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Revista de Saúde Pública - First report of Aedes albopictus in areas of rain forest in Brazil

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Revista de Saúde Pública

Print version ISSN 0034-8910

Rev. Saúde Pública vol.34 n.3 São Paulo Jun. 2000

http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000300017 

Notas e Informações

Notes and Information

 

Primeiro registro de Aedes albopictus em área da Mata Atlântica, Recife, PE, Brasil
First report of Aedes albopictus in areas of rain forest in Brazil

Cleide MR de Albuquerque, Maria Alice V Melo-Santos, Mary Ann S Bezerra, Rosângela MR Barbosa, Dílvia F Silva e Edinalda da Silva

Departamento de Zoologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil

 

DESCRITORES
Aedes#. Dengue, transmissão#. Ecologia de vetores#. Ecossistema tropical#. Insetos vetores. Aedes albopictus. Florestas Tropicais.
RESUMO
Pela primeira vez é registrada a presença do Aedes albopictus em remanescentes de Mata Atlântica, localizada em área urbana em Recife (Pernambuco, Brasil). As coletas foram realizadas em isca humana e em criadouros de formas jovens (ocos de árvores, bambus, bromélias e pneu). A presença de Ae. albopictus na região metropolitana do Recife representa um risco potencial do inter-relacionamento dessa espécie de mosquito com a população.
KEYWORDS
Aedes#. Dengue, transmission#. Ecology, vectors#. Tropical ecosystem#. Insect vectors. Aedes albopictus. Rain forest.
ABSTRACT
This is the first report of the presence of
Aedes albopictus in the native rain forest, near the urban area of Recife (State of Pernambuco, Brazil). Adult female mosquitoes were collected using human bait. Mosquitoes in aquatic stages were looked for in treeholes, bamboos, bromeliads and old tires. The existence of Ae. albopictus in the metropolitan area of Recife poses a potential risk for the interaction of this mosquito species with the urban human population.

 

 

Os primeiros registros do Ae. albopictus no Brasil ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais em 1986, possivelmente por introdução passiva, por meio do comércio marítimo de minério de ferro, entre essas áreas e o Japão (Consoli e Lourenço de Oliveira,1 1994). Atualmente, sua presença já foi registrada em 14 Estados brasileiros (Gomes et al,3 1999), ocorrendo em áreas rurais, urbanas e suburbanas (Gomes et al,2 1992).

A comprovada capacidade de transmissão de arbovírus, como agentes etiológicos do dengue, febre amarela e encefalite eqüina venezuelana, leva à necessidade de investigar a ocorrência do Ae. albopictus em áreas onde essas doenças estejam ressurgindo. Segundo dados dos boletins técnicos da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, na Região Metropolitana do Recife, há um aumento considerável na notificação dos casos de dengue desde 1995. Esse fato torna relevante a investigação da presença desse mosquito como risco potencial de transmissão do vírus da dengue naquela localidade.

Considerando a natureza predominantemente silvestre dessa espécie, o local escolhido para a presente pesquisa consistiu de um remanescente de 387,42 ha de Mata Atlântica, na área urbana do Recife (08°00'00" S e 34°56'00"W). Essa área inclui três açudes (Dois Irmãos, do Meio e do Prata) e uma parte central onde está localizado o Horto Zoobotânico. Para as coletas foram estabelecidos dois pontos da mata localizados a 5 e 250 m da margem do açude do Meio (local fechado ao público) e um terceiro ponto considerado antrópico, localizado próximo aos recintos dos animais. Em setembro de 1999 foram realizadas três coletas, utilizando-se capturas com isca humana e amostragem de larvas. Ao longo desse período (entre 8h e 18h) a temperatura média registrada foi de 27±2°C e a umidade relativa de 80%. Os resultados de captura por isca humana revelaram a presença do Ae. albopictus em todas as coletas, tendo sido obtido um total de oito indivíduos, dos quais seis foram encontrados a 250 m da borda da mata e dois, a 5 m. Dentre os criadouros observados, apenas os bambus e o pneu mostraram-se positivos para formas imaturas de Ae.albopictus, com 24 e 10 larvas, respectivamente. Embora ocos de árvores sejam freqüentemente descritos como micro-habitat natural desse mosquito (Gomes et al,2 1992), nenhum espécime foi observado nesse tipo de criadouro durante o período de coletas; na maioria das vezes encontravam-se secos. As formas imaturas do Ae. albopictus, coletadas em bambus, estavam ocasionalmente associadas a formas jovens interespecíficas dos gêneros Limatus e Toxorhynchites. Esses gêneros são reconhecidamente predadores de várias espécies de Culicídeos (Lopes,4 1999).

A presença do Ae. albopictus nos diferentes pontos da mata, bem como na área antrópica, denota um processo progressivo de colonização. Além dos indivíduos coletados nas áreas selecionadas, dois adultos do Ae. albopictus foram trazidos ao laboratório para identificação, tendo sido capturados no interior de uma residência localizada a aproximadamente 2 km do local pesquisado. Esses achados podem ser uma evidência da dispersão desse mosquito do ambiente silvestre para o urbano nesse local.

Embora no Brasil o Ae. albopictus não seja considerado transmissor de vírus do dengue, estudos de laboratório demonstraram a capacidade vetorial da população aqui existente aos quatro sorotipos virais (Miller e Ballinger,5 1988). Assim, a possibilidade da transmissão local do dengue e da febre amarela silvestre por esse inseto não pode ser desconsiderada (Gomes et al,3 1999), indicando a necessidade de estudos mais detalhados sobre isolamento de vírus em populações naturais.

 

REFERÊNCIAS

1. Consoli RAGB, Lourenço RO. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1994.         [ Links ]

2. Gomes AC, Forattini OP, Kakitani I, Marques GRAM, Azevedo Marques CC, Marucci D et al. Microhabitats de Aedes albopictus (Skuse) na região do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública 1992;26:108-18.         [ Links ]

3. Gomes AC, Bitencourt MD, Natal D, Silva Pinto PL, Mucci LF, Paula MB et al. Aedes albopictus em área rural do Brasil e implicação na transmissão de febre amarela silvestre. Rev Saúde Publica 1999;33:95-7.         [ Links ]

4. Lopes J. Ecologia de mosquitos (Diptera, Culicidae) em criadouros naturais e artificiais de área rural do norte do Paraná, Brasil. VIII. Influência das larvas predadoras (Toxorhynchites sp., Limatus durhamii e Culex bigoti) sobre a população de larvas de Culex quinquefasciatus e Culex eduardoi. Rev Bras Zool 1999;16:821-6.         [ Links ]

5. Miller BR, Ballinger ME. Aedes albopictus mosquitoes introduced into Brazil: vector competence for yellow fever and dengue viruses. Trans R Soc Trop Med Hyg 1988;82:476-7.         [ Links ]

 

Correspondência para/Correspondence to:
Cleide MR de Albuquerque
Av. Moraes Rego, s/n.
50670-420 Recife, PE, Brasil
E-mail: cleide@npd.ufpe.br

Recebido em 12/1/2000. Aprovado em 6/4/2000.