It is the cache of ${baseHref}. It is a snapshot of the page. The current page could have changed in the meantime.
Tip: To quickly find your search term on this page, press Ctrl+F or ⌘-F (Mac) and use the find bar.

Scientia Agricola - Control of Cerconota anonella in a soursop orchard

SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.57 issue3A simple method for DNA isolation from Xanthomonas spp.Color of fresh and processed snap bean pods after calcium application author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol.57 n.3 Piracicaba July/Sept. 2000

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90162000000300029 

Nota

Controle de Cerconota anonella em pomar de gravioleira

 

Sônia Maria Forti Broglio-Micheletti1; Evôneo Berti-Filho2*
1Depto. de Fitotecnia e Fitossanidade, Campus Delza Gitaí - CECA/UFAL, BR 104, Km 85 - CEP: 57100-000 - Rio Largo, AL.
2Depto. de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agricola - ESALQ/USP, C.P. 9 - CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
*Autor correspondente <eberti@carpa.ciagri.usp.br>

 

 

RESUMO: Testaram-se métodos químico e cultural para o controle de Cerconota anonella (Sepp., 1830) (Lepidoptera: Oecophoridae), principal praga da gravioleira (Annona muricata L.). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 9 tratamentos e 20 repetições. Os melhores resultados foram obtidos com saco plástico microperfurado e papel kraft tratado com clorpirifós.
Palavras-chave: Insecta, broca-dos-frutos, graviola

 

Control of Cerconota anonella in a soursop orchard

ABSTRACT: This research is related to the control of Cerconota anonella (Sepp.) (Lepidoptera: Oecophoridae), the most important pest of soursop, Annona muricata L. Nine treatments were tested with twenty replications in a completely randomized design. The best results were obtained using microperforated plastic bags and clorphiriphos treated kraft paper bags.
Key words: Insecta, soursop fruit borer, soursop

 

 

INTRODUÇÃO

A graviola é uma fruta tropical de grande aceitação comercial, sendo amplamente cultivada nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (Junqueira et al. 1996). Entretanto, a broca-do-fruto, Cerconota anonella (Sepp.) (Lepidoptera: Oecophoridae) limita o cultivo dessa planta, pelos danos expressivos que causa ao fruto, reduzindo a produção da cultura.

Os adultos são mariposas de coloração branco-acinzentada com reflexos prateados. As posturas são feitas aleatoriamente no fruto e em diferentes estágios de desenvolvimento, embora preferencialmente naqueles verdes. O dano é causado pelas larvas, que formam galerias na polpa por onde penetram patógenos e outros insetos, deixando o fruto impróprio para a comercialização. O ciclo de vida de C. anonella, de ovo a adulto, foi de 36,4 dias (Bustillo e Peña, 1992). As perdas causados por esta praga podem variar de 70 a 100% da produção (Ruiz, 1991)

Algumas medidas de controle culturais são indicadas para C. anonella, tais como catação e queima ou enterrio dos frutos atacados, poda de formação e rejuvenescimento e também medidas físicas como a utilização de armadilhas luminosas (Melo et al.1983, Calzavara & Müller 1987, EMATER, 1989).

Diferentes tipos de invólucros foram utilizados na proteção de frutos de graviola, para o controle de C. anonella. (Doesburg 1964, Melo et al. 1983, McComie 1987, Carneiro & Bezerril 1993, Manica 1994). Bustillo & Peña (1992) utilizaram invólucros juntamente com inseticidas e o melhor resultado foi a utilização de clorpirifós + saco plástico, que apresentou 92% dos frutos sádios.

Este estudo teve por objetivo avaliar o controle de C. anonella em frutos de graviola, utilizando-se dos métodos de controle químico e cultural.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos em pomar de graviola, em Maceió, AL, no período de 29/04/1997 a 22/09/1997. Utilizaram-se vinte frutos, com 1 a 3 cm de comprimento. Estes foram selecionados e marcados com fio de nylon colorido e etiquetados para identificar cada tratamento.

Os tratamentos utilizados foram: 1- frutos sem proteção (testemunha), 2- fruto sadio engaiolado (gaiola de armação de arame, revestida com filó), 3- fruto coberto com saco de papel kraft, 4- tratamento externo do saco de papel kraft com clorpirifós 480 g L-1, na dose de 300 mL 100L-1 de água e ensacamento, 5- fruto ensacado com saco plástico, perfurado na extremidade inferior, 6- fruto ensacado com saco plástico microperfurado, 7- fruto ensacado com saco de papel impermeável nas duas faces, 8- pulverização dos frutos semanal e localizada, com triflumuron (PM) 250 g kg-1, sendo a dose 100 g ha-1, 9-pulverização com triflumuron (PM) 250 g kg-1, na dose 100 g ha-1, sendo posteriormente os frutos ensacados com saco plástico microperfurado.

Os sacos foram presos aos ramos acima dos frutos, por meio de arame plastificado. Semanalmente, até a colheita, foram realizadas inspeções para a verificação de queda de frutos e/ou danificação do invólucro.

A eficiência dos tratamentos foi medida através da contagem do número de orifícios feitos nos frutos por C. anonella, nos diferentes tratamentos. Foram avaliados também, o peso total de fruto colhido, número de frutos caídos, número de frutos colhidos com e sem dano, peso, comprimento e maior diâmetro médios e preços para os diferentes materiais usados para o ensacamento e para o controle químico. Foram usadas como indicativos do ponto de colheita as características descritas por Pinto & Silva (1994), ou seja, mudança na coloração da casca (verde escura para verde clara), quebra das espículas com facilidade e polpa relativamente mole ao ser o fruto levemente pressionado com os dedos. Os dados foram submetidos à análise de variância e as diferenças entre as médias tratadas pelo teste de Tukey a 5%.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos resultados do número médio de orifícios/fruto (TABELA 1), os tratamentos (3 a 9): triflumuron, gaiola, triflumuron + saco plástico microperfurado, papel kraft + clorpirifós, papel kraft, papel impermeável e saco plástico microperfurado diferiram estatisticamente da testemunha e do tratamento com saco plástico, enquanto que estes dois últimos tratamentos não diferiram.

 

 

Entre estes tratamentos, ou seja, de 3 a 9, se comparados pelas porcentagens de frutos colhidos sem dano observa-se, embora não significativamente, que os melhores resultados foram obtidos com saco plástico microperfurado e papel kraft tratado com clorpirifós, mas este tratamento teve uma média de frutos perfurados maior em relação ao tratamento com saco plástico microperfurado. Resultados semelhantes foram obtidos por Bustillo & Peña (1992). O custo do tratamento com saco plástico microperfurado (R$ 0,035) foi maior do que o tratamento trifumuron, que também apresentou maior peso total de fruto colhido (TABELA 2). De acordo com Carneiro & Bezerril (1993) a utilização de saco plástico + saco de papel (ambos 5 kg), foi a mais indicada, por apresentar maior praticidade e economicidade. Entretanto, pelos resultados de orifícios médios/fruto, o tratamento trifumuron apresentou uma perfuração 25% maior do que o de sacos microperfurados.

 

 

Em relação aos pesos unitários dos frutos, comprimentos e maiores diâmetros médios, não houve diferença estatística entre os tratamentos.

Dessa forma, o tratamento com saco plástico microperfurado levou vantagem sobre os demais na maioria dos parâmetros analisados, o que permite inferir que se trata da melhor forma de controle testada para C. anonella que, além de proteger os frutos, traz a vantagem de não permitir o acúmulo de água nestas embalagens, já que, segundo McComie (1987), favoreceria o crescimento e a proliferação de microrganismos que causam podridão mole e/ou mumificação nos frutos.

O tamanho dos frutos selecionados para o início do ensacamento é um aspecto muito importante a ser considerado, pois ocorreram muitos abortamentos com as graviolas protegidas entre 1 e 3 cm. Doesburg (1964) sugeriu que a proteção fosse feita em frutos que tivessem perdido as brácteas (2,5 cm em comprimento). Para McComie (1987), melhor faixa ficaria entre 2,5 e 6,0 cm e Bustillo & Peña (1992) iniciaram o controle quando os frutos tinham 4 cm em diâmetro. Portanto, nos ensaios desenvolvidos em campo, haveria que se considerar uma faixa de comprimento entre 3 a 6 cm, que talvez fosse a ideal. Sugere-se também alterar o comprimento do invólucro para 0,50 m, mantendo-se a mesma largura (0,34 m), pois alguns romperam-se devido ao desenvolvimento dos frutos.

O ensacamento é uma forma de controle viável e segura, mas a limpeza do campo deve ser o primeiro passo para se ter sucesso com controle de pragas em anonáceas, pois os adultos continuam a emergir de frutos infestados mesmo após eles terem caído ao solo, servindo como fonte de reinfestação. Na medida do possível, tais frutos devem ser removidos das árvores e do solo que fica sob elas e completamente destruídos.

 

AGRADECIMENTOS

Ao Engenheiro Agrônomo Ricardo Luiz R. Ramalho Cavalcanti pela gentileza em ceder a área para a realização do trabalho. À CAPES/PIDCT pelo auxílio financeiro. Aos funcionários do CECA/FIT/UFAL: Roseane Maria Lins e Silva e Engº Agrônomo Antonio Jorge de Araújo Viveiros, pela ajuda em campo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUSTILLO, A.E.; PEÑA, J.E. Biology and control of the Annona fruit borer Cerconota anonella (Lepidoptera: Oecophoridae). Fruits, v.47, p.81-84, 1992.         [ Links ]

CALZAVARA, B.B.G.; MÜLLER, C.H. Fruticultura tropical: a gravioleira Annona muricata L. Belém: EMBRAPA, CPATU, 1987. 36p. (Documento, 47).         [ Links ]

CARNEIRO, J. da S.; BEZERRIL, E.F. Controle das brocas dos frutos (Cerconota anonella) e das sementes (Bephratelloides maculicolis) da graviola no planalto da Ibiapaba CE. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.22, p.155-160, 1993.         [ Links ]

DOESBURG, P.H. van. Two insect pests of soursop in Surinam. Caribbean Agriculture, v.3, p.797-803, 1964.         [ Links ]

EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Proposta para um manejo integrado de pragas e doenças da anonicultura. Maceió: EMATER/AL, 1989. 41p.

JUNQUEIRA, N.T.V.; CUNHA, M.M. da; OLIVEIRA, M.A.S.; PINTO, A.C. de Q. Graviola para exportação: aspectos fitossanitários. Brasília: EMBRAPA, SPI, 1996. 67p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 22).         [ Links ]

MANICA, I. (Ed.) Fruticultura: cultivo das anonáceas ata, cherimólia e graviola. Porto Alegre: EVANGRAF, 1994. 117p.         [ Links ]

McCOMIE, L.D. The soursop (Annona muricata L.) in Trinidad: its importance, pests and problems associated with pest control. Journal of the Agricultural Society of Trinidad and Tobago, n.87, p.42-55, 1987.         [ Links ]

MELO, G.S. de; Gonzaga Neto, L.; MOURA, R.J.M. Cultivo da gravioleira (Annona muricata L.). Recife: IPA, 1983. 4p. (Instruções Técnicas , 13).         [ Links ]

PINTO, A.C. de Q.; SILVA, E.M. da. Graviola para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: EMBRAPA, SPI, 1994. 41p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 7).         [ Links ]

RUIZ, R.V. Manejo de problemas entomológicos en huertos de Guanabana. In: PLAGAS de frutales en Colombia y alternativas de manejo: Casos: Guanabana, Curuba, Citrico. Palmira: Universidad Nacional de Colombia, 1991. p.59-92.         [ Links ]

 

 

Recebido em 20.01.99