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Psicologia: Reflexão e Crítica - Maternal responsiveness: a review of the literature and a conceptual discussion

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Psicologia: Reflexão e Crítica

Print version ISSN 0102-7972

Psicol. Reflex. Crit. vol.16 no.1 Porto Alegre  2003

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722003000100014 

Responsividade materna: levantamento bibliográfico e discussão conceitual

 

Maternal responsiveness: a review of the literature and a conceptual discussion

 

 

Adriana F. Paes RibasI, 1, 2; Maria Lucia Seidl de MouraI; Rodolfo de Castro Ribas JuniorII

IUniversidade do Estado do Rio de Janeiro
IIUniversidade Federal do Rio de Janeiro

 

 


RESUMO

O presente artigo tem dois objetivos principais: fornecer um panorama das pesquisas sobre responsividade materna e discutir criticamente este conceito. Foi realizada uma busca sistemática em uma base de dados bibliográficos internacional (PsycInfo - APA). Os registros de artigos publicados entre 1967 e 2001, que continham qualquer um dos cinco termos selecionados (Ex.: maternal responsiveness) foram sistematicamente identificados, analisados e classificados. Ao todo foram identificados 231 registros de artigos. Foram ainda realizadas buscas em duas bases de dados nacionais, onde cinco trabalhos foram identificados. As pesquisas identificadas são analisadas considerando diferentes aspectos (Ex.: enfoque, fundamentação teórica, níveis de análise, áreas de investigação). As conclusões apontam, principalmente, para três questões: 1) a necessidade de considerar variáveis como suporte social e variações culturais; 2) possível integração do tema à abordagem sociocultural; 3) necessidade de pesquisas brasileiras sobre o tema.

Palavras-chave: Responsividade materna; sensitividade; interação mãe-bebê.


ABSTRACT

The present article had two main objectives: To supply an overview of the research on maternal responsivity and to present a discussion of the concept of maternal responsivity. A systematic search on an international bibliographic database (PsycInfo – APA) was conducted. Records of articles published between 1967 and 2001, that contained any of the five selected key phrases (e.g. maternal responsiveness), were systematically identified and analyzed. A total of 231 articles were identified. Systematic searches on two Brazilian databases were also conducted and five works were identified. The identified articles were analyzed taking into account different aspects (e.g. approaches, theoretical basis, level of analysis, investigation areas). The conclusions point to three issues: 1) the necessity to account for variables such as social support and cultural differences in researches on maternal responsivity; 2) the possible integration of this theme into the sociocultural approaches; 3) the necessity of more Brazilian research.

Keywords: Maternal responsiveness; sensitivity; mother-infant interaction.


 

 

A relevância do conceito de responsividade para a Psicologia tem sido destacada, em especial nos estudos sobre desenvolvimento infantil, por diversos autores como Bornstein e Lamb (1992), Bornstein e Tamis-LeMonda (1997), Wakschlag e Hans (1999). O interesse pelo tema responsividade materna deriva, em parte, do fato de diversas teorias psicológicas incluírem em seus pressupostos ou formularem hipóteses de que a natureza das experiências com os cuidadores durante a infância pode exercer influência sobre as esferas cognitiva, emocional e social do desenvolvimento. Outra razão é o fato de a responsividade refletir uma cadeia de eventos de três termos que envolve a ação da criança, a reação dos pais e o reflexo desta sobre a criança (Bornstein & Lamb, 1992; Bornstein & Tamis-LeMonda, 1989), constituindo-se como um importante componente da interação mãe-criança.

Este artigo tem como objetivo fornecer um panorama das pesquisas que focalizam a responsividade materna e discutir criticamente este conceito, possíveis enfoques, áreas de investigação e articulação teórica com o tema, a partir de dados de extensiva revisão da literatura. Tendo como base o resultado do levantamento realizado e o exame crítico de um conjunto de trabalhos sobre o tema (Ex.: Bornstein, 1989; Seifer & Schiler, 1995), foi conduzida uma revisão e discussão do conceito de responsividade e de algumas das principais questões relacionadas à pesquisa sobre este tema.

A partir da análise feita, três questões centrais são apontadas nas considerações finais: a primeira é a necessidade de considerar algumas variáveis (Ex.: suporte social, estrutura familiar, variações culturais) na pesquisa sobre responsividade; a segunda é uma possível integração dessas pesquisas à abordagem sociocultural e finalmente a necessidade da realização de pesquisas brasileiras sobre responsividade.

 

Método

Foram realizadas buscas sistemáticas em importantes bases de dados bibliográficos nacionais e internacionais em Psicologia. Foi inicialmente realizada uma busca no PsycInfo, a base de dados on-line da American Psychological Association (APA). Foram consideradas cinco expressões: maternal responsiveness, mother responsiveness, mother's responsiveness, mother sensitive response, maternal sensitive responsiveness. Todos os registros de artigos publicados entre 1967 e 2001, que continham qualquer uma dessas expressões em qualquer um dos campos da base de dados (Ex.: título, abstracts ou palavras chave), foram identificados, armazenados e tratados. Foram ainda realizadas buscas em duas importantes bases de dados nacionais: o Prossiga do CNPq/SBPC/Academia Brasileira de Ciências e o Index Psi do Conselho Federal de Psicologia/PUC-Campinas.

Os registros de todos os artigos foram analisados e classificados, entre outros aspectos, considerando: população estudada, assunto, variáveis relacionadas, periódico onde foi publicado o artigo. A presente análise se restringiu, basicamente, aos registros (título, abstracts, palavras-chave) de artigos obtidos nas bases de dados. Apenas um restrito número de artigos identificados será tratado aqui a partir de seu exame na íntegra.

 

Resultados e Discussão

Publicações sobre responsividade: Uma avaliação quantitativa

Foram identificados registros de 231 artigos no PsycInfo relacionados a responsividade materna. As buscas nas bases de dados nacionais identificaram inicialmente cinco registros de artigos, entretanto, uma análise mais detalhada revelou que apenas um desses artigos se referia especificamente a responsividade materna.

Verificou-se que 41,80% dos artigos identificados foram publicados em apenas seis periódicos (Physiology and Behavior, Child Development, Developmental Psychobiology, Hormones and Behavior, Developmental Psychology, Infant Behavior and Development). O restante dos artigos identificados (58,2%) foi publicado em mais de 30 outros periódicos.

A Tabela 1 apresenta a distribuição de artigos nesses periódicos, podendo-se observar que, embora não alta, é um pouco maior a percentagem de publicação nos periódicos Physiology and Behavior (com 9,91% dos artigos publicados) e Child Development (com 9,05%).

 

 

Considerando os periódicos onde foram publicados os artigos sobre responsividade materna, pode-se afirmar que esse tema vem sendo estudado fundamentalmente nos campos da psicologia do desenvolvimento e da psicobiologia. Uma análise das pesquisas sobre responsividade revelou, em concordância com a afirmação anterior, dois grandes grupos de pesquisa. Um primeiro grupo de pesquisas vem sendo conduzido em animais, avaliando aspectos biológicos (Ex.: níveis hormonais, lesões cerebrais, efeito de drogas) da responsividade. Busca-se, por exemplo, a caracterização da responsividade em diferentes espécies animais (Fleming, 1989) e a determinação de fatores significativos biológicos e de experiência (Rosenblatt, 1989).

Do total de artigos identificados, 38% envolveram pesquisas com animais e focalizaram, principalmente, a relação da responsividade materna com as seguintes variáveis: níveis de hormônio, efeitos do contato ou da separação mãe-filhote, lesões cerebrais, efeito de determinados tipos de drogas. A Tabela 2 apresenta a distribuição de artigos envolvendo animais considerando as principais variáveis estudadas. O único artigo identificado nas bases de dados nacionais tratava do efeito da separação mãe-filhote sobre a responsividade em hamsters (cricetus cricetus). A pesquisa com animais é uma importante vertente dos estudos sobre esse tema. No entanto, optou-se neste trabalho pela análise da literatura sobre responsividade com sujeitos humanos.

 

 

O segundo grande grupo é de pesquisas sobre responsividade com seres humanos, vinculando esta variável a, por exemplo, apego e cultura. Do total de artigos identificados, 62% envolveram pesquisas com a participação de seres humanos como sujeitos. Tais pesquisas têm sido conduzidas com objetivos bastante diversos. Estudam-se, por exemplo, variações e características da responsividade em díades mãe-bebê pretermo (Beckwith & Cohen, 1989). Alguns estudos examinam a associação entre responsividade e status socioeconômico (SES), bem como contexto cultural (Bornstein & cols., 1992). Outros enfocam o poder preditor da responsividade em relação ao desenvolvimento cognitivo (Bornstein & Tamis-LeMonda, 1989) e emocional (Isabella, Belsky & Eye, 1989). Observou-se que os artigos focalizaram basicamente a relação entre a responsividade e as seguintes variáveis: desenvolvimento infantil (cognitivo, lingüístico e sócio-emocional), características da criança (Ex.: temperamento, obediência), características da mãe (Ex.: ansiedade, estresse, depressão, uso de drogas), apego e tipo de nascimento (Ex.: pré-termo, a termo). A Tabela 3 apresenta a distribuição de artigos envolvendo seres humanos considerando as principais variáveis estudadas.

 

 

Definições e Discussão Conceitual

A principal dificuldade na análise desses estudos está relacionada à fundamentação teórica à qual se vincula o conceito de responsividade. No levantamento feito uma diversidade de enfoques pode ser observada e nem sempre as publicações na área apresentam claramente um referencial teórico. Por essa razão, talvez seja mais adequado tratar deste aspecto levando em conta a questão do enfoque dos trabalhos na área e não propriamente da teoria. Nota-se que os enfoques são muito diversificados, desde aqueles exclusivamente psicobiológicos (Ex.: Fleming, Steiner & Corter, 1997) enfoques orientados pela teoria do apego (Ex.: Kochanska, 1998), aqueles que questionam as variações observadas neste processo entre diferentes grupos culturais (Ex.: Richman, Miller & LeVine, 1992) e outros que investigam a responsividade vinculada a trajetórias de desenvolvimento e desordens de comportamento entre crianças de risco, procurando desenvolver estratégias de prevenção (Ex.: Wakschlag & Hans, 1999).

A teoria do apego tem sido comumente associada ao estudo sobre responsividade, conforme aponta Bretherton (1992). Neste levantamento, no que se refere à vinculação das pesquisas na área com alguma teoria em Psicologia, foi possível identificar que 12,59% das publicações que investigavam seres humanos relacionavam-se ao referencial da teoria do apego.

Os estudos sobre interação mãe-criança e padrões de apego, tratam do conceito de sensitividade ao avaliar os tipos de comportamento específicos da mãe. A importância do conceito de responsividade ou sensitividade aparece na teoria do apego justamente no ponto em que se questiona qual a base para a formação do apego (cujo aspecto central é o estabelecimento do senso de segurança). Para esta teoria, segundo Bee (1996) e Bretherton (1992), o apego seguro depende da aceitação do bebê por parte dos pais e da responsividade contingente dos pais em relação ao bebê. A responsividade - ou sensitividade - é definida como a capacidade do adulto de cuidar do bebê, mostrar-se sensível aos sinais e gestos do bebê e responder nos momentos adequados com o sorriso, a fala, a vocalização ou pegando o bebê no colo, por exemplo.

A qualidade das primeiras interações irá influenciar a formação do apego e o modelo funcional interno que cada criança irá formar com base em seus relacionamentos com os cuidadores. Assim, a responsividade (ou sensitividade) é um dos ingredientes envolvidos no primeiro relacionamento de apego. Este primeiro relacionamento é, por sua vez, fundamental para a compreensão da qualidade do apego em fases posteriores do desenvolvimento, qualidade esta descrita através do sistema de categorias de Ainsworth (1989) em apego seguro, apego inseguro evitante e apego inseguro ambivalente, considerando os padrões típicos de apego. Caso sejam levados em conta os casos atípicos de apego, esta classificação incluiria ainda os padrões: desorganizado/desorientado, evitante/ambivalente e instável-evitante, (ver Barnett & Vondra, 1999; Solomon & George, 1999; Waters & Valenzuela, 1999 sobre padrões de apego atípicos). A inclusão destes diferentes padrões acompanha a discussão da própria autora que destaca a existência de inúmeros padrões de apego inseguro (Ainsworth & Marvin, 1995).

Ainda que uma parte dos trabalhos identificados tenha relação com a teoria do apego, uma análise do levantamento bibliográfico permite afirmar que os trabalhos na área mostram enfoques diferenciados e que grande parte deles não mostra vinculação com teorias, sendo seus dados interpretados de forma desarticulada de qualquer referencial teórico.

Talvez por haver ainda uma falta de compreensão mais ampla acerca do conceito de responsividade, não se encontra uma definição consensual desse conceito. No entanto, do conjunto de definições de responsividade encontradas na literatura, alguns aspectos podem ser destacados. Bornstein e Tamis-LeMonda (1997) definem responsividade como comportamentos maternos contingentes, apropriados e imediatamente relacionados aos comportamentos das crianças. Bretherton (1992) trata de como as mães respondem apropriadamente, sensitivamente e prontamente aos sinais da criança. De forma similar, para Owens, Shaw e Vondra (1998) a responsividade é definida em termos de quão apropriados e contingentes aos comportamentos da criança são os comportamentos da mãe. Observa-se que nos três exemplos os autores (Bornstein & Tamis-LeMonda, 1997; Bretherton, 1992; Owens & cols., 1998) tratam da responsividade como comportamento materno que é apropriado e contingente (ou imediatamente relacionado) ao comportamento infantil. A definição de Burchinal, Follmer e Bryant (1996) é mais ampla e inclui a aceitação, o envolvimento, o controle, o "ritmo"e ajuste apropriados da mãe ao interagir com sua criança. A contingência não é considerada. Talvez seja possível aceitar os comportamentos da criança e se envolver na interação sem apresentar respostas imediatas a esses comportamentos.

Além das características do comportamento materno, alguns autores se preocupam com o tipo de comportamento infantil ao qual o comportamento materno se dirige. Bornstein e Tamis-LeMonda (1989) se concentram principalmente em duas formas de responsividade materna: aquela em relação às atividades sem stress das crianças e a que se manifesta em relação às atividades com stress. Hubbard e Van-Izjendoorn (1991) ao estudarem responsividade e choro, definem a responsividade levando em conta a prontidão do comportamento da mãe à reação de choro da criança.

Do ponto de vista do comportamento materno, as diversas definições de responsividade envolvem, basicamente, duas dimensões, uma mais qualitativa e uma temporal. Na dimensão qualitativa são incluídas caraterísticas do tipo calor, proximidade, intimidade, em geral mais afetivas. Quanto à dimensão temporal, é considerada a contingência da resposta.

Keller, Lohaus, Volker, Cappenberg, e Chasiotis (1999) advertem que apesar de diferentes componentes da responsividade serem ressaltados, em especial as duas dimensões citadas acima, tem prevalecido a concepção de responsividade como uma organização unitária do comportamento parental. Estes autores consideram que uma das questões que ainda está em aberto é se a dimensão temporal e a dimensão afetiva (Ex.: calor, afeição) são dependentes ou independentes. Para eles (Keller & cols., 1999), esses componentes são relativamente independentes, já que não encontraram associações significativas entre índices de contingência e avaliação da sensitividade materna. A capacidade da criança de detectar contingências no comportamento do adulto não parece depender de aspectos afetivos específicos, esta detecção pode ocorrer com níveis diferentes de demonstração de afeto ou mesmo sem este aspecto.

Outro aspecto relevante destacado por Keller e colaboradores (1999) é o de que esta provável independência entre diferentes componentes do comportamento parental (neste caso, da responsividade) pode favorecer uma melhor compreensão das variações transculturais, das diferenças interindividuais e de manifestações de comportamento parental consideradas disfuncionais.

Outra questão central que vem sendo discutida envolve a abrangência do conceito de responsividade. Tem-se discutido se este conceito se refere exclusivamente a uma característica do comportamento materno ou pode ser entendido com uma característica de um tipo de interação interpessoal. Parece haver consenso entre diferentes autores, oriundos de abordagens e enfoques diversos (Ex.: Bornstein & cols., 1992; Martin, 1989; Seifer & Schiler, 1995), de que o conceito de responsividade deve ser considerado como multidimensional e interpessoal.

Martin (1989) ressalta que a responsividade materna deve ser considerada como uma responsividade interpessoal, com um domínio constituído por variáveis pessoais (Ex.: sensitividade interpessoal, preditividade, não-intrusividade, por parte das mães e características individuais dos bebês) e interpessoais (Ex.: ao nível molecular: seqüências específicas de ações dos parceiros, ao nível molar: características do relacionamento que transcendem as ações específicas, tal como o nível de gratificação do relacionamento). Esta afirmação deriva do que Martin (1989) chama de questão da contingência mútua, ou seja, não é possível avaliar as ações de uma pessoa de forma significativa em um sistema interpessoal sem que essas ações sejam vistas como respostas às ações prévias do parceiro ou como antecipações das respostas futuras dos parceiros.

De certa forma, ao discutir os estudos microanalíticos sobre a responsividade, Martin (1989) toca na questão da natureza interpessoal do conceito, na medida em que a sua avaliação é feita tendo como base a ação do outro. Pode-se dizer que os estudos sobre responsividade materna (ainda que recebam o nome materna) tratam, na verdade, de uma responsividade interpessoal, já que este conceito é analisado em termos da relação entre comportamentos dos dois sujeitos em interação (Martin, 1989). De fato, os estudos sobre responsividade têm focalizado em que medida as ações de uma pessoa durante a interação dependem das ações da outra pessoa, e se mostram apropriadas em conteúdo, timing e intensidade. As variáveis destas duas pessoas mostram a natureza contingente da responsividade. Assim, embora uma pessoa (Ex.: a mãe) possa ser julgada responsiva neste tipo de análise, o conceito de responsividade se refere à esfera interpessoal, ou seja, à interface das ações dos parceiros na situação interacional, que se dá situada em um determinado contexto cultural.

Seifer e Schiler (1995), utilizando o termo sensitividade com uma definição praticamente idêntica à definição de responsividade descrita anteriormente, destacam que a sensitividade é um conceito amplo e multidimensional na medida em que está relacionado a diferentes componentes, tais como o temperamento da criança e as diferenças individuais dos pais. A questão ressaltada por estes autores é a de que este conceito nem sempre tem sido tratado desta forma por pesquisadores da área. Estes autores partem do referencial teórico específico da teoria do apego e destacam, assim como Martin (1989), que este conceito deve ser compreendido dentro de um enfoque mais amplo e não simplesmente enquanto uma característica ou atributo exclusivo da mãe.

A análise das publicações na área permite afirmar que, de certa forma, tem havido uma preocupação com as variáveis interpessoais, na medida em que 16% dos artigos identificados investigavam a responsividade associada a características da criança, como temperamento e obediência, e 7% ao tipo de nascimento (Ex.: nascimento pretermo da criança). Ainda considerando o aspecto multidimensional discutido por Seifer e Schiler (1995) e interpessoal ressaltado por Martin (1989), 14% dos artigos investigavam a relação com características individuais das mães, como ansiedade, estresse, depressão e uso de drogas.

Níveis de Análise

Diretamente relacionada à natureza interpessoal da responsividade, está a questão do nível de análise do conceito de responsividade que, utilizando-se a terminologia de Martin (1989), pode variar entre os níveis molar e molecular. O nível de análise molecular, segundo este autor, se estabelece em seqüências específicas de comportamento interpessoal, nas quais as ações de cada pessoa são examinadas em uma seqüência interativa que depende (pelo menos em parte) das ações do parceiro na interação. Este enfoque segue o de diversas pesquisas microanalíticas sobre interação adulto- bebê (Als, Tronick & Brazelton, 1979; Belsky, Gilstrap & Rovine, 1984).

Já as variáveis de relacionamento molares, supondo um nível de análise molar, não podem ser identificadas ou investigadas em seqüências particulares de ação. Segundo Martin (1989) elas se referem a características do relacionamento que transcendem seqüências de ação específicas. Conceitos como o de complementaridade, coordenação interpessoal, respeito mútuo e nível de gratificação no relacionamento são alguns do que o autor utiliza para exemplificar o nível molar.

Essa discussão deixa claro que se trata de uma variável que tanto no nível molar como molecular, não envolve um comportamento específico e não deve ser avaliada isoladamente na tentativa de se verificar seus efeitos em variáveis de desenvolvimento da criança ou de relação da díade. Se tratada como uma dimensão do cuidado materno, deve ser considerada em uma matriz multivariada e dentro de uma discussão mais ampla sobre os fatores constitutivos e que influenciam o desenvolvimento humano.

Essas considerações se mostram relacionadas à constatação, a partir do levantamento realizado neste trabalho, de que um outro aspecto que deve merecer a atenção de pesquisadores interessados na área é aquele sobre a relação entre o conceito multidimensional de responsividade e as definições operacionais utilizadas para medir esse conceito. Destaca-se a necessidade de uma análise crítica sobre que dimensões da responsividade estarão de fato sendo medidas e/ou avaliadas nas pesquisas conduzidas na área.

Relevância da Responsividade Materna para o Desenvolvimento Infantil

Mesmo com as ressalvas apresentadas anteriormente, verifica-se que a importância da responsividade em termos das conseqüências sobre o desenvolvimento infantil tem sido destacada por alguns autores, como Bornstein e Tamis-LeMonda (1989) e Wakschlag e Hans (1999). Para Bornstein e Tamis-LeMonda (1989), um cuidador responsivo pode promover uma autoregulação da criança, o que pode trazer para ela sentimentos de controle e autoeficácia, contribuindo para a competência e desempenho posterior da criança. A responsividade do cuidador pode ainda fortalecer a motivação da criança para adquirir informação ou para persistir e, possivelmente, resolver problemas com sucesso. Keller e colaboradores (1999) destacam como a experiência de contingência permite que a criança desenvolva expectativas que favorecem a autopercepção como um agente causal.

Como foi apontado inicialmente, deve-se ressaltar a relação comumente investigada entre responsividade materna e diferentes aspectos do desenvolvimento infantil conduzidas por diversos autores (Ex.: Bornstein & Tamis-LeMonda, 1989; Bornstein & Tamis-LeMonda, 1997; Tamis-LeMonda, Bornstein, Baumwell & Damast, 1996).

Neste aspecto, pelo menos duas questões devem merecer destaque. A primeira delas é se a responsividade materna (avaliada de modo geral) teria implicações sobre o desenvolvimento da criança de modo global ou sobre domínios específicos. Bornstein e Tamis-LeMonda (1997) apontam que um alto nível de responsividade materna de modo global possivelmente não prediz altas habilidades das crianças em todas as áreas. Parecem existir relações, entretanto, entre tipos de responsividade (Ex.: responsividade em relação a comportamentos com estresse ou responsividade em relação a comportamentos sem estresse) e competências específicas da criança (Ex.: atenção, brincadeira).

Outra questão é a de se a responsividade materna tem implicações sobre o desenvolvimento da criança direta ou indiretamente. Uma concepção da relação direta seria, segundo Bornstein e Tamis-LeMonda (1997), baseada na idéia de que a resposta contingente da mãe traz para a criança um sentido de que seu comportamento leva a modificações no ambiente, o que levaria a um melhor controle e interação com o ambiente. A concepção da relação indireta seria baseada na hipótese da segurança, defendida pela teoria do apego, já que a responsividade materna estaria associada à segurança da criança. Crianças mais seguras exploram mais o ambiente e isto levaria indiretamente a avanços nas competências cognitiva, emocional e social.

Seguindo a argumentação apresentada anteriormente, a responsividade deve ser considerada como uma dimensão do cuidado materno que, associada a outras dimensões, pode ser considerada como tendo algum impacto sobre o desenvolvimento infantil.

Responsividade Materna e Abordagem Sociocultural

Para entender o papel da responsividade em um contexto teórico mais amplo, dentro de uma perspectiva multidimensional, e para hipotetizar algumas de suas relações com o desenvolvimento infantil, talvez seja possível uma articulação com a abordagem sociocultural. Parece útil tentar vincular a compreensão da responsividade materna a uma perspectiva teórica centrada no estudo do desenvolvimento enquanto um processo em que as interações sociais são consideradas como fator constitutivo (Rogoff & Chavajay, 1995; Wertsch, Del Rio & Alvarez, 1998).

Pelo próprio fato desta abordagem não se constituir em uma teoria, mas em um conjunto de contribuições de diferentes autores, conceitos e modelos diversos por eles tratados podem ser relevantes para esta discussão. Nesse sentido, podem ser citados o modelo ecológico de Bronfenbrenner (1998), a noção de nicho de desenvolvimento de Harkness e Super (1994), o conceito de etnoteorias parentais (Harkness & Super, 1992), teorias nativas de sucesso (Ogbu, 1981), entre outros. De modo geral, todos estes autores têm tentado compreender as ligações entre o contexto ecológico, cultural e o desenvolvimento e comportamento humanos.

O modelo ecológico (Bronfenbrenner, 1998) tem sido utilizado para estudar o desenvolvimento da criança de modo integrado a diferentes esferas do contexto. Como assinalam Collins, Maccoby, Steinberg e Bornstein (2000), as famílias são vistas como influência importante sobre as crianças, mas o efeito delas pode ser entendido somente à luz da influência simultânea das esferas sociais. Estas influências ocorrem dentro de contextos mais amplos (Ex.: vizinhança, contexto cultural, época histórica), que dão forma e moderam o efeito da família. A perspectiva ecológica não somente enfatiza o potencial significativo das influências extra familiares sobre o desenvolvimento da criança, mas também e mais importante, reforça a natureza interativa das ligações entre a família e outras influências.

O conceito de nicho de desenvolvimento, apresentado por Harkness e Super (1994), relaciona a criança e seu ambiente como um sistema interativo. Esse sistema envolve três subsistemas: o ambiente físico e social em que a criança vive (Ex.: tipo de moradia); os costumes culturalmente construídos sobre os cuidados infantis e maneiras de criar as crianças e a psicologia dos que cuidam das crianças (Ex.: as crenças individuais e as expectativas das mães). Com o conceito de etnoteorias parentais estes autores (Harkness & Super, 1992) exploram mais detalhadamente este componente do sistema, que é o das representações que os pais têm sobre o desenvolvimento infantil, aspecto já destacado também por Ogbu (1981) ao traçar as relações entre diferentes componentes dos sistemas de cuidados, sendo um deles as teorias nativas de sucesso nas quais os pais se baseiam para orientar a criação de seus filhos.

Como assinalam Bronfenbrenner (1998) e Harkness e Super (1994) as crianças se desenvolvem participando simultaneamente de diferentes sistemas. Supõe-se que mudanças e/ou características destes sistemas (Ex.: a família) estão relacionadas com as práticas parentais. Em contraste com esses pressupostos, o levantamento realizado mostrou que apenas 6,29% das publicações sobre sujeitos humanos investigam variáveis como suporte social, estrutura familiar, nível educacional e variações culturais relacionando-as à responsividade materna. Com base no argumento de que as investigações sobre comportamento parental e desenvolvimento infantil devem levar em conta não só as pessoas envolvidas, mas a organização do ambiente, do contexto na qual elas estão inseridas, a necessidade de considerar estas variáveis parece evidente.

Burchinal e colaboradores (1996), por exemplo, procuram investigar o contexto de desenvolvimento avaliando a relação entre suporte social e responsividade. Define-se como suporte social tanto a ajuda direta recebida por parte de outro adulto (Ex.: cuidado da criança) quanto a ajuda indireta (Ex.: informação ou modelo no exercício da prática parental). Estas autoras consideram que o suporte social pode ter uma relação com os estilos de parenting, inclusive com a responsividade materna, por, pelo menos, duas razões. Uma delas é que os membros que fornecem suporte podem atuar no sentido de encorajar ou estimular os pais no exercício de seu papel e a outra é que o suporte social pode reduzir o stress dos pais e, conseqüentemente, o impacto do stress sobre as formas de cuidado e interação com as crianças.

Além dos autores citados e suas abordagens que se enquadram na perspectiva mais ampla que Rogoff e Chavajay (1995) denominam de sociocultural, a psicologia transcultural, como assinalam Dasen e Mishra (2000), tem também procurado entender culturas como diferentes contextos para o desenvolvimento e discutir os comportamentos e práticas como adaptativos a estes diferentes contextos. Esses autores propõem a integração de duas tendências: essa transcultural e uma mais baseada na Psicologia da Cultura. De qualquer maneira, considera-se que certamente os modelos apresentados não esgotam o tema, mas entende-se que eles podem servir como um pano de fundo muito frutífero para tentativas de incluir o estudo da responsividade em um enfoque sociocultural.

Como destacam Bornstein e Tamis Le-Monda (1989), clarificar possíveis relações entre a responsividade materna e o desenvolvimento humano em diferentes contextos constitui um desafio central para pesquisas na área. Mais recentemente, um debate desta natureza tem sido realizado, em relação à teoria do apego em geral (Chao, 2001; Gjerde, 2001; Posada & Jacobs, 2001; Rothbaum, Weisz, Pott, Miyake & Morelli, 2000, 2001; Sagi, 2001; Van Ijzendoorn & Sagi, 2001).

Diversos autores têm publicado pesquisas que enfocam as variações culturais relacionadas à responsividade materna. Por exemplo, Bornstein e colaboradores (1992) investigaram variações entre mães na França, Estados Unidos e Japão, no que se refere a responsividade. Bornstein, Maital, Tal e Baras (1995) têm realizado investigações transculturais em diferentes países, como: França, Japão, Bélgica, Argentina, Israel. Leyendecker, Lamb, Scholmerich e Fricke (1997) têm realizado investigações na América Central. Richman e colaboradores (1992) têm investigado criticamente as comparações transculturais entre países do ocidente e comunidades Africanas.

Segundo Bornstein e Lamb (1992), apesar destes trabalhos que investigam diferentes países, grande parte do conhecimento sobre desenvolvimento infantil e interação mãe-criança deriva de estudos realizados com amostras de crianças e famílias de classe média urbana dos E.U.A.. Como aponta M. H. Bornstein (comunicação pessoal, 11 de Maio de 2000), 95% das crianças do mundo não estão representadas na literatura sobre desenvolvimento infantil.

Os trabalhos identificados exclusivamente nas bases de dados nacionais foram em número pouco expressivo. Outro levantamento bibliográfico, este realizado no PsycLit, mostrou que em um total de 335 artigos brasileiros sobre desenvolvimento, publicados entre 1974 e 1996 (indexados nesta base de dados), menos de 5% focalizavam o desenvolvimento infantil (de 0 a 3 anos) e nenhum deles se referia ao tema responsividade materna (Seidl de Moura, Ribas & Ribas, 2000).

 

Considerações Finais

O tema responsividade materna tem recebido a atenção de pesquisadores, com enfoques bastante diferenciados e com abordagens diversificadas sobre o tema. Pode-se concluir que este conceito seja, de fato, relevante do ponto de vista da investigação psicológica. Esta importância se mostra, por exemplo, pelo fato de que a responsividade tem sido investigada em termos da sua validade preditiva em relação a diferentes esferas do desenvolvimento infantil (Ex.: cognitivo, lingüístico, emocional, social) e ainda, por ser considerada como um componente de destaque dentro do processo de interação mãe-criança.

A análise das publicações na área permite que se faça uma indicação da necessidade de integrar os estudos sobre responsividade materna em "panos de fundo" teóricos mais abrangentes. Aponta-se a relevância de iniciativas no sentido de compreender a responsividade materna como uma característica das interações adulto-criança que tem origens e influências múltiplas e que precisa ser investigada levando-se em conta um sistema amplo de referência e variáveis associadas.

Parece razoável afirmar que a integração do estudo da responsividade materna à abordagem sociocultural é possível, necessária e se mostra como um desafio para os pesquisadores na área. As pesquisas sobre este tema ainda carecem de considerar aspectos como suporte social, estrutura familiar, nível educacional e variações culturais. A investigação sobre responsividade ganha sentido quando integrada à compreensão de outros componentes do sistema, tais como as práticas da cultura, as etnoteorias que guiam o comportamento dos pais enquanto eles cuidam de seus filhos, etc. Assim, considerar o ambiente social no qual a família está inserida, ou seja, compreender os diferentes nichos de desenvolvimento que envolvem a criação das crianças pode trazer elementos significativos para a discussão.

Pode-se apontar, ainda, para a necessidade da realização de pesquisas brasileiras sobre o tema, uma vez que parece que ele não vem sendo significativamente explorado no âmbito da pesquisa nacional. Neste sentido, a realização de pesquisas brasileiras pode ser útil e produtiva, revelando informações sobre amostras da população brasileira relevantes para estudos subseqüentes na área e, ao mesmo tempo, gerando dados passíveis de serem discutidos comparativa e criticamente em relação aos estudos internacionais.

 

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Recebido: 04/01/2002
1ª revisão: 04/07/2002
Aceite final: 16/09/2002

 

 

Sobre os autores
Adriana F. Paes Ribas é Psicóloga, Professora da Universidade Estácio de Sá, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Sub-coordenadora do Projeto de Pesquisa: Interação mãe-bebê e desenvolvimento infantil: Um estudo longitudinal e transcultural, desenvolvido na UERJ.
Maria Lucia Seidl de Moura é Psicóloga, Doutora em Psicologia Cognitiva pela Fundação Getúlio Vargas, Livre-docente pela UFRJ, Pesquisadora do CNPq, Coordenadora da Área de Psicologia da FAPERJ. É Professora titular da UERJ, atuando na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Instituto de Psicologia.
Rodolfo de Castro Ribas Junior é Psicólogo, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 

 

1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada na forma de Poster no II Congresso Norte-Nordeste de Psicologia. Bahia, 2001.
2 Endereço para correspondência: Rua Ferreira Pontes, 286, A, 1007, 20541-280, Andaraí, Rio de Janeiro, RJ. E-mail: aribas@ajato.com.br