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Cadernos de Saúde Pública - The impact of women's groups on gender vulnerability

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vol.19 issue4Conceptual approaches and methodological proposals for the study of interactions between environment and health: application to a research program on American trypanosomiasisChagas Disease Control Program in the State of São Paulo: persistence of high triatomine infestation rates in some localities during the 1990s author indexsubject indexarticles search
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Cadernos de Saúde Pública

Print version ISSN 0102-311X

Cad. Saúde Pública vol.19 n.4 Rio de Janeiro Jul./Aug. 2003

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2003000400018 

ARTIGO ARTICLE

 

Impacto de grupos de mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero

 

The impact of women's groups on gender vulnerability

 

 

Stela Nazareth MeneghelI; Rosangela BarbianiII; Helenita SteffenI; Ana Paula WunderI; Marisa Dalla RozaI; Juliana RotermundI; Sarita BritoI; Carla KorndorferI

ICentro de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos 950, São Leopoldo, RS 93022-000, Brasil. E-mail: meneghel@cirrus.unisinos.br
IICentro de Ciências Humanas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos 950, São Leopoldo, RS 93022-00, Brasil

 

 


RESUMO

Neste trabalho, avaliaram-se oficinas de promoção à saúde e gênero, desenvolvidas em programas de extensão da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) na cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. O método baseia-se na pesquisa participante e na pesquisa ação. Foram nucleados grupos de mulheres em dois locais da cidade. O primeiro grupo foi freqüentado por 14 mulheres, com um total de seis encontros. O segundo recebeu 18 mulheres e realizou um total de 11 encontros. Os temas discutidos e vivenciados foram: relação pais e filhos, estereótipos e papéis de gênero, conjugalidade, limites a comportamentos abusivos, corpo e sexualidade e estratégias de enfrentamento à violência. Treze mulheres que freqüentaram o segundo grupo mudaram padrões de comportamento, buscando emprego, retornando à escola, melhorando a imagem corporal e reavaliando situações de violência. O grupo de pesquisadores aproximou-se do Fórum de Mulheres de São Leopoldo, fomentando o fortalecimento da rede de apoio/atendimento, bem como a visibilidade das políticas setoriais e de suas instâncias no planejamento e na execução de políticas públicas para a mulher.

Palavras-chave: Violência; Gênero; Promoção da Saúde; Mulheres


ABSTRACT

This study evaluated the impact of workshops on health and gender conducted through extension programs under Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) in the city of São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brazil. The method was based on participatory research and action-based research. Women's groups were organized in two locations in the city. The first group was attended by 14 women, with a total of 6 meetings. The second received 18 women and held a total of 11 meetings. The themes discussed and experienced were: relations between parents and children, gender stereotypes and roles, conjugality, limits to abusive behaviors, body and sexuality, and empowerment to deal with violence. Thirteen women who attended the second group changed their behavior patterns, looking for jobs, going back to school, improving their body image, and reassessing situations involving violence. The group of researchers approached the São Leopoldo Women's Forum and helped strengthen a support network, as well as increasing the visibility of specific policies and the planning and implementation of public policies for women.

Key words: Violence; Gender; Health Promotion; Women


 

 

"Ela não sabia que era impossível, então foi lá e fez" (anônimo).

 

Introdução: algumas palavras sobre violência de gênero

A violência, em suas diversas modulações, é uma herança comum a todo e qualquer conjunto situacional. Estrutura constante do fenômeno humano, está presente em praticamente todas as classes sociais, culturas e sociedades. Ao invés de condená-la ou negar sua existência, é mais adequado procurar enfrentá-la, ou buscar artifícios para modulá-la, usando recursos como a diplomacia ou a negociação. Mafessoli (1987), ao discorrer sobre a gênese da violência, pontua a existência de uma conexão estreita entre a agressão e as relações sociais, uma tese que fala de uma violência fundante e demonstra que uma sociedade torna-se mais equilibrada quando assume e controla sua própria violência.

Na busca do entendimento sobre a violência de gênero, é fundamental compreender que a sua gênese e a sua manutenção na sociedade estão relacionadas com o conceito de patriarcado. As feministas, desde seus primeiros estudos sobre a mulher nos anos 70, introduziram o conceito de patriarcado como um dos seus conceitos chave, entendido como: "um conjunto de relações sociais que têm uma base material e no qual há relações hierárquicas entre homens e solidariedade entre eles, que os habilitam a controlar as mulheres. Patriarcado, é pois, o sistema masculino de opressão às mulheres" (Hartman, 1979, apud Saffioti, 1999:16).

Neste tipo de regime, as mulheres são socializadas para dar sustentação ao modelo, através da educação diferenciada de gênero. Saffioti (1999) elabora uma metáfora acerca do triplo sistema de exploração/dominação em nossa sociedade, apresentando-o como o nó górdio formado por três subestruturas: gênero, etnia e classe. A violência constitui um componente fundamental do adestramento das mulheres para viverem em uma sociedade patriarcal. Esta compreensão articula a violência de gênero às demais opressões e torna visível a transversalidade do conceito frente às categorias de raça/etnia e classe social (Camargo, 1998).

Uma das contribuições mais importantes para a sociologia dos anos oitenta foi a identificação da exploração do trabalho e identidade femininas no espaço da produção capitalista e no espaço doméstico. O espaço doméstico constitui um locus de poder dentro da sociedade cuja unidade de prática social são os sexos, a forma institucional é o casamento e o mecanismo de poder, o patriarcado (Santos, 1996).

Publicaram-se muitos trabalhos em que se examinava a relação entre a naturalização das mulheres, enfatizada pela atribuição dos papéis e estereótipos sexuais, e seu baixo prestígio social. Dentro dos papéis atribuídos às mulheres foi-lhes delegado um maior envolvimento com o corpo e com as funções reprodutivas. Assim, elas têm sido percebidas socialmente como sujeitos "naturais", em oposição aos homens, que seriam mais "culturais". A categoria gênero teve como um dos seus objetivos buscar a desconstrução deste determinismo natural, instaurando, assim, uma suposta eqüidade entre homens e mulheres. Após a etapa de denúncia, várias escritoras feministas voltaram a trabalhar a questão do corpo, explorando alternativas às abordagens tradicionais. Elas fizeram emergir não apenas um corpo, mas vários, um corpo como lugar da práxis social, "como tabuinha na qual se inscrevem novas visões de uma écriture feminine, como sinal de união em vez de disjunção entre o mundo humano e o mundo natural" (Jaggar & Bordo, 1997: 11), Greenaway, no filme The Pillow Book, de 1996, explora o corpo feminino e suas imagens.

Um dos conceitos clássicos de gênero considera-o "um sistema de sexo/gênero é um conjunto de arranjos pelos quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produtos da atividade humana, e no qual estas necessidades sexuais são satisfeitas" (Rubin, 1975, apud Saffioti, 1999:19).

Este conceito pressupõe uma via de mão ­ na qual os envolvidos são na realidade partícipes, não existindo mais a passividade absoluta ­ e implicou o abandono da postura de vitimização presente nos primeiros estudos sobre violência conjugal. Estas concepções foram revisadas e evoluíram para um entendimento relacional da violência de gênero (Camargo, 1998; Gregori, 1992).

Falar de violência de gênero implica o entendimento de que homens e mulheres têm uma participação não igualitária em função de sua condição sexual e fazem parte de um universo que legitima esta desigualdade, acarretando um padrão de relações sexuais hierárquico, também denominado de relações sexuais de gênero (Azevedo, 1985).

Pode-se definir violência de gênero como qualquer ato de violência que resulta ou pode resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade em público ou na vida privada (Araújo, 1996).

O impacto da violência doméstica como agravo à saúde pública só foi reconhecido recentemente por organizações internacionais como a OMS (Gómez, 1993). Em inúmeros estudos, verifica-se o risco de depressão, toxicomania, atos de autodestruição, tentativas de suicídio e suicídio entre mulheres abusadas física e sexualmente. Estima-se que 19% dos anos perdidos por morte ou incapacitação física em mulheres em idade produtiva devam-se à violência de gênero (Heise, 1994).

"Assim, contextualizamos o impacto da violência doméstica para além das estatísticas de sua incidência, no sentido de inscrevê-la na interpretação das causas do adoecimento, empobrecimento, desamparo à infância e evasão escolar, enfim, como obstáculos ao desenvolvimento pessoal e social para milhares de mulheres" (Camargo, 1998:4).

O momento da denúncia já aconteceu, afirmam algumas pesquisadoras, agora urge encaminhar e realizar ações de intervenção. Instigadas pela premência e pela necessidade de construir propostas de intervenção, elaborou-se este projeto de pesquisa que constitui um estudo exploratório sobre a violência em grupos de mulheres do Município de São Leopoldo (Rio Grande do Sul), onde as cifras de violência são consideradas entre as mais elevadas do país (Soethe et al., 2001). O movimento de mulheres no Município de São Leopoldo articulou-se há aproximadamente uma década. Na sua caminhada, as mulheres reivindicaram a implantação de uma delegacia da mulher, na realidade um posto policial, e atualmente, lutam por uma casa de passagem para mulheres em situação de violência.

O referencial adotado neste estudo é o de vulnerabilidade de gênero. Entende-se vulnerabilidade como o conjunto de fatores de natureza biológica, epidemiológica, social e cultural cuja interação amplia ou reduz o risco ou a proteção de uma pessoa frente a uma determinada doença, risco ou dano e substitui o conceito clássico de fatores de risco (Guilhem, 2000). Palma & Mattos (2001) consideram que existe vulnerabilidade quando ocorre: desinteresse do indivíduo em relação a situações de perigo; falta de acesso a serviços e/ou informações e finalmente, falta de autoconfiança para sustentar ou implementar mudanças no próprio comportamento.

Buscou-se, em todos os momentos, contribuir para o empoderamento (empowerment) das mulheres, quer como usuárias das oficinas de promoção à saúde, militantes do movimento de mulheres, quer como pesquisadoras. Empoderamento usado no contexto do feminismo, como contribuição para que a mudança nas relações de poder entre homens e mulheres vá acompanhada de transformações na linguagem, refletindo novas construções e imaginários sociais (Leon, 2000).

"Apenas aprofundando os vínculos entre a igualdade, o desenvolvimento, e a paz poderemos mostrar a intrincada relação que existe entre os direitos básicos dos pobres e transformações das instituições que subordinam as mulheres: o que pode ser alcançado através do empoderamento das mulheres" (Mozer, 1991, apud Portella & Gouveia, 1999:220).

Outro aspecto que merece consideração é a necessidade de realizar pesquisas avaliando e/ou validando estratégias de intervenção, principalmente as que se mostram de baixo custo, factíveis de serem reproduzidas por trabalhadores locais de saúde e resolutivas (Meneghel et al., 2000b). E, além disso, contribuir na implementação de estudos sobre a pertinência das propostas de saúde no contexto brasileiro, onde pouco se tem avaliado o nível de integralidade (qualitativa e quantitativa) das intervenções recebidas pelo usuário (Hartz & Pouvourville, 1998). Dentro do campo de avaliação, uma abordagem centrada nos atores envolvidos no processo, que considere os valores e os pontos de vista e que utilize instrumentos pertencentes às ciências sociais, pareceu-nos apropriada para acompanhar o processo desenvolvido com as mulheres de São Leopoldo.

Os objetivos principais deste estudo foram conhecer e aprender a potencializar as iniciativas de resistência que as mulheres, no seu cotidiano, descobrem e inventam como fenômeno regenerador da integralidade humana através do acompanhamento de grupos de mulheres junto a programas de extensão da Universidade. Buscou-se, também, avaliar o papel dos grupos como dispositivo de apoio para mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero.

 

Trajetória metodológica

A metodologia da pesquisa é qualitativa (Minayo, 1992, 1999), triangulando-se técnicas de observação participante, pesquisa-ação e atividades de promoção à saúde (Brandão, 1980; Hartz, 1997; Thiollent, 1986). Este trabalho também pode ser considerado uma pesquisa avaliativa (Contrandiopoulos, 1992, apud Hartz, 1997) na medida em que realizou o julgamento de uma intervenção.

Utilizaram-se técnicas de grupos para lidar com a dimensão coletiva e interativa da investigação, aproximando-se da estratégia de grupo operativo proposta por Pichón-Riviere, no qual os participantes tornam-se sujeitos de sua própria mudança e transformação (Osório, 2000).

O processo das oficinas de trabalho em violência de gênero constituiu o instrumento de abordagem da pesquisa dentro de um enfoque de promoção à saúde (Hyman et al., 2000). Uma equipe interdisciplinar de pesquisadores pertencentes às áreas da saúde coletiva e do serviço social acompanhou os grupos de mulheres. Os grupos foram nucleados para mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero, compreendendo conflito conjugal atual ou antigo, incluindo abuso físico e/ou psicológico.

Nas duas oficinas, propiciou-se, a cada encontro, um espaço de escuta terapêutica, em que as mulheres relataram suas histórias de vida. No grupo de mulheres organizado na vila, procedeu-se uma etapa de visitas domiciliares para ouvir as histórias de vida daquelas que participaram em dois ou mais encontros. Um elemento a considerar na análise das histórias de vida é o fato de que a elaboração do passado pelos indivíduos através da narrativa e da re-interpretação deste passado é sempre influenciada pelo ponto de vista do presente. Os referenciais adotados para esta construção foram os da história oral e história de vida (Becker, 1993; Victora et al., 2000).

Os temas abordados nos encontros incluíram os assuntos a seguir:

• Relação pais e filhos e limites. Um dos temas trabalhados a partir da demanda emergente foi a relação parental, na qual uma das fragilidades é a colocação de limites. Ao potencializar as funções de controle, objetivava-se um primeiro exercício de rompimento com atos intrusivos.

• Conjugalidade, papéis e estereótipos de gênero. A educação diferenciada de gênero e a delimitação de papéis específicos, em que o homem é estimulado para o exercício do poder e a mulher à submissão, contribui para a perpetuação de relações de poder. A vivência das dinâmicas nos grupos objetivava desterritorializar estes estereótipos (Portella & Gouveia, 1999; Safiotti, 1999).

• Corpo e sexualidade. Considerou-se sexualidade o processo sociocultural que fundamenta o ordenamento das experiências afetivo-sexuais, que transformam o sexo biológico em ações sociais, traduzidas pela aceitação das mais variadas crenças, práticas sexuais, comportamentos e jogos eróticos (Guilhem, 2000). Nas discussões sobre o tema, refletiu-se acerca da manutenção social do estatuto perverso que contribui para a assimetria de gênero.

• Estratégias de enfrentamento à violência: auto-estima, resistência e empoderamento. A partir do referencial teórico sobre empoderamento (Leon, 2000; Portella & Gouveia, 1999) foram cartografadas as estratégias de resistência relatadas pelas participantes e refletiu-se sobre a possibilidade de encontrar outros meios de enfrentamento, considerando, em todos momentos, a integralidade e a busca de autonomia dos sujeitos. Além disso, partindo do pressuposto de que "o ritual é o escudo que permite avançar sem perigo frente às adversidades naturais e sociais e que a violência ritualizada se integra harmoniosamente, enquanto que reprimida ou negada, explode em perversão e sangue" (Mafessoli, 1993:110), organizaram-se rituais de enfrentamento às violências (Meneghel et al., 2000a).

• Avaliação. A avaliação das oficinas foi realizada utilizando-se os depoimentos das participantes.

Os encontros foram filmados, com o consentimento informado das mulheres. A etapa da análise compreendeu várias fases:

• Pré-análise. "Leitura flutuante" dos depoimentos orais compilados e observação das 16 sessões filmadas, deixando-se invadir por intuições, impressões e idéias (Bardin, 1979). Nesta etapa, construíram-se indicadores relacionados às oficinas e ao contexto de vida das participantes. Os primeiros trataram de colocação de limites a abusos, melhora no autocuidado, adesão e participação nas oficinas. Os últimos, conjunturais, refletiam a busca de autonomia pelas mulheres: melhora nas relações sociais e no uso de redes de apoio (igreja, saúde, movimentos populares); busca de emprego e volta à escola.

• Categorização e análise dos resultados (Bardin, 1979; Gómez et al., 1997; Minayo, 1992). Realizou-se análise de conteúdo a partir das narrativas compiladas. Em primeiro lugar, o texto foi escrutinado na busca por unidades de sentido, utilizando as oficinas como unidades de registro. Após, as unidades de sentido foram agrupadas em dois conjuntos de categorias: as representações sobre violências (gênero e estrutural) e as experiências de resistência das mulheres.

• Avaliação da metodologia utilizada nos grupos de mulheres, buscando identificar os aspectos contextuais desfavoráveis e facilitadores do processo (Hartz, 1997).

• Devolução dos resultados. Os resultados da pesquisa estão sendo devolvidos à população e instituições parceiras em diversas atividades, reuniões, assembléias e fóruns.

 

Resultados

O perfil das mulheres

Foram acompanhadas 32 mulheres nos dois grupos. No primeiro deles, participaram 14 com idades que variavam de 17 a 75 anos. Metade destas mulheres compareceu apenas a um encontro. Moradoras de uma vila irregular, muitas são migrantes de primeira ou segunda geração e pertencem a famílias de agricultores empobrecidos que vieram da região noroeste do Estado, atraídos pela expansão da indústria calçadista nos últimos vinte anos, no Vale do Rio dos Sinos. Duas delas sem instrução e as demais com escolaridade fundamental incompleta. Donas-de-casa, aposentadas, trabalhadoras da oficina local de reciclagem do lixo ou em ocupações não regulamentadas, por empreitadas ou tarefas. A vila é o retrato vivo da crise econômica e social da década de 90 que atingiu o Vale dos Sinos com muita dramaticidade, provocando falência de empresas, desemprego, empobrecimento da população e violência (Soethe et al., 2001).

O segundo grupo constitui-se por 18 mulheres encaminhadas pelos diversos serviços de saúde da cidade e pelo Fórum das Mulheres. Aglutinou-se um grupo plural: casadas, viúvas, separadas; com uma ampla diversidade de idades, dos 24 aos 74 anos. Quanto à ocupação, havia uma parcela grande de donas-de-casa, algumas aposentadas e houve a participação de quatro militantes do Movimento de Mulheres.

Representações sobre as violências

A violência mostrou-se presente em todos os espaços da vila, tanto a violência estrutural e ambiental, expressa nas condições de exclusão desta população quanto a violência interpessoal, evidenciada na ocorrência "visível" de altas taxas de homicídio ­ um morto a cada fim-de-semana, nos tiroteios, na presença de várias famílias com membros assassinados.

"Depois que começou a matar gente por aqui, acabaram os bailes. Mataram uma guria da Mauá (Vila vizinha) em frente do mercado. Ninguém viu quem atirou. Atiraram nas costa. Daí acabaram os bailes. Mataram outro ali embaixo. Perto do asfalto. Tinha um salão e todo o fim-de-semana tinha baile. Lá mataram um. Aí sumiu tudo. Não fizeram mais baile. Fechou o salão e o dono se mandou. Era uma morte a cada fim de semana" (Si).

Neste grupo, apareceram preocupações com questões de sobrevivência: os terrenos ocupados são irregulares e havia possibilidade de remoção das famílias devido a um projeto de ampliação rodoviária. Esta "violência" mobilizava intensamente a população no período em que a equipe da pesquisa permaneceu na região. Este fato pode ser uma das razões da desmotivação que elas mostraram em relação à discussão de gênero.

No grupo estruturado na vila, as mulheres não falaram em violência de gênero nas reuniões. O assunto veio à tona durante o processo de visitas domiciliares, e, em algumas situações, elas advertiam: "vamos falar baixo porque a vizinha está espiando na janela". A violência de gênero ficou explícita nas histórias de vida: "o marido queria me matar uma vez. Além de não me dar de comer, ele queria me matar" (An) ou então: "eu era casada com esse meu ex-marido, daí entramos na Justiça. Eu tive que vender a casa para dar a parte dele" (Er1).

Os índices elevados de violência conjugal já haviam sido descortinados através dos depoimentos da equipe local de saúde e do noticiário policial, que registrou na região dois assassinatos de mulheres pelos companheiros, durante o processo da pesquisa.

No segundo grupo, a violência entre homens e mulheres, atual ou passada, física, psicológica ou sexual, esteve presente na história de vida de todas as mulheres. Em alguns relatos, ela veio escamoteada, ou seja, em um primeiro momento as mulheres negaram sua presença. Porém, ao recontar a história, às vezes, a violência aparecia em um vislumbre, atribuída à bebida ou à provocação da mulher. Os estereótipos de gênero apareceram e nem sempre o grupo deu conta de refletir criticamente acerca deles. "Eu incomodei tanto ele, que ele me deu uma munheca nos ouvidos. Ele me deu um tapa no rosto, daí eu fiquei quatro meses separada dele. Mas eu pedi, a mulher pede, não é?" (Er2).

O comportamento violento do companheiro foi denunciado em muitas das falas: casais em litígio, homens que saem de casa, levam os móveis, arrombam a casa, ameaçam de morte.

"Ele foi lá e arrancou o cadeado, a corrente, porque a gente estava pousando na minha irmã. No outro dia de manhã, eu desci e estava aberta a porta da casa. Depois ele veio buscar o guri e me chamou de tudo o que é nome, assim, na frente dos vizinhos, e disse que fui eu que deixei a porta aberta. Para ele não tem. Ele arromba, ele não quer saber, ele chega, ele toca os pés no portão, arromba e a brigada não adianta mais chamar. Ele levou a conta da luz e não pagou e deixou cortar a luz. E levou tudo dentro de casa, até o meu chinelo de andar na rua, tudo" (Ma).

Depoimentos consoantes com uma imagem de feminino constituído no espaço doméstico, no casal, na família, na maternidade, na submissão e na secundariedade, naquilo que Foucault chamou de formas moleculares de poder (Paoli, 1984).

Experiências de resistência

As mulheres relataram estratégias de enfrentamento à violência que utilizam no cotidiano. Uma das mais utilizadas é a busca de apoio do grupo familiar, geralmente constituído por outras mulheres ­ mães, tias, avós e vizinhas. Separação e reconstituição da família é outra forma de resistir, embora em muitas situações o ciclo de violência retorne com o novo companheiro. Abstinência sexual e recusa a conceder favores sexuais também são utilizados.

Nos grupos de reflexão, buscou-se explorar novos modelos de identidade feminina, questionando-se os estereótipos e a construção cultural dos papéis de gênero. Como na fala de Jaggar & Bordo (1988), as mulheres foram socializadas para nutrir aos outros e não a si mesmas.

"Nossa cultura ainda apregoa amplamente concepções domésticas de feminilidade, amarras ideológicas para uma divisão sexual do trabalho rigorosamente dualista, com a mulher como principal nutridora emocional e física. As regras desta construção de feminidade exigem que as mulheres aprendam como alimentar outras pessoas, não a si próprias, e que considerem como voraz e excessivo qualquer desejo de auto-alimentação e autocuidado. Assim exige-se da mulher que desenvolva uma economia emocional totalmente voltada para os outros" (Jaggar & Bordo, 1997:25).

As participantes foram estimuladas a buscar sua autonomia constituindo-se sujeitos de suas vidas. Para isso, discutiu-se a possibilidade de volta à escola, a qualificação profissional e a procura de trabalho. Discutiu-se também a inserção junto a redes sociais de apoio e nos movimentos populares. Em todos os momentos, procedeu-se escuta não julgadora e incentivo ao autocuidado para estas mulheres completamente adestradas para responder as demandas do outro. Veja-se um depoimento: "eu pintei os meus cabelos. Foi a primeira vez que pintei. Eu nunca tive coragem. Daí eu pensei: o que é que eu vou fazer? Ah! Eu vou pintar de uma vez. Agora gostei tanto que não vou parar mais. Eu estava há quinze anos querendo mudar a cor do meu cabelo. Não pintei antes por causa do maridão. Ele não gosta de cabelo curto. Como ele não gosta, eu prefiro não cutucar a onça, sabe?" (Er2).

O pintar os cabelos parece representar um indicador de saúde mental que também apareceu em outros grupos de trabalho (Meneghel, 2000b).

Colocar limites é essencial para a cessação de comportamentos intrusivos. Faz parte do empoderamento e representa a capacidade para resistir ao poder dos outros, mediante o rechaço a demandas indesejadas. Trata-se de um tipo de poder que não é dado ou presenteado, e compreende, inclusive, o reconhecimento da manutenção e subordinação de mulheres na sociedade (Leon, 2000). Trabalhou-se esta habilidade a partir de uma reflexão acerca de uma situação em que se conseguiu (ou não) dizer um não.

"Eu estou até agora cogitando e não consigo encontrar uma coisa que eu consegui dizer não (...). Eu tenho uma maneira de ser que meu marido não gosta. Vamos ver se consigo colocar, vocês me ajudam. Tinha momentos, por exemplo, que eu ia me arrumar, eu sinto que ele tem ciúme. Então, se ele entrava dentro do quarto e eu estava me arrumando, aquilo me incomodava. Ah! Achei! Eu disse para ele sair, porque me vestir é uma particularidade, é uma coisa minha. Eu quero que tu saia daqui. E outra, eu não gosto, parece que tu está vendo como é que eu vou me vestir para sair. Eu pus um limite. Parece pequeno, mas existiu. Eu consegui dizer não para ele. Achei!" (Ma2).

"Eu disse não para o meu casamento" declarou uma das participantes ao re-contar sua história. "Eu preciso dizer não, para renunciar um pouco da vida familiar, eu me dedico muito à família, aos filhos e ao marido e preciso me dedicar mais a mim. Está na hora de eu dizer não de novo e me libertar de novo" (Vi). Na medida em que as mulheres contavam e recontavam suas histórias, mudando-as intencionalmente ou buscando uma racionalidade ou uma harmonização entre o passado que se recorda com o passado que se re-interpreta, foram acontecendo mudanças no comportamento delas.

O empoderamento também compreende poder ouvir as outras e mostrar-se solidária com a dor alheia: "eu queria falar um pouquinho, falar do que escutei dela. Eu acho que tu sai e deixa os filhos... Isso na visão da lei, isso é errado. Tu não tem que sair, quem tem que sair é ele. Se tu procurar um advogado e te informar direito, tu tem direito à casa, tu tem os filhos menores, tu trabalha e dá sustento dentro de casa. Então não diga: eu saio e deixo a casa e os filhos com ele. Não!" (An2).

 

Avaliação dos grupos de mulheres

As oficinas atenderam a um total de 32 mulheres (14 no primeiro e 18 no segundo grupo) e perfizeram 17 encontros (6 e 11, respectivamente).

Oito mulheres freqüentaram o grupo por um número de duas a três sessões e não retornaram. Este tempo pareceu o necessário para contar a história de vida, realizar alguma dinâmica e dar-se conta da necessidade de mudança. Um dos motivos para não retornar ao grupo pode ter sido a dificuldade para abandonar a postura de vítima e assumir a própria autonomia.

Construíram-se indicadores de empoderamento e resistência para identificar as mudanças na vida das participantes dos grupos. Alguns deles foram atribuídos às dinâmicas e vivências desenvolvidas nas oficinas: colocar limites a abusos, ritualizar as violências sofridas, incrementar o autocuidado (emagrecer, cuidar do corpo e do vestuário), buscar auxílio no enfrentamento das crises. Oito mulheres fizeram esse movimento.

Outros indicadores relacionavam-se às condições conjunturais da vida das mulheres na busca por maior autonomia: participar em redes de apoio (saúde, igreja, vizinhança), buscar emprego e voltar à escola. Cinco mulheres encontraram estas alternativas para enfrentar a violência. Evidente que a separação entre os indicadores é artificial, os comportamentos estão interligados, certas condutas potencializam outras, a melhora na auto-estima implica maior autonomia. Excluindo-se as dez mulheres que compareceram apenas a um encontro, constatou-se alguma mudança em mais da metade do grupo, ou seja, 13 participantes operaram algum tipo de transformação nelas mesmas.

Em relação às dificuldades, considerou-se que o grupo de mulheres da vila funcionou precariamente. A temática prevista para vários encontros não pôde ser realizada por baixa assiduidade às reuniões. O desejo das pesquisadoras de iniciar o grupo de mulheres, certamente, foi maior do que o das próprias pesquisadas. Outro aspecto que prejudicou o andamento do grupo foi a história desta comunidade, onde a participação da população nos movimentos sociais têm sido descontínua e fragmentada.

Quanto aos aspectos facilitadores, salienta-se a interlocução com as crianças, revitalizante para a equipe da pesquisa: "deixai vir a mim os pequeninos". As crianças freqüentaram o espaço destinado às mulheres, contaram suas histórias e de suas famílias, as violências da vila, "do tiro no cavalo do carroceiro durante a perseguição policial, da mãe que não pode vir ao grupo porque está presa". As crianças são os primeiros a fazer contato com o forasteiro, o invasor, o pesquisador, e a pedir para serem vistas, ouvidas ou fotografadas (Salgado, 1999). Sawaia (2000:41), ao relatar uma pesquisa sobre narrativas orais de crianças em um bairro popular, explicita: "o bairro reconhece nestas crianças um papel social fundamental e complexo; elas são os porta-vozes, os informantes, a memória viva e coletiva de tudo o que ali acontece. Eles são um grupo de falantes, um grupo falador. A cartografia do bairro foi um dos primeiros temas desta falação, quem mora onde, quem saiu, (...) os lugares proibidos (onde se deu o assassinato de alguém, etc.)".

O segundo grupo de mulheres foi avaliado como efetivo, na medida em que a adesão das usuárias foi maior e puderam ser evidenciadas mudanças na vida de 12 delas. Ressalta-se, mais uma vez, que intervir na trama que determina as relações violentas é uma tarefa complexa e fica difícil atribuir ao grupo o papel de desencadeador dessas modificações, entre outras razões, devido ao fato de que a participação das mulheres nos grupos foi pontual.

Entre os aspectos que facilitaram a construção do grupo, pode-se indicar a existência de espaço protegido e de privacidade para que as participantes pudessem se expor. As oficinas funcionaram nas dependências de um serviço universitário aprovado e procurado pela população. Além disso, a universidade constitui referência cultural, religiosa, ética e de prestação de cuidados de saúde.

Na avaliação da metodologia empregada, sobressaem dois aspectos fundamentais: o primeiro deles refere-se às histórias de vida, ou seja, a possibilidade que o grupo ofereceu às pessoas de resgatarem sua memória, contando e recontando suas vidas, remodelando-as segundo a ótica do presente, possibilitando, deste modo, que elas pudessem fortalecer suas identidades e construir-se como sujeitos autônomos. Não se poderia deixar de citar Benjamin (1980:74): "O narrador é o homem que poderia deixar a mecha de sua vida consumir-se integralmente no fogo de sua narrativa". No processo de contar, re-contar e tornar a contar as histórias de vida e de vitimização, as mulheres subitamente, mudaram. Pareceu-nos que "através da elaboração de imagens tecidas em um discurso narrativo os indivíduos organizam sua experiência subjetiva de aflição, de modo a transmiti-la a outros. (...) A utilização de metáforas constitui o meio por excelência pelo qual tais imagens são fabricadas. As metáforas desenvolvidas nas narrativas da doença dão forma ao sofrimento individual e apontam no sentido de uma resolução" (Alves & Rabelo, 1995: 219). Quando a transmissão da experiência entra em crise, não há base segura para a constituição da subjetividade, não há referências para entender a experiência coletiva que permita aos sujeitos compartilharem o mesmo universo. As oficinas possibilitaram às mulheres o partilhar de experiências, criando uma espécie diferente de relacionamento entre elas, com base na franqueza, na confiança mútua, no reconhecimento da experiência alheia. Acredita-se que estas vivências produziram empoderamento na vida das mulheres.

O segundo aspecto oferecido pelo grupo como um dispositivo de mudança foi a ritualização da violência através de dinâmicas, jogos, coletivos, trocas, velas e fogos, perdões, cantos e poesias. No lúdico, constrói-se um círculo (porque há sempre a possibilidade de reparação) protegido (ele é um temenos) para curar as feridas (Estés, 1997). Ao construir as oficinas para enfrentamento da violência, acreditava-se que "era possível dizer um Basta! Iniciar um processo de exorcismo dos demônios do passado, descobrir e desenvolver as potencialidades internas, neutralizar os obstáculos externos e decidir aceitar-se a si mesmo" (Castro, 2000, apud Granda, 2000:84).

A experiência de resistir à vitimização pode ser transformada em prática política, na medida em que as mulheres se constituem como sujeitos e elaboram uma fala sobre si mesmas, identificando o feminino como imagem e como relações que se formam no interior de uma situação de opressão.

 

Considerações finais

Esta pesquisa organizou e acompanhou duas experiências junto a grupos de mulheres em situação de vulnerabilidade de gênero, podendo subsidiar projetos semelhantes no campo da Saúde Coletiva. Os grupos ainda são pouco utilizados no enfrentamento da violência de gênero, apesar do seu papel na promoção à saúde estar bem estabelecido. Empoderar as mulheres consiste em uma estratégia capaz de mudar suas vidas e gerar transformações nas estruturas sociais. Esta investigação mostrou que é possível auxiliar mulheres em situação de vulnerabilidade a tornarem-se mais autônomas, resgatando suas experiências a partir de suas histórias de vida e da ritualização das violências vividas. Além disso, a pesquisa trouxe aportes sobre as estratégias de resistência inventadas pelas mulheres no seu cotidiano e fortaleceu as relações com a população e com o Movimento das Mulheres.

 

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Recebido em 4 de junho de 2002
Versão final reapresentada em 1 de outubro de 2002
Aprovado em 31 de janeiro de 2003