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GRAMSCIAN DIALECTICS, COUNTER-HEGEMONY AND GLOBAL CIVIL SOCIETY NETWORKS
REDES- Revista hispana para el an�lisis de redes sociales
Vol.12,#2, Junio 2007
http://revista-redes.rediris.es

Gramsci, hegemonia, e as redes da sociedade civil global [1]

 

Hagai Katz - Ben Gurion University of the Negev[2]

 

 

Resumo

Este estudo realiza o primeiro teste emp�rico, a um n�vel verdadeiramente global, de dois modelos contradit�rios da sociedade civil global, que s�o propostos pelo pensamento neo-Gramnsciano, no sistema de governa��o global. O primeiro modelo pressup�e que a sociedade civil global � cooptada pela hegemonia capitalista e elites pol�ticas, e promove interesses hegem�nicos ao espalhar os valores neoliberais usando uma fachada de oposi��o. O segundo modelo perspectiva a sociedade civil global como a infra-estrutura atrav�s da qual a resist�ncia contra- hegem�nica, e em �ltima an�lise um bloco hist�rico contra hegem�nico, evoluir� para desafiar a hegemonia neoliberal. As previs�es feitas por estas duas perspectivas, no que respeita a estrutura das redes da sociedade civil global, s�o testadas analisando uma matriz de rela��es entre 10,001 ONG�s internacionais de uma amostra de ONGIs, retirada da base de dados da Uni�o das Associa��es Internacionais. Os resultados apoiam parcialmente as previs�es e ambos os modelos, e levam � conclus�o de que, presentemente, a sociedade civil global est� numa fase de transi��o, mas que a infra-estrutura actual proporcionada pela rede de ONGIs global pode conduzir ao desenvolvimento futuro de um bloco hist�rico contra- hegem�nico, isto se o enviesamento da rede na direc��o do Norte for diminuindo. Ser�o apresentados os passos estrat�gicos necess�rios para que isto se torne uma realidade.

Palavras-chave : sociedade civil global, Gramsci, globaliza��o, neoliberalismo, hegemonia

 

 

Sociedade Civil Global: a atenua��o da globaliza��o neoliberal?

 

A globaliza��o e a sua ideologia dominante � neoliberalismo � tornou-se o guia hegem�nico para a pol�tica econ�mica e social global. O credo liberal � promovido activamente por um grupo de estados poderosos e organiza��es internacionais, e tornou-se hegem�nico - �the only game in town� (Falk, 2000, p. 46). Poucos contestar�o os resultados positivos da globaliza��o neoliberal. Traz crescimento e avan�o tecnol�gico, riqueza e conhecimento (Bigman, 2002). Torna os governos mais transparentes e consequentemente mais respons�veis perante uma audi�ncia global , o que dificulta o encobrimento da pr�tica de viola��o de direitos humanos (Kaldor, 2001). A globaliza��o facilita a interac��o humana dando mais op��es para a troca de ideias gra�as � Internet e telecomunica��es, bem como pelo aumento da mobilidade das pessoas, atrav�s do turismo e migra��o. Aquilo a que os cr�ticos da globaliza��o se referem � muitas vezes denominado pejorativamente como �globaliza��o regressiva� (Kaldor et al., 2003) ou �globaliza��o predadora� (Cox, 2002). Falk explica-o claramente:

 

O que � pass�vel de objec��o � condescender numa esp�cie de misticismo de mercado que concede hegemonia pol�tica � promo��o do crescimento econ�mico, desprezando os efeitos sociais adversos e moldando a pol�tica econ�mica com base em certezas ideol�gicas que n�o atentam � realidade do sofrimento humano. (Falk, 2000, p. 48)

Os cr�ticos argumentam que as pol�ticas e pr�ticas da globaliza��o neoliberal aumentam a riqueza e o poder de poucos � custa de muitos. As institui��es financeiras internacionais e as corpora��es transnacionais ganharam uma influ�ncia pol�tica substancial, o que lhes permite influenciar as pol�ticas a seu favor (Pollin, 2000) e minar a capacidade pol�tica dos pobres, enquanto aumentam o poder das novas redes de elites (Castells, 1989). O poder destas diminui a liberdade dos governos na condu��o das suas pr�prias pol�ticas monet�rias e fiscais, e as suas pol�ticas deslegitimam o investimento expansivo no social (Esping-Andersen, 1996), causando empobrecimento massivo (Taylor et al., 2002).

A sociedade civil global � muitas vezes referida como a for�a que equilibra a globaliza��o neo-liberal (Taylor, 2004). � apresentada como uma for�a reformista que desembocar� num movimento global, corrigir� as desigualdades inerentes ao sistema de governa��o global, e atenuar� e humanizar� a globaliza��o. Willets (citado em Dicken, 1998, p. 156) afirma que as ONG�s s�o �a consci�ncia do mundo�. Florini and Simmons (2000) chamam-lhe �a terceira for�a � que actua como uma consci�ncia global�. Falk coloca a sociedade civil global, e especificamente as ONG�s, no centro do que chama �Globaliza��o a partir da base� (Falk, 2003, p. 285), o espa�o onde crescem as ideologias alternativas.

No entanto esta pode ser uma vis�o excessivamente optimista. Na teoria da sociedade civil e hegemonia, a sociedade civil tem um papel mais complexo, sendo dialecticamente uma for�a reformadora e conservadora. Tem sido produzida pouca investiga��o que teste esta suposi��o optimista do papel da sociedade civil ao n�vel global. Este artigo pretende preencher este vazio, realizando uma an�lise emp�rica estrutural da rede global da sociedade civil, a primeira com esta escala. Atrav�s da an�lise das liga��es inter-organizacionais entre milhares de ONG�s internacionais (ONGI�s), o artigo analisa a estrutura da rede global da sociedade civil, e se essa estrutura reflecte um papel hegem�nico ou contra-hegem�nico. Em conclus�o sugiro alguns passos estrat�gicos que permitam aumentar o potencial contra-hegem�nico da sociedade civil.

 

Dial�ctica Gramsciana e as redes globais da sociedade civil

Que papel desempenha a sociedade civil global na perpetua��o e transforma��o da hegemonia? A teoria da sociedade civil e contra-hegemonia de Antonio Gramsci fornece o enquadramento te�rico para responder a esta quest�o. A no��o de sociedade civil, retirada de refer�ncias contradit�rias e amb�guas dos escritos de Gramsci numa pris�o fascista, situa a sociedade civil entre o Estado com a sua legisla��o e capacidade, e a economia (Gramsci, 1971). Gramsci inclui na sociedade civil uma grande variedade de institui��es n�o coercivas � estruturas e actividades exteriores ao Estado e ao mercado como sindicatos, escolas, associa��es profissionais, educativas e culturais, partidos, e igrejas (Moen, 1998). � aqui que, em dial�ctica, � mantida a ordem social hegem�nica, mas � tamb�m o espa�o da criatividade social, onde uma nova ordem social pode emergir.

O modelo hegem�nico de sociedade civil de Gramsci

Em hegemonia, de acordo com o pensamento de Gramsci, um certo tipo de vida e pensamento � dominante, e � difundido por toda a sociedade para influenciar normas, valores e gostos, pr�ticas pol�ticas e rela��es sociais (Sassoon, 1982). Esta � baseada numa organiza��o espec�fica de consentimento, que tem uma base econ�mica mas n�o est� limitada a ela (Carroll, 1992). Isto porque resulta de uma combina��o de coer��o e consentimento, realizada atrav�s da coopta��o hegem�nica de grupos da sociedade civil, resultando numa �ortodoxia coerciva� (Persaud, 2001, p. 65).

Elementos da sociedade civil s�o cooptados pelo Estado, e usados para assegurar a condescend�ncia das classes dominadas e assegurar a sua identifica��o com a ordem mundial hegem�nica. Neste estado de coisas a sociedade civil torna-se uma parte de um Estado ampliado, e � utilizada pela classe dominante para formar e manter a sua hegemonia atrav�s de transformismo, ou coopta��o. Neste processo a sociedade civil assimila ideias que v� como potencialmente perigosas, e deste modo cria consenso cultural e pol�tico (Cox, 1993). Torna-se um instrumento da revolu��o passiva, atrav�s da qual as for�as hegem�nicas permitem uma limitada (e at� certo ponto, falsa) liberdade de auto-express�o para os grupos dominados, e com isso mant�m a aceita��o continuada das rela��es de for�as presentes.

O projecto pol�tico do neo-liberalismo tem assistido � converg�ncia dos estados e actores globais , incluindo as empresas transnacionais (TNCs) e as organiza��es governamentais internacionais (OGI�s), em redor da doutrina neoliberal, e que resultou na institui��o de uma nova ortodoxia (Tickell & Peck, 2003). Este racioc�nio relaciona-se directamente com a presente hegemonia do neo-liberalismo, com o apoio dos Estados Unidos como estado dominante , bem como de um conjunto de outros actores estatais , inter-estatais e n�o estatais (tais como a Uni�o Europeia, Organiza��o do Com�rcio Internacional, o Banco Mundial, e o Fundo Internacional Monet�rio) formando um bloco hist�rico, que inevitavelmente coopta as maiores organiza��es da sociedade civil, e usa-as para promover a sua agenda sob um disfarce de abertura.

Os que criticam a participa��o da sociedade civil global na governa��o global afirmam que existe uma concep��o excessivamente optimista do papel que esta desempenha vis-�-vis as institui��es hegem�nicas. As ONGIs s�o pressionadas a imitar os estilos gestion�rios das empresas transnacionais e das IGOs de que dependem (Ramia, 2000). Os procedimentos e presta��o de contas s�o distorcidos de acordo com as necessidades dos doadores e n�o com as dos parceiros ou benefici�rios (Edwards, 1999). Para al�m disto, Edwards observa que muitas das parcerias entre as ONG�s do Norte e do Sul s�o altamente desiguais e paternalistas. De acordo com Tvedt, o sistema de ajudas �s ONGs � determinado pelos doadores e muitas das ONGs mais importantes s�o mais influenciadas pelas pol�ticas estatais e dos doadores do que pela realidade local ou nacional (Tvedt, 2004). Assim os canais de ajuda s�o �a correia de trasnmis�o do discurso dominante ligado a no��es ocidentais de desenvolvimento� (Tvedt, 2004, p. 140). Esta argumenta��o � sustentada em v�rias an�lise de ONG�s de desenvolvimento (Salm, 1999; Ulvila & Hossain, 2002). As depend�ncias de recursos definem a agenda das ONGIs de acordo com uma agenda dos doadores predominantemente liberal, politica e economicamente. (Fowler, 1996).

Algumas ONGIs desempenham um papel mais activo no bloco hist�rico hegem�nico presente. Com base na an�lise de 5 grupos de pol�ticas, Carroll and Carson consideram os n�cleos pol�ticos como f�runs para a constru��o da hegemonia neoliberal transnacional. Estas ONGIs, incluindo a C�mara Internacional do Com�rcio sediada em Paris , o Conselho Mundial de Neg�cios para o Desenvolvimento Sustent�vel [World Business Council for Sustainable Development], e outros, est�o profundamente inseridos, numa rede global de l�deres empresariais (Carroll & Carson, 2003).

O modelo de sociedade civil contra-hegem�nico de Gramsci�s

Mas a sociedade civil � la Gramsci � tamb�m de onde emerge a lideran�a e os movimentos da base, quando a priva��o se mobiliza atrav�s da consciencializa��o, e a revolu��o pode ser preparada. A hegemonia necessita da contra-hegemonia � a hegemonia e a contra-hegemonia devem ser vistas como �movimentos duplos simult�neos� formados em reciprocidade � a hegemonia d� forma � contra-hegemonia, e os esfor�os contra-hegem�nicos levam as for�as hegem�nicas a realinharem-se e a reorganizarem-se (Persaud, 2001, p. 49). A sociedade civil, e n�o o Estado como em Hegel, � o momento activo e positivo do desenvolvimento hist�rico. � o espa�o criativo, de onde grupos subalternos, motivados por intelectuais, se podem unir, formar um bloco hist�rico, e travar uma guerra de posi��o contra hegem�nica para alterar a sociedade (Sassoon, 1982).

A hegemonia ao n�vel global � produzida por um modo dominante de produ��o que � exportado por estados dominantes e institui��es, e que penetra outros estados e institui��es; logo, a contra-hegemonia tem que ser constitu�da por rela��es sociais internacionais complexas, atrav�s das quais as classes sociais nos diferentes pa�ses se conectam, formando um bloco hist�rico contra-hegem�nico global. AS ONGIs s�o a avant-garde neste lento processo de consciencializa��o, organiza��o e protesto (Cox, 1993). Adaptando o pensamento de Gramsci � nossa �poca, Cox argumenta que a contra � hegemonia ao dom�nio do capital global s� pode ser desenvolvida a partir dos ausp�cios de uma sociedade civil global (Cox, 1993; 1996; 2002).

Como se consegue mudar? O conceito de hegemonia de Gramsci diz respeito � qualidade em que as classes dominantes utilizam o Estado para coagir e ao mesmo tempo obter consentimento da sua domina��o junto da sociedade civil. Dado que isto marginaliza os interesses de alguns dos grupos subordinados, estes organizam-se no �nico espa�o que lhes est� dispon�vel � a sociedade civil. Para Gramsci, as mudan�as socio-econ�micas meramente estabelecem as condi��es nas quais a transforma��o se torna poss�vel. O que � crucial para que a mudan�a seja poss�vel, s�o os ajustamentos nas �rela��es e for�a� a n�vel politico, que s�o afectados pelo grau de organiza��o pol�tica e de agressividade das for�as rivais, a for�a das rela��es que conseguem mobilizar, e o seu n�vel de consci�ncia pol�tica (Forgacs, 1988).

V�rias condi��es t�m que surgir para que a mudan�a hegem�nica aconte�a. Estas podem ser sumarizadas em, organiza��o, ideologia, e ac��o. No contexto do movimento global contra-hegem�nico para atenuar a globaliza��o neo-liberal, a primeira condi��o envolve a cria��o de um �bloco hist�rico� contra-hegem�nico � uma coliga��o de grupos, que fazem a ponte entre a mir�ade de grupos desfavorecidos como consequ�ncia da globaliza��o. A segunda condi��o relaciona-se com a adop��o de uma ideologia social-democrata pelas ONGIs, o que se op�e � agenda neo-liberal da hegemonia existente . Finalmente, a forma��o de um bloco-hist�rico contra hegem�nico que conduzir� a uma �guerra de posi��es� � uma luta integrada intelectual e pol�tica , numa variedade de n�veis da ordem mundial emergente � de local para global � que lentamente vai construindo as funda��es de um novo regime (Rupert, 1993).

O conceito de bloco hist�rico � central para o conceito de mudan�a social no pensamento Gramsciano. Para que o �elemento subalterno n�o seja uma coisa [objecto ou reificação] mas uma pessoa hist�rica� ele tem que ser �um agente , necessariamente activo e que toma iniciativa � (Gramsci, 1971, pp. 144, 332�337). AS alian�as desenvolvidas na mobiliza��o contra-hegemonica tem que ir para al�m das classes, e incluir v�rias for�as sociais � uma alian�a das classes com grupos sociais-democratas. Esta alian�a prefigura uma nova ordem, uma converg�ncia do trabalho com os novos movimentos sociais, atrav�s de diferentes formas de liga��o ou �constru��o de pontes� (Carroll, 1992, p. 12). Nesta linha, Bocock (1986) defende um envolvimento hegem�nico, novo, radical e moral, de todos os maiores grupos radicais. Bocock lista o trabalho, os movimentos de mulheres, os movimentos para a paz, os grupos religiosos, os ambientalistas, as organiza��es �tnicas, ente outros. Esta � uma concep��o radical-pluralista que localiza o desenvolvimento da contra-hegemonia na �multiplicidade de antagonismos�, desenvolvendo-se nas, e atrav�s das, rela��es sociais da sociedade civil (Ratner, 1992, p. 235). Para que o bloco hist�rico seja eficaz tem que ser uma coliga��o de for�as, que n�o duplique as disparidades inerentes ao sistema-mundo actual, que evite localismo ou nacionalismo, que promova a solidariedade global atrav�s de redes que liguem o local ao global (Amoore et al., 2000; Gills, 2000) � uma estrat�gia de resist�ncia unificadora, n�o homogeneizadora.

V�rios estudos, embora raramente apliquem os conceitos Gramscianos, apresentam indicações anedóticas do movimento contra hegemónico. De forma not�vel, Keck and Sikkink (1998) demonstram que a influ�ncia pol�tica t�pica da diplomacia das ONG, utiliza as liga��es em rede para influenciar os actores mais poderosos, usando-os para promover os objectivos da rede . As ONGs do Sul utilizam as ONGs do Norte para pressionar indirectamente as pol�ticas na sua regi�o. Para tornar isto poss�vel, as redes incorporam as organiza��es do Norte e do sul, e entre estas ultimas inccroporam especialmente aquelas capazes de chegar �s IGOs e que t�m import�ncia suficiente nos seus pr�prios pa�ses. Tamb�m Diani (2003) nota que a diversidade da rede � multiplicadora, pois abre canais de comunica��o para varias popula��es de organiza��es, e que a diversidade de temas est� tamb�m ligada com diversidade estrat�gica, flexibilidade e ajustamento � mudan�a.

A import�ncia da diversidade das redes para o sucesso das iniciativas progressivas das ONGs � demonstrado por Khagram (2002), que argumenta, a prop�sito das barragens do vale de Narmada na �ndia, que as coliga��es de sucesso mostram a efic�cia da alian�a local-global e povo-elite; bem como da mistura de organiza��es com diferentes ideologias e estrat�gias de ac��o. De forma semelhante, Castells , na sua an�lise dos Zapatistas, mostra como as identidades de resist�ncia convergem para formar identidades de projecto, direccionadas para a transforma��o da sociedade de acordo com os valores de resist�ncia aos interesses dominantes estabelecidos pelos fluxos globais de capital e poder. Isto � poss�vel expandindo as campanhas em redes globais, e a partir da� elev�-las da opera��o em espa�os de ac��o para a opera��o atrav�s de fluxos, tornando-as vis�veis onde realmente � importante (Castells, 1997).

A quest�o da investiga��o

A teoria Gramsciana oferece portanto dois modelos de governa��o global que se op�em, e que t�m uma liga��o directa com a hipot�tica estrutura da sociedade civil global. At� ao momento a literatura tem demonstrado suporte emp�rico para ambos os modelos, mas nenhum destes modelos foi ainda testado ao n�vel global, nem para al�m da an�lise de temas espec�ficos. De forma a avaliar nas estruturas actuais da sociedade civil, qual destes dois modelos � suportado , h� que analisar as redes da sociedade civil global e test�-las � luz desses modelos. Assim a pergunta de investiga��o � a seguinte : Qual das previs�es dos dois modelos concorrentes da teoria de Gramsci est� de acordo com a estrutura actual da sociedade civil? Mais especificamente :Ser� que estrutura actual da sociedade civil global apoia predominantemente a no��o de uma sociedade civil global como parte da hegemonia liberal global , ou um bloco hist�rico contra-hegem�nico, que se op�e � hegemonia global neo-liberal?

Se a sociedade civil global � uma parte da hegemonia neoliberal, deveria reflectir as desigualdades presentes da ordem mundial. Logo, esperar-se �ia que sob tais condi��es , a estrutura da sociedade civil fosse desigual , com grandes disparidades norte-sul em termos do n�mero de ONGIs pertencentes � rede e na distribui��o das suas liga��es, e tamb�m com uma estrutura centro-periferia fortemente polarizada, na qual o centro � constitu�do predominantemente por ONGIs dos pa�ses desenvolvidos.

Numa situa��o de hegemonia, espera-se que as for�as hegem�nicas sejam capazes de prevenir a forma��o de um bloco hist�rico , e nesse caso deparar�amos com uma rede da sociedade civil global substancialmente fragmentadas, consistindo em muitas sub-redes regionais fracamente conectadas entre si e espec�ficas a certos temas. Da mesma forma, como os actores hegem�nicos se empenham activa e estrategicamente na sociedade civil , de forma a promover os valores e as pr�ticas hegem�nicas, esperar-se-ia que as organiza��es intergovernamentais (IGOs) se unissem com as ONGIs mais centrais. O resultado seria uma distribui��o desigual das liga��es das ONGIs com as IGOs, em que as ONGIs dos pa�ses desenvolvidos t�m consideravelmente mais la�os com as IGOs do que as suas equivalentes dos pa�ses em desenvolvimento. Para al�m disto , dever�amos esperar que as organiza��es que t�m um n�mero relativamente mais alto de liga��es com IGOs fossem as que desempenham um papel mais central na rede, isto �, as que est�o melhor conectadas .

Se na verdade a sociedade civil global tem vindo a desenvolver um bloco hist�rico contra-hegem�nico, deveria, de acordo com Gramsci, formar uma coliga��o de todos os grupos subalternos numa sociedade . Todos eles deviam interagir entre si, o que em an�lise de redes quer dizer que muitas das liga��es poss�veis existem na realidade, e que a densidade da rede ser� alta . Um bloco hist�rico contra hegem�nico tamb�m � caracterizado por uma estrutura igualit�ria, na qual o poder est� descentralizado, e est� distribu�do de forma mais ou menos justa e semelhante, entre todos os grupos presentes no bloco hist�rico (Batliwala, 2002). Al�m disso, o contra movimento deve envolver organiza��es interessadas em temas diversos, representando interesses diferentes, grupos, e regi�es � deve ser diversificado e inclusivo .

Um bloco hist�rico � bem integrado por defini��o, dado que � uma am�lgama de todos os grupos subalternos num �nico contra-movimento hegem�nico. Uma rede segmentada consistindo em sub-redes exclusivas � regionais, tem�ticas ou baseadas em classes � ser� um obst�culo � forma��o de um bloco hist�rico contra-hegem�nico.

Dados e M�todos

Para estimar a estrutura da rede da sociedade civil global, este artigo analisa as liga��es inter-organizacionais entre as ONGIs. Certamente que as ONGIs n�o s�o os �nicos actores na sociedade civil global, e o enfoque nas organiza��es deixa de fora aspectos importantes das liga��es transnacionais inter-pessoais. No entanto, as ONGIs s�o os actores da sociedade civil global mais vis�veis e tang�veis, e s�o o elemento central da sua infra-estrutura (Anheier & Katz, 2003; Boli & Thomas, 1997; Castells, 1997; Cox, 1993; Falk, 2003). Al�m do mais, as liga��es entre as organiza��es formais, s�o, por defini��o, tendencialmente menos ef�meras que as liga��es individuais, e assim o estudo de tais liga��es deixa-nos entrever aspectos das estruturas de longo-prazo da sociedade civil global, as de maior import�ncia para o desenvolvimento de um movimento global vi�vel. Nenhuma vis�o da sociedade civil global pode estar completa sem as liga��es inter-organizacionais ao n�vel individual, e sem as liga��es inter-pessoais. Mas os dados sobre tais liga��es s�o raros e o custo de os obter proibitivo.

Mesmo para as ONGIs os dados existentes est�o longe de serem os ideais. Para obter repostas preliminares � quest�o de investiga��o, s�o necess�rios dados de uma parte substancial das milhares de ONGIs que operam nas diferentes �reas e zonas do mundo. Felizmente, a Union of International Associations (UIA) acedeu a partilhar informa��o de um subconjunto de ONGIs cujos dados recolhem. As organiza��es consideradas relevantes para o estudo foram seleccionadas de acordo com o seu objecto declarado. O crit�rio utilizado, para definir a sua relev�ncia, foi baseado nos temas dos pain�is do comit� organizador central do F�rum Social Mundial de 2004. O F�rum Social Mundial � considerado ser o evento principal e mais compreensivo da sociedade civil global dos �ltimos anos. � o evento mais global, em termos da participa��o e da abordagem. Tamb�m serve de ponto de encontro para as redes existentes , e de rampa de lan�amento para novas redes (Cock, 2004). Em consequ�ncia, assume-se que este estudo reflecte as quest�es centrais relacionadas com os actores da sociedade civil global do presente. Os pain�is cobriam a seguinte lista de temas: Globaliza��o, governa��o global, e o estado-na��o; Organiza��o do Com�rcio Mundial; Militarismo, guerra e paz; partidos pol�ticos e movimentos sociais ;Media, cultura, e conhecimento; guerras contra as mulheres, mulheres contra as guerras; globaliza��o econ�mica e seguran�a social; a globaliza��o e as suas alternativas; Descrimina��o e opress�o: Racismo e regime de castas ; trabalho e o mundo do trabalho; a luta contra o neoliberalismo e a guerra, e o papel do F�rum Social Mundial; exclus�o e opress�o religiosa, �tnica e lingu�stica; alimenta��o e recursos naturais (WSF, 2004). Os grupos de temas da UIA compat�veis com estes eram seleccionados, e as organiza��es que deles faziam parte eram acrescentadas � nossa base de dados (para uma discuss�o mais pormenorizada da metodologia ver Katz & Anheier, 2005). Ao todo 181 grupos tem�ticos correspondiam os temas destes pain�is.

Todas as organiza��es nestes grupos tem�ticos, bem como as organiza��es com quem estas t�m liga��es, foram inclu�das nas bases de dados, resultando numa matriz quadrada de 10,001 organiza��es (48.5% do n�mero total de ONGIs da base de dados da UIA ), com mais de 100 milh�es de liga��es poss�veis entre elas. As liga��es entre as organiza��es desta matriz eram determinadas com base nas liga��es referidas na base de dados da UIA, incluindo liga��es relacionadas com a funda��o ou o estabelecimento, liga��es estruturais tais como as que existem entre organiza��es irm�s ou subsidi�rias, liga��es atrav�s de partilha ou transfer�ncia m�tua de funcion�rios chave, liga��es financeiras, liga��es atrav�s de actividades conjuntas, liga��es via publica��o conjunta ou publica��es acerca de outra organiza��o, e liga��es entre as organiza��es e os seus membros. Os dados recebidos da UIA n�o inclu�am a distin��o entre estes tipos de liga��es. Assim, uma liga��o entre duas organiza��es da matriz quereria dizer que existia uma liga��o de qualquer um dos tipos mencionados. Dados adicionais das organiza��es desta matriz inclu�am informa��o sobre as classifica��es dos temas, o n�mero de liga��es que cada organiza��o da matriz tem com organiza��es intergovernamentais, e pa�s da sede. Para al�m da base de dados principal, foram usadas duas outras bases de dados j� dispon�veis, de forma a obter resultados comparativos com outros padr�es globais: fluxos comerciais e liga��es ente embaixadas e consulados .

 

An�lise

Na an�lise desta base de dados foram usados uma variedade de m�todos da an�lise de redes, e, fundamentalmente, o programa UCINet 6 (Borgatti et al., 2002). Grande parte da an�lise teve como base a rede constitu�da por 10,001*10,001 ONGIs.

A an�lise de inclus�o exigia o c�lculo da distribui��o dos nodos e liga��es atrav�s dos n�veis de rendimento das regi�es e dos pa�ses. Para isso foi calculado, usando o ESRI�s ArcGIS 9.0 (ESRI, 2005), um mapa simples da densidade das liga��es. Para a an�lise da integra��o da rede forma realizadas 3 an�lises diferentes mas complementares : a an�lise dos componentes para determinar se a rede das ONGIs era uma s� ou se estava dividida em sub-redes ; a an�lise de correspond�ncia para determinar se a rede, ou as suas diversas sub-redes, consistiam em clusters relativamente densos que est�o inter-ligados de forma folgada; finalmente, calcularam-se os , �ndices E-I para determinar se a rede � caracterizada por liga��es inter-grupo ou intra grupo. O �ndice E-I envolve a compara��o das liga��es que envolvem actores de tipos diferentes com as que envolvem actores do mesmo tipo . O �ndice varia entre +1 e �1, sendo um resultado positivo revelador de liga��es maioritariamente inter-grupo [McGrath & Krackhardt, 2003].)

Dado que n�o existem outras bases de dados de redes globais compar�veis � obtida com as ONGIs, pensou-se ser adequado construir redes globais que permitissem a compara��o entre a rede das ONGIs e outras redes. Assim, condensou-se a rede de ONGIs numa matriz de pa�ses por ONGIs, e obtiveram-se dados relativos �s liga��es entre embaixadas e consulados, e tamb�m do com�rcio externo (us�mos os dados de Maher, 2001 e da UN Commodity Trade Statistics Database, http://unstats.un.org/unsd/comtrade). A partir destes dados constru�ram-se tr�s matrizes das redes entre pa�ses ( rela��es entre pa�ses atrav�s das ONGIs, atrav�s da interac��o entre embaixadas e consulados, e trocas comerciais), que incluem 237 pa�ses. Estas matrizes foram usadas para comparar a densidade da rede de ONGIs com a das redes hegem�nicas dos estados e do capitalismo global, e para comparar as semelhan�as entre estas 3 redes. A semelhan�a entre as redes foi testada atrav�s do calculo da dimens�o central [coreness] � assumindo que a rede tem uma estrutura de centro-periferia, calcula a dist�ncia de cada organiza��o relativamente ao centro. Realiz�mosa an�lise de clusters das medidas de dist�ncia de forma a detectar se existe uma estrutura de centro-periferia nas tr�s redes de pa�ses (Borgatti & Everett, 1999).

Dado que os testes estat�sticos tradicionais assumem que as observa��es s�o independentes , n�o s�oaplic�veis ao dados relacionais , pois aqui os valores de cada observa��o s�o definidos pela sua rela��o com outras observa��es. Logo, usam-se m�todos alternativos, predominantemente bootstrapping de itera��es aleat�rias da base de dados analisada (Snijders & Borgatti, 1999).

Resultados

Cobertura global e inclus�o

Para iniciar, a rede da sociedade civil global � dominada por economias cujos rendimentos s�o altos . A distribui��o das organiza��es e liga��es na rede global de ONGIs est� enviesada na direc��o das na��es mais ricas, ou mais desenvolvidas (ver Quadro 1).

 

 

 

ONGIs

%

Liga��es*

%

Regi�o

 

 

 

 

�sia de Leste e Pac�fico

803

8.0%

4,653

7.8%

Europa & �sia Central

248

2.5%

1,430

2.4%

Am�rica Latina &

�Cara�bas

504

5.0%

3,083

5.2%

M�dio Oriente & Norte de �frica

187

1.9%

1,205

2.0%

Am�rica do Norte

2,260

22.6%

12,623

21.1%

Sul da �sia

185

1.8%

1,206

2.0%

�frica Sub Sahariana

454

4.5%

2,753

4.6%

Europa Ocidental

5,097

51.0%

31,285

52.4%

N�vel de Rendimentol

 

 

 

 

Baixo Rendimento

587

5.9%

3,619

6.1%

Rendimento M�dio

1,107

11.1%

6,628

11.1%

Alto Rendimento

8,044

80.4%

47,991

80.4%

Quadro 1. Nodos e liga��es por regi�o e n�vel de rendimento

* Cada liga��o � contada duas vezes: uma vez quando � enviada (out-degree) e outra vez quando � recebida (in-degree)

 

 

A distribui��o dos nodos e liga��es por pa�ses � ainda mais concentrada; mais de metade dos nodos e liga��es na rede de ONGIs est� localizada em 5 pa�ses: EUA, Reino Unido, B�lgica, Fran�a, e Alemanha . Ao todo, entre os 21 pa�ses que est�o no topo da rede em termos do n�mero de nodos e liga��es , s� quatro s�o de pa�ses n�o ocidentais (Jap�o, �ndia, Qu�nia e as Filipinas), dos quais s� os �ltimos tr�s s�o pa�ses em desenvolvimento. A Figura 1 acrescenta o �ngulo espacial a esta clara preval�ncia ocidental e n�rdica. O mapa da densidade de liga��es de ONGIs revela um padr�o claro � concentra��o extrema de liga��es na Europa Ocidental e a costa do Nordeste da Am�rica do Norte, acrescido de um foco mais pequeno no Jap�o e Austr�lia. At� agora , podem-se notar alguns focos emergentes no sul global, �ndia, Qu�nia, �frica do Sul, Argentina, Nig�ria, e Brasil. Ao inv�s, vastas �reas no mundo parecem estar completamente fora do alcance da rede global de ONGIs (� importante notar que isto se refere s� � localiza��o formal da sede das ONGIs, e � poss�vel que as ONGIs operem em outras �reas ou tenham liga��es ao n�vel local com organiza��es de outras �reas).

 

Figura 1

 

Figura 1. Mapa da densidade das liga��es (liga��es que entram e liga��es que saem)

 

Densidade da rede

A densidade total da rede de ONGIs � extremamente baixa:0.03%. Por outras palavras, em 10,000 liga��es poss�veis s� se realizaram tr�s liga��es. Este resultado � muito informativo se comparado com a densidade das outras redes globais. A compara��o da densidade entre as tr�s redes diferentes� de pa�ses ligados por ONGIs, por embaixadas e por com�rcio � revela que as redes inter-estados e do com�rcio global s�o muito mais densas do que a rede da sociedade civil global (ver Quadro 2). A rede de com�rcio global � quase 6 vezes mais densa, e a densidade da rede inter-estados � o dobro da da rede de ONGIs.

 

Com�rcio - ONGIs

 

Embaixadas-ONGIs

Densidade� Liga��es comerciais

0.402

 

Densidade � liga��es consulares

0.147

Densidade � liga��es entre ONGIs

0.072

 

Densidade� liga��es entre ONGIs

0.072

Diferen�a

0.331

 

Diferen�a

0.076

Bootstrap t-statistic

� (5,000 permuta��es)

13.535

 

Bootstrap t-statistic

� (5,000 permuta��es)

4.711

Significancia

0.0002

 

Significancia

0.0002

Quadro 2. Compara��o das densidades

Igualdade: Estrutura centro-periferia

A an�lise de clusters realizada nos resultados de coreness da rede revelam uma estrutura claramente centro/semi-periferia/periferia nas tr�s redes de pa�ses mencionadas em cima (ver Figura 2). O gr�fico mostra os resultados de coreness dos pa�ses que se aglomeram claramente em tr�s grupos, designados por baixa, m�dia, e alta proximidade ao centro da rede. No entanto, as diferen�as entre centro, semi-periferia, e periferia s�o consideravelmente mais pronunciadas na rede de pa�ses por ONGIs, quando comparadas com as outras duas redes ( como se pode ver na maior vari�ncia nos resultados de coreness entre centro, semi-periferia e periferia na rede de pa�ses por ONGIs). Outro aspecto a mencionar � que o centro � consideravelmente mais pequeno na rede de pa�ses por ONGIs (inclui 18 pa�ses enquanto que nas outras redes inclui 51 e 87).

 

Figura 2

 

Figura 2. Estrutura centro-periferia dos pa�ses por ONGIs, com�rcio e embaixadas

 

Quem constitui o centro ? Os pa�ses desenvolvidos tendem a estar sobre representadas no centro das tr�s redes �por pa�ses� , mas este efeito � mais forte na rede de pa�ses por ONGIs. PO exemplo, � quase oito vezes mais prov�vel que os pa�ses da Europa Ocidental estejam inclu�dos no centro da rede de pa�ses por ONGIs, do que a percentagem que representam no total dos pa�ses nos levaria a esperar. Em compara��o, est�o muito menos sobre representados na rede de com�rcio, um pouco mais do que o dobro do que a sua percentagem no total dos pa�ses, e quase tr�s vezes mais do que seria de esperar na rede de embaixadas. Logo, n�o s� a rede de ONGIs � a mais polarizada, o seu centro tamb�m est� mais enviesado para o Norte do que o das redes inter-paises e comerciais .

Integra��o da rede

A an�lise de componentes mostra que a rede � quase totalmente cont�gua � � composta por um �nico grande componente, que inclui 97.4% de todas as ONGIs da base de dados (9,738 organiza��es). Quase todos os restantes nodos estavam isolados ( ou seja, tinham zero liga��es ). No entanto, um grande componente pode consistir em sub grupos que est�o interligados de forma folgada. A an�lise de correspond�ncia (ilustrada na figura 3 e Quadro 3) mostra que este n�o � o caso. Os resultados s�o compat�veis com os da an�lise de componentes: a an�lise produziu um cluster muito grande (designado a) que inclui mais de 9/10 da rede total em termos de nodos e liga��es, mostrando que, a fragmenta��o global da rede � baixa.

 

 

 

Figura 3. Scatter plot dos resultados da an�lise de correspond�ncia

 

 

 

 

Organiza��es (%)

Liga��es

enviadas (%)

Liga��es recebidas (%)

a

93.20%

93.60%

91.14%

b

2.02%

1.86%

2.60%

c

1.37%

1.23%

1.74%

d

1.36%

1.01%

1.81%

Quadro 3. Organiza��es e liga��es nos grupos coesos

 

Deve mencionar-se tamb�m, nenhum dos clusters � espec�fico a um tema ou regi�o, e que todos os clusters incluem uma variedade de organiza��es . Assim, a rede � coesa, e ao mesmo tempo diversa e inclusiva.

Mas quem est� ligado com quem nestes clusters heterog�neos? Ser� que as liga��es atravessam grupos de organiza��es ou t�m lugar maioritariamente dentro dos grupos? A an�lise das liga��es internas vs externas ao grupo revelam dados interessantes (ver Quadro 4). O �ndice E-I para as regi�es � positivo e estatisticamente significante , reflectindo uma tend�ncia de liga��es atrav�s de regi�es, enquanto que o E-I negativo para n�veis de rendimento revela uma tend�ncia para a cria��o de liga��es intra-estrato (ambos os �ndices s�o estatisticamente significantes, e dado que este � um �ndice E-I modificado, que tem em aten��o o impacto da composi��o do grupo, a import�ncia deste resultado n�o se explica s� pelo facto de 80% das organiza��es pertencerem a pa�ses com rendimentos elevados; e o resultado negativo � realmente demonstrativo ). A conclus�o � que enquanto que as ONGIs tendem a ligar-se atrav�s de linhas regionais, elas tendem a conectar-se entre pa�ses com n�veis semelhantes de rendimentos (na verdade, a maior parte das liga��es s�o entre pa�ses com altos n�veis de rendimento, na maioria entre a Europa e os EUA .

 

 

 

 

Interna

Externa

E-I

Signific�ncia

(5,000 permuta��es)

Regi�o

33.3%

66.7%

0.334

0.035

Rendimento

67.4%

32.6%

-0.347

0.034

Pa�s

7.4%

92.6%

0.852

0.353

Quadro 4. Liga��es intra �grupo e inter- grupo � �ndice E-I global

De assinalar tamb�m, que organiza��es da mesma �rea (e.g., apoio/asist�ncia, Com�rcio ) n�o tendem a criar sub-redes exclusivas espec�ficas ao tema. A an�lise mostra que as liga��es s�o mais frequentemente entre organiza��es que est�o empenhadas em �reas de actua��o diferentes (usando a Classifica��o Internacional das Organiza��es n�o lucrativas [ICNPO]: Salamon & Anheier, 1992). Mais de 2/3 (70%) das liga��es na matriz s�o entre classes de ICNPO diferentes , e o �ndice E-I, 0.39, aponta uma tend�ncia das liga��es para fora do grupo.

Por esta raz�o , a rede apresenta uma integra��o substancial, qual seja a forma de olhar para ela. Todas as an�lises levadas a cabo indiciam que a rede global de ONGIs � muito coesa, e possui liga��es fortes entre grupos inter-regionais, tem�ticos, e de outros tipos.

Liga��es com IGOs

A an�lise de como as IGOs est�o ligadas com as ONGIs n�o apresenta um padr�o significante. As ONGIs que s�o mais centrais na rede n�o t�m liga��es mais predominantes com as IGOs, e as ONGIs que t�m liga��es com as IGOs n�o t�m for�osamente mais liga��es com outras ONGIS que t�m liga��es com IGOs. O padr�o das liga��es das IGOs na rede das ONGIs parece aleat�rio, e n�o indicia um empenhamento estrat�gico das IGOs na rede de ONGIs.

Discuss�o

Este estudo apresenta uma primeir�ssima an�lise das redes da sociedade civil global numa escala verdadeiramente global, e um dos primeiros testes emp�ricos explicitamente direccionado para o argumento dual neo-Gramsciano, respeitante ao papel da sociedade civil global no jogo hegem�nico global.

Os resultados s�o ambivalentes, pois apoiam ambos os lados da vis�o dial�ctica Gramsciana da sociedade civil. Deste modo, poder�amos argumentar que a sociedade civil global est� a passar por um lento processo de forma��o contra-hegem�nica. Isto explica porque � que a rede est� t�o bem integrada mas ainda pouco desenvolvida, assim como porque � que as disparidades e hierarquia est�o ainda presentes . S� com o tempo se poder� dizer que direc��o tomar� no futuro. A actual estrutura bem integrada da rede da sociedade civil actual, a partir da qual poder� emergir um bloco hist�rico contra-hegem�nico, � um sinal positivo para os que defendem um tal desenvolvimento. Pode fornecer uma infra-estrutura global compreensiva para uma futuro movimento global compreensivo, na condi��o de que outros factores tais como consciencializa��o, ideologia e ag�ncia se seguir�o.

Claramente, o processo pode ir na direc��o oposta. � poss�vel que for�as hegem�nicas estejam a minar o potencial da sociedade civil global se desenvolver nesta direc��o, e que o desenvolvimento insatisfat�rio da rede da sociedade civil global seja o resultado da actua��o da ag�ncia hegem�nica. Enquanto que as liga��es IGO inclu�das na rede de ONGIs n�o apresentam nenhum padr�o que apoie este argumento, � certamente razo�vel afirmar que algumas das caracter�sticas da rede global de ONGIs resultam de constrangimentos estruturais da economia politica global, levada a cabo por governos, IGOs, acordos comerciais, e outros elementos da ordem hegem�nica mundial. Ser� necess�rio repetir esta an�lise dentro daqui a 10 anos para perceber se prevaleceram as for�as hegem�nicas ou contra-hegem�nicas.

Para al�m disto, para compreender porque � que os resultados s�o inconclusivos devemos regressar a Gramsci. A vis�o de Gramsci�s da sociedade civil e hegemonia � primeiro e antes de mais uma vis�o dial�ctica. Para Gramsci, a sociedade civil � tudo ao mesmo tempo hegem�nica e contra-hegem�nica. Ronaldo Munck alerta para a ambiguidade no modelo de Gramsci: � uma releitura de Gramsci numa base contextual e hist�rica mostraria que ele concebia a sociedade civil simultaneamente como sendo a arena em que a hegemonia capitalista era exercida e o terreno no qual as classes subalternas da sociedade moderna podiam forjar alian�as e contestar tal hegemonia � (Munck, 2004, pp. 19�20).

A hegemonia e a contra-hegemonia devem ser vistas como �movimentos duplos simult�neos� que se influenciam reciprocamente (Persaud, 2001), e uma mudan�a de hegemonia � seguida pelo nascimento de novas for�as contra-hegem�nicas entre as elites recentemente retiradas . Estudiosos da sociedade civil ignoram frequentemente a sua natureza dial�ctica, e preferem olhar s� para �o lado favor�vel � . Os resultados deste texto apoiam esta releitura de Gramsci, e podem servir como uma chamada de aten��o para aqueles que tentam encontrar uma contra-hegemonia ou hegemonia perfeitas no mundo real das rela��es de poder globais com a sociedade civil global.

E a seguir? ? Implica��es estrat�gicas para a sociedade civil global

Consoante o argumento de Gramsci, todos os grupos subjugados devem participar no bloco hist�rico. A reduzida fragmenta��o encontrada na gigantesca rede de ONGIs � uma pr�-condi��o para a emerg�ncia de um bloco global. A sua estrutura integrada constitui uma infra-estrutura adequada para um bloco hist�rico bem integrado, pois n�o permite que a elite hegem�nica o divida e conquiste. A sua interac��o constitui a funda��o a partir da qual um movimento global unificado pode emergir, uma vez que outras condi��es (nomeadamente a adop��o de uma ideologia reformista e uma orienta��o para a ac��o)estejam preenchidas.

No entanto, nem todas as condi��es necess�rias � forma��o de um bloco hist�rico foram preenchidas. A rede global de ONGI�s � desproporcionalmente constitu�da por organiza��es de pa�ses ricos, sendo raras as organiza��es do Sul. Por exemplo, muito poucas organiza��es africanas est�o ligadas a esta rede. Da mesma forma, a rede � substancialmente subdesenvolvida � tem uma densidade muito baixa, muito mais baixa que a das redes hegem�nicas globais. O car�cter esparso e a limitada inclus�o da rede global de ONGIs enfraquece a capacidade de forma��o de uma contra-for�a vi�vel ao sistema de governa��o global. A estrutura da rede n�o � equitativa ; reproduz as disparidades de poder que existem no sistema � mundial capitalista. Esta estrutura desigual e centralizada pouco provavelmente fomentar� a solidariedade necess�ria ao desenvolvimento de um bloco hist�rico contra-hegem�nico.

Que tipos de ac��es deveriam adoptar os apoiantes de um contra movimento global? Existem v�rios passos estrat�gicos que podem ser dados para promover tais desenvolvimentos. AS perspectivas de um movimento global aumentar�o se o n�mero de ONGIs do Sul aumentarem a um ritmo mais r�pido que as do Norte, e se a rede mantiver o presente n�vel de integra��o. Para aumentar a inclus�o e a participa��o, e obter um aumento da representatividade e legitimidade, os activistas devem ampliar estrategicamente as liga��es entre as ONGs do Norte e do Sul. Para isto, as ONGIs t�m que construir activamente coliga��es com os activistas do Sul. Uma das formas atrav�s das quais as ONGIs o podem conseguir � abrindo as suas confer�ncias ou encontros anuais a um grupo mais vasto de partes interessadas para al�m dos seus membros e funcion�rios. Outra forma � transformar o encontro anual das ONGIs numa confer�ncia internacional para debater t�picos de interesse para a organiza��o, criando um local onde a organiza��o pode identificar colaboradores potenciais (Koenig, 2004). Ainda uma outra forma de expans�o das redes das ONGIs do Norte � criando uma comit� internacional de aconselhamento, ou convidando pessoas chave de pa�ses em desenvolvimento para fazerem parte da direc��o da organiza��o. Esta � uma forma de criar pontes entre as ONGIs e as ONGs locais e fazer liga��es � sociedade civil local, uma estrat�gia que a American Society for Association Executives considerou ser uma das melhores pr�tica em termos de planeamento estrat�gico (ASAE, 2005).

Da parte das ONGIs do Sul, o que � necess�rio � aumentar capacidades. Muitas das ONGIs do Sul tem falta de recursos, de oportunidade, ou de know-how organizativo para se tornarem mais globais. Uma solu��o poss�vel pode ser a cria��o de oportunidades de interac��o para as organiza��es, como as que constituem os f�runs sociais, em especial o F�rum Mundial Social e os f�runs sociais tem�ticos. Estes eventos deveriam considerar a atribui��o de mais recursos do seu or�amento para a promo��o de pa�ses e regi�es que est�o menos representadas. Igualmente, as grandes ONGIs, as ag�ncias da ONU, e outros actores globais deveriam apoiar as ONGs do Sul a obter o know-how politico e organizativo necess�rio � participa��o de sucesso nas redes globais. Facilitar o acesso � Internet e fornecer forma��o em comunica��es, por exemplo, pode ser uma ajuda para aumentar o acesso � informa��o de outras organiza��es que trabalham em temas semelhantes .

Mais importante que tudo, o n�mero de ONGIs do Sul tem que aumentar. Uma forma e conseguir isto � ajudando as ONGs locais a participarem em redes regionais ou globais; outra � estabelecendo nos pa�ses em desenvolvimento, sedes locais de ONGIs do Norte e cooperar com outras organiza��es locais. Outros actores importantes nesta �rea s�o os grandes doadores e as funda��es. Este podem ajudar financiando algumas das estrat�gias listadas acima, ou adoptando pol�ticas que incentivem a constru��o de coliga��es. Por exemplo, dando prioridade �s colabora��es Norte-Sul, diminuindo as exig�ncias de investimento equiparado ou obrigando esse tipo de coliga��es nos pedidos de submiss�o de propostas. Mas primeira coisa que tem que acontecer � o reconhecimento do potencial das redes, e do que falta fazer para atingir esse potencial. Por esta raz�o, o activismo mais necess�rio vem da investiga��o que ajuda a melhorar o conhecimento da sociedade civil global. Deveriam ser criadas mais bases de dados da sociedade civil global e dos actores que operam dentro dela, e aquelas que j� existem deveriam esta mais dispon�veis para a investiga��o. O papel dos investigadores - activistas � levar a cabo investiga��o que considere a sociedade civil como um projecto pol�tico global, e estud�-lo numa perspectiva verdadeiramente global.

 

Agradecimentos

Agrade�o a Helmut Anheier, Phillip Bonacich, Leo Estrada, Zeke Hasenfeld e Stuart Kirk, pela orienta��o nesta investiga��o , e a Jan De Leew pela ajuda na execu��o da an�lise de correspond�ncia.

 

 

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[1] Uma vers�o em inglesa desta artigo foi publicada em Katz H., 2006. "Gramsci, Hegemony, and Global Civil Society Networks", Voluntas 14(7): 332-347. Tradu�ao: Marta Pedro Varanda.

[2] Para correspond�ncia: katzh@bgu.ac.il.