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Revista Brasileira de Zootecnia - Ruminal Degradation Dynamics by Steers Grazing Native Pasture, in Different Seasons of the Year

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Revista Brasileira de Zootecnia

On-line version ISSN 1806-9290

Rev. Bras. Zootec. vol.31 no.2 Viçosa  2002

http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982002000300025 

Dinâmica da Degradação Ruminal por Novilhos Mantidos em Pastagem Natural, em Diferentes Épocas do Ano1

 

José Carlos Pereira2, Marcelo Suzart de Almeida3, Paulo Roberto Cecon4, Augusto César de Queiroz2

 

 


RESUMO - Este trabalho foi conduzido para avaliar a cinética de degradação ruminal da matéria seca, proteína bruta e da fibra e a dinâmica de partículas das fases sólida e líquida no rúmen de novilhos em pastagem natural na Zona da Mata de Minas Gerais, durante diferentes épocas do ano. A época 1 (E1) compreendeu os meses de fevereiro, março e abril, e a época 2 (E2), os meses de agosto, setembro e outubro. O trabalho foi conduzido seguindo delineamento inteiramente casualizado, utilizando cinco novilhos dotados de fistulas no rúmen e no esôfago, onde cada animal constituía uma repetição. A degradação efetiva da MS, PB e FDN foi maior na E1, e a taxa de degradação da PB apresentou diferença entre as épocas, sendo de 2,99%/hora na E1 e 6,01%/hora na E2. A taxa de passagem foi maior na E1(4,84%/hora) em relação à E2 (3,59%/hora). A alta fração indegradável dos nutrientes poderia ser a principal responsável pelo maior tempo de retenção e pela repleção ruminal da fração fibrosa no rúmen. Portanto, a maior repleção ruminal na E2 (20,93 horas), em relação à E1(14,84 horas), foi provavelmente devido mais ao efeito físico de passagem do alto teor da fração indegradável, naquela estação, quando comparado à E1, que ao da fermentação pelos microrganismos.

Palavras-chave: degradação ruminal, fibra, pastagem natural, repleção ruminal, taxa de passagem

Ruminal Degradation Dynamics by Steers Grazing Native Pasture, in Different Seasons of the Year

ABSTRACT - This work was carried out to evaluate the ruminal degradation of dry matter, crude protein and neutral detergent fiber and ruminal particles and liquid phase dynamics by steers in natural pasture of the Zona da Mata, region of Minas Gerais State, during different seasons of the year. The season 1(S1) corresponded to the months of February/March/April, and the season 2(S2), to the months of August/September/October. Five steers with esophageal and rumen fistulae, each one considered as a replicate, were used in a completely randomized design. The effective degradation of the DM, CP and NDF was higher in the S1 than in the S2. The CP degradation rate showed difference between seasons, being of 2.99%/hours in the S1 and 6.01%/hours in S2. The passage rate was higher in the S1 (4.84%/hours) in relation to S2 (3.59%/hour). The higher undegradable fraction of the nutrients could be the main responsible for the highest retention time and for the ruminal repletion of the fibrous fraction in the rumen. Therefore, the highest ruminal repletion in the S2 (20.93 hours), in relation to S1 (14.84 hours), was probably due more to the physical effect of passage of the high undegradable fraction content, in that season, as compared to the S1, than the microorganisms fermentation.

Key Words: fiber, natural pasture, passage rate, ruminal degradation, ruminal repletion


 

 

Introdução

O processo digestivo nos ruminantes é um sistema dinâmico que envolve a entrada de alimentos no rúmen e a saída de líquidos, partículas, microrganismos e resíduos não-degradados para o omaso e abomaso. Segundo Smith et al. (1971), a taxa de passagem da porção potencialmente digestível e do resíduo indigestível, bem como a taxa de digestão da fração potencialmente digestível são fatores envolvidos no consumo voluntário das forragens.

Com base em alguns trabalhos em que se verificou que certa quantidade de celulose permanecia indigestível no rúmen após sete dias de incubação, Waldo et al. (1972) subdividiram o componente celulose em duas frações: uma potencialmente digestível e outra indigestível. A celulose indigestível desaparece do rúmen apenas pela passagem e a fração potencialmente digestível da celulose desapareceria tanto pela passagem quanto pela digestão. Esses autores relacionaram as taxas de digestão e passagem desses componentes com o efeito da repleção ruminal (RR), sendo este fator determinante do consumo.

A repleção ruminal é a expressão do tempo que o alimento permanece no rúmen sofrendo os efeitos físicos de passagem, decorrentes da mastigação durante a ruminação e da digestão pelos microrganismos do rúmen. Em condições de pastejo, com forrageiras de baixa qualidade, verifica-se menor taxa de passagem de partículas do rúmen, o que acarreta na redução do consumo de matéria seca (Van Soest, 1994).

Segundo Hungate (1988), a retenção dos alimentos no retículo-rúmen permite uma relação simbiótica entre o animal e os microrganismos ruminais, capazes de utilizar esses alimentos ingeridos como substratos para o seu crescimento. Esta estratégia tem como conseqüência o aumento na utilização dos constituintes da parede celular e, por outro lado, longo tempo médio de retenção, que pode restringir o consumo voluntário, já que o consumo de volumoso é limitado principalmente pela capacidade do trato digestivo (Waldo, 1986, citado por Lechner-Doll et al., 1991).

Existem poucas informações, na literatura, sobre a cinética de degradação e a taxa de passagem de forrageiras tropicais sob pastejo, e mais especificamente quando se trata de pastagem natural.

A pastagem natural apresenta irregularidade de distribuição de forragem ao longo do ano, além de grande variabilidade na composição botânica, o que dificulta as estimativas do seu valor nutritivo.

Este trabalho pretende contribuir fornecendo bases sobre a cinética digestiva da pastagem, possibilitando avanços no manejo, como suplementação adicional para sincronizar o suprimento de nutrientes no rúmen e maximizar a síntese de proteína microbiana ou fornecer proteína protegida da degradação ruminal para o intestino.

 

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em uma área de pastagem natural, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, a qual apresenta topografia bastante acidentada, e coberta pela vegetação característica da região: estrato arbóreo e arbustivo e estrato herbáceo, com diversas espécies de gramíneas. As gramíneas predominantes eram o capim-gordura (Melinis minutiflora Pal. de Beauv), capim-sapé (Imperata brasiliensis Trin.), capim-jaraguá (Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf) e grama-batatais (Paspalum notatum Flugge); e as leguminosas eram o desmodium (Desmodium spp.), stylo (Stylosanthes sp.), puerária (Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth) e soja-perene (Neonotonia wightii L.), além de diversas espécies arbustivas e herbáceas de acordo com os observações de Diogo et al. (1995).

Foram utilizados cinco bovinos mestiços Holandês-zebu, de aproximadamente 30 meses de idade, com peso médio de 375 kg, fistulados no esôfago e no rúmen. Os animais ficaram livres para o pastejo, durante todo o período experimental, além dos meses intercalando as épocas avaliadas, e receberam sal mineral e água à vontade, não sendo utilizada alimentação adicional.

O período experimental foi dividido em duas épocas, com três meses cada: Época 1 (E1), representando o final de verão e início de outono (fevereiro, março e abril), onde ocorria diminuição gradativa das chuvas e da temperatura; e Época 2 (E2), representando o final de inverno e parte da primavera(agosto, setembro e outubro), onde ocorria uma situação inversa da anterior. Na primeira fase do trabalho, a disponibilidade de pasto era de 8.600 kg MS/ha, caindo para 6.200 kg MS/ha no início da segunda fase, assegurando assim que não haveria limitação do consumo pela baixa disponibilidade de pasto.

As amostras da extrusa foram coletadas durante sete dias pela manhã, sendo recolhidas em bolsas de náilon, contendo um fundo de tela plástica, para drenagem do excesso de saliva, e adaptadas de forma conveniente, fornecendo flexibilidade e conforto aos animais durante o pastejo. A extrusa foi coletada após jejum prévio dos animais (aproximadamente 16 horas), com duração máxima de 30 minutos/dia. Após cada coleta, amostras da extrusa foram devidamente acondicionadas e identificadas em sacos plásticos e guardadas em congelador a -20ºC para posterior análise.

Para determinação da degradabilidade in situ da matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN) da dieta, foi adotada a técnica proposta por Mehrez & Ærskov (1977), e para a confecção das bolsas, adotaram-se as recomendações de Nocek (1997). Aproximadamente 5 g da amostra foram colocados em cada bolsa, com duplicatas para cada tempo de incubação. Estas bolsas foram amarradas por unidade e incubadas no rúmen dos novilhos, representando as repetições dentro de cada período de avaliação.

Após completar cada tempo de incubação (3, 6, 9, 12, 24, 48, 72 e 96 horas), as bolsas de náilon removidas foram congeladas a -20ºC e, posteriormente, em grupo, juntamente com o tempo zero, lavadas em submersão sob água fria e corrente até o clareamento da água, e logo após, foram secas em estufa de ventilação forçada por 48 horas e pesadas ainda quente.

As porcentagens de desaparecimento da MS, PB e FDN da dieta dos novilhos foram calculadas pela diferença entre as quantidades das respectivas frações na amostra incubada e seus resíduos, após cada tempo de incubação. Os teores de PB foram determinados pelo processo micro Kjeldahl; e os de FDN, segundo fracionamento proposto por Van Soest et al. (1991).

Os dados de desaparecimento de cada componente em estudo foram ajustados ao modelo proposto por Ærskov & Mcdonald (1979) e, para estimar a degradação efetiva (DE), utilizou-se a equação proposta por estes autores, adotando-se os valores de 4,84 e 3,59%/h para a taxa de passagem de partículas, determinadas neste trabalho, correspondendo a E1 e E2, respectivamente.

Para a estimação da taxa de passagem da digesta pelo rúmen, foram utilizados os indicadores Cobalto-EDTA, para a fase líquida, e o Cr-mordente, para a fase sólida, segundo técnica descrita por Udén et al. (1980) e Colucci et al. (1990).

Os indicadores foram fornecidos em dose única, pela manhã; a dose de Co-EDTA foi de 5 g, diluída em 400 mL de água destilada e colocada no rúmen através da cânula, e a fibra marcada com o cromo também foi colocada diretamente no rúmen na quantidade de 75 g para cada animal.

Para determinar a curva de diluição do Co-EDTA, amostras de fluido ruminal (± 80 mL) foram retiradas em diversos tempos (0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 16, 20, 24 e 36 horas pós-dosagem), filtradas em tecido de algodão, e congeladas a -20ºC para posterior processamento. As amostras de líquido de rúmen foram descongeladas, processadas em centrífuga refrigerada, a 16.000 rpm durante 15 minutos, sendo o sobrenadante levado ao espectrofotômetro de absorção atômica para leitura do teor de cobalto. Amostras fecais foram coletadas diretamente do reto em diversos tempos(12, 16, 20, 24, 28, 32, 40, 48, 56, 64, 72, 84, 96, 108, 120 e 144 horas pós-dosagem), e congeladas a -20ºC, para posterior análise. O teor de Cr foi determinado em espectrofotômetro de absorção atômica, conforme metodologia de Willians et al. (1962).

A estimativa dos parâmetros da cinética do trânsito digestivo foram feitas seguindo os modelos unicompartimental, para taxa de passagem da fase líquida (Colluci et al., 1990), e bicompartimental, para a taxa de passagem da fase sólida (Grovum & Williams, 1973).

O volume de fluido do rúmen (V, litros), o tempo de retenção da fase líquida (R) e o tempo de retenção da fase sólida no rúmen e intestino (TRK1 e TRK2), o tempo de retenção médio (TRM) e o tempo de retenção médio total (TRMT) foram determinados de acordo com os procedimentos apresentados por Colucci et al. (1990), e a repleção ruminal foi estimada conforme Waldo et al. (1972).

Para ajustamento dos dados aos modelos, foi utilizado o algoritmo de Quasi-Newton, do procedimento Nonlinear Estimation do programa STATISTICA versão 5.0.

Para cada parâmetro da cinética de degradação in situ, da taxa de passagem e repleção ruminal da dieta, foi feita análise de variância, em que as fontes de variação época e mês/época, foram testadas contra o resíduo. Para tal, foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco repetições.

Para o processamento da análise de variância dos dados e comparação de médias, pelo teste Newman-Keuls (SNK) a 5% de probabilidade, foi utilizado o programa SAEG (UFV, 1995).

 

Resultados e Discussão

A composição químico-bromatológica média da dieta selecionada pelos novilhos nas diferentes épocas, encontra-se na Tabela 1, não tendo sido observadas variações consideráveis entre os meses dentro da época.

 

 

Com relação à cinética de degradação da matéria seca (MS), os resultados são expostos na Tabela 2. A fração solúvel (a) de MS não apresentou diferença entre as épocas, apesar da variação encontrada nos meses dentro da época, com maior valor nos meses de março e outubro, na E1 e E2, respectivamente. Possivelmente o aumento desta fração se deve à brotação ocorrida naqueles meses, conseqüência das chuvas ocorridas, favorecendo o crescimento das plantas: na E1 os níveis de precipitação nos meses de fevereiro, março e abril foram de 91,5; 192,0; e 63,2 mm, respectivamente, e na E2, de 6,2 e 88,7 mm nos meses de setembro e outubro.

A fração potencialmente degradável (b) e a degradação efetiva (DE) da MS foram maiores (P<0,01) na E1 (65,77 e 44,16%), em relação à E2 (53,91 e 33,24%). Ocorreu situação inversa para a fração indegradável (I) da MS, com elevada fração na E2 (38,21%), em relação a E1 (26,16%), contudo a taxa de degradação(c) não mostrou diferenças entre épocas, e a degradabilidade efetiva foi maior na E1.

Não foram observadas diferenças para PB (Tabela 3), entre meses dentro da E1 para todos os parâmetros avaliados, destacando-se o valor médio relativamente alto para a fração potencialmente degradável, de 75,05%.

Esta mesma situação seria observada na E2, se fossem considerados apenas os dados relativos aos meses de agosto e setembro, entretanto, no mês de outubro a fração solúvel apresentou valor bastante acentuado, e por conseqüência, redução do valor da fração potencialmente degradável e indegradável, e aumento da taxa de degradação e da degradabilidade efetiva. Eliminando a possibilidade de algum erro inerente à metodologia, a explicação possível seria devido à acentuada precipitação que ocorreu no mês de outubro, conforme já foi mencionado para a matéria seca, o que levaria à presença de novos perfilhos e folhas novas, com maiores conteúdos em componentes solúveis.

Com relação à época, verifica-se que houve diferença significativa (P<0,01) para todos os parâmetros da cinética de degradação, sendo que na E2, excetuando-se a fração potencialmente degradável, os demais foram superiores à E1, destacando-se a taxa de degradação com valor de 6,01, em relação a 2,99%/hora na E1.

Os compostos nitrogenados são distribuídos em proteína verdadeira (60-80%) e nitrogênio não proteíco (Van Soest, 1994), além de que a planta em crescimento apresenta maior conteúdo em proteína verdadeira solúvel (Norton, 1982). Acrescentado-se que possivelmente em plantas forrageiras maior teor em proteína solúvel estimula as bactérias proteolíticas no rúmen(Wallace & Cotta, 1988), e as proteínas do conteúdo celular são solúveis e totalmente degradadas no rúmen, poderia ser justificado o valor encontrado para a fração solúvel da proteína no mês de outubro.

Comportamento semelhante ao da MS pode ser observado na degradação da FDN (Tabela 4), onde a degradação efetiva (DE) foi maior (P<0,01) na E1(29,63%) que na E2(25,53%). Já a fração indegradável (I) e a repleção ruminal(RR) apresentaram-se maiores (P<0,01) na E2(40,67% e 20,93 horas) em relação a E1(25,96% e 14,84 horas), com pequena variação nos meses durante a E2, apenas para a repleção ruminal.

Estes resultados indicam a seletividade exercida pelos animais sob pastejo, os quais preferem folhas verdes e rejeitam caule e material morto (Minson, 1981), além de selecionarem mais folhas no verão (Cowan et al., 1986), quando a relação folha:caule dos capins é elevada.

O maior consumo de folhas em relação aos colmos é atribuído à mais rápida digestão e ao menor tempo de retenção no rúmen (Blaser & Novaes, 1990).

De modo geral, as gramíneas apresentam maior conteúdo em parede celular em relação às leguminosas, além de diferenças na composição, com estas últimas apresentando maiores teores de celulose e hemicelulose (Norton, 1982).

À medida que avança o estádio de desenvolvimento da planta, aumenta o conteúdo de parede celular, além de ocorrerem modificações em sua composição, com variações mais acentuadas nas gramíneas (Norton, 1982).

Realizando trabalho em pastagem semelhante à deste estudo, Santos (1997), avaliou a composição química de algumas forrageiras componentes do ecossistema, encontrando teores de FDN na época seca e chuvosa de 79,3 e 73,0% para o capim gordura(Mellinis minutiflora P. Beauv.); 75,7 e 70,0% para o capim capetinga (Panicum pilosum Sw.) e 66,0 e 60,0% para o desmodio (Desmodium sp.).

De modo geral, aceita-se que o grau de lignificação seja o principal fator limitante da digestão da parede celular das forrageiras, e neste sentido seria esperado que as leguminosas apresentassem menor DE da fibra, devido ao seu maior conteúdo em lignina, conforme observado em diversos trabalhos (Beever et al., 1986; Nocek & Grant, 1987; Grenet, 1989), e normalmente as leguminosas apresentam maior conteúdo em lignina em relação às gramíneas, além de que esta fração apresenta-se de forma mais condensada e potencialmente mais resistente à degradação química (Jung & Fahey, 1983).

No trabalho realizado por Torregroza Sanchez et al.(1993) nesta mesma área, verificou-se maior participação de leguminosas na dieta dos animais no período seco do ano, além de ervas e arbustos. Entretanto, na pastagem natural, onde a diversidade de plantas é acentuada, a relação direta entre teor de lignina e degradabilidade da fração fibrosa pode não ocorrer.

Diferentes tipos de tecidos vegetais podem apresentar paredes celulares quimicamente diferentes, com diferenças na estrutura e composição da CEL e HCEL (Gordon et al., 1985; Nordkvist & Aman, 1986), com diferentes comportamentos à adesão dos microrganismos e à ação enzimática. Além disso, a composição da LIG varia com o tipo de forrageira e nem sempre está relacionada com a sua quantidade, sendo possível que a degradação da parede celular esteja mais afetada pela composição da lignina do que pelo seu conteúdo (Hacker & Minson, 1981; Ford & Elliot, 1987; Akin & Cheeson, 1988).

A repleção ruminal parece estar mais relacionada com a taxa de passagem do alimento, a qual está em função da ação física (mastigação durante a ruminação) e microbiana (degradação), determinando redução do tamanho das partículas. A DE da FDN corresponde a 40% da fração potencialmente degradável da E1, contra 43% da E1 para mesma taxa de degradação da FDN entre as épocas, no presente estudo. Portanto, o maior tempo da repleção ruminal na E2, provavelmente, está relacionado ao elevado teor da fração indegradável nesta época, quando comparado a E1, que ao efeito da fermentação pelos microrganismos.

Devido à relação inversa entre a taxa de passagem da fase líquida e o seu tempo de retenção no rúmen, logicamente os resultados apresentaram-se diferentes entre as épocas, sendo a taxa de passagem maior (P<0,01) na E1(13,67 %/hora) que na E2 (8,67 %/hora), e o tempo de retenção maior (P<0,01) na E2(12,9 horas) em relação a E1(7,53 horas). O volume do fluido ruminal foi maior (P<0,01) na E2(168 litros), possivelmente, em razão do maior tempo de retenção de líquidos no rúmen, nesta estação. Em virtude de o fluxo ser representado pelo produto da taxa de passagem e o volume de rúmen, e a dieta dos bovinos ter apresentado comportamento inverso para estes parâmetros, o fluxo não diferiu entre as épocas (Tabela 5).

 

 

Olson et al. (1994) observaram redução da taxa de passagem e do fluxo de líquido ruminal e aumento do volume de fluido ruminal, com o avanço da estação (início do verão a meados do outono), sendo que os valores encontrados nesse trabalho, foram de 11,9 a 25,2 %/hora, para taxa de passagem; de 58,9 a 83,0 litros para volume de rúmen, e de 14,8 a 9,8 litros/hora para o fluxo.

As taxas de passagem da fase sólida no rúmen e intestino apresentaram-se maiores(P<0,01) na E1 (4,84 e 5,28 %/hora) e menores na E2 (3,59 e 3,90 %/hora), enquanto que o tempo de retenção da fase sólida no rúmen e intestino atingiram valores de 28,07 e 25,86 horas, na E2; e 21,15 e 19,43 horas na E1, respectivamente.

Tanto o tempo de retenção médio quanto o tempo de retenção médio total foram maiores (P<0,01) na E2 (53,93 e 65,42 horas) que na E1 (40,58 e 58,84 horas), respectivamente.

Os resultados encontrados por McCracken et al. (1993) e Park et al. (1994), com novilhos pastejando forrageiras de clima temperado, no final da primavera para o outono, mostraram redução da taxa de passagem da fase sólida e aumento do tempo de retenção médio no trato gastrointestinal, à medida que avançava a estação de crescimento.

Apesar da considerável biomassa produzida pelas forrageiras tropicais, sua qualidade decresce rapidamente com o amadurecimento. Wilson (1997) explica que essa desvantagem das forrageiras tropicais se deve-às características estruturais e anatômicas das plantas, influenciando seu valor nutritivo para os ruminantes. A anatomia da planta influencia o consumo e a qualidade do pasto, particularmente pelo seu efeito sobre o conteúdo de parede celular e digestibilidade, que resulta de mudanças na proporção dos tipos de células de parede fina para espessa, na organização estrutural dos órgãos e tecidos e no grau de lignificação (Minson & Wilson, 1994).

A degradação microbiana dos constituintes da parede celular é um processo relativamente lento, e para realizar efetiva digestão da celulose, os ruminantes em seu processo evolutivo desenvolveram a capacidade para reter as partículas do alimento no rúmen por tempo substancialmente maior que o dos fluidos. Tal estratégia tem como conseqüência que o maior tempo médio de retenção das partículas no retículo-rúmen aumentará a utilização dos constituintes da parede celular, e deste modo, longo tempo médio de retenção pode restringir o consumo voluntário, porque o consumo de volumoso é limitado principalmente pela capacidade do trato digestivo (Lechner-Doll et al., 1991).

 

 

No inverno, ocorrendo falta de sincronização no fornecimento de aminoácidos e carboidratos aos microrganismos do rúmen, verificado pela alta taxa de degradação (c) de PB e baixa de FDN, acredita-se que a suplementação protéica, neste momento, pode melhorar o desempenho dos animais, sob tais condições, como foi mostrado por Grings et al. (1994), Wu et al. (1995) e Robinson et al. (1996). Entretanto, tal suplementação pode não surtir efeito sobre o consumo voluntário, devido à limitação física de passagem (Grings et al., 1994), principal determinante da produção animal em regime de pasto (Mertens, 1994). Portanto, a suplementação da dieta de baixa qualidade deve ser bem delineada, pois sua limitação ao maior consumo voluntário, pode estar no maior tempo de repleção ruminal provocado pelas partículas indegradáveis no rúmen.

Grings et al. (1994), em estudo sobre suplementação protéica, observaram maior consumo voluntário de pasto no início em relação ao final do verão. Isto sugere que o fornecimento de nitrogênio protéico favoreceu a digestão microbiana e reduziu a repleção ruminal, devido à maior degradação microbiana e à menor proporção de fração indegradável, neste estádio vegetativo, facilitando o escape das partículas do rúmen. Portanto, a suplementação protéica, neste momento, pode ter retorno produtivo e econômico. Já no final do verão, esta aumenta a produção, mas a estrutura anatômica apresentada pela planta interfere sobre o consumo (Minson & Wilson, 1994) e a resposta neste momento pode ser produtiva, mas antieconômica.

Fox et al. (1991) forneceram suplementos a novilhas sob pastejo e concluíram que o bom manejo da pastagem seria de maior proveito que a suplementação protéica.

Diante disso, adotar melhor manejo das pastagens, mantendo o pasto em constante crescimento vegetativo e favorecendo menor aumento do conteúdo da parede celular, poderia ser uma alternativa para aumento da performance animal, nas condições tropicais. Para tal procedimento, é necessário manter baixa lotação durante o inverno, onde ocorre menor disponibilidade de pasto, procurando manter a sustentabilidade do ecossistema das pastagens nativas e, ou, naturais, como sugeriram Heitschmidt & Walker (1997).

 

Conclusões

A alta fração indegradável dos nutrientes pode ser a principal responsável pelo maior tempo de retenção e pela repleção ruminal da fração fibrosa no rúmen.

O manejo da pastagem, mantendo o pasto em constante crescimento vegetativo e favorecendo menor aumento do conteúdo da parede celular, em sua fração indegradável, poderia ser uma alternativa para aumento da performance animal, nas condições tropicais.

 

Literatura Citada

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Recebido em: 23/03/01
Aceito em: 03/12/01

 

 

1 Parte da tese de Doutorado em Zootecnia, apresentada pelo segundo autor à UFV, parcialmente financiada pelo CNPq.

2 Professor do Departamento de Zootecnia- UFV, Bolsisa do CNPq. E.mail: jcarlos@mail.ufv.br

3 Professor da UNIPAR, Umuarama, PR. E.mail: suzart@unipar.com.br

4 Professor do Departamento de Informática-UFV.