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Scientia Agricola - EFEITOS DAS APLICAÇÕES DE CÁLCIO E DE BORO NA OCORRÊNCIA DE PODRIDÃO APICAL E PRODUÇÃO DE TOMATE EM ESTUFA

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Scientia Agricola

Print version ISSN 0103-9016

Sci. agric. vol. 55 n. 1 Piracicaba Jan./Apr. 1998

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-90161998000100023 

EFEITOS DAS APLICAÇÕES DE CÁLCIO E DE BORO NA OCORRÊNCIA DE PODRIDÃO APICAL E PRODUÇÃO DE TOMATE EM ESTUFA1

 

L.P.M. PLESE2; C.S. TIRITAN3; E.I. YASSUDA2; L.I. PROCHNOW4;
J.E. CORRENTE5; S.C. MELLO6,7
2Estudante de graduação da UNOESTE.
3Depto. de Agronomia-UNOESTE, CEP: 19050-900 - Presidente Prudente, SP.
4Depto de Ciência do Solo-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
5Depto. de Matemática e Estatística-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
6Pós-Graduando do Depto. de Ciência do Solo-ESALQ/USP.
7Bolsista do CNPq.

 

 

RESUMO: Com o objetivo de estudar os efeitos das aplicações de cálcio via foliar e de boro via solo na produção e ocorrência de podridão apical em tomate em estufa, conduziu-se um experimento no município de Regente Feijó, SP, com solo classificado como Podzólico Vermelho-Amarelo, fase arenosa. Os tratamentos consistiram de três doses de boro (0, 1 e 2 g cova-1) e três freqüências de aplicação foliar de cloreto de cálcio a 0,6% (sem aplicação, aplicação semanal e quinzenal). Os resultados obtidos sugeriram que a aplicação de 1 g cova-1 de boro e freqüência de aplicação quinzenal de CaCl2 a 0,6% e a aplicação semanal de CaCl2 a 0,6% na ausência de boro constituíram-se nas melhores opções no sentido de conciliar maior produtividade e menor número de frutos com incidência de podridão apical.
Descritores: cálcio, boro, tomate, estufa, podridão estilar

 

EFFECTS OF THE APPLICATION OF CALCIUM AND BORON ON THE PRODUCTIVITY AND BLOSSOM END ROT OF TOMATOES CULTIVATED IN GREENHOUSE

ABSTRACT: With the objective of studying the effects of applying calcium through leaves and boron through soil on the productivity and blossom end rot of tomatoes, an experiment was carried out in a soil classified as a Sandy Red-Yellow Podzol. The treatments were three rates of B (0, 1 and 2 grams) and three rates of CaCl2 0.6% (without application and application each 7 or 14 days). The results obtained suggested that the application of 1 g B and of CaCl2 0.6% each 14 days and application of CaCl2 0.6% each 7 days in the absence of boron can be considered good options in order to obtain higher tomato production and lower number of fruits with the blossom end rot.
Key Words: calcium, boron, tomato, greenhouse, blossom end rot

 

 

INTRODUÇÃO

Entre as olerícolas, o tomate (Lycopersicon esculentum) é uma das principais hortaliças cultivadas em ambiente protegido. Entretanto, a pesquisa brasileira na área de nutrição e adubação mineral neste sistema de cultivo ainda é escassa (Takazaki & Vecchia, 1993). Dentre as anomalias que afetam esta cultura, a podridão apical, resultante da deficiência de cálcio, é uma das mais graves, podendo ocasionar perdas de até 70 % da produção (Matos, 1972). Outro problema é a deficiência de boro, que devido as similaridades de funções que exerce com o cálcio na constituição da parede celular, tem sido estudado conjuntamente com este último elemento (Santos et al., 1990). Segundo Ramon et al. (1990), o B afeta a translocação e absorção de Ca e K na planta. Penalosa et al. (1987) citam que a deficiência de boro acarreta a diminuição do teor de cálcio na folha. Yamauchi et al. (1986) também verificaram que a deficiência de B induziu a diminuição de Ca na fração pectina da parede celular de folhas de tomate.

Na região de Presidente Prudente (SP), vários agricultores têm constatado a ocorrência de podridão apical e a deficiência de B no tomateiro cultivado em estufa. Como controle da podridão apical, tem-se utilizado a prática da calagem e pulverizações foliares com cloreto de cálcio (Mello et al., 1983). Para suprir a carência em boro, além da aplicação de calcário, que aumenta a disponibilidade deste micronutriente, recomenda-se o emprego do elemento via solo.

Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram estudar os efeitos das aplicações de cálcio via foliar e de boro via solo, bem como a interação entre eles, na cultura do tomate conduzida em estufa, em Presidente Prudente.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de julho à dezembro de 1996 em estufa localizada no município de Regente Feijó (SP), cujo solo foi classificado como Podzólico Vermelho-Amarelo, fase arenosa, com as características químicas da camada de 0 a 20 cm a seguir: pH em CaCl2 0,01 mol L-1 de 6,2; M.O = 10,0 g dm-3; P (resina) = 247 mg dm-3; K = 1,0 mmolc dm-3; Ca = 89,0 mmolc dm-3; Mg = 6,0 mmolc dm-3; H+Al = 15,0 mmolc dm-3, SB (soma de bases) = 96,0 mmolc dm-3; T (capacidade de troca de cations) = 111,0 mmolc dm-3; V% (porcentagem de saturação por bases) = 86; S = 206,3 mg dm-3; B (água quente) = 0,56 mg dm-3; Fe (EDTA) = 11,8 mg dm-3; Mn (EDTA) =2,6 mg dm-3; Zn (EDTA) = 0,8 mg dm-3; Cu (EDTA) = 0,4 mg dm-3.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com os tratamentos distribuídos em arranjo fatorial, contando com cinco repetições, três doses de boro (0, 1 e 2 g cova-1 na forma de ácido bórico) e três freqüências de aplicações foliares de cloreto de cálcio 0,6% (sem aplicação, aplicação semanal e quinzenal).

A estufa empregada é do tipo em arco, de 32 m de comprimento e 8 m de largura, coberta com filme plástico aditivado. O solo foi preparado adicionando-se quatro quilogramas de húmus de minhoca por metro quadrado e tratado com brometo de metila. Em função dos resultados da análise química do solo, dispensou-se a adubação mineral de plantio. Após um período de repouso de 10 dias, foram preparados 5 canteiros de 30 metros de comprimento, 1 metro de largura e 0,1 metro de altura, sendo que em cada um deles foram estabelecidas sessenta covas, que receberam as respectivas quantidades de boro e quatro sementes de tomate cultivar Diva do grupo salada. Dez dias após a emergência, em 20/07/96, foi realizado um desbaste deixando-se duas plantas por cova. Cada parcela constou de quatro covas, sendo as duas internas as úteis para fins de colheita dos frutos. A adubação de cobertura foi realizada via ferti-irrigação diariamente, adicionando-se 10 g de KNO3 e 5 g de MgSO4 no período de 14/07 à 28/08/96, sendo que após esta data empregou-se 20 g de KNO3 e 10 g de MgSO4 até o final da colheita. As plantas foram conduzidas com haste única, no sistema de fitilho.

A primeira colheita se deu aos cem dias após a emergência das plantas e as que se seguiram tiveram periodicidade semanal. Os frutos de cada parcela foram pesados e contados quanto ao número total e número de frutos com podridão apical. A partir destes resultados calculou-se o peso médio de frutos por parcela.

Os resultados de produção, número de frutos e peso médio de frutos por parcela foram submetidos a análise de variância adotando-se o nível de significância de 5%, com comparação de médias pelo teste de Tukey para a freqüência de aplicação de CaCl2 e regressão polinomial para as doses de boro. As porcentagens do número de frutos com podridão apical foram analisadas pelo teste X2, ao nível de 5% de probabilidade.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o número de frutos de tomate verificou-se efeito significativo para a interação doses de boro e freqüência de aplicação de CaCl2. Através dos resultados obtidos verifica-se que o efeito da aplicação de CaCl2 se deu apenas quando não houve adição de B, sendo que a aplicação semanal de CaCl2 proporcionou o maior número de frutos de tomate (TABELA 1). Na Figura 1 observa-se o efeito depressivo das doses de boro, quando as aplicações de CaCl2 foram semanais. Entretanto, para a freqüência quinzenal, a aplicação de B até 1 g cova-1 (12,5 kg/ha) foi benéfica para o número de frutos de tomate. Resultados semelhantes foram obtidos para a produção de tomate (TABELA 2 e Figura 2). Para o peso médio de frutos constatou-se redução no peso com o aumento das doses de B, independente da freqüência de aplicação de CaCl2 utilizada (Figura 3). Isto indica, de uma maneira geral, que as doses de 1 g cova-1 (12,5 kg/ha) e de 2 g cova-1 (25 kg/ha) de B empregadas foram prejudiciais à qualidade do produto, evidenciando a sensibilidade do tomateiro ao excesso deste micronutriente. Efeito positivo da interação Ca e B foi constatado por Oyewole & Aduayi (1992) na produção de frutos de tomate "Ife Plum" cv. 51691, os quais verificaram que a produção máxima foi obtida com o emprego de 2 mg dm-3 de B (4,48 kg/ha) e 160 mg dm-3 de Ca (358,4 kg/ha de Ca), correspondente a uma relação B: Ca de 1:80. Entretanto, as aplicações de 8 mg dm-3 de B (18 kg/ha) e 16 mg dm-3 de B (35 kg/ha de B) reduziram a produção, confirmando o efeito tóxico de altas doses de B nesta cultura.

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Figura 1 - Efeito das doses de boro no número de frutos de tomate para freqüências de aplicação de CaCl2 quinzenal e semanal.

 

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Figura 2 - Efeito das doses de boro na produção de tomate para freqüências de aplicação de CaCl2 quinzenal e semanal.

 

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Figura 3 - Efeito das doses de boro no peso médio de frutos de tomate.

 

Com relação a ocorrência de podridão apical verifica-se que a aplicação quinzenal de CaCl2 0,6% associada com 1 g cova-1 de B foi superior à testemunha e aos tratamentos aplicação quinzenal de CaCl2 0,6% na ausência de B e aplicação semanal de CaCl2 0,6% com 1g cova-1 de B, não diferindo significativamente dos demais (TABELA 3). Tanto o B como o Ca, quando aplicados separadamente, proporcionaram diminuições na porcentagem de frutos com podridão apical em relação à testemunha, tornando clara a influência de ambos nesta anomalia (TABELA 3). Borkowski (1984) também observou redução na incidência de podridão apical com a pulverização de cloreto de cálcio 0,5% dirigida para o fruto. Segundo Castellane (1988) a podridão apical está diretamente associada a deficiência de Ca, uma vez que o mesmo é essencial na manutenção da compartimentação e pemeabilidade celular. O boro por sua vez afeta a translocação e absorção de Ca (Ramon et al., 1990), consequentemente a incidência de podridão apical. Os resultados obtidos confirmam o efeito benéfico do Ca e do B na redução do número de frutos com podridão apical, nas dosagens empregadas.

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CONCLUSÕES

Os dados deste experimento demonstram que a aplicação de 1 g cova-1 de boro e freqüência de aplicação quinzenal de CaCl2 0,6% e a aplicação semanal de CaCl2 0,6% na ausência de boro constituem-se nas melhores opções, a fim de se obter as maiores produções de tomate e menor incidência de frutos com podridão apical.

 

AGRADECIMENTOS

Este trabalho só foi possível devido ao apoio da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e incentivo e perseverança do Sr. Álvaro de Andrade Lemos Júnior, proprietário da chácara Rebeca, Regente Feijó, SP.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORKOWSKI, J. Study on the calcium uptake dynamic by tomato fruits anb blossom end rot control. Acta Horticulturae, v.145, p.222-229, 1984.         [ Links ]

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OYEWOLE, O.I.; ADUAYI, E.A. Evaluation of the growth and quality of the "Ife plum" tomato as affected by boron and calcium fertilization. Journal of Plant Nutrition, v.15, p.199-209, 1992.         [ Links ]

PENALOSA, J.M.; ZORNOZA, P.; CARPENA,O .Estudios de las deficiencias de boro y manganeso en plantas de tomate. Anales de Edafologia y Agrobiologia, v.56, p.749-58, 1987.         [ Links ]

RAMON, A.M.; CARPENA-RUIZ, R.O.; GARATE, A . BEUSICHEN, M.L-van. The effects of short term deficiency of boron on potassium, calcium and magnesium distribution in leaves and roots of tomato (Lycopersicon esculentum) plants. Developments in Plant and Soil Science, v.21, p.287-90, 1990.         [ Links ]

SANTOS, I.S.; BARBEADO, C.J.; PIPITAI, R.; FERREIRA, S.M.;NAKAGAWA, J. Estudo da relação Ca x B na cultura do pimentão. Horticultura Brasileira. v.8, p.19-23, 1990.         [ Links ]

TAKAZAKI, P.E.; VECCHIA, P.T.D. Problemas nutricionais e fisiológicos no cultivo de hortaliças em ambiente protegido. In: FERREIRA, M.E.; CASTELLANE, P.D.; CRUZ, M.C.P. da, ed. Nutrição e adubação de hortaliças. Piracicaba: Potafos, 1993. p.481-486.         [ Links ]

YAMAUCHI, T.; HARA, T.; SONIDA, Y. Distribution of calcium and boron in the pectin fraction of tomato leaf cell wall. Plant and Cell Physiology, v.27, p.729-732, 1986.         [ Links ]

 

 

Recebido para publicação em 01.10.97
Aceito para publicação em 21.11.97

 

 

1Trabalho apresentado no XXVI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, de 20 a 26/07/97.