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Scientia Agricola - Growth regulators and apical meristem removal in cotton development

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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol.56 n.3 Piracicaba July 1999

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161999000300016 

Fitorreguladores e remoção da gema apical no desenvolvimento do algodoeiro

 

José Janduí Soares*
Embrapa Algodão, C.P. 174 - CEP: 58107-720 - Campina Grande, PB.
*e-mail: soares@cnpa.embrapa.br

 

 

RESUMO: Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito de reguladores de crescimento no desenvolvimento do algodoeiro. Foram conduzidos dois experimentos; um no município de Itaju, SP, em 1992/93 e outro em Jaboticabal, SP, em 1993/94. No experimento conduzido em Itaju, foram utilizados nove tratamentos e quatro repetições, enquanto no experimento conduzido em Jaboticabal, utilizaram-se seis tratamentos e cinco repetições. Em ambos os experimentos o delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso. Os resultados obtidos indicam que estes produtos melhoram a performace do algodoeiro.
Palavras-chave: Gossipium hirsutum, algodão, regulador de crescimento

 

Growth regulators and apical meristem removal in cotton development

ABSTRACT: The objective of this paper was to verify the effect of growth regulators in the development of cotton. Two experiments were carried out in 1992/93 and 1993/94, one in Itaju, SP, and another in Jaboticabal, SP, Brazil. The Itaju experiment consisted of nine treatments and four replications, and that of Jaboticabal, six treatments and five replications, all using a completely randomized block design. The results indicate a favorable use of regulators to promote the development of cotton.
Key words: Gossypium Hirsutum, cotton, growth regulators

 

 

INTRODUÇÃO

O algodoeiro possui crescimento indeterminado, isto é, continua o crescimento devido a emissão de sucessivas gemas terminais, a não ser que seja interrompido por fatores internos ou externo (Balls, 1914; Bailey & Trought, 1926; Mcclelland & Nelly, 1931; Castro & Rosseto, 1974; Castro et al., 1975; Castro & Barbosa, 1978; Athayde, 1980; Barbosa, 1981; Carvalho et al., 1986).

A ideia de se utilizar fitormônios para melhorar o crescimento e desenvolvimento das culturas é antiga. A primeira possibilidade surgiu na década de 30 com a descoberta da auxina Posteriormente os estudos com estes hormônios foram se ampliando entre os quais citam-se os trabalhos de Pipolo 1990, Busoli, 1991; Soares et al., 1995; Soares & Busoli, 1996). Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito de reguladores de crescimento vegetal e capação no desenvolvimento do algodoeiro.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Experimento 1

Conduziu-se o experimento no município de Itaju, SP, no ano agrícola de 1992/93, com a cultivar IAC 20, efetuando-se o plantio em outubro de 1992, em espaçamento de 0,90m x 0,25m entre fileiras e plantas, respectivamente. Os tratamentos expressos em g i.a/ha foram: ethephon (960); ethephon (1200); ethephon + malonanylate (960 + 120); ethephon + malonanylate (1200 + 120); malonanylate (120), thidiazuron (62,5); cloreto de mepiquat (50,0); remoção da gema apical (capação) e testemunha (sem aplicação de qualquer produto). Utilizou-se um delineamento experimental em blocos ao acaso com quatro repetições. As parcelas experimentais foram constituídas de sete fileiras de plantas de algodão com 20m de comprimento.

A aplicação do cloreto de mepiquat e a remoção da gema apical da haste principal do algodoeiro, foram efetuadas 70 dias após o plantio. Os demais produtos foram aplicados quando 30% dos frutos estavam abertos. Para essa operação foi usado um pulverizador costal manual, com uma diluição de 350 l de calda/ha. Foram mensuradas as seguintes variáveis: altura de plantas antes da aplicação e no final do ciclo da cultura (antes da colheita), assim como o comprimento dos ramos frutíferos; o número de ramos frutíferos foi efetuado antes da colheita, o peso médio de capulho e rendimento médio de algodão em caroço por hectare foi também efetuado. Os dados obtidos foram submetidos ao teste F, para análise de variância e ao teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, para comparação das médias.

Experimento 2

Conduziu-se o experimento no município de Jaboticabal,SP, no ano agrícola de 1993/94, com a cultivar IAC 20. Efetuando-se o plantio em outubro de 1993 em espaçamento de 0,90m x 0,25m entre fileiras e plantas, respectivamente. Os tratamentos foram: remoção da gema apical da haste principal do algodoeiro aos 20, 40, 60 e 80 dias, após a emergência das plantas; aplicação de cloreto de mepiquat (50 g.i.a/ha) e a testemunha. Utilizou-se delineamento experimental em blocos ao acaso, com cinco repetições. As parcelas experimentais foram constituídas de 10 fileiras de 15 metros de comprimento. A aplicação do cloreto de mepiquat foi efetuada aos 62 dias após a emergência das plantas, utilizando-se um pulverizador costal manual, marca Jacto, com uma vazão de 300 l de calda/ha. Na ocasião da colheita foram retiradas amostras de 40 capulhos de cada parcela e calculado o peso médio de capulho.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não se constatou diferença estatística entre os tratamentos em relação aos parâmetros altura de plantas e comprimento dos ramos frutíferos, na 1ª avaliação, e nem em relação ao peso médio de capulho e rendimento do algodão em caroço/ha, na 2ª avaliação (TABELA 1), coincidindo com os resultados de Beltrão et al. (1990), estes verificaram que em algodoeiros nos quais foi removida a gema apical da haste principal em diversas épocas, não ocorreram diferenças em relação ao peso médio de capulho.

 

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Os dados referentes a altura de plantas (2ª avaliação) encontram-se na TABELA 1, percebe-se que houve efeito de alguns tratamentos sobre a arquitetura das plantas; onde as alturas das plantas variaram de 90,51 metros (capação) a 106,95 metros (testemunha). Nota-se que no tratamento em que foi efetuado a remoção da haste apical do algodoeiro, as plantas reduziram significativamente o crescimento, esse fato evidencia que essa prática poderá substituir a utilização do cloreto de mepiquat, especialmente quando se tratar de pequeno produtor rural quando frequentemente utiliza a mão-de-obra familiar; a explicação para tal fato é devido ao alto custo do produto.

Quanto ao número de ramos frutíferos, verificou-se uma variação de 9,53 (ethephon + malonanylate) a 12,68 (testemunha), esse intervalo de variação indica que é possível modelar a arquitetura das plantas via produtos químicos e também via ação mecânica, uma vez que nas plantas em que se efetuou a remoção da gema apical da haste principal assemelharam-se aquelas em que empregou-se os produtos químicos, diferindo estatisticamente apenas da testemunha (TABELA 1). Pipolo (1990) observou que o fitorregulador cloreto de clorocolina (ccc) modificou a arquitetura das plantas, melhorou o rendimento de algodão em caroço, aumentou o peso de 100 sementes, melhorou as características tecnológicas das fibras quanto a finura e pode auxiliar no manejo integrado de pragas do algodoeiro, devido a antecipação da primeira colheita. Bolhonhezi (1997) por outro lado, verificou que a extirpação da gema apical e os reguladores de crescimento não afetam a produção de algodão e a arquitetura da planta, é muito pouco modificada.

Em relação ao comprimento médio dos ramos frutíferos notou-se uma variação de 25,46cm (ethephon + malonanylate 1.200 + 120 g.i.a/ha) a 31,74cm (remoção do meristema apical da haste principal do algodoeiro). O principal ponto negativo que recai sobre a prática da capação é em relação ao crescimento exagerado dos ramos frutíferos ou simpodiais, normalmente essa prática promove um alongamento nos internós, deixando os frutos muito distantes uns dos outros, o que não é uma característica interessante para o manejo integrado de pragas, pois sabe-se que a medida em que os frutos se afastam do lixo principal aumenta a taxa de queda (shedding) (Soares et al., 1997); neste caso específico, esse aspecto não se constitui grande problema, pois apesar de haver diferença estatística em relação ao comprimento dos ramos, observou-se uma diferença relativamente pequena, embora seja significativa.

Como pode ser observado na TABELA 2, os dados referentes ao peso médio de capulho obtidos em função dos tratamentos no experimento 2 variou de 7,38g (capação aos 20 dias) a 9,38g (capação aos 80 dias), viu-se ainda que o maior peso médio de capulho foi obtido com a capação efetuada aos 80 dias que, por sua vez, diferiu do tratamento em que as plantas foram capadas aos 20 dias após o plantio e da testemunha. Esse fato indica que a melhor época para o cotonicultor efetuar a remoção da gema apical do meristema principal do algodoeiro é aos 80 dias após a emergência das plantas; uma vez que este evidenciou maior peso de capulho. Embora não tenha diferenciado estatisticamente dos tratamentos em que essa operação foi efetuada aos 60 e 70 dias após a emergência das plantas. Vale salientar que esse estudo foi conduzido com a cultivar IAC 20 tardia. Nóbrega et al. (1993) obtiveram resultados diferentes trabalhando com a cultivar CNPA precoce 1, material precoce.

 

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CONCLUSÕES

  • A utilização de fitorreguladores hormonais no algodoeiro proporciona melhoria no que diz respeito a arquitetura das plantas.

  • A remoção da gema apical do algodoeiro efetuada aos 80 dias após a emergência das plantas melhora o peso médio de capulho.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 06.05.98
Aceito para publicação em 09.03.99