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Revista Gaúcha de Enfermagem - Why do I produce and do not publish? Part I

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Revista Gaúcha de Enfermagem

On-line version ISSN 1983-1447

Rev. Gaúcha Enferm. (Online) vol.31 no.2 Porto Alegre June 2010

http://dx.doi.org/10.1590/S1983-14472010000200001 

EDITORIAL

 

Por que faço e não publico? Parte 1

 

 

Eneida Rejane Rabelo

Professora Adjunta da Escola de Enfermagem e dos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Escola de Enfermagem e Ciências Cardiovasculares: Cardiologia da Faculdade de Medicina). Coordenadora da Clínica de Insuficiência Cardíaca do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

 

 

A literatura científica está explodindo em quantidade e qualidade, elevando o número de publicações que chegam aos revisores dos principais periódicos. A produção de conhecimento e a divulgação do que é produzido é obrigação de pesquisadores comprometidos com a evolução da ciência e, principalmente, com o crescimento da sua área de especialidade.

Em contrapartida, a publicação de resultados de pesquisa ainda está muito aquém do total que de fato é produzido. Seguramente se produz mais do que se publica. Mas, então, por que fazemos pesquisa e não divulgamos? A resposta para essa pergunta pode ser: depende. Depende de nós, pesquisadores, ou depende das revistas que rejeitam nossos artigos, embora eu tenha uma forte tendência a acreditar que dependa muito mais de nós!

Dentre as razões pelas quais não conseguimos escrever o que produzimos destacam-se a dificuldade de redação, os resultados negativos e os achados que não acrescentam nada novo ou relevante ao conhecimento contemporâneo sobre o tema. Somadas a isso, na categoria pessoal, as razões apontadas são a falta de tempo, de organização, de disciplina e, principalmente, de experiência.

Os pesquisadores devem escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência; contudo, nem todos dominam a linguagem científica. Muitos editores indicam a falta de estilo como principal motivo para recusa de artigos enviados por cientistas dos países em desenvolvimento(1). As principais revistas de enfermagem do Brasil, todas com inserção internacional, registraram no ano de 2009 taxas de recusa de artigos que variam de 35 a 76%. A interpretação dessas taxas confirma que muitos pesquisadores apresentam deficiência na linguagem científica.

A literatura apresenta uma regra básica, a qual recomenda que nunca se deve terminar um estudo para só depois sentar e escrever o paper(2) . Apesar de parecer paradoxal, talvez seja mesmo importante escrever o artigo durante o processo de desenvolvimento da pesquisa, a fim de manter o entusiasmo e evitar a contaminação de um possível resultado negativo ao final do estudo.

Um físico chamado Faraday disse certa vez: "Trabalhar; terminar; publicar"(3). Se você começou e não terminou, por que começou? Se terminou e não publicou, por que você começou?

Pois bem: comece por você, entendendo, principalmente, que é fundamental ter atração e interesse pelo tema. Atente para a questão de pesquisa: essa deve ser factível, interessante, nova (ou que questione o que já se sabe ou existe), ética e relevante (ao conhecimento e à ciência)(4). Recentemente autores definiram que os revisores exigem de um artigo enviado para publicação três critérios: relevância, originalidade e validade científica. Além disso, o artigo deve ser claro e bem escrito(5).

Alie-se a um grupo produtivo que exija produção e subsequente publicação. Invista em você: domine a literatura e o inglês; tenha a disciplina como palavra de ordem no seu dia a dia; seja organizado e defina uma prioridade em todas as suas atribuições; seja persistente, ambicioso e curioso, adjetivos estimados em todo bom pesquisador.

Na redação do texto, vale lembrar que tanto a forma como o conteúdo são importantes. É impossível transmitir-se uma informação relevante e pertinente se esta não estiver bem apresentada. Contudo, uma excelente apresentação não substitui experimentos mal planejados, resultados duvidosos ou uma argumentação não convincente(6).

Na parte 2 deste editorial você encontrará algumas sugestões importantes para melhorar a sua redação. A leitura das referências que embasam esse e o próximo editorial trazem mais detalhes sobre redação científica e eu as recomendo.

As leituras dos artigos desta edição que contemplam diversas áreas do conhecimento como: saúde da criança, do adolescente, da mulher, do adulto e do idoso, saúde mental e gerenciamento, também devem servir de estímulo e modelo para uma redação científica adequada à temática em estudo.

 

Referências

Valenti WC. Cientistas também precisam ter estilo. Jornal do Conselho Regional de Biologia. 1998; 49:7-7.         [ Links ]

Van Way III CW. Writing a scientific paper. Nutr Clin Pract. 2007;22(6):636-40.         [ Links ]

Michael Faraday. Wikipedia. [Internet] [citado 2010 setembro 06]. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Michael Faraday.         [ Links ]

Huley S, Cummings, S. Delineando a pesquisa clínica. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.         [ Links ]

Davidson AJ, Carlin JB. What a reviewer wants. Paediatr Anaesth. 2008;18(12):1149-56.         [ Links ]

Abrahamsohn, PA. Redação científica. 1ª ed. Guanabara Koogan; 2004.         [ Links ]