It is the cache of ${baseHref}. It is a snapshot of the page. The current page could have changed in the meantime.
Tip: To quickly find your search term on this page, press Ctrl+F or ⌘-F (Mac) and use the find bar.

Revista da Associação Médica Brasileira - Pulmonary embolic ischemia: clinical and experimental aspects

SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.49 issue3Medication errors: who is responsible?Errata author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Article

Indicators

Related links

Share


Revista da Associação Médica Brasileira

Print version ISSN 0104-4230

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.3 São Paulo July/Sept. 2003

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302003000300042 

ARTIGO DE REVISÃO

 

Isquemia pulmonar embólica – aspectos clínicos e experimentais

 

Pulmonary embolic ischemia-clinical and experimental aspects

 

 

Fabio Biscegli Jatene; Wanderley Marques Bernardo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A isquemia está freqüentemente relacionada a mecanismos embólicos e esta oclusão arterial mecânica não é sempre seguida de conseqüências isquêmicas severas porque mudanças na circulação brônquica suprem as áreas sem fluxo sangüíneo. No entanto, ocorre o fenômeno de remodelação vascular, também relacionado a níveis elevados de pressão arterial pulmonar, principalmente no tromboembolismo pulmonar crônico. Modelos experimentais têm sido produzidos para estudar a relação entre a oclusão arterial mecânica, a hipertensão pulmonar e a remodelação vascular, entretanto mais avaliações sistemáticas são necessárias para se entender esta relação no parênquima pulmonar isquêmico e não isquêmico.

Unitermos: Embolia pulmonar (fisiopatologia; epidemiologia). Circulação pulmonar. Hipertensão pulmonar.


SUMMARY

Pulmonary ischemia is usually related with embolics mechanisms, and this mechanic artery occlusion is not always followed by severe ischemic consequences, because the bronchial circulation changes supply the areas without blood flow. However, small artery vascular remodeling occurs, related to persistent high pulmonary pressure levels, mainly in the chronic pulmonary thromboembolism. Experimental models have been produced to study the relation-ship between mechanic artery occlusion, pulmonary hypertension and vascular remodeling, however, more systematic evaluation is necessary to understand such a these relation-ship, in the ischemic and not ischemic lung parenchyma.

Key words: Pulmonary embolism (epidemiology; physiopathology). Pulmonary circulation. Hypertension, pulmonary.


 

 

INTRODUÇÃO

Anastomoses entre as artérias brônquicas e pulmonares ocorrem não somente ao nível dos bronquíolos, mas também além do lóbulo pulmonar, onde a microvasculatura brônquica, em geral, conecta-se com a circulação arterial pulmonar através de um leito capilar alveolar1. A circulação brônquica responde com alterações estruturais e na distribuição, quando ocorre redução no fluxo pulmonar e isquemia.

Podemos definir isquemia como um fenômeno que ocorre quando a demanda de um determinado tecido por substratos energéticos (oxigênio e glicose) não é correspondida a um adequado suprimento sangüíneo, usualmente devido a prejuízo da perfusão tecidual. A isquemia, então, poderia ser prevenida ou eliminada, a princípio, pela redução da demanda ou por aumento do suprimento. Os mecanismos específicos e as conseqüências da isquemia diferem em cada tecido ou órgão, refletindo as suas diferenças anatômicas e fisiológicas2.

No caso dos pulmões, a redução ou ausência de perfusão pode ser produzida pela obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por partículas variadas (êmbolos)3. No entanto, como Trendelenburg primeiro descreveu em 19084, a circulação brônquica protege o parênquima pulmonar da isquemia quando um trombo oclui a artéria pulmonar. O pulmão pode, então, sustentar um evento embólico sem necrose do parênquima5, em contraste com o coração ou cérebro onde não há este suprimento suplementar de sangue6. A circulação brônquica responde então, com alargamento, hipertrofia e proliferação focal, através da rede de canais anastomóticos com a circulação pulmonar1. O fluxo sangüíneo brônquico tem um aumento de 300% nas semanas seguintes à embolização da artéria pulmonar7.

Apesar do efeito protetor da circulação brônquica, o infarto pulmonar pode ocorrer. Virchow foi o primeiro a notar que a obstrução embólica pulmonar pode levar ao infarto, definido como necrose tecidual, distal ao ponto de obstrução embólica, e também que a embolia pulmonar pode ocorrer sem infarto pulmonar resultante8,9.

O infarto pulmonar é menos freqüente em casos de oclusão arterial central, nos quais o fluxo da maciça circulação colateral brônquica é facilmente acomodado pelo circuito arterial pulmonar10,11. A probabilidade de infarto aumenta quando uma artéria mais distal, de tamanho médio (=3mm), é obstruída e o afluxo circulatório brônquico de alta pressão é acomodado em um pequeno compartimento, com um menor volume intravascular11. Esta reperfusão da circulação brônquica associada ao aumento da permeabilidade vascular local, devido à isquemia tecidual e à injúria endotelial capilar, produz o extravasamento intra-alveolar de fluídos e hemácias10. Com esta área, a arquitetura tecidual subjacente é preservada e geralmente reconstituída a um estado normal após a absorção das hemácias10.

Tipos de embolia pulmonar

Como observado em relação ao infarto pulmonar, o efeito do êmbolo no pulmão pode variar na dependência de fatores como: a extensão da obstrução que ele produz na circulação pulmonar12, ao tipo3 e tamanho13 da partícula da qual ele é constituído, bem como à duração da obstrução12,13.

Assim, variando a extensão e a duração da obstrução, bem como o tamanho do êmbolo, a embolia pode ser classificada em aguda, subaguda e crônica. A aguda, fenômeno de instalação súbita, em que na maioria das vezes os êmbolos são múltiplos, pode ser subclassificada em menor ou maciça, quando se apresenta com menos ou mais de 50% de obstrução do leito arterial, respectivamente. A subaguda é caracterizada por múltiplos êmbolos de tamanho pequeno e médio que se acumulam ao longo de semanas. E quando não há resolução do processo obstrutivo, tornando-se o êmbolo fixo e crônico, a embolia é denominada crônica (EPC)12,14.

Na dependência do tipo de material embolizado se tem uma resposta fisiopatológica diferente. Então, êmbolos constituídos de gordura, líquido amniótico e ar15 levam a uma reação, de natureza microembólica, consistente com injúria pulmonar aguda e edema, cujo mecanismo de injúria está mais associado a um dano induzido pelos neutrófilos do que apenas à oclusão vascular16,17. De modo diferente, a resposta fisiopatológica ao êmbolo constituído de coágulo sangüíneo (trombo) é complexa, envolvendo efeitos diretos e reflexos da oclusão vascular, como também de mediadores humorais vaso e bronco-ativos, que podem produzir efeitos em segmentos pulmonares não embolizados12.

A composição e a morfologia do trombo se modificam com o tempo. Os coágulos sangüíneos tendem a retrair após sua formação, além do que, as camadas de fibrina são dispostas próximas umas a outras, sendo o plasma expelido do coágulo. Com a retração ou compressão mecânica, o coágulo perde mais de 90% do conteúdo inicial de plas-minogênio, tornando-se resistente à lise18. Dois tipos principais de trombo então, ambos em localização central, podem ser determinados, o primeiro, móvel e de formação recente e, portanto, mais suscetível à lise e o segundo, imóvel, aderido à parede e com graus variados de organização, a qual ocorre entre 2 a 33 dias (média de 10 dias)13.

Por semelhante modo, ao longo do tempo, a obstrução determina alterações na estrutura e distribuição arterial pulmonar, que incluem principalmente a angiogênese e a formação de circulação colateral e a ocorrência de remodelação vascular19-21.

Angiogênese e circulação colateral

Na maior parte das doenças pulmonares crônicas, incluindo a embolia pulmonar crônica (EPC), a luz das artérias brônquicas torna-se marcadamente dilatada1,22. Perifericamente, no tecido doente (isquêmico), as artérias brônquicas atingem diâmetro semelhante ao das artérias pulmonares no mesmo nível. A perfusão no sistema brônquico aumenta gradualmente após a obstrução vascular pulmonar, sugerindo que o aumento de fluxo seja devido a neovascularização que ocorre23.

Ao mesmo tempo, estabelecem-se anastomoses pré-capilares entre as circulações brônquica e pulmonar, ao nível das arteríolas de bronquíolos respiratórios19. Com a obstrução persistente na artéria pulmonar, a alta pressão no sistema arterial estabelece um fluxo através da circulação colateral pré-capilar, na direção do sistema arterial pulmonar, de baixa pressão, sem no entanto trazer impacto à resistência periférica, uma vez que na EPC, ao contrário das demais doenças pulmonares crônicas, este fenômeno ocorre em um leito vascular obstruído ao nível proximal19, onde as pequenas artérias e arteríolas de maneira desigual, ainda estão patentes19.

As mudanças circulatórias, então, determinadas ao nível das arteríolas de bronquíolos respiratórios em direção da região acinar, podem produzir alterações estruturais na parede dessas arteríolas, ao longo do tempo. Então, ao se remover a obstrução arterial proximal, o fluxo sangüíneo será restaurado em um leito vascular distal doente.

Remodelação vascular na embolia e hipertensão pulmonares

A remodelação vascular que ocorre compreende um processo ativo de alteração estrutural em vasos sangüíneos, que pode ocorrer em diversos órgãos e que envolve mudanças em pelo menos quatro processos celulares: crescimento, morte e migração celulares e produção ou degradação de matrix extracelular. Depende de uma interação dinâmica entre fatores de crescimento gerados localmente, substâncias vaso-ativas e estímulos hemodinâmicos. É um processo adaptativo que ocorre em resposta a mudanças duradouras nas condições hemodinâmicas, mas que secundariamente contribui com a fisiopatologia das doenças vasculares e distúrbios circulatórios24,25. Podemos descrever três mecanismos principais envolvidos na indução de remodelação vascular, os quais têm implicações clínicas distintas24:

1º) Em resposta ao aumento da pressão arterial. Representa a doença vascular hipertensiva e cursa com dois tipos principais de resposta patológica26,27: a) com hipertrofia vascular, em que a camada média está espessada e a luz dos vasos está reduzida, à custa de aumento de massa muscular28 e b) sem hipertrofia média, em que também a luz está reduzida, mas por redistribuição de elementos celulares e não celulares29.

2º) Em resposta ao aumento ou redução do fluxo sangüíneo. Essa forma de remodelação vascular pode ocorrer com poucas alterações na espessura da parede dos vasos, mas com aumento nas dimensões destes, em resposta a um duradouro aumento de fluxo, e inversamente, com redução do calibre, em resposta a um período prolongado de redução no fluxo30. Então, a perda de área capilar, por rarefação da microcirculação, como forma de remodelação, produz isquemia tecidual e hipertensão pulmonar31.

3º) Em resposta à injúria vascular. A arquitetura do vaso é alterada pela hiperplasia da íntima, como parte de um processo de reparo à injúria, que envolve a trombose, a migração e proliferação de células musculares lisas, a produção de matrix e o infiltrado de células inflamatórias32.

No leito vascular pulmonar, a remodelação é estabelecida com as alterações anatômicas nas pequenas artérias pré-capilares pulmonares, sendo a principal característica histológica presente na hipertensão pulmonar crônica (pré e pós-capilar)33,34.

O sistema arterial pulmonar pode evoluir com modificações estruturais, de remodelação vascular, em resposta a condições que aumentam a pressão arterial pulmonar, como a hipóxia crônica35, a elevações mantidas na pressão venosa pulmonar, como na doença cardíaca valvar36, e a aumentos prolongados no fluxo sangüíneo, como aqueles produzidos por "shunts" intracardíacos37. A resposta de remodelação é semelhante em todas essas situações clínicas, apesar de claramente diferentes os mecanismos indutores25.

As modificações principais encontradas são: proliferação subintimal de células musculares lisas em pequenas artérias, formação de crescentes quantidades de músculo em artérias musculares normais, desenvolvimento de camada muscular em artérias distais habitualmente não-musculares, lesão plexiforme, injúria celular endotelial, destruição da parede vascular e oclusão por trombo25,33,34.

As semelhanças de achados histológicos presentes em diversas entidades clínicas de hipertensão pulmonar pré-capilar, como a hipertensão pulmonar primária, "shunts" intracardíacos, hipóxia crônica e, em especial, o tromboembolismo pulmonar crônico, sugerem que as alterações de remodelação vascular representam o efeito de longa duração e não específico da hipertensão pulmonar crônica21,38-42.

Na embolia pulmonar, a multiplicidade de cenários clínicos diferentes é produto de uma ampla variação na extensão e cronicidade da obstrução arterial pulmonar14. A história natural da doença embólica pulmonar crônica tem seu início na obstrução arterial pulmonar aguda e, apesar desta base tromboembólica ter sido questionada na atualidade43, suficiente evidência tem suportado esta causa44,45.

Epidemiologia e quadro clínico da embolia pulmonar

A importância epidemiológica da embolia pulmonar aguda vem de sua incidência anual, que nos Estados Unidos é estimada em 630.000 casos, sendo a principal causa de mortalidade em 100.000 casos/ano, contribuindo na mortalidade de mais 100.000 casos/ano em pacientes com doenças graves coexistentes9. Estima-se que 11% dos pacientes com embolia pulmonar falecem na primeira hora, sem tratamento. Dos 563.000 casos que sobrevivem à primeira hora, o diagnóstico e o tratamento são implementados em apenas 29%, associados a uma sobrevida de 92%. A maioria das mortes (30%) ocorre entre 400.000 pacientes, nos quais a embolia pulmonar não é diagnosticada ou tratada9.

Excluindo-se a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, a embolia pulmonar pode ser dividida em três tipos de manifestações clínicas distintas: 1) A embolia aguda menor (< 50% de obstrução), forma mais comum, que não costuma produzir sintoma, mas quando presente o mais comum é a dispnéia. Pode ocorrer infarto em 10% dos casos e a pressão média da artéria pulmonar não costuma exceder 25mmHg; 2) Aguda maciça (> 50% de obstrução), que cursa com alterações cardiorrespiratórias severas, entre as quais se incluem a falência aguda do ventrículo direito e a hipoxemia severa. A pressão arterial pulmonar média não ultrapassa 55 mmHg; 3) Forma subaguda, de instalação lenta, na qual o sintoma principal é a dispnéia progressiva, ocorrendo hipertrofia ventricular direita, com níveis de pressão arterial superiores aos encontrados na forma aguda12.

Tromboembolismo pulmonar crônico (TEPC)

Apesar da embolia pulmonar aguda poder produzir uma leve e transitória elevação da pressão arterial pulmonar média, certamente a hipertensão pulmonar tromboembólica mantida é atribuída ao tromboembolismo pulmonar crônico10. A persistência da hipertensão pulmonar após a embolização tem sido associada a um índice elevado de mortalidade; quanto maior a pressão na artéria pulmonar, menor o índice de sobrevida em cinco anos44. Estima-se que de 1% a 5% dos pacientes com tromboembolismo pulmonar agudo desenvolvem hipertensão pulmonar crônica tromboembólica46,47.

Considerando-se ainda que a embolia pode ocorrer sem sintomas ou que os sintomas são freqüentemente ignorados ou diagnosticados erroneamente48, que é elevado o número de casos, que após o episódio agudo, cursa com resolução anatômica e hemodinâmica incompleta49 e que novos episódios de recorrência também são pouco diagnosticados44, pode-se entender porque a maioria dos pacientes com hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, no momento do diagnóstico, se apresenta em estado avançado no curso da doença14.

O paciente com TEPC pode permanecer assintomático por muitos anos, antes que se apresente com dispnéia de esforço progressiva, intolerância ao esforço, tosse crônica não produtiva, dor torácica ao esforço, taquicardia, síncope e até cor pul-monale14,50,51.

Fisiopatologia da hipertensão pulmonar no TEPC

O grau com o qual a piora hemodinâmica e sintomática está relacionada a eventos embólicos recorrentes, trombose in situ, mudanças na microvasculatura pulmonar ou perda dos mecanismos adaptativos do ventrículo direito, é um dos enigmas que envolvem o processo desta doença51.

Existem evidências apontando na direção de que as alterações de remodelação, que ocorrem na microvasculatura pulmonar (arteriopatia de pequenas artérias), semelhante a que ocorre em pacientes com hipertensão pulmonar de outras causas, podem ser, na maioria das vezes, o fator de piora progressiva desses pacientes. Assim: 1) Há uma pequena correlação entre a extensão da obstrução central e o grau de hipertensão; 2) Há piora hemodinâmica documentada, na ausência de evento embólico recorrente ou trombose in situ; 3) Há evidências histopatológicas de arteriopatia no leito vascular pulmonar (vasos de resistência), em áreas envolvidas e não envolvidas pela obstrução21.

É aparente também que, pelo menos em alguns casos, a hipertensão pulmonar associada ao TEPC tem múltiplos componentes envolvidos: 1) Obstruções centrais, acessíveis cirurgicamente; 2) Obstruções distais, inacessíveis cirurgicamente; 3) Resistência, conferida pela presença de arteriopatia secundária à hipertensão. Como conseqüência, a dissociação entre o grau de obstrução angiográfica e as alterações hemodinâmicas podem ser importantes50.

Tratamento e mortalidade do TEPC

O tratamento da TEPC é cirúrgico (tromboendarterectomia pulmonar)6,14,47,51, sendo que a mortalidade dos pacientes submetidos a essa modalidade terapêutica, em algumas das maiores séries de casos, encontra-se em torno de 5% a 23%6,47. As maiores causas de morte são o edema pós reperfusão pulmonar (35%) e a hipertensão pulmonar pós-operatória residual (35%), seguida de falência ventricular direita47,50. A maior parte dos pacientes submetidos a tromboendarterectomia obtêm, em longo prazo, melhora hemodinâmica e sintomática, em que a maioria dos casos, que no pré-operatório encontravam-se em classe funcional III ou IV (NYHA), após a cirurgia, retornam à classe funcional I e II e às atividades normais44.

Estima-se que a tromboendarterectomia pulmonar não é curativa em aproximadamente 5% a 10% dos pacientes submetidos ao procedimento. Este grupo inclui pacientes cuja doença envolve um componente substancial de êmbolos distais, inacessíveis cirurgicamente, e aqueles que desenvolveram uma severa e irreversível alteração hipertensiva pulmonar secundária, em seu leito vascular pulmonar distal50. A mortalidade presente no TEPC, decorrente da sua evolução clínica natural ou do pós-operatório da trombo-endarterectomia52 e a manutenção de níveis pressóricos pulmonares elevados após um episódio embólico agudo53, têm motivado o desenvolvimento de modelos experimentais para melhor compreender quais os mecanismos envolvidos.

Modelos experimentais de isquemia pulmonar pós-embólica

Estudos têm sido desenvolvidos na tentativa de se reproduzir os efeitos da isquemia pulmonar pós-embólica: 1) na sua instalação, utilizando materiais embólicos variados; 2) ao longo do tempo, com modelos de ligadura pulmonar ou 3) após sua resolução, com estudos de isquemia-reperfusão, no qual a isquemia é produzida tanto através de êmbolos como de ligadura arterial, e a reperfusão produzida em modelo ex-vivo.

Modelos experimentais desenvolvidos para elucidar as conseqüências fisiológicas da embolização pulmonar aguda têm levado a conclusões distintas, na dependência do material embolizado, do tamanho das partículas e da espécie animal estudada.

Êmbolos compostos de contas de vidro17,54, de cerâmica55, esporos e esferas de plástico não são comparáveis com a doença natural56. Coágulos sangüíneos frescos produzidos in vitro têm produzido resultados satisfatórios em vários estudos experimentais, sendo comparáveis à doença trombo-embólica humana aguda56,57, com uma resposta fisiopatológica a embolização complexa, envolvendo os efeitos diretos e reflexos da oclusão vascular, bem como a produção de vários mediadores vaso e bronco-ativos. A utilização de trombos experimentalmente desenvolvidos em cães, a partir das veias femorais, demonstrou persistência da hipertensão pulmonar pós-embólica56.

A reação à maioria de outros materiais embólicos utilizados na área experimental, incluindo gordura15,58,59 e ar17,60, é diferente e mais consistente com os fenômenos de injúria pulmonar e edema, mediado pelo dano induzido pelos neutrófilos à vasculatura. A embolia pulmonar com ar, em ratos, pode produzir obstrução da microvasculatura e levar a alterações na permeabilidade, liberação de mediadores e injúria de envolvimento leucocitário, com conseqüente elevação da pressão arterial pulmonar61.

Através da embolia experimental tem se estudado as variações na resistência vascular e na pressão arterial pulmonares62, alterações de troca gasosa54, alterações no parênquima pulmonar, como edema17, hemorragia intra-alveolar56 ou infarto63.

Estudo realizado em cães estabeleceu o papel dos fatores humorais liberados pela agregação plaquetária na embolia pulmonar, excluindo nesse modelo agudo a participação dos fatores mecânico e reflexo, como a vasoconstricção, na produção das alterações presentes de queda no fluxo capilar, de aumento da resistência vascular pulmonar, edema intersticial, atelectasia e hemorragia56. No entanto, estudo também realizado em cães, com a utilização de coágulos como material embólico, após 60 minutos, não verificou presença de edema, hemorragia intra-alveolar ou infarto pulmonar63.

O papel da obstrução mecânica, dos reflexos neurológicos e dos mecanismos humorais tem sido controverso16, em parte também, por causa dos diversos tipos experimentais de embolia pulmonar que têm sido estudados56.

Modelos de obstrução não embólica da artéria pulmonar

Tem sido utilizada a obstrução não embólica da artéria pulmonar, desde meados de 193028,64-69, procurando analisar os efeitos decorrentes do componente mecânico isolado, isquêmico, presente no fenômeno tromboembólico. Os primeiros estudos de obstrução arterial experimental não descreveram alterações no sistema arterial pulmonar28,64-69. O mecanismo pelo qual essas alterações ocorrem na obstrução arterial experimental ainda não está estabelecido70. Dependendo do método pelo qual a oclusão é realizada, os resultados podem ser diferentes66, apesar dos efeitos ao longo do tempo, no parênquima pulmonar após a embolia maciça, serem semelhantes àqueles obtidos na ligadura experimental da artéria pulmonar66.

Estudos dos efeitos da ligadura da artéria pulmonar na circulação brônquica têm sido conduzidos em cães70, ovelhas71, ratos64, camundongos72, coelhos73 e porcos74 , sendo controverso o uso dos resultados obtidos por esses estudos no homem75. O rato é definido como uma espécie adequada, pelas semelhanças anatômicas do sistema arterial pulmonar do homem, com pequenas artérias constituídas por uma camada média muscular, circundada por duas elásticas (interna e externa), das veias pulmonares, com uma fina parede, circundada apenas por uma camada elástica externa e do sistema arterial brônquico, com a parede muscular mais espessa em relação ao lúmen (nas artérias pulmonares) e a presença apenas da camada elástica interna64.

A ligadura da artéria pulmonar determina angiogênese, conceituada em estudos com várias espécies animais, que se inicia entre o 2º e o 5º dias64,71, atingindo um máximo entre o 30º e o 40º dias64,68,71 após a obstrução. Semelhantes estudos definiram, ainda, a presença de anastomoses broncopulmonares (circulação colateral)76, no nível pré-capilar, com a presença de fluxo retrógrado64 através do sistema arterial pulmonar obstruído.

A associação entre a ocorrência de remodelação vascular e as anastomoses (circulação colateral) entre o sistema brônquico e pulmonar foi descrita em modelo de injúria vascular pulmonar, produzida por embolização aérea em ovelhas77. Definições precisas foram estabelecidas ao longo das décadas em relação à presença da circulação colateral e angiogênese na vasculatura pulmonar pós-obstrutiva ou à participação da circulação brônquica na proteção do parênquima pulmonar pós-isquemia64,78.

As conseqüências da obstrução arterial pulmonar em nível do parênquima pulmonar, como o infarto, também têm tido a atenção das pesquisas, nas quais, em cachorros, chegou-se à conclusão que o efeito protetor da circulação brônquica76 não impede a ocorrência de infarto hemorrágico, quando há prejuízo no retorno do sangue através das veias pulmonares79. A ligadura arterial pulmonar de fetos de ovelhas não produziu infarto pulmonar, mas determinou níveis de pressão arterial pulmonar elevados80. Outros efeitos são relatados nos diversos estudos, como o edema intra-alveolar e intersticial81, que parece ocorrer em obstruções de artérias menores que 50 mm82, atelectasia e hemorragia perivascular, inclusive no pulmão contra-lateral não obstruído56.

A isquemia pulmonar seguida de reperfusão, em modelos experimentais, tem avaliado o comportamento da circulação brônquica e do parênquima pulmonar após a reperfusão. Sabe-se que a obstrução arterial pulmonar experimental, aparentemente, não produz um estado de isquemia severa, na dependência do suprimento dado pela circulação brônquica, nas fases aguda e crônica isquêmicas83.

O fluxo na circulação brônquica após a obstrução arterial pulmonar se correlaciona inversamente à extensão da injúria após a reperfusão73, com a ocorrência na tromboendarterectomia experimental de refluxo brônquico pela artéria pulmonar desobstruída, indicando a formação de circulação colateral entre os dois sistemas circulatórios pulmonares84.

Nos modelos de ligadura de artéria pulmonar com reperfusão, a extensão do edema é inversamente proporcional ao fluxo na circulação brônquica. A perfusão brônquica pode atenuar o dano pulmonar induzido pela isquemia, bem como acelerar a reabsorção do edema devido ao aumento do diâmetro e do número dos vasos brônquicos73,83.

Através da ligadura arterial pulmonar tem sido estudado também o efeito da reperfusão pós-embólica aguda: em cães, com ausência de lesões alveolares pós-obstrutivas, mas presença de dano alveolar, com exsudação, hemorragia e inflamação, após a reperfusão do parênquima pulmonar52; em ratos, com necrose hemorrágica pulmonar85.

Remodelação vascular e hipertensão pulmonar experimentais

A elevação da pressão arterial pulmonar mantida ao longo do tempo, relacionada à presença de remodelação vascular, comum a diversas formas de hipertensão pulmonar, tem sido estudada através de modelo experimental indutor de hiperfluxo vascular, com anastomoses entre as circulações sistêmica e pulmonar e de modelo indutor de aumento na resistência vascular pulmonar, como na hipóxia86,87 e no uso da monocrotalina88,89.

A muscularização que ocorre nas artérias pré-capilares pulmonares, em modelos experimentais de hipóxia em ratos, é essencialmente idêntica nos aspectos histológicos à que ocorre em um paciente com um defeito cardíaco no septo inter-atrial, sendo reversíveis após a retirada do animal do ambiente hipoxêmico, independente da presença, então, de um regime de hipertensão pulmonar90-92.

As alterações produzidas pela monocrotalina inicialmente são caracterizadas por aumento da camada endotelial arterial pulmonar93. Estudos na atualidade têm obtido completa regressão das alterações de hipertrofia muscular arterial induzidas pela monocrotalina, com maior sobrevida dos animais tratados (92% versus 39%)89.

A anastomose da artéria subclávia com a artéria pulmonar, em ratos, produz hiperfluxo que, na ausência de injúria prévia da artéria elástica, não leva a alterações de remodelação vascular, como a proliferação intimal, sugerindo que, apesar da exposição arterial pulmonar elástica a um regime pressórico sistêmico, sem injúria endotelial prévia não há remodelação vascular94.

A relação entre as alterações histológicas de remodelação vascular e a presença de um regime de hipertensão arterial pulmonar tem sido demonstrada experimentalmente, com maiores níveis de pressão diretamente relacionados a lesões mais severas e progressivas de remodelação95, reproduzindo os achados histopatológicos na clínica38,96.

Os mecanismos que iniciam e mantêm a remodelação vascular ainda não estão claros, e os modelos animais nem sempre parecem com o padrão de remodelação vascular associado às várias formas de hipertensão pulmonar no adulto; isto é devido, entre outros fatores, a diferenças entre espécies estudadas, duração da remodelação, tipo da injúria ou fatores de variação hemodinâmica94.

Um grupo de autores tem estudado a arteriopatia após a obstrução arterial experimental (POPV- Postobstructive Pulmonary Vasculopathy), reproduzindo a experiência de Weibel, com a neovascularização brônquica, com resultados em remodelação vascular contrastantes entre as espécies animais utilizadas, com período máximo de avaliação de quatro semanas no rato e utilizando-se do pulmão contra-lateral normal como controle97,98. Este modelo de vasculopatia artificial pós-obstrutiva tem relevância clínica, particularmente no TEPC70. A presença de alterações progressivas na circulação pulmonar na presença de hipertensão pulmonar crônica teve sua avaliação, de maneira sistemática, realizada em diversas situações clínicas e experimentais37-42,65,70,91,97-99.

Em avaliação por biópsia pulmonar, as mudanças vasculares no território arterial pulmonar, decorrentes de hiperfluxo na vigência de hipertensão pulmonar foram quantificadas sistematicamente, com a obtenção de uma estratificação de lesões reversíveis e irreversíveis37, a exemplo de modelo experimental de hipertensão pulmonar com remodelação vascular por hipóxia90,91.

Também por biópsia, estudo recente, realizado em número pequeno de pacientes com TEPC, sugeriu não haver correlação direta entre a severidade das lesões arteriais e os níveis de pressão arterial pulmonar, bem como que a presença dessas alterações vasculares de remodelação não excluem um bom resultado no tratamento cirúrgico da EPC21.

Apesar de controverso seu papel, é certo que as lesões no leito vascular distal, no TEPC, têm caráter semelhante à remodelação vascular presente em outras formas de hipertensão pulmonar, necessitando, entretanto, uma quantificação sistemática ao longo do tempo de isquemia, a fim de determinar o caráter progressivo e irreversível da lesão de pequenas artérias, já bem estabelecido nessas outras formas de hipertensão arterial crônica.

Faz-se necessário, ainda, entender se as semelhanças do processo de remodelação vascular que ocorre na hipóxia, no hiperfluxo e na obstrução arterial pulmonar embólica, devem-se exclusivamente à ação da hipertensão arterial pulmonar, uma vez que na embolia a injúria pulmonar que precede a instalação de um regime elevado de pressão arterial pulmonar é processo exclusivo da extensão de parênquima pulmonar submetido à isquemia.

 

REFERÊNCIAS

1. Deffebach ME, Charan NB, Lakshminarayan S, Butler J. The bronchial circulation. Small, but a vital attribute of the lung. Am Rev Respir Dis 1987; 135:463-81.         [ Links ]

2. Semenza GL. Tissue ischemia: pathophysiology and therapeutics. J Clin Invest 2000; 106:613-4.         [ Links ]

3. Dantzker DR. Pulmonary embolism. In: Crystal RG, West JB, editors. The lung. New York: Raven Press; 1991. p.1199-207.         [ Links ]

4. Trendelenburg F. Uber die operative behandlung der embolie derlungarterie. Arch Klin Chir 1908; 86: 686-700.         [ Links ]

5. Roh CE, Greene DG, Himmelstein A, Humphreys GH, Baldwin E DeF. Cardiopulmonary function studies in a patient with ligation of the left pulmonary artery. Am J Med 1949; 795-8.         [ Links ]

6. Jamieson SW. Pulmonary thromboendarterectomy. Heart 1998; 79:118-20.         [ Links ]

7. Kauczor HU, Schwickert HC, Mayer E, Schweden F, Schild HH, Thelen M. et al. CT of bronchial arteries in chronic thromboembolism. J Comput Assist Tomogr 1994; 18:855-61.         [ Links ]

8. Virchow RLK. Gesammelte abhandlungen zur wissenschaftlichen medicin. Frankfurt, Germany: Meidinger sohn u Comp; 1856. p.295, 294-96.         [ Links ]

9. Dalen JE. Pulmonary embolism: what have we learned since Virchow?: natural history, pathophysiology, and diagnosis. Chest 2002; 122:1440-56.         [ Links ]

10. Wagenvoort CA. Pathology of pulmonary thromboembolism. Chest 1995; 107 (1Suppl):10S-7S.         [ Links ]

11. Tsao MS, Schraufnagel D, Wang NS. Pathogenesis of pulmonary infarction. Am J Med 1982; 72: 599-606.         [ Links ]

12. Riedel M. Acute pulmonary embolism 1: pathophysiology, clinical presentation, and diagnosis. Heart 2001; 85:229-40.         [ Links ]

13. Podbregar M, Krivec B, Voga G. Impact of morphologic characteristics of central pulmonary thromboemboli in massive pulmonary embolism. Chest 2002; 122:973-9.         [ Links ]

14. Fedullo PF, Auger WR, Kerr KM, Rubin LJ. Chronic thromboembolic pulmonary hypertension. N Engl J Med 2001; 345:1465-72.         [ Links ]

15. Dudney TM, Elliott CG. Pulmonary embolism from amniotic fluid, fat, and air. Prog Cardiovasc Dis 1994; 36:447-74.         [ Links ]

16. Dhurandhar HN, Brown C, Barrett J, Litwin MS. Pulmonary structural changes following microembolism and blood transfusion. A light and electron microscopic study. Arch Pathol Lab Med 1979; 103:335-40.         [ Links ]

17. Flick MR, Perel A, Staub NC. Leukocytes are required for increased lung microvascular permeability after microembolization in sheep. Circ Res 1981; 48:344-51.         [ Links ]

18. Morgenstern E, Korell U, Richter J. Platelets and fibrin strands during clot retraction. Thromb Res 1984; 33:617-23.         [ Links ]

19. Endrys J, Hayat N, Cherian G. Comparison of bronchopulmonary collaterals and collateral blood flow in patients with chronic thromboembolic and primary pulmonary hypertension. Heart 1997; 78: 171-6.         [ Links ]

20. Kay MJ. Pulmonary vascular lesions in chronic thromboembolic pulmonary hypertension. Chest 1994; 105:1619-20.         [ Links ]

21. Moser KM, Bloor CM. Pulmonary vascular lesions occurring in patients with chronic major vessel thromboembolic pulmonary hypertension. Chest 1993; 103:685-92.         [ Links ]

22. Wood DA, Miller M. The role of the dual pulmonary circulation in various pathologic conditions of the lungs. J Thoracic Surg 1938; 7: 649.         [ Links ]

23. Malik AB, Tracy SE. Bronchovascular adjustments after pulmonary embolism. J Appl Physiol 1980; 49: 476-81.         [ Links ]

24. Gibbons GH, Dzau VJ. The emerging concept of vascular remodeling. N Engl J Med 1994; 330: 1431-8.         [ Links ]

25. Dzau VJ, Horiuchi M. Vascular remodeling—the emerging paradigm of programmed cell death (apoptosis): the Francis B. Parker lectureship. Chest 1998; 114: 91-99S.         [ Links ]

26. Thybo NK, Stephens N, Cooper A, Aalkjaer C, Heagerty AM, Mulvany MJ. Effect of antihypertensive treatment on small arteries of patients with previously untreated essential hypertension. Hypertension 1995; 25: 474-81.         [ Links ]

27. Mulvany MJ, Baumbach GL, Aalkjaer C, Heagerty AM, Korsgaard N, Schiffrin EL et al. Vascular remodeling. Hypertension 1996; 28:505-6.         [ Links ]

28. Heagerty AM, Aalkjaer C, Bund SJ, Korsgaard N, Mulvany MJ. Small artery structure in hypertension. Dual processes of remodeling and growth. Hypertension 1993; 21:391-7.         [ Links ]

29. Norrelund H, Christensen KL, Samani NJ, Kimber P, Mulvany MJ, Korsgaard N. Early narrowed afferent arteriole is a contributor to the development of hypertension. Hypertension 1994; 24:301-8.         [ Links ]

30. Langille BL, O'Donnell F. Reductions in arterial diameter produced by chronic decreases in blood flow are endothelium-dependent. Science 1986; 231:405-7.         [ Links ]

31. Greene AS, Tonellato PJ, Lui J, Lombard JH, Cowley AW Jr. Microvascular rarefaction and tissue vascular resistance in hypertension. Am J Physiol 1989; 256:126-31.         [ Links ]

32. Davies PF, Tripathi SC. Mechanical stress mechanisms and the cell. An endothelial paradigm. Circ Res 1993; 72:239-45.         [ Links ]

33. Riley DJ. Vascular remodeling. In: Crystal RG, West JB, ediotrs. The lung. New York: Raven Press; 1991. p.1189-98.         [ Links ]

34. Frazier AA, Galvin JR, Franks TJ, Rosado-De-Christenson ML. From the archives of the AFIP: pulmonary vasculature: hypertension and infarction. Radiographics 2000; 20:491-542.         [ Links ]

35. McLoughlin P, Hopkins N. Pulmonary vascular remodelling in chronic lung disease. Journal of Anatomy 2002; 200:205.         [ Links ]

36. Langleben D, Lamoureux E, Marcotte F, Schlesinger R, Dragatakis L, Crowe MJ et al. Mitral stenosis obscuring the diagnosis of plexogenic pulmonary arteriopathy and familial pulmonary hypertension. Thorax 2000; 55:247-8.         [ Links ]

37. Rabinovitch M, Haworth SG, Castaneda AR, Nadas AS, Reid LM. Lung biopsy in congenital heart disease: a morphometric approach to pulmonary vascular disease. Circulation 1978; 58:1107-22.         [ Links ]

38. Heath D, Edwards JE Jr. The pathology of hypertensive pulmonary vascular disease: a description of six grades of structural changes in the pulmonary arteries with special reference to congenital cardiac septal defects. Circulation 1958; 18:533-47.         [ Links ]

39. Smith P, Heath D, Yacoub M, Madden B, Caslin A, Gosney J. The ultrastructure of plexogenic pulmonary arteriopathy. J Pathol 1990; 160:111-21.         [ Links ]

40. Wagenvoort CA. Lung biopsy specimens in the evaluation of pulmonary vascular disease. Chest 1980; 77: 614-25.         [ Links ]

41. Pietra GG, Edwards WD, Kay JM, Rich S, Kernis J, Schloo B et al. Histopathology of primary pulmonary hypertension. A qualitative and quantitative study of pulmonary blood vessels from 58 patients in the National Heart, Lung, and Blood Institute, Primary Pulmonary Hypertension Registry. Circulation 1989; 80:1198-206.         [ Links ]

42. Heath D, Smith P, Gosney J, Mulcahy D, Fox K, Yacoub M et al. The pathology of the early and late stages of primary pulmonary hypertension. Br Heart J 1987; 58:204-13.         [ Links ]

43. Egermayer P, Peacock AJ. Is pulmonary embolism a common cause of chronic pulmonary hypertension? Limitations of the embolic hypothesis. Eur Respir J 2000; 15:440-8.         [ Links ]

44. Riedel M, Stanek V, Widimsky J, Prerovsky I. Longterm follow-up of patients with pulmonary thromboembolism. Late prognosis and evolution of hemodynamic and respiratory data. Chest 1982; 81:151-8.         [ Links ]

45. Fedullo PF, Rubin LJ, Kerr KM, Auger WR, Channick RN. The natural history of acute and chronic thromboembolic disease: the search for the missing link. Eur Respir J 2000; 15:435-7.         [ Links ]

46. Meignan M, Rosso J, Gauthier H, Brunengo F, Claudel S, Sagnard L et al. Systematic lung scans reveal a high frequency of silent pulmonary embolism in patients with proximal deep venous thrombosis. Arch Intern Med 2000; 160:159-64.         [ Links ]

47. Jamieson SW, Kapelanski DP. Pulmonary endarterectomy. Curr Probl Surg 2000; 37:165-252.         [ Links ]

48. Karwinski B, Svendsen E. Comparison of clinical and postmortem diagnosis of pulmonary embolism. J Clin Pathol 1989; 42:135-9.         [ Links ]

49. Peterson KL. Acute pulmonary thromboembolism: has its evolution been redefined? Circulation 1999; 99:1280-3.         [ Links ]

50. Fedullo PF, Kerr KM, Auger WR, Jamieson SW, Kapelanski DP. Chronic thromboembolic pulmonary hypertension. Semin Respir Crit Care Med 2000; 21:563-74.         [ Links ]

51. Dunning J, McNeil K. Pulmonary thromboendarterectomy for chronic thromboembolic pulmonary hypertension. Thorax 1999; 54:755-6.         [ Links ]

52. Fukahori M, Murata T, Mohammed MU, Fukuyama N, Nakazawa H. Early reperfusion induces alveolar injury in pulmonary embolism. Chest 1997; 111:198-203.         [ Links ]

53. Moser KM, Cantor JP, Olman M, Villespin I, Graif JL, Konopka R et al. Chronic pulmonary thromboembolism in dogs treated with tranexamic acid. Circulation 1991; 83:1371-9.         [ Links ]

54. Malik AB, van der Zee H. Time course of pulmonary vascular response to microembolization. J Appl Physiol 1977; 43:51-8.         [ Links ]

55. Kim H, Yung GL, Marsh JJ, Konopka RG, Pedersen CA, Chiles PG et al. Endothelin mediates pulmonary vascular remodelling in a canine model of chronic embolic pulmonary hypertension. Eur Respir J 2000; 15:640-8.         [ Links ]

56. Ozdemir IA, Webb WR, Wax SD. Effect of neural and humoral factors on pulmonary hemodynamics and microcirculation in pulmonary embolism. J Thorac Cardiovasc Surg 1974; 68:896-904.         [ Links ]

57. Cabrera Fischer EI, Willshaw P, de Forteza E, Biagetti M, Altman R, Morales MC et al. Animal model of acute pulmonary thromboembolism treated by local recirculation of streptokinase through the lung. J Thorac Cardiovasc Surg 1987; 93:620-7.         [ Links ]

58. Jacobs RR, Wheeler EJ, Jelenko C 3rd, McDonald TF, Bliven FE. Fat embolism: a microscopic and ultrastructure evaluation of two animal models. J Trauma 1973; 13:980-93.         [ Links ]

59. Nakata Y, Tanaka H, Kuwagata Y, Yoshioka T, Sugimoto H. Triolein-induced pulmonary embolization and increased microvascular permeability in isolated perfused rat lungs. J Trauma 1999; 47:111-9.         [ Links ]

60. Takeoka M, Sakai A, Ueda G, Ge RL, Panos RJ, Taniguchi S. Influence of hypoxia and pulmonary air embolism on lung injury in perfused rat lungs. Respiration 1996; 63:346-51.         [ Links ]

61. Wang D, Li MH, Hsu K, Shen CY, Chen HI, Lin YC. Air embolism-induced lung injury in isolated rat lungs. J Appl Physiol 1992; 72: 1235-42.         [ Links ]

62. Bottiger BW, Motsch J, Dorsam J, Mieck U, Gries A, Weimann J, et al. Inhaled nitric oxide selectively decreases pulmonary artery pressure and pulmonary vascular resistance following acute massive pulmonary microembolism in piglets. Chest 1996; 110:1041-7.         [ Links ]

63. Kasinski N, Ferreira C, Giannotti Filho O, Afonso JE, Lopes dos Santos M, Barcellini A. Pulmonary structural changes in thromboembolism. Experimental study in dogs. Rev Paul Med 1984; 102:7-12.         [ Links ]

64. Weibel ER. Early stages in the development of collateral circulation to the lung in the rat. Circulation Research 1960; 8:353-76.         [ Links ]

65. Shure D, Dockweiller D, Peters RM. Post-obstructive pulmonary arteriopathy occurs without elevation of distal (obstructed) pulmonary artery pressure in a canine model. Am Rev Respir Dis 1985; 131:A402.         [ Links ]

66. Morgan TE, Edmunds LH Jr. Pulmonary artery occlusion. II. Morphologic studies. J Appl Physiol 1967; 22:1002-11.         [ Links ]

67. Liebow AA, Hales MR, Bloomer WE, Harrison W, Lindskog GE. Studies on the lung after ligation of the pulmonary artery. Anatomical changes. Am J Pathol 1950; 26:177-85.         [ Links ]

68. Horine CF, Warner CG. Experimental occlusion of the pulmonary artery. An anatomic study. Arch Surg 1934; 28:139-49.         [ Links ]

69. Van Allen CM, Nocoll GL, Tuttle WM. Lung changes after occlusion of pulmonary artery branches by embolus and by ligature. Yale J Biol Med 1930; 2:363-89.         [ Links ]

70. Michel RP, Hakim TS. Increased resistance in postobstructive pulmonary vasculopathy: structure-function relationships. J Appl Physiol 1991; 71:601-10.         [ Links ]

71. Charan NB, Carvalho P. Angiogenesis in bronchial circulatory system after unilateral pulmonary artery obstruction. J Appl Physiol 1997; 82:284-91.         [ Links ]

72. Mitzner W, Lee W, Georgakopoulos D, Wagner E. Angiogenesis in the mouse lung. Am J Pathol 2000; 157:93-101.         [ Links ]

73. Kowalski TF, Guidotti S, Deffebach M, Kubilis P, Bishop M. Bronchial circulation in pulmonary artery occlusion and reperfusion. J Appl Physiol 1990; 68:125-9.         [ Links ]

74. Haworth SG, de Leval M, Macartney FJ. How the left lung is perfused after ligating the left pulmonary artery in the pig at birth: clinical implications for the hypoperfused lung. Cardiovasc Res 1981; 15:214-26.         [ Links ]

75. Heath D. The rat is a poor animal model for the study of human pulmonary hypertension. Cardioscience 1992; 3:1-6.         [ Links ]

76. Remy J, Deschildre F, Artaud D, Remy-Jardin M, Copin MC, Bordet R, et al. Bronchial arteries in the pig before and after permanent pulmonary artery occlusion. Invest Radiol. 1997; 32:218-24.         [ Links ]

77. Johnson JE, Perkett EA, Meyrick B. Pulmonary veins and bronchial vessels undergo remodeling in sustained pulmonary hypertension induced by continuous air embolization into sheep. Exp Lung Res 1997; 23:459-73.         [ Links ]

78. LoCicero J 3rd, Massad M, Matano J, Greene R, Dunn M, Michaelis LL. Contribution of the bronchial circulation to lung preservation. J Thorac Cardiovasc Surg 1991; 101:807-14.         [ Links ]

79. Jandik J, Endrys J, Rehulova E, Mraz J, Sedlacek J, De Geest H. Bronchial arteries in experimental pulmonary infarction: angiographic and morphometric study. Cardiovasc Res 1993; 27:1076-83.         [ Links ]

80. Pickard LR, Tepas JJ 3rd, Inon A, Hutchins GM, Shermeta DW, Haller JA Jr. Effect of pulmonary artery ligation on the developing fetal lung. Am Surg 1979; 45:793-6.         [ Links ]

81. Mulvin DW, Jones DK, Howard RB, Grosso MA, Repine JE, Johnston MR. Extracellular flush solution that contains blood, mannitol, albumin, and prostacyclin protects rat lungs from six hours of ischemia. J Heart Lung Transplant 1991; 10:986-9.         [ Links ]

82. Dawson CA, Rickaby DA, Linehan JH. Influence of size of emboli on extravascular lung water. J Appl Physiol 1989; 67:663-70.         [ Links ]

83. Fadel E, Mazmanian GM, Chapelier A, Baudet B, Detruit H, de Montpreville V, et al. Lung reperfusion injury after chronic or acute unilateral pulmonary artery occlusion. Am J Respir Crit Care Med 1998; 157:1294-300.         [ Links ]

84. Fadel E, Riou JY, Mazmanian M, Brenot P, Dulmet E, Detruit H, et al. Pulmonary thromboendarterectomy for chronic thromboembolic obstruction of the pulmonary artery in piglets. J Thorac Cardiovasc Surg 1999; 117:787-93.         [ Links ]

85. Murata T, Nakazawa H, Mori I, Ohta Y, Yamabayashi H. Reperfusion after a two-hour period of pulmonary artery occlusion causes pulmonary necrosis. Am Rev Respir Dis 1992; 146:1048-53.         [ Links ]

86. Lai YL, Chu SJ, Ma MC, Chen CF. Temporal increase in the reactivity of pulmonary vasculature to substance P in chronically hypoxic rats. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 2002; 282:R858-64.         [ Links ]

87. Meyrick B, Reid L. The effect of continued hypoxia on rat pulmonary arterial circulation. An ultrastructural study. Lab Invest 1978; 38:188-200.         [ Links ]

88. Chen MJ, Chiang LY, Lai YL. Reactive oxygen species and substance P in monocrotaline-induced pulmonary hypertension. Toxicol Appl Pharmacol 2001; 171:165-73.         [ Links ]

89. Cowan KN, Heilbut A, Humpl T, Lam C, Ito S, Rabinovitch M. Complete reversal of fatal pulmonary hypertension in rats by a serine elastase inhibitor. Nat Med 2000; 6:698-702.         [ Links ]

90. Hislop A, Reid L. Changes in the pulmonary arteries of the rat during recovery from hypoxia-induced pulmonary hypertension. Br J Exp Pathol 1977; 58:653-62.         [ Links ]

91. Meyrick B, Reid L. Hypoxia-induced structural changes in the media and adventitia of the rat hilar pulmonary artery and their regression. Am J Pathol 1980; 100:151-78.         [ Links ]

92. Voelkel NF, Tuder RM. Hypoxia-induced pulmonary vascular remodeling: a model for what human disease? J Clin Invest 2000; 106:733-8.         [ Links ]

93. Wilson DW, Segall HJ, Pan LC, Dunston SK. Progressive inflammatory and structural changes in the pulmonary vasculature of monocrotaline-treated rats. Microvasc Res 1989; 38:57-80.         [ Links ]

94. Tanaka Y, Schuster DP, Davis EC, Patterson GA, Botney MD. The role of vascular injury and hemodynamics in rat pulmonary artery remodeling. J Clin Invest 1996; 98:434-42.         [ Links ]

95. Okada K, Tanaka Y, Bernstein M, Zhang W, Patterson GA, Botney MD. Pulmonary hemodynamics modify the rat pulmonary artery response to injury. A neointimal model of pulmonary hypertension. Am J Pathol 1997; 151:1019-25.         [ Links ]

96. Rabinovitch M, Keane JF, Fellows KE, Castaneda AR, Reid L. Quantitative analysis of the pulmonary wedge angiogram in congenital heart defects. Correlation with hemodynamic data and morphometric findings in lung biopsy tissue. Circulation. 1981; 63:152-64.         [ Links ]

97. Shi W, Hu F, Kassouf W, Michel RP. Altered reactivity of pulmonary vessels in postobstructive pulmonary vasculopathy. J Appl Physiol 2000; 88:17-25.         [ Links ]

98. Shi W, Cernacek P, Hu F, Michel RP. Endothelin reactivity and receptor profile of pulmonary vessels in postobstructive pulmonary vasculopathy. Am J Physiol 1997; 273:H2558-64.         [ Links ]

99. Anderson EG, Simon G, Reid Lynne. Primary and thrombo-embolic pulmonary hypertension: a quantitative pathological study. J Pathol 1972; 110:273-93.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Fabio Biscegli Jatene
Instituto do Coração
Departamento de Cirurgia Torácica
Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar nº 44
05403-000 – São Paulo- SP

Artigo recebido: 27/12/02
Aceito para publicação: 28/05/03

 

 

Trabalho realizado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.