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Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo - A COMPARATIVE MORPHOLOGICAL STUDY OF THE PREPARATION OF CURVED ROOT CANALS WITH TWO TYPES OF ENDODONTIC FILES

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Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo

Print version ISSN 0103-0663

Rev Odontol Univ São Paulo vol. 11 no. 2 São Paulo Apr./June 1997

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-06631997000200004 

ANÁLISE MORFOLÓGICA COMPARATIVA DO PREPARO DE CANAIS RADICULARES CURVOS COM DOIS TIPOS DE INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS

A COMPARATIVE MORPHOLOGICAL STUDY OF THE PREPARATION OF CURVED ROOT CANALS WITH TWO TYPES OF ENDODONTIC FILES

 

Hildeberto Francisco PESCE*
João Marcelo Ferreira de MEDEIROS**
Abílio Albuquerque Maranhão de MOURA***

 

 

PESCE, H. F. et al. Análise morfológica comparativa do preparo de canais radiculares curvos com dois tipos de instrumentos endodônticos. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, n.2, p.87-91, abr./jun. 1997.

O objetivo do presente trabalho foi averiguar a ocorrência de desvio apical e a conicidade do preparo resultante do emprego de técnica de instrumentação seriada em raízes mésio-vestibulares de molares superiores variando-se o tipo de instrumento (limas tipo K e Flexofile). Após o preparo, as raízes foram diafanizadas e submetidas a exame macroscópico com auxílio de lupa de 8 graus positivos. Dos resultados, consta que a lima Flexofile propiciou menor ocorrência de desvio apical, bem como melhor qualidade de preparos cônicos contínuos.

UNITERMOS: Tratamento do canal radicular; Endodontia * instrumentos.

 

 

INTRODUÇÃO E REVISTA DA LITERATURA

O preparo químico-cirúrgico de canais radiculares curvos implica cuidados a serem levados em conta durante a instrumentação, de sorte a resultar em formato final cônico contínuo, de superfície regular e ausência de desvio foraminal.

De tal sorte, cumpre observar o acato de técnica capaz de permitir tais objetivos, a fim de propiciar cavidade final que facilite a inserção do material obturador.

Se, de um lado, importa levar em conta a técnica empregada, de outro convém atentar para a escolha do instrumento a ser utilizado, tendo em consideração principalmente sua flexibilidade.

Nesse particular, inúmeros instrumentos vêm sendo apregoados e, dentre eles, ressalta a lima Flexofile.

MELO et al.5 (1988) analisaram a flexibilidade das limas K-Flex e Flexofile nos números 15 a 35 e nos ângulos de 30, 45 e 60 graus, constatando que a lima Flexofile denotou maior flexibilidade em todos os números e ângulos testados quando comparada à lima K-Flex.

BASTOS FILHO et al.3 (1990) empregaram canais mésio-vestibulares de molares superiores extraídos, os quais foram preparados com instrumentos de tipo e procedências variados (limas tipo K marcas Kerr e Maillefer, K-Flex e Flexofile). Após o preparo, eram deles obtidos modelos em material de moldagem à base de silicone, com a finalidade de evidenciar a ocorrência ou não de desvio apical. De tal sorte, obtiveram maior índice de desvio para a lima K marca Kerr, seguindo-se a lima tipo K marca Maillefer e as limas K-Flex e Flexofile, sendo que as duas últimas apresentaram os mesmos resultados.

À sua vez, MELO et al.6 (1992) cotejaram a flexibilidade das limas Flexofile, Trifile e K-Flex valendo-se de 216 instrumentos distribuídos eqüitativamente entre os números 15 a 40, nos ângulos de 30, 45 e 60 graus. Dos resultados obtidos, constou que as limas Flexofile são dotadas de maior flexibilidade que as limas Trifile, exceto nos números 20 e 35, em que não houve diferença significante. Para mais, as limas Trifile exibiram maior flexibilidade que as limas K-Flex, com exceção dos números 35 e 40.

AL-OMARI et al.2 (1992) valeram-se de canais artificiais retos e com diferentes ângulos de curvatura, assim como de diferente posicionamento da curvatura. Para o preparo dos mesmos, empregaram limas tipo K, K-Flex, Flexofile, Flex-R, Hedstroen e Unifile, com vistas a analisar a prevalência das deformações, a quantidade de direção do transporte apical e a forma final dos canais após o preparo. Face aos resultados obtidos, os autores concluíram que a modelagem dos canais foi melhor providenciada pelas limas Flexofile e Flex-R.

A seu turno, PESCE et al.9 (1992), valendo-se da diafanização, avaliaram a ocorrência de desvio apical em canais radiculares curvos quando do emprego de 4 tipos de instrumentos (limas tipo K, K-Flex, Trifile e Flexofile), variando o número do último instrumento, a saber: 15, 20, 25, 30 e 35. O menor índice de desvio ocorreu para as limas Flexofile, seguindo-se, em ordem crescente, as limas Trifile, K-Flex e tipo K. Exceto a lima tipo K número 25, os instrumentos restantes não promoveram desvio apical nos números 15, 20 e 25.

SYDNEY11 (1993) computou a ocorrência de desvio apical em canais radiculares curvos instrumentados com alguns tipos recentes de instrumentos de maior flexibilidade (limas K-Flex, Flexofile, Trifile, Flex-R e Flexicut). Para tanto, valeu-se de plataforma que permitia a superposição radiográfica do primeiro e do último instrumentos utilizados no preparo. De posse dos resultados, constatou menor percentual de desvio para a lima Flexofile (10%), seguida da lima K-Flex (20%), restando aos demais instrumentos a mesma freqüência de desvio apical (30%).

O objetivo do presente trabalho constou de comparar a ocorrência de desvio apical e o grau de conicidade resultante quando do emprego de limas tipo K e Flexofile durante o preparo de canais radiculares curvos.

 

MATERIAL E MÉTODO

Utilizaram-se 100 raízes mésio-vestibulares de molares superiores portadores de curvatura, as quais, ao exame radiográfico, não denotaram calcificação ou reabsorção e, quando da escolha do primeiro instrumento, a lima de número 15 mostrava-se justa no interior do canal radicular.

De início, os dentes foram submersos em solução fisiológica e armazenados em frascos numerados de 1 a 100.

O preparo da câmara pulpar foi realizado com auxílio de brocas esféricas em alta rotação e brocas tronco-cônicas tipo Batt em baixa rotação, promovendo-se o preparo do orifício de entrada do canal radicular com brocas tipo Gates-Glidden em baixa rotação, quando então executou-se o esvaziamento do conteúdo do canal radicular por meio de solução fisiológica e limas tipo K de diminuto calibre.

Em prosseguimento, submeteram-se novamente os dentes à hidratação, distribuindo-os eqüitativamente em dois grupos, correspondendo, cada grupo, a um tipo de instrumento: lima tipo K ou Flexofile.

Como limite de preparação endodôntica, escolheu-se o distanciamento de 1 milímetro do forame apical.

O preparo do canal radicular foi efetuado segundo a técnica seriada proposta por PAIVA; ANTONIAZZI7 (1988) e decorreu em presença do creme de Endo PTCI neutralizado por solução de hipoclorito de sódio a 1% e irrigação-aspiração finais com associação TergensolII - FuracinIII e cânulas metálicas acopladas a bomba de sucção, seguindo-se secagem final com cones de papel absorvente.

Decorrida essa fase, os dentes foram lavados em água corrente por 4 horas e, em seguida, imersos em frascos individuais numerados contendo solução aquosa de ácido nítrico por 5 dias, trocando-se a solução a cada 24 horas.

Isso posto, os dentes foram lavados por 24 horas em água corrente, imergindo-se-os em hidróxido de sódio 1M por período de 2 horas, quando então promovia-se novamente a lavagem em água corrente por 24 horas.

Em continuidade, os dentes foram secos externamente com papel filtro e, interiormente, com pontas de papel absorvente, quando então foram imersos em álcool 96°GL por 6 horas.

A seguir, injetou-se no interior dos canais mésio-vestibulares gelatina colorida com nanquim, até que ocorresse extravasamento pelo forame apical, conforme preconizam PÉCORA et al.8 (1990).

A diafanização dos dentes foi executada com auxílio de salicilato de metila, com imersão prévia em álcool 96°GL por 6 horas e em álcool absoluto pelo mesmo espaço de tempo.

Promovida a diafanização, as raízes mésio-vestibulares foram examinadas valendo-se de lupa com 8 graus positivos, com o intuito de verificar a presença ou não de desvio apical e o grau de conicidade do preparo.

 

RESULTADOS

Os resultados encontram-se expressos nas Tabelas 1 e 2.

 

11n2f782.GIF (4577 bytes)

 

 

11n2f783.GIF (4940 bytes)

 

A Tabela 1 contém os dados relativos à ocorrência de desvio apical para os dois tipos de lima estudados.

A análise da referida tabela acusa para a lima Flexofile o menor índice de desvio apical quando comparado com a lima tipo K, o que se reveste de significância estatística frente ao teste do Qui-quadrado (x2).

À sua vez, a Tabela 2 denota para a lima Flexofile maior expressividade quanto ao aparecimento de forma cônica contínua, o que implica significância estatística quando aplicado o teste do Qui-quadrado (x2).

 

DISCUSSÃO

Não há como negar que, quando do preparo de canais radiculares curvos, várias dificuldades ocorrem ditadas não só pelos aspectos anatômicos, mas também pelas limitações próprias do controle do instrumento no interior do espaço endodôntico.

Assim, face à presença da curvatura, criam-se componentes de força que tendem a deslocar o instrumento em direção contrária, o que pode determinar a ocorrência do transporte foraminal, bem como a possibilidade de perfuração.

De outra parte, cumpre salientar que o alargamento progressivo do canal radicular de cervical para apical constitui medida válida para contornar tal acidente e, nesse particular, ressaltam as técnicas de escalonamento.

À sua vez, ABOU-RASS et al.1 (1980) propõem a técnica da anticurvatura, que se baseia no princípio de utilizar o instrumento, durante o preparo, com pressão contrária ao sentido da curvatura apical.

Com vistas a comparar essas duas técnicas, PESSOA et al.10 (1993) valeram-se de raízes mesiais de molares inferiores e de método de diafanização, constatando que a técnica de anticurvatura determinou 23,3% de presença de desvio apical, enquanto a técnica escalonada, 3,3%.

Para mais, HOROKOSKY et al.4 (1988) não verificaram diferença significante quando da comparação dos resultados do emprego das duas técnicas.

Esclareça-se que, nos trabalhos acima enumerados, as técnicas utilizadas foram as mesmas, havendo apenas variação quanto ao tipo de instrumento, pois PESSOA et al.10 (1993) utilizaram limas tipo K, enquanto HOROKOSKY et al.4 (1988), limas K-Flex.

Aliás, SYDNEY et al.12 (1982), comparando a flexibilidade das limas tipo K e K-Flex, detectaram, para essa última, maior índice de deflexão angular.

Infere-se do exposto que a solução da problemática do preparo de canais radiculares curvos reside não apenas na técnica empregada, mas também no tipo de instrumento utilizado.

Assim, em nosso experimento, valemo-nos das limas Flexofile de reconhecida flexibilidade (MELO et al.5,6 1988, 1992).

Ademais, a utilização de limas Flexofile permitiu-nos, a despeito do uso da técnica de anticurvatura, obter índices menores de deformação apical do que aqueles obtidos por PESSOA et al.10 (1993), que empregaram limas tipo K.

Acresça-se que nossos resultados são coincidentes com os de BASTOS FILHO et al.3 (1990), que, muito embora utilizando metodologia distinta da nossa, auferiram menor índice de desvio apical quando da utilização das limas Flexofile, o que também foi detectado por PESCE et al.9 (1992), que, como nós, empregaram a diafanização como método de estudo.

Outro fator a ser considerado diz respeito à forma cônica proporcionada pelos dois tipos de limas estudadas, o que resultou em forma cônica contínua em número mais pronunciado e significante para a lima Flexofile.

De fato, tal acontecimento decorre da maior flexibilidade desse instrumento, o que possibilita seu melhor ajuste às paredes do canal radicular com desgaste mais uniforme e contínuo.

Contrariamente aos nossos resultados, PESSOA et al.10 (1993), ao empregarem, como nós, a técnica convencional de preparo, não evidenciaram para esta resultados tão satisfatórios quanto a conicidade final do canal radicular.

 

CONCLUSÕES

Face aos resultados obtidos, parece-nos lícito concluir que:

1. As limas Flexofile propiciaram menor índice de desvio apical estatisticamente significante quando comparado com o das limas tipo K.

2. Com relação ao formato final cônico contínuo, as limas Flexofile denotaram achados mais satisfatórios e estatisticamente significantes em relação às limas tipo K.

 

 

PESCE, H. F. et al. A comparative morphological study of the preparation of curved root canals with two types of endodontic files. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, n.2, p.87-91, abr./jun. 1997.

The aim of this study was to verify the occurrence of apical deviation and tapering in preparations performed with the use of the standardized technique in mesiobuccal roots of upper molars while varying the type of instruments used (K-type file and Flexofile). After preparation, the roots were made transparent and submitted to examination. The results showed that Flexofile produced a smaller incidence of apical deviation and greater tapering of the root canals.

UNITERMS: Root canal therapy; Endodontics * instruments.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABOU-RASS, M. et al. The anticurvature filling method to prepare the curved root canal. J Am Dent Assoc, v.101, n.5, p.792-794, Nov. 1980.        [ Links ]

2. AL-OMARI, M. A. O. et al. Comparison of six files to prepare simulated root canals. Part 1. Int Endod J, v.25, n.2, p.57-66, Mar. 1992.        [ Links ]

3. BASTOS FILHO, E. et al. Análise in vitro da variação angular e da configuração apical quando do preparo de canais curvos com instrumentos de tipo e procedência variados. Rev Bras Odontol, v.47, n.5, p.15-20, set./out. 1990.        [ Links ]

4. HOROKOSKY, A. C. et al. Análise comparativa através do exame morfológico de duas técnicas de instrumentação propostas para canais curvos. Rev Paul Odontol, v.10, n.6, p.54-59, nov./dez. 1988.        [ Links ]

5. MELO, L. L. et al. Estudo comparativo in vitro da flexibilidade e resistência à torção das limas K-Flex e Flexofile. Rev Paul Odontol, v.10, n.6, p.34-42, nov./dez. 1988.        [ Links ]

6. MELO, L. L. et al. Estudo comparativo in vitro da flexibilidade das limas Flexofile, Tri-file e K-Flex. Rev Paul Odontol, v.14, n.5, p.10-16, set./out. 1992.        [ Links ]

7. PAIVA, J. G.; ANTONIAZZI, J. H. Endodontia: bases para a prática clínica. 2. ed. São Paulo : Artes Médicas, 1988. p.501-629.        [ Links ]

8. PÉCORA, J. D. et al. Estudo da incidência de dois canais nos incisivos inferiores humanos. Rev Bras Odontol, v.47, n.4, p.44-77, jul./ago. 1990.        [ Links ]

9. PESCE, H. F. et al. Análise morfológica da região apical de canais radiculares curvos após o preparo químico-mecânico em função do tipo e número do último instrumento. Rev Odontol USF, v.10, n.1/2, p.79-84, 1992.        [ Links ]

10. PESSOA, O. F. et al. Estudo morfológico de canais radiculares preparados com duas técnicas manuais de instrumentação. Rev Odontol UNICID, v.5, n.1, p.21-26, jan./jun. 1993.        [ Links ]

11. SYDNEY, G. B. Análise comparativa em dentes humanos extraídos, mediante o emprego de técnica escalonada com recuo anatômico e plataforma radiográfica, do índice e ângulo do desvio apical em função do tipo e número do instrumento memória e da curvatura original dos canais radiculares. São Paulo, 1993. 96 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.        [ Links ]

12 SYDNEY, G. B. et al. Estudo comparativo, in vitro, da flexibilidade da lima K-Flex com a lima do tipo e marca Kerr. Rev Assoc Paul Cir Dent, v.36, n.4, p.442-445, mar./abr. 1982.        [ Links ]

 

Recebido para publicação em 02/10/96
Aceito para publicação em 13/11/96

 

 

*Professor Titular da Disciplina de Endodontia do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Professor Titular da Disciplina de Endodontia do Departamento de Odontologia Clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade São Francisco.
**Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Endodontia, nível de Doutorado, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Professor Adjunto da Disciplina de Endodontia do Departamento de Odontologia Clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade São Francisco.
***Professor Associado da Disciplina de Endodontia do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Professor Titular da Disciplina de Endodontia do Departamento de Odontologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista.
I Endo PTC - Botica ao Veado D'Ouro Ltda. - São Paulo.
II Tergensol - Lauril dietileno glicol éter-sulfato de sódio. Laboratório Inodon, RS.
III Furacin Solução. Laboratório Eaton do Brasil Ltda.