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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas - Fibras vegetais utilizadas na pesca artesanal na microrregião do Salgado, Pará

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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas

versão impressa ISSN 1981-8122

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. vol.1 no.2 Belém maio/ago. 2006

http://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222006000200009 

ARTIGOS

 

Fibras vegetais utilizadas na pesca artesanal na microrregião do Salgado, Pará

 

Vegetal fibers used in artisan fishing in the Salgado region, Pará

 

 

Jorge Oliveira; Raimunda Conceição de Vilhena Potiguara; Luiz Carlos Batista Lobato

Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Belém, Pará, Brasil (joliveira@museu-goeldi.br) (lcbatista@museugoeldi.br) (raipoty@museu-goeldi.br)

 

 


RESUMO

As espécies vegetais fibrosas ocupam papel de destaque no cotidiano das comunidades tradicionais amazônicas ao lado das espécies medicinais, alimentícias e madeireiras. Na microrregião do Salgado do estado do Pará - constituída pelos municípios de Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, Santarém Novo, São Caetano de Odivelas, São João de Pirabas e Vigia - as fibras vegetais são usadas em cestaria, trançados, fixadoras em substituição ao prego, adornos e vestuário. Para a elaboração do presente trabalho, os dados foram obtidos entre artesãos e pescadores artesanais da microrregião do Salgado do estado do Pará, com cerca de 150 entrevistas semiestruturadas. Foram registradas 17 espécies, distribuídas em oito famílias e 17 gêneros utilizados na preparação de implementos de pesca artesanal, cujas matérias prima são provenientes de diversas partes da planta, onde as talas são da haste caulinar de Marantaceae e estipe de Arecaceae, os cipós são raízes de Araceae e Cyclanthaceae e os caules de Bignoniaceae e Dilleniaceae, enquanto que as palhas são folhas e pinas de Arecaceae. A família mais representativa com relação ao número de espécies e o fornecimento de matéria prima utilizada foi Arecaceae com 8 spp., seguida de Dilleniaceae e Araceae com 2 spp., Bignoniaceae, Bombacaceae, Cyclanthaceae, Marantaceae e Poaceae com 1 sp. cada. O trabalho visa contribuir para o conhecimento das espécies vegetais fibrosas, quanto a sua morfologia, origem e manuseio da matéria prima, os produtos confeccionados e seus usos, além do registro dos aspectos culturais da utilização de espécies vegetais fibrosas no cotidiano da atividade pesqueira artesanal daquela microrregião.

Palavras-chave: Fibras vegetais. Etnobotânica. Brasil. Pará. Pesca.


ABSTRACT

Plant-derived fibers used in small-scale fisheries of the Salgado region of Pará state, Brazil. Fiber-providing plants occupy a distinctive place in the daily life of traditional Amazonian communities, next to medicinal plants, food plants, and timber species. In the Salgado region of Pará state, Brazil, on the Atlantic coast (municipalities of Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, Santarém Novo, São Caetano de Odivelas, São João de Pirabas, and Vigia) plant-derived fibers are used in basketwork, ropes, construction reinforcements (in place of nails), body adornments, and clothing. For this survey, data were obtained from craft workers and fishermen in the Salgado region, in about 150 semi-structured interviews. In all, 17 plant species in eight botanical families and 17 genera are used in the preparation of fishing gear. Supports are made from the stems of Marantaceae and stipes of Arecaceae, woven elements are the aerial roots of Araceae and Cyclanthaceae and the stems of vine-like Bignoniaceae and Dilleniaceae, and roofing thatch is made from the leaves and midribs of Arecaceae. The most represented family in terms of number of species and uses was Arecaceae, with 8 species, followed by Dilleniaceae and Araceae, each with 2 species, and Bignoniaceae, Bombacaceae, Cyclanthaceae, Marantaceae, and Poaceae, each with a single utilized species. In addition, this paper provides information on these fiber-producing plants, in terms of their morphology, the origin and manipulation of plant materials by craftsmen, and the produced artifacts and their uses, as well as reporting cultural aspects of fibrous plant use in daily fishing activities in the Salgado region.

Keywords: Plant fibers. Ethnobotany. Brazil. Pará. Fishing.


 

 

INTRODUÇÃO

Não obstante o emprego em escala cada vez maior de produtos de origem sintética, muitas populações tradicionais litorâneas utilizam os recursos genéticos vegetais como opção no suprimento de suas necessidades, tais como vestuário, adorno pessoal, implementos agrícolas, caça e pesca, construção de habitações, medicina caseira etc. Contudo, existe uma carência muito grande de informações sobre o potencial de aproveitamento desses recursos. Dentre os trabalhos existentes, a sua maioria foi realizada nos municípios de Maracanã e Marapanim e trata de inventários florísticos e fitossociológicos (BRAGA, 1979; BASTOS, 1988; SANTOS; ROSÁRIO, 1988; COSTA NETO; BASTOS; LOBATO, 1996; AMARAL, 1997; COSTA NETO, 1999; BASTOS, 1995) e de espécies utilizadas na medicina caseira (FURTADO et al., 1978; BASTOS, 1995; SANTOS et al., 1997; URQUIZA; MORAIS, 1998; COELHO-FERREIRA, 2000).

Na microrregião do Salgado do estado do Pará, a utilização das fibras vegetais está inserida na cultura das comunidades locais, cujo conhecimento remonta aos tempos dos indígenas e está mesclada a cultura cabocla. Em todas as atividades desenvolvidas por essas comunidades, as fibras vegetais se encontram presentes, indo desde um simples amarrilho na fixação de uma palha até implementos primordiais na execução de atividades de sobrevivência como a agricultura e a pesca.

Em uma primeira análise, a pesca artesanal parece ser somente de subsistência: o pescador consegue o básico para o sustento de sua família utilizando implementos rústicos, confeccionados com matéria prima, que na sua maioria, é retirada da própria natureza, nos ecossistemas adjacentes ao seu local de moradia. Contudo, a pesca artesanal vai mais além, posto que desempenha papel de fundamental importância sócio-econômico nas comunidades litorâneas, pois, além de garantir a subsistência do pescador e de sua família, o excedente é comercializado na própria comunidade, nas comunidades vizinhas ou até mesmo naquelas mais distantes, através dos atravessadores ou marreteiros.

Os dados aqui apresentados são partes dos resultados do projeto "Inventário dos recursos vegetais utilizados na microrregião do Salgado paraense" que está sendo desenvolvido através da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas com pescadores e artesãos em comunidades dos 10 municípios componentes da microrregião do salgado, Pará, e tem como objetivos contribuir para o conhecimento das espécies vegetais fibrosas, quanto a sua morfologia, origem e manuseio da matéria prima, os produtos confeccionados e seus usos, o registro fotográfico das espécies vegetais e dos produtos confeccionados bem como oferecer subsídios para estudos mais avançados que possibilitem avaliar as potencialidades econômicas dessas espécies.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido na microrregião do Salgado paraense que se insere na zona fisiográfica do nordeste do estado do Pará e compreende os municípios de Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, Santarém Novo, São Caetano de Odivelas, São João de Pirabas e Vigia (Figura 1). O litoral nordeste paraense extendese desde a baía de Marajó, Pará, até a baía do Gurupí, Maranhão, compreendendo o grande sistema de rios que vai da margem direita do estuário amazônico, no município da Vigia, Pará, até a baía de Tubarão, na Ponta do Mangue, Maranhão (BASTOS, 1996).

Os dados sobre os entrevistados, as espécies vegetais, os utensílios fabricados e sua utilização, foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas, utilizando-se formulários e gravador de fitas cassete entre artesãos e pescadores artesanais nas diversas comunidades cujos quesitos foram os seguintes: dados do entrevistado (nome, idade, grau de instrução, local de nascimento); dados sobre a espécie vegetal utilizada (nome vulgar das espécies a da matéria prima, forma de vida, locais de coleta ou compra); e dados do objeto fabricado (utilização). Após as informações prestadas, as espécies vegetais foram coletadas (amostras para exsicatas e a matéria prima) sob a orientação do informante ou de uma pessoa da comunidade por ele indicada. Em seguida, as amostras para exsicatas foram envolvidas em jornal e levemente embebidas em álcool, acondicionadas em sacos plásticos hermeticamente fechados sendo transportados para o Museu Goeldi, onde foram submetidas ao processo de prensagem e desidratação em estufa. A identificação foi efetuada pelos autores do trabalho através dos métodos de comparação com a coleção do herbário do Museu Paraense Emilio Goeldi (Herbário MG) e de literatura especializada. As espécies que se encontravam férteis (flor e fruto) foram montadas em cartolina, registradas e incorporadas ao acervo do Herbário do Museu Goeldi e estão identificadas através de nota de rodapé com o nome do projeto nas fichas de cada exsicata. A morfologia foi baseada nos caracteres morfológicos observados no campo e nas fichas das exsicatas. Além da coleta, foram efetuados registros fotográficos das espécies, da forma de obtenção da matéria prima, do processo de confecção dos objetos. Também foram adquiridos alguns objetos confeccionados com as fibras vegetais e que se encontram depositados no acervo da Coordenação de Botânica do MPEG.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho registrou 17 espécies pertencentes a oito famílias e 17 gêneros de espécies vegetais fibrosas utilizados na fabricação de artefatos para pesca artesanal na microrregião do salgado do estado do Pará (Tabela 1).

Dentre as famílias botânicas estudadas, a que apresentou a maior quantidade de espécies fornecedoras de matéria prima foi Arecaceae, com 47,06%; seguida de Araceae e Cyclanthaceae, com 11,77%; enquanto que Bignoniaceae, Bombacaceae, Marantaceae e Poaceae com 5,88% (Figura 2).

 

 

Segundo Medina (1959), o termo fibra pode ser definido sob duas formas: a histológica e a comercial. A histológica, como sendo todas as células esclerenquimatosas de forma tipicamente prosenquimatosas, isto é, de comprimento igual a muitas vezes a largura; a definição comercial, com sentido mais amplo, abrange tanto os pêlos unicelulares como também feixes de tecidos multicelulares. As fibras vegetais são provenientes de órgãos vegetativos como raiz, caule e folhas e de órgãos reprodutivos como flores e frutos. Dependendo de sua origem recebem nomes populares como cipós, palhas, fibras e talas.

Cipós

Os cipós constituem matéria prima muito utilizada na atividade de cestaria em geral, bem como em substituição ao prego na atracação de peças na construção de habitações, implementos agrícolas e de pesca artesanal, e são originadas de raízes e caules. As raízes pertencem ao grupo das Monocotiledôneas, cujas famílias são Araceae e Cyclanthaceae, enquanto que os caules são de espécies do grupo das Dicotiledôneas, pertencentes às famílias Bignoniaceae e Dilleniaceae.

ARACEAE

Heteropsis jenmanii Oliv.

Cipó-titica

Morfologia: epífita escandente. Folhas simples, alternas, pecioladas, oblongo-lancioladas, base arredondada, ápice acuminado; nervura principal proeminente, as secundárias formando arcos em direção as margens. Raízes envolvidas por uma membrana verde-esbranquiçada, algumas direcionadas ao solo, chegando a dezenas de metros. Inflorescência envolvida por uma bráctea esverdeada, persistente. Flores em espigas esbranquiçadas. Fruto espigas.

Uso: as raízes são colhidas e postas para secar, podendo ser utilizadas inteiras ou partidas longitudinalmente. São usadas na confecção de cestas e paneiros para transporte de peixes e mariscos, bem como amarrilho na construção de curral de pesca. Os objetos fabricados com essa espécie apresentam longa durabilidade.

Comentários: espécie espontânea, encontrada em matas primária e secundária de terra firme, bem como em terrenos alagadiços próximos a cursos d'água. Emiti raízes que se direcionam ao solo. Dependendo do hospedeiro, chega a alcançar dezenas de metros. Essa espécie é vendida na feira do Ver-o-Peso, em Belém, feiras livres e mercados de alguns municípios do estado do Pará.

Philodendron imbe Schott.

Cipó-imbé (Figura 3)

 

 

Morfologia: epífita escandente. Folhas alternas, longopecioladas, cordiforme-alongadas, base com dois lobos descendentes e laterais, ápice agudo. Inflorescência em espádice axilar envolvida por uma bráctea verde-esbranquiçada. Flores esbranquiçadas. Frutos imaturos verde-pálidos. Raízes cilíndricas, constituídas por fibras envolvidas por uma camada mucilaginosa verde-escura.

Uso: as raízes são utilizadas na confecção de cestas, paneiros rústicos e amarrilho na construção de currais de pesca.

Comentários: espécie espontânea. Habita matas primárias e secundárias de terra firme. Pode ser encontrada em lugares alagadiços próximos a cursos d'água. Emite raízes que se direcionam ao solo. Dependendo do hospedeiro, pode alcançar dezenas de metros.

CYCLANTHACEAE

Evodianthus funifer (Point.) Lind. subsp. funifer

Cipó-açu

Morfologia: epífita escandente. Folhas longas, plicadas, com uma incisão longitudinal atingindo mais da metade da lâmina foliar. Inflorescência em espádice axilar. Flores com muitos estames, longos, amarelo-esbranquiçados, formando um tufo protegido pela bráctea. Frutos em espiga, imaturos verdes. Raízes grossas, cilíndricas, resistentes, envolvidas por uma mucilagem verde-escura.

Uso: as raízes são utilizadas como amarrilho na construção de curral de pesca e em trançados rústicos em geral.

Comentários: planta espontânea. Habita lugares úmidos e sombreados em matas primária e secundária antiga. Essa espécie não alcança grandes alturas, contudo emite uma quantidade maior de raízes chagando em alguns casos a envolver todo o caule do hospedeiro.

BIGNONIACEAE

Clytostoma binnatum (Thumb.) Sandw.

Cipó-graxama-roxa

Morfologia: liana escandente, vigorosa. Caule esverdeado, noduloso. Folhas compostas, opostas, bipinadas. Flores roxas. Fruto cápsula oblonga, revestida por espinhos curtos.

Uso: o caule é utilizado na estrutura circular de sustentação do matapi, amarrilho para paredes de curral de pesca, bem como na confecção de paneiros rústicos para transporte de peixe (Figura 4).

 

 

Comentários: espécie espontânea, muito comum nas margens de rios e igarapés.

DILLENIACEAE

Davilla rugosa Poir.

Cipó-de-fogo

Morfologia: liana escandente. Caule castanhoáspero. Folhas simples, alternas, faces superior e inferior ásperas, margem serreada na porção superior. Inflorescência terminal. Flores amarelas, perfumadas. Frutos arredondados, imaturos verdes, maduros amarelos.

Uso: o caule é utilizado como amarrilho em paredes de curral para pesca, bem como na confecção de cestas e paneiros para transporte de peixe.

Comentários: espécie espontânea, muito comum em vegetação secundária de terra firme.

Doliocarpus spraguei Cheesm.

Cipó-piririca

Morfologia: liana escandente; caule esverdeado, liso; folhas simples, alternas, cartáceas, margem lisa. Inflorescência ramiflora. Flores esbranquiçadas, depois esverdeadas. Frutos arredondados.

Uso: o caule é utilizado como amarrilho em paredes de curral para pesca, bem como na confecção de cestas e paneiros para transporte de peixe.

Comentários: espécie espontânea, e muito comum em mata secundária de terra firme.

Talas e palhas

As talas são provenientes do revestimento externo da haste caulinar de Marantaceae, do estipe e da raque de Arecaceae, sendo constituídas por fibras longas e impregnadas de lignina, conferindo-lhes uma consistência resistente e flexível. São largamente utilizadas em cestarias e trançados em geral.

As palhas são folhas de Arecaceae, constituída pelos folíolos e pela raque, sendo utilizadas na fabricação de cordas, cestos, côfos, cobertura de casas e toldo de embarcações.

ARECACEAE

Astrocaryum vulgare Mart.

Tucumã

Morfologias: palmeira solitária ou formando touceiras; estipe chegando até 10 m de altura, anelado e densamente revestido por espinhos achatados, longos e negros; folhas pinadas, suberectas atingindo até 2 m de comprimento e cerca de 100 pares de pinas; pecíolo e raque com espinhos pretos. Inflorescência ereta protegida por uma bráctea revestida por espinhos, interfoliar, flores bissexuais, sendo as femininas basais. Fruto imaturo verde, alaranjado na maturação, globoso ou ovóide, polpa fibrosa, alaranjada. Semente arredondada ou ovóide, negra, lisa e brilhante.

Uso: os folíolos jovens ainda imbricados (palha) são usados na fabricação de cordas rústicas; com o pecíolo e a raque, após a retirada dos espinhos, são confeccionados os panos para paredes de currais de pesca; as talas do pecíolo são usadas na fabricação de paneiros descartáveis.

Comentários: espécie espontânea, subespontânea e cultivada; habita preferencialmente mata secundária de terra firme, principalmente áreas degradadas por sucessivos cultivos de roças, apresentando grandes touceiras de pequena altura; quando em mata antiga chega a alcançar 10 m de altura.

Maximiliana maripa (Aubl.) Drude

Inajá, anajá

Morfologia: palmeira solitária; estipe de até 20 m de altura com a parte basal lisa, enquanto que a parte superior apresenta-se engrossada por bainhas persistentes. Folhas pinadas atingindo até 5 m de comprimento com cerca de 200 pares de pinas. Inflorescência interfoliar protegida por bráctea marrom-paleácea, de consistência amadeirada, dura, com a parte externa com fendas longitudinais. Fruto imaturo verde, quando maduro castanhoesbranquiçado, oblongo, ápice acuminado, polpa macia, alaranjada. Semente castanho-esbranquiçada, oblonga, lisa.

Uso: A folha madura é utilizada como cobertura e paredes de casas e tapiris (Figura 5). A folha jovem, ainda imbricada (olho, grelo) é utilizada na confecção de côfos ou pêras para acondicionamento e transporte de camarão, caranguejo e siri (Figura 6). O pecíolo e a raque são usados na fabricação de panos de curral de pesca.

 

 

 

 

Comentários: espécie espontânea, subespontânea e cultivada; habita preferencialmente mata secundária de terra firme, onde atinge altura de cerca de 5 a 8 m. É uma espécie resistente ao fogo, considerada invasora em áreas degradadas, principalmente aquelas muito utilizadas para roças. Seus frutos são comestíveis.

Bactris maraja Mart.

Maraja

Morfologia: palmeira solitária ou formando touceiras; estipe de 4 a 5 m de altura, levemente anelado por cicatrizes das folhas velhas. Folha pinada, cuja porção apical apresenta as pinas mais largas que as demais. Inflorescência interfoliar. Frutos globosos, imaturos verdes, maduros negros.

Uso: o estipe é usado na construção de paredes de curral de pesca, podendo ser utilizado inteiro ou partido ao meio no sentido longitudinal.

Comentários: espécie espontânea; habita subbosque de matas primária e secundária de terras firme ou alagada. Os frutos apresentam polpa macia e adocicada, comestíveis.

Desmoncus ortacanthos Mart.

Jacitara (Figura 7)

 

 

Morfologia: palmeira solitária ou formando touceiras; estipe escandente, vigoroso, envolvido por bainhas densamente cobertas por espinhos de diversos tamanhos. Folhas pinadas, de até 3 m de comprimento, com espinhos na face inferior da nervura central; com as pinas apicais curtas, engrossadas, pontiagudas e achatadas formando uma espécie de gancho (cirros). Inflorescência interfoliar protegida por uma bráctea revestida por espinhos curtos. Frutos pequenos, globosos ou subglobosos, imaturos verdes, tornando-se amarelos e finalmente vermelhos na maturação.

Uso: o estipe, após a retirada das bainhas, apresenta a parte interna dura e resistente, de onde se extrai as talas para a fabricação de paneiros e cestas (Figura 8). Esse material tem certa preferência por parte dos pescadores por apresentar maior resistência e durabilidade que as demais espécies.

 

 

Comentários: espécie espontânea; habita matas primária e secundária de terra firme, margens de rios e igarapés. Essa espécie, quando em mata alta e densa, apresenta estipe liana solitária, fina alcançando grandes alturas. Quando em ambiente aberto, o estipe apresenta-se em touceira, grosso de até 4 m de altura.

Euterpe oleracea Mart.

Açaí (Figura 9)

 

 

Morfologia: palmeiras em touceira formando grandes colônias; estipe delgado, inerme, levemente anelado, acinzentado de até 20 m de altura. Folhas pinadas de 2 a 3 m de comprimento e 50 a 80 pares de pinas. Inflorescência infrafoliar (base da bainha), protegida por uma bráctea inerme, brilhante. Fruto globoso, imaturo verde, maduro negro com polpa violácea.

Uso: o estipe partido longitudinalmente em forma de tabuinhas é utilizado na construção de jiraus, salgadeiras, assoalhos e paredes de tapiris; as folhas são usadas na fabricação de paneiros descartáveis.

Comentários: espécie espontânea, subespontânea e cultivada; habitam preferencialmente lugares úmidos como várzeas e igapós.

Geonoma baculifera (Poit.) Kunth.

Ubim (Figura 10)

 

 

Morfologia: palmeira solitária ou formando pequenos grupos; estipe fino, delgado, anelado de até 4 m de altura. Folhas de até 90 cm de comprimento, lanceoladas, lâmina cuneiforme com ápice bifurcado. Inflorescência interfoliar. Fruto globoso, imaturo verde, depois avermelhado e finalmente preto.

Uso: as folhas são utilizadas em coberturas de tapiris e toldo de embarcações, forro de panacaricas e torda (Figura 11); o estipe é usado em paredes de curral de pesca.

 

 

Comentários: espécie espontânea, encontrada no sub-bosque de mata primária e secundária antiga de terra firme ou próximo a alagados.

Mauritia flexuosa L. f.

Miriti, buriti (Figura 12)

 

 

Morfologia: palmeira solitária ou formando grandes aglomerados; estipe cilíndrico, inerme de até 30 m de altura. Folhas costapalmadas formando uma coroa no alto do estipe, nervura primária com pequenos acúleos. Inflorescência interfoliar com numerosas brácteas. Fruto globoso-deprimido, revestido por escamas imbricadas, rombóides, castanhoavermelhadas, brilhantes; polpa amarelo-alaranjada.

Uso: as folhas jovens são usadas na confecção de cordas rústicas e arremates de objetos trançados; as folhas adultas servem para cobertura de casas e tapiris. As talas do pecíolo são utilizadas na manufatura de paneiros e objetos trançados.

Comentários: essa espécie apresenta estipe solitário, contudo vive em grandes concentrações em margens de rios, igarapés e baixios de áreas alagadas chamadas de miritizais, destacando-se da paisagem local pelo dosel, pela arquitetura e coloração de suas folhas e pelo aspecto sinuoso formado pelo ambiente em que se encontram.

Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl.

Paxiúba

Morfologia: palmeira solitária; estipe inerme de até 25 m de altura anelado, sustentado por um feixe de raízes adventícias ornadas com acúleos curtos e grossos. Folhas pinatifídas, longo-pecioladas; folíolos longos oblongo-trapezóides com ápice denteado. Inflorescência infrafoliar. Fruto ovóide, imaturo esverdeado, quando maduro amarelo-avermelhado.

Uso: As folhas são utilizadas em coberturas de tapiris; o estipe, partido longitudinalmente em forma de tabuinhas é usado em ripamentos ou aberto em uma só peça chamada de pano é usado em paredes e assoalhos de casas e tapiris.

Comentários: espécie espontânea e cultivada; habita preferencialmente matas inundáveis e em baixios na mata de terra firme.

Raphia taedigera (Mart.) Mart.

Jupati

Morfologia: palmeira solitária ou formando pequenos grupos. Estipe de até 15 m de altura, envolvido por bainhas persistentes e restos de pecíolo e folíolos. Folhas pinadas com cerca de 7 m de comprimento; presença de acúleos nas margens e nervura central dos folíolos. Frutos ovóide-oblongo, revestido por estruturas em forma de escamas imbricadas, rombóides, castanho-avermelhadas, brilhantes.

Uso: as talas provenientes do pecíolo são utilizadas na construção de implementos de pesca como o pari, utilizado para tapagem de igarapé na captura de peixes; o matapi usado para captura de camarão e pequenos peixes (Figura 13), o cacuri também usado na captura de pequenos peixes.

 

 

Comentários: espécie espontânea não muito freqüente na região; habita em locais encharcados como várzeas e igapós. Face a raridade de ocorrência na região, os pescadores adquirem em Belém as talas ou mesmo o matapi.

MARANTACEAE

Ischnosiphon arouma (Aubl.) Koern.

Arumã, guarumã, guarimã (Figura 14)

 

 

Morfologia: espécie de até 4 m de altura; haste caulinar verde, cilíndrica e lisa. Folhas em rosetas no ápice da haste, ovaladas, base arredondada, ápice agudo. Inflorescência em espigas longas, protegidas por brácteas esverdeadas; flores amarelas.

Uso: As talas da haste caulinar são usadas na confecção de paneiros, armação de torda e trançados em geral.

Comentários: espécie espontânea formando touceiras em locais úmidos. Na microrregião do salgado paraense existem cerca de cinco espécies de guarumã, contudo as mais utilizadas pela população local são Ischnosiphon arouma e Ischnosiphon ovatus.

POACEAE

Bambusa vulgaris var. vittata MacClure

Taboca, bambu.

Morfologia: espécie arborescente, cespitosa com mais de 15 m de altura. Colmos eretos, fistulosos, amarelos com estrias verdes. Folhas curto-pecioladas. Inflorescência em espigas longas e finas, paleáces, protegida por brácteas.

Uso: os colmos, nome designativo do caule das Poaceae (Gramineae), são usados inteiros como moirões para sustentação de pari na tapagem de igarapés ou partidos longitudinalmente em forma de ripas para construção de munzuá, paredes de curral de pesca, salgadeira e jirau para secagem de peixe (Figura 15).

 

 

Comentários: espécie subespontânea e cultiva em terra firme, ou em locais encharcados.

Fibras liberianas

As fibras liberianas são provenientes de espécies pertencentes ao grupo das Dicotiledôneas, cuja matéria prima é originada da entrecasca do caule. Podem ser espessas e volumosas ou finas e lisas, superpostas formando camadas e com coloração diversificada. Dentre essas se destaca a mamorana.

BOMBACACEAE

Pachira aquatica Aubl.

Mamorana

Morfologia: árvores de até 8 m de altura; folhas pecioladas, digitadas, 7 a 9 folíolos, ápice acuminado. Flor grande, vistosa; pétalas estreito-liguladas, com a parte interna avermelhada, estames vermelhos com a porção apical esbranquiçados. Frutos arredondados, oblongos, oblongo-ovóides, marrons.

Uso: as fibras da entrecasca do caule são usadas como bucha na calefação de embarcações de madeira.

Comentários: espécie espontânea em margens de rios e lugares encharcados. Essa espécie possui grande potencial paisagístico, pois possui porte mediano, flores e frutos vistosos. Em Belém, como em muitas cidades de outros municípios do estado, essa espécie já esta sendo cultivada em praças, ruas e jardins.

 

CONCLUSÃO

Potiguara et al . (1987), tratando das espécies fibrosas com utilização artesanal para os mais diversos fins na microrregião do salgado paraense registrou 17 espécies das quais 11 são utilizadas na pesca artesanal, enquanto que Nery (1995) registrou no município de Marapanim 32 espécies na confecção de artefatos utilizados na pesca artesanal dentre as quais 11 são fibrosas. No presente trabalho foram registradas 18 espécies, sendo que quatro dessas são comuns aos três trabalhos (Euterpe oleraceae Mart., Heteropsis jenmani Oliv, Maximiliana maripa (Corr. Serr.) Drude e Philodendron imbe Schott.).

Uma grande parte das espécies utilizadas é proveniente dos diversos tipos vegetacionais que compõem a fisionomia local como resquícios de mata primária de terra firme, mata secundária (capoeira), campos seco e alagado, igapó, manguezal e restinga situadas nas cercanias das populações estudadas. Com relação ao cipó-titica (Heteropsis jenmanii), esse está passando por grande pressão antrópica, considerado em extinção nas áreas ribeirinhas e litorâneas, posto que essa espécie também seja largamente utilizada em movelaria, principalmente em Belém, Pará, na fabricação de cadeiras, berços, estantes etc. Atualmente o cipótitica está sendo adquirido em Belém e em algumas poucas cidades litorâneas, sendo provenientes de municípios do sul do Pará. O cipó-açu (Evodianthus funnifer) também é outra espécie que está ameaçada, principalmente por habitar áreas de matas primária e secundária antiga, pois essas estam com sua fisionomia bastante alterada na região.

Os artefatos cuja matéria prima é proveniente de folha, da haste caulinar, de caule e do estipe, a sua utilização não constituem ameaça para as espécies, pois as mesmas possuem poder de recuperação através da emissão de novas folhas como nas Arecaceae, os rebrotos da haste caulinar das Marantaceae, dos caules das Bignoniaceae e do estipe de Arecaceae.

No que se refere à confecção dos implementos pesqueiros, a maioria é produzido pelos próprios pescadores e seus familiares. Quanto à atividade artesanal de uma maneira geral, na maioria das comunidades estudadas, a utilização de fibras vegetais, principalmente na arte dos trançados, está sendo desenvolvida por poucas pessoas, sendo essas na maioria do sexo masculino e com idade acima de 50 anos, cujo aprendizado dessa atividade foi um legado de seus ancestrais. Constatou-se, também, que em algumas comunidades, essa atividade está restrita a uma pessoa, enquanto que em outras não mais existe a figura do artesão. Essa situação é gerada pelo fato da população mais jovem não demonstrar interesse em aprender o ofício face não haver compensação financeira, tornando-se mais fácil adquirir os implementos agrícolas e de pesca artesanal em feiras e mercados de cidades mais próximas ou substituí-los por produtos sintéticos.

 

REFERÊNCIAS

AMARAL, D. D. 1997. Contribuição ao estudo das formações abertas de moitas do litoral paraense, restinga do Crispim, município de Marapanim, PA. 170 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém.         [ Links ]

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Recebido: 11/12/2004
Aprovado: 06/03/2006

 

 

ANEXO 1. Glossário

Bucha

entrecasca do caule de espécies vegetais utilizada para calafetar embarcações.

Cacuri

cercado de varas ou talas (armadilha) para 'tapagem' nos igarapés e lugares onde se dão fluxo e refluxo das marés para a captura de peixe.

Cofo

cesto de tamanhos variados, de forma quadrado-achatada lateralmente, tecido com folhas (palha) jovens de palmeiras para acondicionamento e transporte do camarão, do caranguejo, do siri etc.

Chibé

mistura de água e farinha de mandioca, com ou sem açúcar, ingerido no intervalo das principais refeições (quabra-jejum, merenda). Em algumas comunidades é utilizado como refeição principal, acompanhado de carne, camarão ou peixe, preferencialmente salgados.

Cuneiforme

em forma de cunha.

Curral

armadilha constituída por varas de diversas espécies vegetais, utilizada para captura de peixe.

Epífita

vegetal que vive sobre outro vegetal, somente como forma de suporte, sem retirar nutrientes.

Estipe

caule das Arecaceae (Palmeiras).

Grelo

folhas jovens, ainda imbricadas.

Haste

caulinar caule delgado e flexível, de espécies das famílias Marantaceae, Cyperaceae e algumas Poaceae (Gramineae).

Jirau

estrado, a certa altura do solo, confeccionados com tabuínhas provenientes do caule (estipe) de palmeiras, muito comum nas casas e barracas do interior.

Matapi

objeto cilíndrico, confeccionado com talas de jupati, cujas extremidades possuem um funil voltado pra o seu interior, utilizado para captura de camarão e pequenos peixes.

Munzuá

objeto de forma redondo-oblonga, confeccionado com talas, utilizado para captura de peixes.

Panacarica

espécie de protetor contra chuva, confeccionado em tecido duplo com talas de guarumã intermediado com folhas de ubim ou guarumã.

Pari

cerca de talas ou pecíolos utilizados para 'tapagem' de igarapés para captura de peixe.

Pêra

o mesmo que 'cofo'.

Salgadeira

estrado ou jirau utilizado para 'estender' peixe salgado.

Tapiri

pequeno abrigo utilizado por pescadores, construído a beira de rios, lagos e praias, no período de pesca.

Tolda/torda

objeto de forma oval, confeccionado com tala e palha, utilizado como abrigo individual contra intempéries.

Toldo

cobertura/abrigo em embarcações de diversos tipos.