plantas com consideráveis variabilidades fenotípicas (Sinden & Shepard, 1983). Embora tenham sido realizados estudos com o propósito de se conhecer melhor o fenômeno da variação in vitro, existem controvérsias entre os diversos autores, devido possivelmente ao fato de suas causas não estarem ainda bem estabelecidas. Evans & Bravo (1986) consideraram que a ocorrência da variação somaclonal é devido a desequilíbrios genéticos provocados por divisões celulares muito rápidas causadas por altas doses de citocinina (BAP) no meio de cultivo in vitro. Reuvini et al. (1993) consideraram o explante inicial como o principal fator que determina a ocorrência da variação somaclonal. Outros estudos apontam que a instabilidade mitótica durante a propagação in vitro é causada principalmente pelo efeito dos subcultivos sucessivos (Enríquez et al., 1987). Rodrigues (1996) verificou que, na produção de bananeiras micropropagadas, a utilização de apenas seis subcultivos resulta em baixa frequência da variação somaclonal.

Os tipos de variantes encontrados neste trabalho foram: filotaxia anormal, persistência das flores, lâmina foliar anormal, rácimo anormal e mosaico nas folhas.

Não houve diferenças estatísticas quanto ao número de pencas por cacho para os diferentes tipos de mudas, as quais produziram entre 8 e 9 pencas/cacho. Exceção ocorreu para as mudas micropropaga-das que apresentaram significativamente menor número de pencas do que as mudas "chifrinho" e pedaços de rizoma, tendo produzido menos do que 8 pencas/cacho, em média (TABELA 1).

Para o número de frutos por penca, a maior média foi obtida nas mudas pedaços de rizoma, embora não tenha diferido estatisticamente dos tratamentos muda micropropagada," chifrinho" e "chifrão". As mudas "guarda-chuva" apresentaram menor média (131,40 frutos/cacho), porém estão dentro da média dos dados apresentados por Jaramillo (1982), que estudando a cultivar Cavendish Gigante constatou a média 128,66 frutos/cacho com 8 pencas até 150,09 frutos/cacho, com 9 pencas.

Os frutos produzidos através de mudas micropropagadas foram pequenos e de baixa qualidade, considerando o valor comercial do produto "in natura". Isto explica o motivo de apesar de ter uma baixa média no peso dos cachos, obteve-se uma média boa no número de frutos por cacho neste tratamento.

Quanto ao intervalo entre o plantio e a colheita pôde-se observar que com as mudas" chifrão" obteve-se, em média, a produção mais precoce. As mudas do tipo" chifrinho" e "guarda-chuva" obtiveram médias superiores, embora não tenham sido estatisticamente diferentes das mudas tipo "chifrão". Os pedaços de rizoma, com média de 483,73 dias, e as micropropagadas, com média de 511,92 dias, foram as mudas que apresentaram as colheitas mais tardias.

Para uma melhor comparação da performance dos tratamentos utilizou-se a figura Raios de Sol ("Sun ray Plot"). A Figura 1 representa a distribuição das variáveis estudadas no ponto máximo obtido no experimento.

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Figura 1 - Raios de Sol representando os pontos máximos observados para as  variáveis estudadas no experimento.

 

As Figuras 2 e 3 mostram, na coluna da esquerda, a distribuição das variáveis obtidas nos respectivos tratamentos. Na coluna da direita está representado a sobreposição das variáveis no ponto máximo do experimento com as variáveis obtidas nos tratamentos correspondentes.

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Figura 2 - Coluna da esquerda: Raios de Sol das veriáveis (NP = número de pencas; NF = número de frutos; DC = dias para a colheita; PC = peso do cacho) obtidos nos tratamentos muda micropropagada, "guarda-chuva" e" chifrinho". Coluna da direita: figuras Raios de Sol obtidas nos pontos máximos sobrepostas às figuras de Raios de Sol dos respectivos tratamentos.

 

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Figura 3 - Coluna da esquerda: Raios de Sol das veriáveis (NP = número de pencas; NF = número de frutos; DC = dias para a colheita; PC = peso do cacho) obtidos nos tratamentos pedaços de rizoma e "chifrão". Coluna da direita: figuras Raios de Sol obtidas nos pontos máximos sobrepostas às figuras de Raios de Sol dos respectivos tratamentos.

 

Consideramos como melhor performance os tratamentos que se aproximaram dos valores máximos obtidos para as variáveis peso do cacho, número de frutos e número de pencas, e os tratamen-tos que se distanciaram dos valores máximos obtidos para a variável" dias para a colheita", o que represen-ta um ciclo mais curto para a primeira produção.

Através destas figuras verifica-se que as mudas "guarda-chuva" obtiveram um desempenho intermediário para a variável peso dos cachos, boa precocidade (não diferiu estatisticamente do tratamento com mudas tipo "chifrinho") e apresentou bom equilíbrio entre números de pencas e número de frutos. Estes resultados são discordantes de diversos autores (Silva & Rocha, 1985; Medina, 1985; Moreira, 1987 e Calvazara, 1989) que consideram este tipo de muda como impróprias para o plantio.

Quanto as mudas "chifrinho" verificou-se um ótimo desempenho para as quatro variáveis estudadas. Neste tratamento foi obtida uma média de peso de cacho superior aos tratamentos "chifrão", "guarda-chuva" e mudas micropropagadas, semelhante ao tratamento pedaços de rizoma, cujas mudas obtiveram a média mais alta para esta variável. Além disso, as mudas "chifrinho" alcançaram um bom equilíbrio entre número de pencas e número de frutos, e tiveram um período relativamente precoce do plantio à colheita.

Embora as mudas pedaços de rizoma tenham apresentado as maiores médias para peso dos cachos, número de pencas e números de frutos, não houve um bom desempenho na variável dias para a colheita, sendo igual estatisticamente às mudas micropropagadas. Isso, aliado às falhas das brotações no campo, prejudicou uma melhor performance deste tratamento.

Para as mudas "chifrão" observou-se um bom equilíbrio na disposição nos raios de sol das variáveis estudadas, com destaque para o raio dias até a colheita, que apresentou um menor período em relação aos demais tratamentos.

As mudas micropropagadas apresentaram o pior desempenho, principalmente para as variáveis peso dos cachos e dias para a colheita.

É interessante ressaltar que a propagação de bananas através da cultura de tecidos teve, inicialmente, graves problemas não só devido à variação somaclonal, como também pela escolha de plantas matrizes (Hartmann et al., 1990, Vuylsteke et al., 1988; Kovadio & Phan, 1987). Isso não impediu a propagação em escala comercial no Brasil, sem nenhum controle de qualidade, e nenhuma garantia com relação à porcentagem de variação somaclonal. Até o momento não há registros de portarias que legalizem e estabeleçam padrões desejáveis para a produção e comercialização de mudas de bananeira produzidas in vitro. A produção e comercialização destas mudas se baseiam na lei 1507, de 1977, do Ministério da Agricultura, que estabelece os padrões mínimos para a produção e comercialização das mudas produzidas nos sistemas tradicionais (in vivo). Este fato causou sérios prejuízos aos produtores de bananas que utilizaram mudas micropropagadas e não tiveram amparo legal para serem ressarcidos dos prejuízos.

Atualmente tem sido recomendado aos produtores de mudas de bananeira micropropagadas a utilização de apenas seis subcultivos, para que a frequência da variação somaclonal seja reduzida, concordando com Rodrigues (1996).

 

CONCLUSÕES

- O material de propagação utilizado no plantio de bananeiras influenciou o primeiro ciclo de produção;

As mudas micropropagadas mostraram alta taxa de variação somaclonal e os piores desempenhos com relação ao intervalo entre o plantio e a colheita e produção;

- As mudas "chifrinho" e "chifrão" apresentaram o melhor equilíbrio na distribuição das variáveis estudadas: peso dos cachos, número de pencas, número de frutos e dias para a colheita;

- As maiores produções no primeiro ciclo foram obti-das com mudas tipo "pedaços de rizoma" e "chifrinho";

- As mudas tipo "pedaços de rizoma" e micropropagadas apresentaram os maiores intervalos entre o plantio e a colheita.

 

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Recebido para publicação em 25.04.97
Aceito para publicação em 13.08.97